POV Possy

Uma semana depois

– Vamos pular juntas- Danna pediu, se referindo à piscina.

Segurei na mão dela e pulamos juntas.

Nick saiu de dentro da casa dele, correndo, e pulou também.

Eu tinha tentado reunir todos os meus amigos, mas não deu muito certo. Katy, como sempre, estava com o Erick, Colin não atendia o celular, Caleb está na Alemanha, Nathan estava em um bar, Helena estava na Rede junto com a Luna, prima do Nathan e eu não conseguia falar com o meu primo, o Rick.

Felipe e Spencer finalmente voltaram. Eles tinham ido comprar cervejas e carne para assar.

Eu observava tudo da piscina, encostada na parede e com os braços apoiados na borda.

Spencer molhou o carvão da churrasqueira com álcool e jogou um fósforo aceso em cima. Ele tirou a blusa e a jogou em cima de um dos encostos de uma das cadeiras de sol, revelando seu corpo mais do que em forma.

– Agora eu entendi como você aguenta o Spencer- Danna disse.

Sorri e dei um tapa no ombro dela.

Ele pegou uma garrafa de cerveja da caixa, abriu com o abridor que estava em cima do balcão e veio para a piscina, dando um gole no caminho. Ele entrou e encostou a boca da garrafa na minha.

– Eu não bebo isso- recusei- você sabe.

– Só um pouquinho- ele pediu.

Neguei.

Spencer virou a garrafa e me forçou a fazer biquinho, apertando minhas bochechas. Como ele é mais forte que eu, não consegui impedir.

– Só te solto quando você engolir- ele riu malvado.

Dei um tapa forte no ombro dele.

Engoli aquela porcaria.

– Filho da mãe- xinguei- o gosto é horrível.

– Vocês são estranhos- Danna nadou para longe.

– Quando é que você vai parar de me odiar?- Spencer perguntou para ela, que agora estava no outro lado da piscina.

– Nunca. Eu sei que você ainda vai aprontar- ela riu sem humor- não sou idiota. Demônios não viram anjos.

Spencer riu pelo nariz e me abraçou por trás, encostando a garrafa gelada na minha barriga.

– Eu não vou aprontar e isso aqui não é Supernatural para eu ser um demônio.

– Eles existem e eu não confio em você- Danna saiu da piscina e sentou em uma cadeira de sol.

– Não liga para ela- me virei.

Ele colocou a cerveja na beira da piscina e segurou meu rosto com as duas mãos, o trazendo para mais perto e me dando um beijo.

Nathan, que disse que não iria vir, me surpreendeu quando saiu da casa e gritou:

– Eai, irmãos!- ele fez um toque com Nick e Felipe.

Quando viu Spencer, a expressão de felicidade dele sumiu.

– Sem confusão- falei para Spencer- por favor.

Ele assentiu e saiu da piscina.

– Por onde eu começo?- Spencer olhou para cima, pensando- vou resumir tudo então- ele demorou um pouco para falar- desculpa. Eu estou disposto a mudar. Estou mudando. A Possy está me ajudando.

– Ah, então você quer que eu finja que nada aconteceu?- Nathan cruzou os braços- quer que eu finja que você não desgraçou a minha vida? Vai tomar no seu cu, cara.

Começou a revolta.

– Ta, eu acabei com a sua vida, mas eu mudei, caralho. To falando sério. Se eu não tivesse, estaria planejando alguma coisa contra você, mas não, eu estou aqui tentando ser amigo dos seus amigos. Se não fosse pela Possy eu ainda estaria louco, querendo ser o melhor em tudo, querendo vingança. Apesar de eu ser um ótimo ator, você me conhece há anos, sabe que eu não estou mentindo.

– Beleza, mas eu não vou voltar a ser seu amigo- Nathan cruzou os braços- vamos apenas fazer uma trégua e pronto.

– Beleza, só uma trégua. Não vamos voltar a ser amigos- Spencer disse a última parte com ironia.

Os dois apertaram as mãos.

POV Nathan

Uma semana depois

– Porra, chuta que nem homem!- gritei.

Felipe, que estava de goleiro, devolveu a bola com um arremesso.

– Você está jogando que nem mulher- falei para Spencer quando ele se aproximou.

– Olha a ofensa aí!- Possy estava longe, mas ouviu- ta maluco? Eu jogo melhor que vocês dois!

Spencer recebeu a bola do Rick, tocou para mim e eu fiz um gol, encerrando a partida.

Os meninos, exceto Rick e Spencer, saíram do campo e foram para a piscina.

– Preparado para a sua volta ao crime?- Spencer perguntou.

– Não- respondi- preciso escolher um bebê.

Fomos até a frente da minha casa. É onde os meus novos carros e a SW4 ficam.

– Vai com o Buggati- Rick sugeriu.

As chaves ficam dentro dos carros, então eu apenas entrei nele.

Esperei os dois. Eles tinham que ir na frente porque eu ia ter que segui-los.

Fomos suados por causa do jogo. Não tínhamos tempo para banho.

Dirigimos por cerca de vinte minutos.

O local para onde fomos é bem sinistro.

Paramos os carros em uma estrada de areia.

Spencer abriu o galpão, revelando um caminhão com a traseira aberta.

– Aqui está o primeiro carregamento roubado com as drogas do famoso e desconhecido Chapeleiro- ele disse com orgulho.

Me aproximei e abri uma das caixas de papelão. Seringas com um líquido verde dentro.

– Mas que porra é essa?- ergui uma delas em direção à luz, observando melhor o conteúdo.

– Funciona como anestesia. Você não sente nada no lugar onde aplica- Spencer explicou- já usei na Possy. Foi no dia do seu aniversário. Os pontos do ombro dela se abriram.

– Todas as drogas são verdes?- perguntei depois de abrir mais uma caixa cheia de vidrinhos cilíndricos com líquido verde.

– Aham. O Chapeleiro ama verde. Essa aí você mistura com alguma bebida e fica doidão. Já experimentei. Fazem muito nas boates. A pessoa nem sabe que ta se drogando.

Abri mais caixas. Seringas, comprimidos, saquinhos com pó e líquidos. Tudo verde, mas de tonalidades diferentes.

– Vai fazer o que com isso?- perguntei.

– Vender. Imagina a grana que isso vai render.

– Cara, essas drogas estão viciando todo mundo- o questionei- vamos queimar tudo.

– Podemos ficar com as anestesias e dar fim no rosto- Rick sugeriu.

Spencer começou a andar por todo o galpão. Ele estava pensando.

– Ta bom- ele decidiu- vamos queimar essas porcarias.

Peguei as duas caixas com a anestesia e coloquei em cima da única mesa de madeira existente ali.

Nós três começamos a colocar as outras caixas para fora do galpão.

Spencer tirou do porta malas do carro dele um vidro com álcool. Ele despejou o conteúdo por cima das caixas e depois queimou tudo, causando a formação de uma fogueira enorme.

– Fede pra porra- ele colocou a mão na frente do nariz.

Rick pegou as anestesias e dividiu. Cada um ficou com dez.

Coloquei as minhas no banco de trás do meu carro.

– Preciso te falar sobre o Erick- Spencer sentou na beira da estrada- ele era meu amigo e também trabalhava para mim. Eu mandei ele fazer a Katy se apaixonar quando ela perdeu a memória. Agora ele está mesmo apaixonado por ela.

– Ta, mas e daí?

– E daí que ela é sua, cara. Isso é óbvio- ele levantou- e outra coisa. Eu devolvi a liderança do Esquadros para a Caroline. Você já pode voltar a lutar.