Por Laura

            Hoje aproveitando que é sábado me permito ficar na cama até mais tarde mesmo sabendo que não conseguirei pregar no sono novamente só pelo fato de ficar um pouco mais na cama já me proporciono o descanso ao meu corpo que não pude proporcionar a minha mente que não parava de vagar até a minha antiga casa imaginando o Edgar ainda deitado provavelmente também se dando o luxo de curtir o aconchego da cama que um dia também foi minha e que presenciou tantas manhãs de sábado preguiçosas que eu passei ao lado dele.

            Esse pensamento me abate um pouco e fico sentada a mesa do café da manhã perdida em lembranças e nem me dou conta da aproximação da Isabel.

- Bom dia Laura.

- Bom dia Isabel.

- Vejo que alguém acordou um tanto abatida hoje... posso saber o que se passa nesta cabeça para te deixar com a cara tão tristinha.

- Bobagem Isabel... não quero não quero amargar o seu desjejum com as minhas inquietações.

- Imagina Laura eu quero saber o que e incomoda, anda para com isso e me conte o que foi?

            A preocupação da Isabel me comove mais acho melhor não falar os reais motivos do meu abatimento e decido mudar o foco da conversa.

- São os mesmos motivos de sempre deixa pra lá.... e o Elias não levantou ainda?

- Não passei no quarto dele ainda pouco e ele esta dormindo feito pedra e preferi deixa-lo assim o dia ontem foi agitado para ele.

- Hummm estava pensando em ir até a caixa de correio pra ver se tem alguma coisa pra mim, mas não acho que receberia alguma coisa no sábado.

- Agora fiquei curiosa, você esta ansiosa para encontrar o que em sua caixa de correios, mais uma solicitação de matéria para o Paulo Lima ou uma resposta de determinado jornalista?

- São caixas diferentes Isabel, mais eu estou interessada mesmo é na resposta do Ferreira, mas não iria achar de todo o mal se tivesse alguma encomenda do Guerra para mim, estou precisando de um pouco de distração.

- Laura você não acha que esta dispensando muito tempo nesse seu envolvimento com o Ferreira?

- Como assim Isabel?

- Sei lá o seu interesse por ele não parece ser mais jornalístico você nem fala mais no Edgar.

- Que absurdo Isabel... eu não falo mais no Edgar porque não tem o que falar ele esta seguindo em frente Isabel, você se esqueceu disso?

- Isso quem esta dizendo é você, e não me venha dizer que não esta entusiasmada com o jornalista que eu não acredito.

- Você esta enxergando coisas de mais Isabel, o Ferreira me encanta sim, mais é com seu texto, com a sensibilidade que ele tem de ver o mundo e principalmente pela coragem que ele tem de enfrentar o mundo em prol do que ele acredita do que ele quer...

- Coragem que você queria ver no Edgar?

            As palavras da Isabel me acertaram em cheio, talvez seja isso mesmo, talvez ela esteja certa eu admirava no Ferreira as coisas que eu queria ver no Edgar, a forma como o Ferreira pareceu me entender depois do ataque, a forma como ele defendeu essa ideia em sua matéria, a sua força a sua garra, a mesma que ele mostrou na ultima matéria que o Guerra publicou... Eu queria que o Edgar mostrasse essa força, que ele entendesse o que eu passei e principalmente que tentasse entender os motivos que eu tive para não aceitar de imediato a voltar a morar com ele. Era isso que eu queria dele mais ele parecia ter desistido de tudo.

- Talvez mais parece que eu não vou ver isso nunca Isabel o Edgar desistiu de mim.

- Laura você pode estar errada quanto a isso por que você não o procura vocês precisão de uma conversa.

- Eu vou indo Isabel.

- Você vai sair?

- Sim

- Vai procurar o Edgar?

- Não eu vou até a minha caixa postal ver se tem alguma coisa pra mim.

            A Isabel revira os olhos diante da minha resposta acho que ela esperava receber outra coisa de mim, e eu me levanto da mesa assim mesmo e pego a minha bolsa e as minhas luvas do sofá e me dirijo até a porta. Volto pouco depois tendo em mãos a resposta dele e encontro a Isabel na sala, ela lia alguns papeis do teatro mais interrompe a leitura assim que eu entro.

- E então encontrou o que queria?

- Sim e não só a resposta do Ferreira mais também uma encomenda do Guerra para fazer uma matéria sobre os cordões carnavalescos.

- Que ótimo Laura parece uma pauta interessante... pretende começar por onde?

- Não sei não estou com muita cabeça pra pensar nisto agora, estou mais preocupada em ler a resposta do Ferreira.

            Eu tiro o pequeno papel no meu bolso e rasgo o papel sem qualquer cerimonia para expor o conteúdo da carta que leio com o testa franzida sem acreditar muito nas palavras ali dispostas... Estou nas minhas mãos a segunda carta do Ferreira algo me chama atenção o fato de chamar Edgar de meu marido isso me intriga, outra coisa o fato do Guerra ter de fato interferido nos meus planos de conhecer o jornalista.

  - O que foi parece decepcionada.

- Ele esta se recusando a me reconhecer Isabel.

- Pelo menos um de vocês tem de agir com sensatez né Laura.

- Não brinca com isso Isabel não tem nada de sensato na resposta dele... não é só pela recusa mas o motivo da recusa dele... ele chama o Edgar de meu marido, mesmo tendo consciência de que sou divorciada, o fato saiu no jornal não é possível que ele não tenho tomado consciência... e depois ele me pareceu contrariado com isso tudo.

            A Isabel pega a carta da minha mão enquanto eu fico refletindo o que li na carta e dos motivos do Guerra para ter falado uma coisa deste tipo com o Ferreira, por que ele se mete tanto neste assunto...

- A mim ele não parece contrariado apenas esta sendo educado.

- Não Isabel tem algo de muito estranho nesta carta e eu vou descobrir o que é.