POV Nathan

Depois de meses sem pisar no Esquadros, estou de volta. Poucas coisas mudaram.

Caroline ficou sem saber o que falar ao me ver.

– Ele está de volta- Spencer contou, indo até a sala ao lado.

Aqui temos o maior espaço, que é onde as lutas acontecem e um local ao lado um pouco menor onde ocorrem reuniões, partidas de sinuca, a preparação dos lutadores e coisas do tipo. Também é onde a academia fica.

– É o seguinte- me apoiei no balcão que fica próximo à entrada, que é onde a Carol estava- Spencer e eu somos amigos de novo.

Ela riu, duvidando.

– É brincadeira, né? Depois de tudo o que ele fez...

– As pessoas mudam- a interrompi- você sabe disso. Não vai adiantar nada continuar com essa briga estúpida. Ele fez merda? Fez merda para caralho, mas nada que eu fizer vai reverter o passado. Claro que tem a questão da vingança, mas é melhor deixar tudo na paz- fiz o símbolo da paz e ela riu- quanto mais amigos, mais fortes ficamos.

– É, você tem razão, mas a melhor forma de derrotar um inimigo é se aproximando e fingindo ser um amigo- ela me alertou- você sabe disso.

Senti um murro no meu ombro.

– Está fazendo o que aqui?- era Jack.

– O papai está de volta- falei com um sorriso vitorioso.

Ele demorou um tempo para captar o que eu disse.

– Então você vai montar o grupo de novo?

– Vou.

Carol me entregou uma caneta e uma folha de inscrição de grupo. Preenchi todas as informações e depois fui com Jack para a sala dois.

Spencer estava no mini bar, tomando whisky. Nos juntamos a ele.

Peguei uma latinha de cerveja, abri e comecei a beber.

– Vai ter uma festa na Rede daqui a umas semanas- ele disse, virando o copo- coloquei seu nome na lista de presença.

– Está louco? Faz anos que eu não dou as caras naquele lugar.

– Pois é, bro, mas você acabou de voltar para as lutas. Aqueles babacas precisam saber que você voltou. Agora o melhor de tudo: você vai pegar a sua gata de volta.

Ri com o ‘‘sua gata’’.

– Que gata?- perguntei, me fazendo de desentendido.

– Acorda para vida- ele riu- a Katherine. O Erick é um lutador agora...

– Ah não- o interrompi- você ta de sacanagem comigo. Eu vou ter que ver aquele pirralho quase todo dia?

Spencer confirmou.

– Puta que pariu.

Bebi mais um pouco da cerveja.

– Eu tive acesso à lista de quem confirmou que vai para a social da Rede e ele vai junto com a Katherine- Spencer continuou.

Fechei os olhos e balancei a cabeça negativamente.

– Esse moleque tem o que na cabeça? Bosta? Aquele lugar é perigoso demais para a Katy ir. É local de fogo cruzado.

Tem uma grande guerra entre todos os integrantes da Rede e os da Liga. Quando você quer ser um lutador, por exemplo, existem vários grupos que tem rixas entre si. Eu escolhi o Esquadros porque fica bem na minha antiga universidade e eu já conhecia muitas pessoas daqui. Mas, se você escolhe o Esquadros, automaticamente você entra na Rede, uma união de lutadores, mercenários, vendedores ilegais, legais, gangues, mafiosos e outras categorias. Também existe a Liga, que é a mesma coisa, mas com pessoas diferentes, um líder diferente, objetivos diferentes. Liga e Rede são rivais. Apesar de termos as lutas nos ringues, na liderança de quem vende mais armas, de quem tem a melhor e maior gangue, somos no fundo todos do mesmo lado porque estamos na mesma união. Se alguém da Rede tem algum problema com alguém da Liga, todos devem se unir para ajudar. Faz parte de um dos códigos de conduta e lealdade.

Eu continuo na Rede, claro, mas há alguns anos o líder me traiu em uma missão e eu me afastei.

– Sabe por que eu ficava ‘‘capturando’’ a Katherine?- Spencer fez aspas no ar- era para te atingir porque você a ama. Nunca esteve nos meus planos matar a Katy porque senão a minha diversão ia acabar. Nada e nem ninguém te afeta tanto quanto ela. Katherine Duff é o seu calcanhar de Aquiles.

– E minha âncora- completei- minha fraqueza e minha força.

Soltei um suspiro.

– Spencer tem toda razão- Jack disse.

– Vai deixar o Erick ficar com ela?- Spencer perguntou- caralho, para de ser burro e vai atrás dela.

– Todo mundo está falando isso- abaixei a cabeça em cima da bancada.

– Então o que você ta esperando?- Possy gritou, entrando na sala- mano, eu to para meter um murro na sua fuça.

Os três começaram a falar um em cima do outro. Tentei pensar por cima da discussão deles.

Quem é que eu quero enganar? Eu amo aquela teimosa. Sem ela eu não sou eu mesmo.

– Ta bom- concordei- eu vou. Eu vou para essa festa idiota. Se ela quiser eu volto para ela. Estão felizes agora?

Possy começou a bater na porta com os punhos fechados.

– Aleluia!- ela gritou- irmãos aqui reunidos, vamos dar as mãos e agradecer profundamente a Deus por esse momento tão esperado pela humanidade.

Começamos a rir.

POV Katherine

Corri o mais rápido que podia, mas Erick conseguiu me alcançar, me derrubando na grama. Ele me pegou no colo e me jogou na piscina, pulando logo depois para me salvar porque eu não sei nadar.

– Já chega- implorei, recuperando o ar- você vai acabar me matando.

Eu segurava forte em seu pescoço, com medo dele me soltar.

– Ta bom.

Ele me deu um selinho e saímos.

– A Cams já deve ter chegado- ele disse, pegando duas toalhas de cima da mesa do café da manhã.

Recebi uma e a enrolei em meu corpo.

Torci meu cabelo para tirar boa parte da água e entrei em casa.

– Cams- dei um abraço nela- vamos fazer o que hoje?- perguntei animada.

– Conversar, mas não pode ser aqui- ela disse séria demais. Estranhei.

Avisei para o Erick que íamos sair rapidinho até a cafeteria mais próxima. Ele deixou eu dirigir um de seus carros.

– Eu tentei, mas não deu- Cams iniciou a conversa- eu não consigo gostar do seu namorado. Tem algo errado nele. É sério. Eu sinto isso.

Comecei a rir.

– Para de loucura. Eu estou feliz. O Erick me trata super bem, sempre está me dando toda a atenção dele e é super fofo.

– Olha, eu ainda acho que você e o Nathan foram feitos um para o outro- ela abriu um sorriso bobo e olhou para cima- na verdade eu tenho certeza disso.

– Essa coisa de alma gêmea não existe, é coisa de filme. Você tinha prometido que não ia mais falar mais do meu ex. Ele é página virada. Eu preciso olhar para a frente agora.

Ela revirou os olhos e sentou ao meu lado. Logo depois Cams colocou a mão no meu peito esquerdo e disse:

– Nathan Breind Scar.

Meu coração acelerou na mesma hora. Foi muito estranho.

– Para!- empurrei a mão dela- você prometeu, Camila!

– Ta vendo?- ela abriu um sorriso vitorioso- não tem como negar. Querendo ou não, ele mexe com você.

– Ele não mexe comigo- cruzei os braços- eu não amo mais ele. Acabou. A, C, A, B, O, U- soletrei.

Cams pegou meu iPhone que estava em cima da mesa.

– Ta fazendo o que?- tentei olhar o que ela estava fazendo, mas não consegui.

– Apagando as fotos de vocês dois. Você com o Nathan.

– Não!- gritei- me dá isso, Camila! Não apaga!- tentei pegar o celular.

Mais uma vez ela riu vitoriosa.

– Tem ‘‘Amor’’ no contato dele. Você nunca mudou- ela forçou a voz para ficar fofa- também nunca tirou o anel que ele te deu. Está querendo enganar quem?

Eu mesma, pensei.

‘‘Está no DNA dele.

Ele simplesmente tira meu fôlego.

Perfeito em todos os sentidos.

Nossa energia se conecta

É simplesmente genética

Sou o X para o Y dele

Passa em todos os testes

Faz meu coração bater forte’’