-Porque que o treinamento hoje tinha que ser tão longe do campus? - Alli disse cansada - É quase na fronteira de Butera! 

-Uff... - Ernest bufou enquanto acompanhava Alli em direção ao valão onde iriam treinar - Bem que ele podia nos avisar ontem, assim, já teríamos começado mais cedo.

-Tem razão... - Alli falou, mas desviou sua atenção para uma figura estranha um pouco à frente - Olha! Será que ele pode nos ajudar?

Alli foi correndo até o homem que puxava uma carroça e chamou seu irmão. Quando Ernest chegou o homem disse que era um vendedor ambulante.

-Querem algo da minha carroça, crianças? - O vendedor abriu a parte de trás da carroça, mostrando uma coleção imensa de coisas, ferramentas, livros, roupas, comida, armas, eram itens inacabáveis - Será que tem alguma coisa que chamou a atenção de vocês?

-Ué! Que caixa é essa? - Alli achou uma caixa de papelão que tinha rótulo em alguma língua estranha que ela não entendia - Tem alguma coisa nela?

-Esta é uma caixa surpresa. - O vendedor disse enquanto descia a caixa da carroça - Eu não sei bem o que tem aqui dentro, comprei-a assim mesmo de um outro vendedor.

-Parece pesada. -Ernest disse enquanto avaliava a grande caixa misteriosa - Quanto quer por ela?

-Acha mesmo que é uma boa ideia comprar, Ernie? - Alli perguntou - Não sabemos se ele é de confiança.

-Realmente. Como vamos saber se podemos mesmo confiar em você, senhor vendedor? - Ernest disse criando uma estaca de gelo e sacudindo-a na frente do comerciante - Você tem algum tipo de comprovante?

-Inacreditável! - O vendedor parecia frustrado - Eu tento fazer meu trabalho para alimentar minha mulher e meus dezessete filhos, e vocês querem uma carteira de comerciante? - Ele pegou a caixa de volta - Não preciso de caridade, obrigado.

-Uau, calma. Ernest só é preocupado com essas coisas. - Alli disse para acalmar o homem - Vamos levar a caixa. 

-Claro. Quanto pretendem pagar por ela? - O vendedor disse colocando a caixa no chão e estampando um sorriso no rosto.

-Ah... Sem dinheiro aqui. - Ernest disse - Você falou que queria alimentar sua família? Temos umas coxas de frango aqui, serve? - Ele passou a comida que estava na mochila para o vendedor.

-Comida... - O comerciante sentiu o cheiro - Podem ficar com a caixa, trato feito!

Ernest e Alli comemoraram e se ajudaram na hora de levar a caixa para o valão. Quando chegaram lá, Rune lhes deu uma bronca por se atrasarem, mas logo parou quando viu a caixa.

-O que tem aí dentro? - Ele perguntou numa voz serena e perfurante - Por isso vocês demoraram?

-É, mas a gente não sabe o que tem aqui dentro  e tá muito curioso. - Alli falou - Dá pra soltar uma magia pra abrir a caixa?

-Eu não. - Rune disse - Se acabar em desgraça, a culpa  é toda de vocês. Façam o que der na cabeça.

-Ok. - Ernest fez uma estaca e abriu um pequeno buraco na caixa, de onde saíram várias bolas -  Que que é isso?

-É lindo! - Alli disse tentando pegar uma delas - Peguei uma verde! Que cheiro ruim! Sai daqui, bola peidorreira! - Alli espantou a bola e tampou o nariz.

-Rune, que coisas são essas? - Ernest perguntou enquanto mais bolas explodiam pra fora da caixa.

-São Bolas Or. - Rune disse enquanto "comia" um sandubão - Elas são orbes, na verdade, as verdes soltam gás, as vermelhas cospem fogo, as amarelas liberam energia estática e as rosas controlam as outras. - Rune pegou uma Bola Or azul - E estas choram. Muito.

-O que fazemos agora? - Alli perguntou enquanto tentava evitar os orbes verdes - Temos que achar as rosas, não é?

-A cada novecentos e noventa e nove mil, novecentas e noventa e nove Bolas Or, a próxima será rosa. - Rune foi até a caixa que ainda expelia orbes - Sorte de vocês, esta caixa contém um milhão de Bolas Or.

-Como assim, "sorte nossa"? - Ernest quis saber.

-Nós que vamos procurar a rosa e colocá-las de volta, né? - Alli disse, enquanto consolava algumas Bolas Or azuis - Precisamos mesmo disso? Parece bem fácil pegá-las. - Mas as palavras dela irromperam numa cachoeira proveniente dos orbes chorões e a lançou para longe - Vamos pegar essa Bola Or idiota.

Azul, verde, vermelha, azul, azul, verde, amarela, amarela, azul, verde, vermelha... As cores pareciam apenas se repetir quando Alli viu a salvação, a Bola Or cor-de-rosa estava em cima de uma árvore. 

-Ernest, me ajuda a chegar lá em cima. - Alli disse enquanto corria até a árvore.

-Beleza, vai lá. - Ernest disse e seguiu Alli protegendo-a das Bolas Or que queriam proteger o orbe rosa.

-Peguei! Vai pra caixa, orbe maldito! - Alli disse e atirou com toda a força na caixa, vendo as outras Bolas Or seguindo aquela - Não voltem mais.

Rune usou um selo místico para trancafiar o milhão de Bolas Or lá dentro, de onde não sairiam. 

Por um longo tempo...