Matemática Do Amor escrita por Lady Salvatore


Capítulo 23
- Salva-me.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, demorei, não é? Sim, eu acho que demorei um pouco mais do que eu planejei me desculpem de verdade... Bom, se gostam da fic comentem, recomendem... Mesma ladainha kkkk Boa leitura pessoal



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22 de fevereiro.

Querido diário.

Milagres aconteceram nesses últimos dias. Primeiro: Jeremy está namorando. Isso mesmo, o impossível aconteceu. Meu irmão nerd, solitário e fora de moda, finalmente vai transar. Anna é muito legal e doce. E não satisfeita em fazer o milagre de namorar Jeremy, ela também se tornou muito próxima de April.

UAU. April agora tem amiga e Jeremy uma namorada... Acho que o mundo não acabou em 2012 para podermos presenciar isso.

Até agora não consegui pensar em nada pra fazer com que consiga informações sobre o passado de Damon com os pais dele. Tenho sido legal e simpática, o Maximo possível, mas sempre que eu começo algo, eles desviam. Principalmente Giuseppe. E despistar Bonnie... Mais impossível ainda.

Enquanto desse lado do plano está mal; O outro lado está incrível. Damon está bem mais solto e agindo como um verdadeiro amigo. Pra falar a verdade, ele é ainda mais divertido do que os que eu tinha em Nova Iorque. Na sala de aula, ainda é a mesma coisa, logicamente. Se tiver que brigar comigo, ele briga e até pegou meu celular ontem.

Tudo tem ido tão bem esses dias que até, por um segundo, pensei em desistir desse plano. Afinal, ele não é mais aquele insuportável de antes, ao menos quando estamos fora do colégio, só que... Estamos cada vez mais perto e todos nós nos envolvemos demais nisso. Seria tolice desistir de tudo agora.

Então, nesse momento, onde tudo está dando certo, o que realmente me importa é ir até o fim. E agora com ele realmente se entregando a nossa ‘’amizade’’ fica mais fácil. Ele tem me contado bastante coisa; Pergunto sobre o passado dele, mas em questões de baladas, festas e mulheres... Não posso já ir direto ao assunto tão de cara. Ele, infelizmente, é esperto e desconfiado. Talvez eu tente de novo hoje.

Meu pai ligou esses dias, dizendo que a imprensa tem ficado como louca em me procurar pela Rússia. Afinal, não estou lá. Por isso, tenho me conectado o Maximo possível a redes sociais. Postei muitas coisas no blog, entrei bastante no twitter, no facebook. Tudo.

Não posso deixar que levantem a causa de que posso não estou em Moscou. De que estou mentindo. Não posso deixar que isso aconteça; Vai destruir minha imagem.

A única parte ruim desses dias é Tyler.

A criatura não para de encher meu saco, implorando por uma segunda chance. Tenho que fazer o maior esforço desse mundo para ser gentil e não magoa-lo, afinal, ele sabe do nosso plano, ele faz parte. O que o impede de por vingança ou por um ato de impulso, ele conte tudo ao Damon? O pior é que eu cheguei perto de lhe dar uma segunda chance. Carência bem provável.

Ontem também falei com as meninas, Vicki simplesmente adorou meu plano e disse pra continuar. Já Hayley, como sempre boa e piedosa, disse que não era certo e que tudo acabaria dando errado. Esse jeito bondoso e doce da Hayley sempre foi causa de nossas discórdias, mas nos conhecemos desde muito pequenas e por mais que sejamos diferentes, MUITO DIFERENTES, eu a adoro. E tudo que ela fala sempre se concretiza no final, por ser tão racional e responsável, e as palavras que ela disse de que isso iria por água a baixo e de que todos nós acabaríamos machucados, me fez morrer de medo.

Lembro que uma vez em que eu disse pra ela que a calça boca de sino voltaria e ficaria por um bom tempo, e ela falou que achava que não duraria nem uma temporada. O que foi verdade. Comprei dez calças desse modelo pra nada.

É a ultima aula, com Damon, claro. Terminei os exercícios há alguns minutos. A matéria nova que ele está passando, na que eu tenho que tirar dez para a prova, é difícil. A sorte é que eu olhei na apostila e pesquisei na internet para ver como era. Facilitou só que ainda vou ter que pesquisar mais provavelmente.

Ele está me olhando, quer dizer, ele olha rapidamente e desvia na mesma velocidade. Sentado na cadeira passando a limpo algumas anotações. Acho que deve ser chamada ou alguma coisa no diário de classe. Está usando a roupa que escolhi. Disse pra ele que deveria usar mais cores pastel e que realçaria seus olhos ainda mais. Ele manteve o jeans escuro e o tênis preto, mas seguiu minha proposta dessa blusa azul bem clara.

Pelo relógio pendurado na parede da classe, o sinal tocaria logo. Depois volto a escrever.

–-x--

Damon também juntava suas coisas. Guardou tudo na maleta preta e remexeu no celular fazendo uma cara triste.

Aposto que por causa daquela mulher.

E ela estava certa. Sabia que estava. Ele sempre fazia aquela cara quando via que ela não ligou. Pela regra do não uso de telefone e para não gerar nenhum comentário de ‘’injustiça’’ das partes dos alunos, guardou o aparelho, próximo a suas coisas na maleta. De certa forma, Elena sentia que a presença de Rose na vida dele o fazia se afastar, ou pior, o manter com esperança. Teria que dar um jeito nisso.

O sinal tinha um som estridente de sirene de ambulância. Tocou por alguns segundos e todos se levantaram juntando suas coisas. Se ficasse haveria desconfiança. Quem fica conversando com Damon depois da aula? Ninguém. Se fizesse isso definitivamente chamaria atenção. Algo que não queria, não por esse motivo.

– Elena. Espera – Chamou Rebekah. Recolhia apressadamente seu material enquanto Elena saía. Se fosse Bonnie deveria ser algo relacionado ao trabalho, se fosse Caroline com algo relacionado à roupa, mas com Rebekah não fazia ideia. Parou perto da porta e aguardou pela loira, que simplesmente falou e saiu. – Já coloquei a lista no mural. Já pode ir lá se quiser.

Sabia que lista era. A lista das candidatas que passaram. Se ela veio aqui a avisar era porque significava boas notícias.

O próprio Damon, ao fim da sala, podia ver a felicidade em seu rosto assim que Rebekah pronunciou aquelas palavras e seguiu para o corredor com mais duas garotas da equipe. Ele sorriu, e ela retribuiu. O rosto dele era duro e serio. Pela quantidade de alunos ainda na sala, por mais que fossem poucos era significante. Era importante para Damon manter qualquer tipo de aparência em relação aos estudantes. Ele não se importava com o que falavam de si, mas também não gostava de dar motivos para falarem.

Saiu da sala em direção ao mural. Ele desejou ‘’boa sorte’’ em leitura labial e depois jogou mais outro sorriso. Alguns minutos depois pôde o ver saindo indo para o outro lado do corredor.

Por mais que soubesse que tinha grandes chances, afinal, era a melhor de todas as que fizeram teste. Sentia um pequeno nervoso em sua barriga. Era um papel rosa, pequeno. Com cinco nomes escritos em letra preta e em negrito. Lá diziam:

Diana Carter. – Segundo ano.

Lucia Paisley – Segundo ano.

Lisa Simon – Primeiro ano.

Elena Gilbert – Terceiro ano.

Gabrielle Jenner – Primeiro ano.

Ao seu redor, varias outras meninas da equipe a desejavam parabéns. As quatro restantes que passaram já saiam de suas aulas em direção ao mural. Caroline disse que ela já poderia pegar o uniforme no primeiro treino. Já que o que usou para a apresentação não era o oficial. Os horários já estavam no folheto e Bonnie também avisou que as posições de cada garota seriam organizadas logo.

Uma das meninas ao redor perguntou:

– Quer ir comemorar mais tarde, Elena? A gente pode ir no grill comer uma pizza. O que acha?

NÃO, NÃO, NÃO.

– Eu adoraria. De verdade – Disse ela desviando-se do grupo. – Mas eu já tenho outros planos. Prometi comemorar com minha mãe. Se eu passasse, claro. – Sua voz não parecia muito convincente, mas elas semelhavam acreditar. Por mais que demonstrassem estar desapontadas.

Isso era algo que ela temia. Quem essas pessoas acham que são para me dirigir a palavra? Não eram ninguém. Um bando de fracassadas. E eu sou Elena Gilbert...

Odiava quando achavam que possuíam o direito de falar com ela. Pessoas que não eram popular e que não tinham nenhum significado para sociedade. Em Nova Iorque essa gente saberia o seu lugar...

Seguiria para casa e planejaria um tratamento de pele. Somente creme e pepino seriam o suficiente.

Graças a deus não havia lição de casa para os próximos dias. Colocou tudo dentro do armário calmamente e retirou a pequena bolsa com o diário e a maquiagem dentro.

A porta da sala dos professores, como sempre aberta. Damon estava remexendo em uns folhetos a mesa quando a viu arrumando os livros. Não havia ninguém ali com ele. E o corredor continuava vazio.

Não disse nada. Caminhou bem lentamente na direção de Elena, que já fechava o armário se preparando pra sair com uma bolsinha pendurada ao ombro. Ficou surpreso por não haver grito da parte dela quando agarrou sua cintura a puxando para dentro da sala. Sua mão em volta da boca dela para impedir um grito que ele tinha certeza de que sairia, não saiu. A colocou no centro da sala e fechou a porta

– O que foi? – Perguntou Elena feliz. Ainda assustada, porém alegre. – Ficou sem carro de novo?

– Dessa vez não. Tenho uma surpresa pra você.

Uma expressão desconfiada passou pelas feições de Elena. Que como de costume ao ficar confusa, levantou uma das sobrancelhas em duvida. Enquanto Damon se afastava normalmente em direção a sua pasta. Abriu um dos bolsos principais e retirou dois papeis luminosos; Quando ele voltou a se pôr em sua frente, pôde se ver que se tratava de dois ingressos.

– Ingressos? – Disse ela novamente, com animo. – Pra que? Aonde a gente vai?

– Gosta do Three Days Grace? Meu amigo, Connor conseguiu esses ingressos de bônus no trabalho. Disse que não curtia e me deu. Não é muito meu estilo, mas... Eu acho legal. Quer ir comigo?

– Vai ser aqui em Mystic Falls?

– Em Falls Church. Não é tão longe. Um pouco depois de Whitmore.

– Whitmore? É a cidade vizinha, não é? – Aquele tom carregado de preocupação em sua voz não de Elena era surpresa para Damon. Não era pra nenhum dos dois. Tudo em Mystic Falls era motivo de fofocas e rumores, e nenhum deles arriscaria que os vissem juntos. Ele assentiu em sim a pergunta e ela continuou a falar. Dessa vez com preocupação – Eu até gosto da banda, mas tem certeza que ninguém vai desconfiar? O show é de noite e minha mãe pode perceber que nenhum de nós vai tá em casa. Vai ser estranho, não acha?

Ela estava certa. Isobel nunca desconfiaria da amizade recente dos dois, mas ainda sim não podiam a fazer de idiota e contar somente com a sorte.

– O Jeremy vai tá provavelmente na casa da namorada. – E era verdade. Nesse tempo de namoro eles não se desgrudam. – E a sua mãe... Se ela pega no sono não acorda mais, pelo menos até o outro dia. O problema seria a April.

E April nunca era um problema. Doce demais. Ingênua demais. Quase impossível.

Teriam que sair as cinco. O show começaria as oito e provavelmente terminaria as dez, até uma da manhã eles já estariam chegando em casa. Levando ao fato de que Fells Church ficava a três horas de Mystic Falls.

Hoje haveria o reforço do segundo ano então assim que Damon chegasse os dois seguiriam a estrada. O que a deixava completamente irritada. Sair de ultima hora sem preparar uma roupa antes. Mas não qualquer roupa; Teria que ser a melhor roupa de todas. Digna de Elena Gilbert.

Decidiu-se por uma blusa transparente azul escura e sutiã da mesma cor. Shorts de estampa florida preta e alaranjado. Ultimamente estava usando bastante laranja. Um colar grande de prata e nos pés um salto alto também preto. Mal havia visto o tempo passar. Combinaram de se encontrar em outra rua, assim Isobel, April e Jeremy deduziriam que ele provavelmente passaria a noite fora.

Desceu as escadas para comer alguma coisa. Já eram 16h53min e às 15h00min em ponto tinha que estar no ponto combinado. Nenhum de seus irmãos estava lá, somente sua mãe.

– Está linda, meu amor. Aonde vai bonita desse jeito? – Pelo cheiro e pela pequena mancha de chocolate em sua bochecha esquerda ela estava fazendo bolo. Ela pelo visto não estava bem, fazia bolos sempre que se sentia cabisbaixa. Se Isobel estava com algum tipo de ‘’problema’’ ou tristeza emocional, teria que ser delicada. Faria o possível.

– Sair com alguns amigos. Depois a gente vai pra casa da Rebekah assistir um filme então... Pelo visto eu vou voltar meio tarde. Não me espera, tudo bem?

– Tudo bem. Pode ir, meu amor. Divirta-se. – Disse ela em gargarejos. Seus olhos estavam baixos e agora Elena via com clareza que ela havia chorado. O motivo ela sabia: Seu pai. A única coisa que desconhecia era a razão.

Não havia tempo de perguntar. Preferiu anotar o ocorrido na cabeça e mais tarde procurar saber. O Prius branco já estava estacionado no lugar marcado. Poderia parecer maluquice, mas sentia como se todo o ambiente interno daquele carro possuísse o cheiro dele. Assim que ela se acomodou no banco e passou o cinto ele a cumprimentou, puxando-a para um simples beijo estalado no rosto.

– Está bonita. – Seu sorriso se alargou e em seguida a partida do carro foi dada. – O show é em um bar fechado então você provavelmente vai ter que mentir sua idade pra entrar.

– Mas e se me reconhecerem?

– Não se preocupa com isso. – Disse ele em seu jeito irônico. Na qual Elena estava cada vez mais familiarizada. – O tipo de pessoas que frequentam esses lugares não é o mesmo que leem revistas de moda.

Foi-se o tempo em que se deixava ficar nervosa pelas piadas estereotipas que Damon fazia ao seu respeito. Agora ela simplesmente ria ou retrucava na mesma intensidade. Por mais que soubesse que tudo aquilo fosse fingimento, de certo modo esquecia-se daquele fato.

– Então quer dizer que vai me levar pra um desses bares barra pesada? Eu que sou menor de idade. Que ótima influencia o Senhor é, Salvatore. – Brincou Elena o fazendo sorrir. Passou suavemente a mão esquerda pela ponta do nariz de Elena dando um leve aperto na área. Depois, seu sorriso sumiu.

– Te vi com o Tyler ontem.

– Me viu com o Tyler? - Repetiu as palavras dele em tom confuso - Aonde?

– Na escola. Bem no finalzinho do intervalo... Vocês?

– Não, não. – Deteve Elena. Sim, ontem. Ele havia perdido umas aulas de Geografia por conta do treino de futebol e lhe pediu o caderno emprestado. Tinha certeza de que era um pretexto idiota dele, mas ajudou. A reação triste de Damon era o que a surpreendia. – Ele só queria um caderno emprestado. Nada demais.

– Acho que ele ainda gosta de você.

– Eu também acho. – Gostaria que ele falasse olhando para si . A atenção necessária à estrada era algo que realmente deveria se prestar por essas bandas. Ele estava bem ao seu lado, mas ela já podia sentir falta daqueles olhos. – Só que infelizmente é assim. Me sinto culpada as vezes, mas... Era o jeito. – Mentiu. Não se sentia culpada, mas teria que bancar a boa moça para ele e assumir esse papel.

Sentiu uma dor terrível em seus dedos das mãos durante praticamente todo o caminho. Principalmente no do meio e no indicador. Já haviam saindo de Whitmore e chegando a Fells Church.

Damon disse que ‘’Fells’’, como era chamada, era o tipo de cidade fantasma. Muito pequena e mal povoada. Era famosa por suas criações de gado e por seus bares de shop. O que a banda iria tocar era o maior da cidade.

Estava lotado.

– Vai pegando os ingressos no porta luvas, Elena. – Pediu ele educado procurando um lugar para estacionar. Devido à quantidade de carros teve que optar por um beco ali ao lado. – Desde que você fique PRÓXIMA de mim, as pessoas vão acreditar que você é maior. Nem identidade acho que vão pedir.

Agora ele falava como um professor. Concentrado, serio e explicativo. Demorou um pouco para entender o porquê de ele ter dado tanto ênfase à palavra ‘’próxima’’...

Ele não pôde tá falando serio...

Esperou Damon destravar os cintos para perguntar.

– Quando você quis dizer próximo, você quis dizer próximo de próximo ou próximo de PRÓXIMO? Porque eu não quero que...

– Ah, Elena. Para, vai. Você não precisa me agarrar e ficar me beijando nem passando em mim, tá legal. Só fica perto, no Maximo um abraço. Só na entrada pro segurança não desconfiar. Só isso.

– WOW, espera. Eu só tava tirando uma duvida não precisa se estressar assim. Meu deus. – Disse Elena tentando o acalmar. Ele havia falado a ultima frase tão rápido que teve que prestar atenção em cada silaba para não se perder, o que foi difícil já que interrompeu totalmente a linha de raciocínio quando ele a parou daquela forma tão rude. Porque ele havia se estressado com aquilo? Não tinha feito nada demais, só questionado se teria que fingir ser namorada dele ou não. Afinal, sabia que não seria algo que se sentiria a vontade. Porque aquilo o incomodou de repente? Havia falado como quando tinha costume de tratá-la daquela maneira bruta de antes. Não gostava daquilo.

O que não acontecia entre os dois e que tanto ela temia aconteceu. O silencio. Damon levou os cotovelos ao volante e abaixou a cabeça se encostando ali por alguns segundos, enquanto ela cruzou os braços e manteve um bico.

– Desculpa – Sussurrou ele, triste. Levantou o rosto e destrancou as portas do carro. – Me estressei por besteira. Você vem ou não?

Não respondeu, somente apanhou os ingressos e saltou do carro revirando os olhos e batendo os pés. Damon fez o mesmo e a seguiu até a fila de entrada do bar. Que quando Elena realmente se aproximou pôde perceber que se tratava de uma pequena boate. De perto parecia ainda mais lotado.

O medo somente a inundou quando ouviu a voz grave de uma menina ao brigar com um segurança no começo da fila. Damon, neste momento cabisbaixo pela discussão se mantinha atrás de si; Ele também parecia ouvir a ‘’briga’’.

Já disse sou maior de idade. – Rosnou a garota para o segurança.

Então prova. Identidade... Senão, não entra.

Que droga também já disse que esqueci. – Toda aquela gritaria já estava a tirando do sério. Nunca havia ficado em uma fila, era sempre VIP para tudo. Todas as festas, eventos, bares, boates. Não importava, mas agora não podia levantar desconfiança de que estava morando na Virginia. O que menos queria agora era ser reconhecida. A garota da fila ainda insistia. Gritava e esperneava afirmando que era maior de idade e que tinha o direito de entrar. O que era obvio que era mentira, pois nem ao menos dezessete ela deveria ter.

Alguns minutos depois, quando ela finalmente desistiu e foi embora, Elena estremeceu e pôde perceber que ele também. Não tinha a aparência de garotinha quanto àquela menina, pelo contrario, Elena sempre teve corpo e aparência de mulherão, mas mesmo assim poderia levantar desconfiança e se pedissem sua identidade, estava morta.

– E agora? – Murmurou Damon ainda no mesmo lugar. Pior que não fazia ideia do que fazer. Se aquela muralha desconfiasse dela, estaria tudo perdido.

Elena se virou rapidamente. De cabeça baixa, ele estava quieto fingindo não perceber de nada. Não importava se Damon ainda estava ressentido pela pequena discussão no carro, ele deu a ideia e agora teriam que fazer.

– Anda, me abraça. – Disse ela em baixo tom. Damon ainda parecia atordoado.

– Mas você disse que não queria e... Eu pensei que...

– Esquece. Não viu o que aconteceu? Eu não me importo, Damon. Eu quero.

Para ela, Damon transparecia medo e hesitação. Lembrou-se da vez em que dançaram no Grill e todo aquele receio que os dois sentiram na hora de tocar o corpo do outro. E ambos sentiam-se assim de novo.

Seus braços tremeram durante todo caminho feito até o pescoço de Damon. E quando as mãos dele alcançaram a sua cintura, ela também sentia o temor vindo da parte do rapaz. Achou melhor entregar os ingressos para ele e afundar a cabeça em seus ombros. Ali Elena sentia que poderia pensar.

Adorava o cheiro dele. Tudo isso era tão estranho. Sentia que estava indo longe demais com ele, só que não podia negar que já havia ido ainda mais longe com toda essa tramoia. Não havia como desistir... E se voltasse no tempo, nunca teria construído essa amizade por mais que fosse tudo falsidade.

Quando a fila começou a andar, retirou o rosto dali e o manteve de lado, ainda mantendo no ombro esquerdo de Damon.

Por sorte o armário não pareceu desconfiar. Apenas olhou torto e Damon entregou o ingresso silenciosamente, sem perguntar nem nada. Na segunda olhada de conjetura do segurança fez Elena apertar-se ainda mais aos ombros de Damon; Ele percebeu e a trouxe ainda mais para perto.

– Conseguimos – Disse ele ao passarem pela porta. Já haviam se soltado e pelo jeito o show iria começar. – Vem, Elena. Lá perto do palco ainda tá vazio – A maioria das pessoas ainda se mantinha no bar. Damon apanhou a sua mão e a levou para onde havia mencionado.

As luzes demoraram em cerca de 20 minutos para voltarem a se apagar. Alguns truques de fumaça, nada muito exagerado nem muito grande.

De exagerado, somente os gritos do publico, já aglomerado em volta.

– Quer subir nas minhas costas? Tá se apertando ai. – Gritou ele tentando fazê-la ouvir diante aquele bando de gargantas histéricas.

Depois foi a vez dela gritar:

– Não ouvi direito. Quer que eu suba nas suas costas? É isso?

– É... Isso. Quer? – Perguntou Damon apontando para seus ombros nervosamente. Ela assentiu e ele se abaixou com voracidade. Grande parte de sua perna ficava exposta por conta de seu short e quando aquelas mãos tocaram suas coxas ela realmente pensou que fosse cair para trás e morrer. Agradeceu por ele não ter percebido sua reação.

Já eram 20:30 quando a banda finalmente entrou ao palco. Gritos, guitarras, rockeiros de cabelos grandes tudo foi invadido com a presença do Three Days Grace. Entre tudo isso o acorde da música Are you ready? começou a tocar e todos os presentes começaram a cantar juntos. Incluindo os dois.

You'd said we'd never get this far

You said your words, we've played our parts

Said your two cents now It's my turn

So sit down, shut up

Are you ready?

So you think you know how this story goes

Are you ready for this?

Sit down, are you ready for this?

Shut up, are you ready for this?

Stand up, are you ready for this?

Restrain

Are you ready?

De toda a banda aquela era sua música predileta. Damon não pareceu se importar com o fato de ter praticamente pulado nas costas dele durante o tempo inteiro, mas o que realmente a enlouquecia era aquelas mãos em sua perna. Apertando cada vez mais enquanto ela se movia no ritmo acelerado e pesado das músicas.

O show acabou um pouco antes do previsto. Como o lugar não era tão grande daria para tirar foto com ao menos 50 pessoas das 1.200 que estavam lá. Os primeiros 50 privilegiados da fila teriam a chance para tirarem suas fotos, desde que trouxessem suas próprias câmeras.

Por sorte, conseguiram pegar os últimos dois lugares na fila. Tudo fora tão rápido que quando Elena viu a única coisa que enxergava eram aqueles corpos correndo para o outro lado da boate. Entraram em um pequeno corredor, todos os felizardos. Formando uma fila indiana em frente à porta branca do camarim dos rapazes.

Elena conseguia ouvir Neil e Brad conversando com alguns fãs. Quando chegou mais perto pôde ouvir Matt, mas ainda não conseguia escutar Barry.

– Já vai pegando a câmera, Elena. Tem que lembrar que a gente tem que ser rápido. Tem horário.

Sim, tinha. Por alguns segundos se esquecia do mundo real. Tateou por seus braços e bolsos até perceber que havia deixado a maquina dentro da bolsa. E a bolsa dentro do carro.

Droga.

– Só pode ser brincadeira. – Disse ela rangendo os dentes.

– Que foi?

– Esqueci a maquina na minha bolsa. Ficou dentro do carro. – Com aquela discussãozinha besta com Damon saíram tão desligados que não havia se lembrado de nada. Minha bolsa... Que tipo de mulher esquece a própria bolsa? É como esquecer um filho. – Eu tenho que ir lá pegar.

– Tudo bem então. Vou com você

– Não, não. Alguém tem que guardar o lugar na fila, senão a gente perde. Eu vou, pego a maquina e volto. Rapidinho.

Ele não reclamou mais, apenas entregou a chave do carro e disse para ser o mais rápida possível. Pra sorte de Elena o homem que administrou a ordem da fila para o camarim era homem. Só precisou dar uma piscadela e foi o suficiente para ele compreender. A maioria dos fãs, os que não conseguiram o lugar na fila, já haviam ido embora. Agora só tinham alguns bêbados estranhos de meia idade que pareciam acompanhar cada movimento seu. Na porta de saída do bar, também. Resolveu não olhar e continuar caminhando até o carro. A rua da boate ainda estava parcialmente iluminada, mas o beco se mantinha completamente escurecido. A lamparina do poste ali perto a ajudou a encontrar o carro, mas enrolou-se por alguns minutos ao tentar encaixar a chave na fechadura da porta.

Ao finalmente abrir, encontrou dessa vez sem muitas dificuldades, sua bolsa no banco da frente. Não queria levar sua bolsa caríssima da Chanel para uma boate imunda, onde já teve que fazer um esforço para colocar seus sapatos e roupas caríssimas. Pouparia sua bolsa por amor. Demorou mais um pouco até achar a maquina. Estava no bolso de fora.

Enfim fechou a porta. Estava terminando de trancar o carro, quando sentiu alguém a prensar contra o automóvel e apertar seus lábios com as mãos. O cheiro de álcool plantou-se rapidamente em seu nariz.

Aquele definitivamente não era o mesmo toque da pessoa que a puxou de manhã para a sala dos professores. Não era Damon. A voz carregada pela pinga quando finalmente se pronunciou só fez provar sua teoria.

– Oi gracinha. – Disse ele a forçando ainda mais no carro. Apertou seus lábios na mesma intensidade e trouxe seu tronco mais perto de suas costas. Fazendo com que ela sentisse sua ereção na base de seu quadril. – Linda você... Agora tenho uma coisinha pra me divertir hoje. – Um grito abafado de desespero saiu por sua boca, junto com as lagrimas em seus olhos. Não aguentou. Não chorava na frente das pessoas. Nunca, mas agora era impossível. Ficou em choque no começo; Não acreditava no que estava prestes a acontecer consigo.

Não, não pôde. Eu sou Elena Gilbert. Não sou uma menina comum. Essas coisas não acontecem comigo. Acontece com os outros, comigo não.

Relutou com mais intensidade. Tentava levantar suas pernas para lhe acertar um chute, mas ele era bem mais alto do que ela.

– Socorro. – Gritou Elena e ele apertou ainda mais seus dentes. – Está me machucando. Me solta. – Ouviu um espatifado ao chão. De tanto relutar com os braços ao tentar afasta-lo sua maquina caiu, mas aquilo era o que menos a importava no momento. Enquanto uma das mãos dele segurava sua boca, a outra partia para seus seios o apertando com força deixando seus toques cada vez mais desorganizados e doloridos. Ele apertava sem o mínimo de piedade. Realmente deixando claro que o que queria era machuca-la. Debateu-se outra vez contra ele acertando os olhos, mas por incrível que pareça ele não se deixou abalar. – Agrh Me solta. – Agora chorava desesperadamente soltando um enorme grito quando ele a puxou pelos cabelos a batendo contra o vidro do Prius. Não só uma. Duas vezes, derramando pequenas gotas de seu sangue na área.

– Cala a boca. Vadiazinha. – Tentou pela ultima vez se soltar. Somente ao ouvir o barulho do cinto de metal dele indo ao chão que suas esperanças saíram de seu corpo junto com mais lágrimas.

– Não, não. Por favor, não. Não faz isso. PARA. Não quero, eu não quero. Por favor... – Outra batida contra o vidro. Fazendo-a sibilar para trás tonta. Não tinha forças para gritar. Ouviu o barulho do zíper da calça dele descer e ao mesmo tempo sentiu aquelas mãos nojentas serem afastadas de seu corpo brutalmente. Estava tonta demais. A força da batida contra sua cabeça havia sido forte na terceira vez. Sua visão estava turva e não tinha fôlego nem para falar. Encostou todo seu corpo ao carro e caiu ali no meio da rua sentada enquanto sua cabeça girava rapidamente.

– Não toque nela. – Gritou uma voz familiar a seus ouvidos. Damon. Pela silhueta das sombras podia ver que ele segurava o homem pelo colarinho da camisa o levantando no alto. – Não se atreva a tocar uma mulher a força outra vez. Um lixo como você merece a morte. Me entendeu? A MORTE. E se eu tiver que matar você essa noite, acredite. Eu não vou me arrepender. – Ele continuou a levantar o homem. Cada vez mais alto. Damon deveria estar fazendo uma força enorme, afinal aquele cara era muito mais alto que ele, apesar de ser bem mais velho e estar alterado pelo álcool.

O jogou o mais longe que pode. Acertando as costas dele a um muro de concreto do beco. Aos poucos sua visão voltava ao normal, por mais que sua cabeça ainda girasse. Damon era o professor mais odiado do colégio; Apelidado de ‘’monstro’’, ‘’diabo’’ ou de tudo quanto é apelido maldoso relacionado à sua falta de paciência e a constante insistência que ele tinha de brigar com todos por motivos bestas, ou algumas vezes sem motivo. Já o vira bravo e descontrolado diversas na sala de aula, mas nunca como agora. Era como se outra pessoa tivesse assumido seu corpo. Agora sim ele parecia o diabo.

Rapidamente, Damon se pôs na frente do homem caído ao chão. Ele ainda tentava se levantar, mas foi impedido pelo pé direito de Damon acertando seu queixo. Pôde ver alguns fios de sangue saindo do nariz do bêbado.

– Um homem de verdade não força a companhia a ninguém. Principalmente a uma mulher. – Disse Damon o golpeado na barriga. O pegou pela camisa mais uma vez, observando o sangue que fluía de suas duas narinas e da boca. Sacudiu o homem duas vezes e o girou enquanto ele debatia-se pelos punhos tentando se soltar. O largou ao chão somente depois de certificar-se que ele estava tonto o suficiente.

Assustada, Elena olhou a figura do bêbado deitada ao chão implorando por uma misericórdia de Damon.

Estava com medo. Os olhos de Damon borbulhavam uma vermelhidão que nem se chorasse um mar inteiro alcançaria aquela intensidade.

– Ele vai ficar bem. – Exclamou ele. A reação assustada de Elena para imagem do homem desmaiado. Ela claramente estava com medo. Ainda ofegante Damon abaixou em sua direção e apanhou a câmera fotográfica caída perto da roda traseira do automóvel. – Não queria que visse isso. Desculpa. – Aos poucos a mente de Elena voltava a trabalhar. Percebendo o que realmente acontecia ao seu redor. Embora não quisesse acreditar. – Vamos embora. Quero sair daqui.

Gentilmente, Damon lhe ajudou a levantar. Deitando o banco do passageiro para que ela pudesse ficar mais confortável. Virou-se para o lado da janela fechando os olhos e ficando em silencio. Ainda bem que chorou antes dele chegar.

Seria ainda mais vergonhoso.

Não estava no clima para conversar agora. Quase havia sido violentada por um bêbado, velho e fedido. Todo o caminho foi feito em silencio; Três horas de puro nada.

Não havia o que falar.

Pelo jeito todos já estavam dormindo. O abajur de April estava desligado, sinal de que já havia terminado de estudar e ido descansar.

Assim que abriu a porta, Damon a puxou para a cozinha. Não violentamente. Com calma. Sabia que a primeira coisa que Elena faria quando chegasse em casa seria correr para o quarto, com razão, afinal o que quase aconteceu com ela foi horrível, mas ele precisava falar com ela.

– O que tá fazendo? – Disse ela enquanto ele a puxava.

– Cinco minutos. Por favor. – Pelo visto ele não queria correr o risco de acordar alguém ou Jeremy chegar de surpresa. Parou Elena de frente para mesa e a segurou pelos ombros delicadamente. – Você tá bem? – Perguntou mais calmo. Alguns segundos depois Elena assentiu. – Tem certeza? Não foi pouca coisa o que aconteceu.

– Tô melhor. Sério. Mas e você?

– Vou ficar. Amanhã é outro dia. Só tava mesmo era preocupado com você.

– Obrigada. – Agradeceu Elena. Tinha muito a agradecer. Ele havia salvado sua vida praticamente. – Se você não tivesse aparecido lá eu não sei o que teria acontecido. – Na verdade ela sabia. Mas só de imaginar todo seu corpo era tomado pelo desespero.

– Não pensa mais nisso. Já foi... Promete? – Disse ele, e por um momento seu bom humor transpareceu.

Sem aviso prévio, Damon retirou as mãos de seus ombros e a abraçou. Forte e firme. Não estranhava mais esse tipo de contato com ele; Podia-se dizer que já estava acostumada. A pele dele estava quente. Percebeu isso ao retribuir o abraço. Na hora que suas mãos alcançaram a nuca, ainda devia estar nervoso pelo que aconteceu e, agora, quando ele lhe plantou um beijo em sua testa pôde ver que ele tremia.

– Tem certeza que tá bem, Damon? – Dizia ela em tom preocupado. – Está tremendo e tá quente...

– Vou ficar. Já disse. Melhor a gente ir dormir, vai ficar muito tarde. – Ele estava desviando do assunto. Sinal de que ela estava certa. Só esperava que ele ficasse bem. Tanto ele quanto a si mesmo. – Amanhã tem aula e não posso me atrasar. Você também não.

Ela pegou a mão dele enquanto se afastava pra ir pro quarto.

– Obrigada de novo.

– Boa noite, Elena. – Ele falou. Não havia respostas em seus olhos. Só opacidade.

Assim que Elena subiu para seu quarto correu para o banheiro. Estava mais do que desesperada para tomar banho e retirar a sujeira daquele homem de seu corpo. Quando se olhou ao grande espelho teve uma reação que nunca pensou em ter na vida. Susto. Estava horrível. O preto do lápis de olho e da maquiagem escura todo escorrido por seu rosto de tanto chorar, seu cabelo estava um horror; Armado e despenteado sem nenhum zelo e os olhos roxos e inchados assustariam até o mostro mais assustador do mundo. Sua testa não sangrava mais, apesar de ainda haver um pequeno corte na lateral.

Não, não, não. Ele me viu assim. Não, não pode ser meu deus.

Ao terminar o banho, foi dormir apenas de roupão. Somente secou o cabelo e o penteou. Seu rosto já estava limpo de toda maquiagem, mas seus olhos ainda estavam vermelhos. Quando deitou a cabeça no travesseiro para pensar no que aconteceu só fez chorar. Chorar igual uma desesperada.

Não bastava ter sido quase violentada, também havia sido tocada no cabelo pelas mãos fedorentas de um bêbado nojento. E o fato de alguém a ter visto tão feia como estava não ajudava em nada seu desespero.

Chorou até dormir.


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Notas finais do capítulo

Nossa, eu juro que nunca escrevi tanto como agora... UAU. A cena do bar com a elena e o damon eu me inspirei na cena do filme na trilha da fama... Na cena da terry com o irmão dela no show dessa mesma banda e a cena do damon batendo no cara me inspirei na cena stelena do livro de quando o stefan salva a elena do tyler, no primeiro livro. Quem diria que stelena poderia me inspirar... eu não. Beijos pessoal, recomendem a historia se gostarem e deixem reviews. Até a proxima.