Dark Side escrita por Lali Maslow


Capítulo 25
Capítulo 25- Agatha


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora e por ter excluido a fic, mas eu estava sem tempo e coragem de escrever. Bjs e até o próximo capitulo.



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Agatha:

–Quantas saudades de você, criança. Está linda. -Tio Pedro disse enquanto me abraçava.

–Também estava morrendo de saudades. Obrigado por me receber no seu apartamento. -Respondi agradecidamente para ele.

Ele me deu passagem para dentro de seu apartamento. O lugar era pequeno, estreito e não parecia muito bem cuidado. Tinha muita bagunça por praticamento todos os lugares, parecia que não era limpada à anos. Sentia pena por saber que meu tio estava tendo que viver em um lugar daqueles.

Mas não me importei muito, o que realmente importava era que eu teria um teto para ficar durante aquela noite e também amanhã eu iria embora mesmo.

Meu tio percebeu que eu estava encarando o lugar todo com um pouco de nojo ou sei lá tristeza e disse:

–Sei que o apartamento não é grande coisa. Você está acostumada com luxo e tudo do bom e melhor, mas, eu não posso lhe oferecer isso. -Seu olhar era triste, sua voz tomada pela angustia.

Realmente comecei a sentir muita dó dele. Eu tenho tudo que uma pessoa pediu à deus e ficava reclamando de minha vida. Enquanto isso existiam pessoas que estavam passando por coisas bem pior.

–Está tudo bem, eu não me importo. -Ele arqueou as sombrancelhas como se não acreditasse. -De verdade, eu não ligo para isso.

–Você é um amor, assim como seu pai, sempre gentil com as pessoas. Sabia que uma vez ele i... -Meu tio começou a falar, mas acho que o assunto "papai" já tinha dado muitos problemas por um dia. Então o imterrompi.

–Podemos não falar sobre ele? Vamos mudar de assunto?! -Implorei. Ele percebeu meu incomodo e concordou.

–Você nunca conseguiu perdoá- lo, não é mesmo?- Perguntou ele.

–Nunca. Acho que nunca irei conseguir perdoá- lo. -Confessei.

–Ok. -Meu tio desviou o olhar de mim e encarou o chão por alguns segundos. Parecia pensar. -Sobre o que quer falar? -Mudou totalmente de assunto. Dei um meio sorriso e ele devolveu- o.

[...]

–Você lembra que quando era criança você adorava dançar, principalmente com o titio aqui? -Ele pegou minhas mãos com bastante ternura e sorriu, não pude evitar sorrir.

–Lembro... Era divertido. -Em apenas segundos eu já estava viajando em minhas memórias mais alegres.

Lembro- me que antigamente minha familia era muito unida, que sempre nos encontravamos. Eramos felizes juntos, nos divertiamos bastante. Lembro- me das risadas e brincadeiras e sinto saudades de tudo isso. Pois hoje em dia meus familiares mal falam um com o outro. Eles se odeiam. E toda essa separação familiar começou quando meu pai foi preso. De vez em quando fico pensando nisso, talvez todos esses problemas sejam minha culpa. De certa forma tudo de ruim teve começo comigo, com meus problemas. Talvez eu fosse mesmo culpada por tudo aquilo. Talvez tudo fosse melhor se eu não existisse.

Se eu não existisse meu pai não estaria preso; meu tio não estaria morando nessa maloca; minha mãe não teria sofrido tanto; minha familia ainda seria unida e feliz. Eu realmente sou uma encrenca na vida de todos, sempre estrago tudo.

–Agatha.. Você está ai? -Meu tio sacodia as mãos na frente de meu rosto. Parecia tentar chamar minha atenção.

–Desculpa, eu apenas estava... estava lembrando. -Contei. Ele me encarou sem entender nada. -Esquece!

–Quer relembrar os bons tempos? -Tio Pedro se levantou e ficou parado na minha frente com um sorriso bobo no rosto. -Me consede uma dança? -Ele esticou sua mão para que eu o acompanhasse.

Pensei por alguns segundos, eu era uma péssima dançarina quando criança e acho que esse fato sobre mim ainda não tenha mudado. Mas acabei aceitando.

Peguei sua mão que ainda continuava estendida em minha direção. Acompanhei- o até o meio da minuscula sala. Meu tio colocou suas mãos delicadamente em torno de minha cintura e meus braços foram em torno de seu pescoço.

–Não tem música? -Perguntei tentando quebrar o silêncio.

–É claro que tem, que ouvir? -Dei de ombros. -Ok... Dandan, dandandam, dan... -Começou a cantarolar.

Uma risada fujona automáticamente escapou de minha boca. Uma risada verdadeira.

Meu tio era realmente um idiota, um idiota que eu adorava e que sentia saudades. Ele sempre sabia o que fazer para arrancar uma risada de mim. Isso era uma coisa muito boa.

–No que você está pensando? -Meu tio me perguntou e consequêntemente acabou me tirando de meus desvaneios.

–Hã?... Nada. Não era nada. -Menti.

Continuamos dançando normalmente por mais alguns minutos. Mais logo as coisas começaram a sair do controle. As mãos de meu tio foram descendo de minhas costas para minha cintura, de minha cintura foram escorregando por meu corpo.

–TIO.... -Gritei para avisar que não estava gostando de sua atitude e me afastei para mostrar que não queria que voltasse a acontecer e que também não queria ele perto de mim novamente. -O QUE VOCÊ ESTAVA FAZENDO? -Continuei a gritar. Queria me acalmar, mas simplesmente não conseguia. Ele me olhava assustado, provavelmente não esperava que eu reagisse dessa forma.

–Desculpe, eu não sei o que me deu. Eu realmente não queria... -Ele se enrolou todo e acabou ficando sem palavras. -Eu não queria ter feito isso. Juro Agatha. Por favor me desculpe.

Queria dizer que não o desculpava. Queria sair daquele apartamento e não voltar nunca mais, mas não podia. Não tinha para onde ir.

Então assenti com algumas lágrimas já tomando seu lugar em meus olhos azuis. Mas na verdade eu não havia desculpado- o.

–Desculpa Agatha, des.... -Começou com sua ladainha novamente, mais eu não deixei-o terminar.

–Apenas me diga onde irei dormir, é apenas disso que eu preciso agora. -Pedi. -Não preciso ouvir mais desculpas. -Falei firme.

[...]

–Não é grande coisa mais dá para você passar uma noite aqui. -Meu tio disse sem graça enquanto me mostrava o quarto.

Realmente não era grande coisa. Na verdade não chegava nem perto de ser uma grande coisa. Até agora me pergunto como alguém consegue viver num lugar desses.

As paredes antigamente deveriam ter sido brancas, mas agora devido à sujeira e o mofo as paredes ganharam uma tonalidade amarela bem estranha. O chão era de cimento, bem aspero. Havia uma pequena janela que tinha como vista a contrução de um prêdio enorme. O sol não conseguia entrar no quarto, a unica coisa que entrava ali era poeira e todo tipo de lixo tóxico que poderia vir da construção. Haviam goteiras no teto, provavelmente devido à uma chuva recente. De móveis haviam apenas uma cama num canto do quarto, um pequeno armário quebrado e um abajur no chão. O lugar todo se resumia em sujeira, mofo, goteiras, escuridão, LIXO. Não sei se seria possivel dormir ali. Não sou fresca, mais isso é demais para uma pessoa aguentar.

Não sei como meu tio havia chegado ao ponto de ter que morar num apartamento desses. Lembro- me que dá ultima vez que eu o vi, há mais ou menos sete anos. Ele tinha dinheiro, era bem de vida, um bom sujeito. Mas anos depois fiquei sabendo que ele havia se metido com pessoas errados, tomado um caminho horrivel na vida, feito coisas que decepsionaram muitas pessoas próximas, havia se metido com drogas, bebidas. Talvez fosse por isso que minha mão não quissesse que eu chegasse perto dele.

Deveria ter mantido distância assim como minha mão me pediu. Não sei porque mais desdo momento em que eu pisei no apartamento de meu tio eu estou tendo um sentimento ruim. Como se algo estivesse errado.

Tomei um susto e novamente fui tirada de meus pensamentos quando o meu celular começou a tocar no bolso de minha calça. Ótimo, mais uma mensagem de minha mãe, com essa ela já havia me enviado doze mensagens desdo momento em que deixei- a no restaurante/ barzinho/ cafeteria.

–Quanto tempo você pretende ficar aqui querida? -Tio Pedro perguntou. Ele colocou sua mão em meu ombro e ficou alisando- o.

–Apenas o tempo necessário. Amanhã cedo irei embora. -Contei. Tentei me afastar novamente dele. Não queria que aquele idiota me tocasse.

–Ok, se precisar de mim estarei na sala. -Ele sorriu e piscou para mim. O que ele estava insinuando? I- D- I- O -T -A. Dei um sorriso falso e esperei ele se retirar.

Foi muito dificil dormir naquele lugar, pois além do lugar cheirar muito mal, eu tinha uma pequena impressão que estava sendo observada. Deveria estar ficando mesmo maluca.

E também eu estava tão magoada com todos á minha volta que acho que não era surpresa eu não conseguir dormir direito.

[...]

Acordei bem cedo- se é que posso disse que dormi alguma coisa- e arrumei minhas malas- elas não estavam desfeitas, mas sim um pouco bagunçadas-.

Me troquei. Peguei um sueter branco simples, uma calça preta e uma bota marrom de salto alto que ia até quase o joelho- não estava frio aqui no Brasil, mas eu sabia que quando eu chegasse em Los Angeles lá estaria um pouco frio-. Prendi meu cabelo em um coque mal feito. Nesse momento eu não estava muito preocupada com minha aparencia, a unica coisa que eu queria fazer era sair daquele lugar. Pegar meu avião e voltar para Los Angeles. Voltar para minha verdadeira família.

Saí do "meu" quarto arrastando minha mala e o som das rodinhas já estava me irritando um pouco.

–TIO... -Gritei procurando- o. Nada. -Tio... onde você está? -Novamente ele não deu sinal de vida. Será que ainda estava dormindo?

"Vou deixar um bilhete avisando que já estou indo embora" -Pensei.

Peguei um caderno que estava jogado sobre o sofá e um caneta preta em minha bolsa. Deixei o bilhete sobre a mesa de centro e voltei minha atenção para a porta. Eu tinha que ir embora logo.

Saí do apartamente e tive uma surpresa. Meu tio estava fora do apartamente, encostado na porta do apartamento da frente. Com um cigarro em sua mão e não parecia um cigarro normal.

Pensei em dizer algo, mas do que adiantaria? Apenas tinha que me conformar que todos que fizeram parte do meu passado se foram e só sobrou seus lados sombrios. Apenas tenho que deixá- los ir.

[...]

Agora eu conseguia enxergar apenas nuvens, estava voltando para minha verdadeira casa. De onde nunca deveria ter saido. Voltando para as pessoas que me amavam. Los Angeles estava à minha espera.


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Notas finais do capítulo

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