Cartas Para Antônio Ferreira escrita por Mari


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Bom dia pessoas lindas! mais um capitulo postado esperamos que gostem!
Este cap sera narrado a partir dos pensamentos do nosso querido Edgar Vieira.

bjss



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Por Edgar

            Mais uma vez tive que me contentar com uma noite mal dormida, como era difícil deitar e dormir sem ela ao meu lado, penso nos anos em que nós passamos separados o quanto foram torturantes para mim e como foi bom quando finalmente nos acertamos depois de 6 anos de afastamento, nós finalmente estávamos juntos e felizes e eu não me via me afastando dela novamente, a ideia simplesmente me parecia absurda naqueles momentos plenos... penso que nada disso estaria acontecendo conosco  se não fosse a teimosia da Laura que insistia em não voltar a morar comigo...

            Afasto esse ultimo pensamento da minha cabeça, não era justo eu atribuir culpa a Laura pelo que estava acontecendo, foi eu que não respeitei o tempo que ela estava me pedindo, eu demorei muito para admitir para mim mesmo e foi preciso uma conversa com a minha mãe para me abrir os olhos de uma vez por todas e só então eu percebi no quanto estava sendo egoísta, a Laura não estava se recusando a voltar para mim ela só não estava preparada para voltar a morar comigo naquele instante, naquelas circunstancias, os anos em que passamos separados foram muito difíceis para mim mais foram ainda mais para ela, ela tinha conquistado independência e não queria perde-la ao voltar as coisas como eram antes do divorcio e pensando bem ela não estava me pedindo muita coisa, ela estava insegura com tudo isso e eu não soube lhe dar espaço para ela descobrir que não perderia nada do que havia conquistado nos últimos anos voltando para nossa casa.

            Olho para o meu relógio de bolso que estava sobre o criado mudo e constato que ainda são sete horas e ignorando o fato de ser sábado, portando poderia ficar na cama até mais tarde, me levanto e começo a me vestir, manhãs preguiçosas assim só eram boas quando compartilhadas com ela, agora de nada me serviam e pra ficar jogado na cama tendo por companhia as minhas lembranças de tempos melhores era melhor me por de pé e ver o que o me aguardava o dia. Após me vestir desço até a sala e cumprimento a Lurdes que esta tirando o pó dos moveis tão distraidamente que nem deu pela minha presença.

- Bom dia Lurdes.

- Bom dia D. Edgar, desculpe não esperava que fosse se levantar tão cedo ainda não coloquei a mesa para o desjejum...

- Não se preocupe Lurdes não estou com fome, vou até o meu escritório trabalhar em alguns processos e mais tarde eu como alguma coisa.

            Ela resmungou alguma coisa que iria preparar uma bandeja com um café reforçado para mim, pois não era de hoje que eu não vinha me alimentando direito e que a qualquer hora iria acabar adoecendo, eu agradeci ao cuidado que ela dispunha para mim e caminhei até o escritório, tinha tido uma ideia que achava que iria por fim nessa história de trocas de cartas entre a Laura e o Ferreira e iria pô-la em pratica, me sentei diante da secretaria e me preparei para escrever tendo em meu coração um aperto só de imaginar qual seria a resposta dela.

            Termino de escrever a carta e paro para fazer mais uma leitura antes de dobrar e colocar no envelope.

Rio de Janeiro 1910

                                                                                               Cara Senhora Laura Vieira

Venho por meio de esta repassar alguns documentos e entrevistas que recolhi com a pesquisa que fiz para a matéria no jornal, sobre as mulheres vítimas de violência espero que sejam suficientes para saciar a sua curiosidade sobre o assunto.

Compreendo sua necessidade de encontrar-me para saber mais detalhe da pesquisa, não poderia negar essa gentileza a quem já foi tão duramente humilhada por situação parecida com a de muitos dos casos contidos nesta pesquisa.

No entanto soube através do Guerra que seu marido ainda a ama e a quer de volta ao lar. Portanto eu não sei se seria apropriado o nosso encontro devido essa situação, mesmo que esse encontro seja apenas para tratar de questões de interesses em comum puramente jornalístico, acho que podemos continuar como vem sendo até agora através de cartas. Não digo com isso que sou o homem mais correto deste mundo mais não me vejo passando por cima do que me parece ser um sentimento verdadeiro de um homem por sua esposa.

                                                                                   Respeitosamente                                      

                                                                                       Antônio Ferreira

            Ainda fico algum tempo refletindo se vou ou não levar a minha carta a caixa de correio, ainda tinha duvidas se estava preparado para receber a resposta dela ao mesmo tempo que ansiava por receber uma resposta e de preferencia uma que me agradasse, estava a ponto de enlouquecer com essa história de troca de correspondência e queria acabar de uma vez por todas com isso tudo... mas o que mais queria no momento era de ir até a casa da Isabel, olhar bem nos olhos da Laura e dizer que ela era a minha mulher, que eu a amava e a queria de volta, mais como fazer isso sem comprar uma briga com o fato de estar me correspondendo com ela usando o nome de outro homem que por acaso é o meu pseudônimo a anos e no qual eu nunca falei.

            Respiro exasperado e deixo a bandeja intocada que a Lurdes me trouxera a pouco e me dirijo para fora do escritório a caminho da caixa postal para deixar a minha segunda carta a Laura, ou melhor a segunda carta do Ferreira a Laura.


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