Agatha:

Me olhei novamente no espelho. Até que eu não estava tão mal assim. Como sempre eu havia tido ajuda da Sammy na hora de escolher a roupa perfeita.

Estava usando um short social preto fofo, uma camiseta regata branca e com outra blusa transparente mais soltinha por cima, uma sandália de salto  preta aberta. Usava alguns acessórios como pulseiras, colares e brincos dourados. Minha maquiagem era nude- ou melhor, era algo simples, quase não dava para perceber que se estava usando maquiagem- a unica coisa que se destacava era meu batom chegado levemente no rosa claro. Meu cabelo estava solto, liso com apenas algumas ondas na ponta, apenas para dar um ar natural e parecer mais vivo.

Fui surpreendida pelo som de meu celular tocando "Neon Lights- Demi Lovato". Era o James.

Fui atender ele na sacada do meu quarto. Acho que sou meio louca, quando estou falando com alguém pelo celular eu fico andando pela casa toda enquanto converso. Isso é estranho.

Ligação on:

–Calma, eu não me esqueci do encontro. Não precisa me avisar de novo. -Briguei. Ele acha mesmo que eu iria me esquecer do nosso encontro de novo.

–Eu não liguei pra isso. -Ele disse rindo.

–Ahhh não? -Perguntei sem graça.

–Sabia que você está completamente linda. -O jeito que James me disse isso me fez estremecer. Sua voz era tão rouca e de certa forma sensual.

–Como você sabe? Ainda não me viu. -Fiquei passeando pela mesmo com o celular ainda em meu ouvido.

–Estou vendo neste mesmo minuto e está linda sim.

–E posso saber como você está me vendo? -Não sei porque mais tinha impressão de que ele estava com aquele sorriso lindo no rosto.

–Olha para a rua. -No mesmo momento eu corri para poder ver a rua e vi James parado na frente de minha casa encostado em seu carro e com o celular em seu ouvido. -Surpresa.

–Seu bobo. -Nós dois sorrimos. -Você já está esperando há muito tempo?

–Não. Mas aqui fora está frio e ...

–Tudo bem, já estou descendo.

Ligação off:

–Já disse que você é linda? -Perguntou enquanto abria a porta de seu carro para que eu pudesse entrar.

–Só umas mil vezes. -Sorri.

–Isso é muito pouco. -Ele sorriu. -Eu vou dizer que você é linda sempre que tiver a chance.

–James, para. -Disse taxativa.

–Parar com o que?

–De ficar falando que eu sou bonita. Eu não sou bonita. -Já estava começando a ficar mal.

–Você não se acha bonita. Mas você é muito linda. -Ele aproximou sua boca de minha orelha e sussurou. -Pelo menos pra mim você é linda. -Sorri para ele. Era incrivel o jeito que ele conseguia me fazer sentir melhor.

–Para onde vamos?

–É surpresa. Agora coloca isso. -Ele abriu o guarda-luvas e pegou uma venda preta que estava dentro do mesmo.

Arqueei minhas sombrancelhas e fiquei esperando ele me explicar o que isso signifcava.

–Não quero que você veja para onde estamos indo então coloca a venda. -Neguei com a cabeça. -Confia em mim?

–Devo confiar em você? -Perguntei e ele riu.

–Sim. Eu posso ser estranho, tarado ou sei lá o que você acha de mim. Mas não vou fazer nada com você, juro. -Levantei minhas sombrancelhas novamente e ri.

–Eu não acho essas coisas sobre você, mas já que você está se auto rotulando. -Ele deu de ombros. -Eu vou colocar esse treco, mas espero não me arrepender.

–Não vai. -Ele deu partida no carro e começou a dirigir. Agora eu não conseguia mais enchergar nada.

Perguntei várias e várias vezes para onde ele estava me levando e ele sempre respondia a mesma coisa "É surpresa". Isso me deixava anciosa e irritada por não chegarmos logo.

–Chegamos.- Avisou.

–Então agora posso tirar a venda?

–Ainda não. Venha. -Ele me ajudou a sair do carro e foi me guiando para o tal lugar.

–Sabia que você é um guia horrivel. -Disse rindo pois eu já havia tropeçado duas vezes e esbarado em algo que caiu no chão e se quebrou.

–Calma, era apenas um vaso, você quebrou ele. -James continuou me guiando por alguns minutos até que ele parou. -Pronto, chegamos. Pode tirar a venda.

Era um lugar maravilhoso. Um jardim lotado de rosas de todas as cores. Conforme fomes adentrando no local, mas encantada eu ficava. O caminho de pedras acabou nos levando até uma mesa redonda, com uma toalha branca muito bonita. Um jantar à luz de velas no meio de um jardim florido, isso era perfeito. E logo atrás da pequena mesa pude notar um lindo lago de aguas prateadas por causa do reflexo da enorme lua perfeitamente redonda que tomava conta de todo o céu, dando espaço para poucas estrelas brilharem. Mais ao longe pude notar uma pequena cabana bem simples.

–Esse lugar é maravilhoso. -Disse pegando em suas mãos.

–É mesmo muito bonito. -James disse enquanto observava o lugar.

–Quem é você e o que fez com o James que eu conheço? -Perguntei rindo e ele ficou sério sem entender o sentido da piada. -O James que eu conheço não é todo romântico, nem gosta de lugares simples. Imaginei nosso encontro em um castelo e com fogos de artificil e...

–Você queria um castelo e fogos de artificil, desculpa, eu achei que você fosse gostar mais di...- O interrompi.

–Eu gostei mais desse encontro com certeza. -Respondi antes que ele entedesse tudo errado. -Eu apenas estou dizendo que isso não é coisa sua, sabe, algo simples. É tudo muito romantico.

–Você me deixa assim, todo romantico. Parecendo um idiota e falando coisas de gay. -James disse rindo.

–Você não tem que ser um troglodita nem um romantico idiota sabia? Eu apenas quero que hoje você seja você mesmo. Quero conhecer o James Diamond, se você deixar. -Ele sorriu e concordou.

–Sabia que eu tive muito trabalho para conseguir pegar esse lugar "emprestado". -James fez aspas em emprestado.

–O que você quer dizer com "emprestado". -Perguntei com um pouco de medo da resposta.

–Eu pedi esse lugar emprestado para minha tia Alice só que ela não quis emprestar. Ela disse que esse lugar é muito importante para ela e não queria que eu destruise- o. Então eu peguei as chaves dos portões sem ela perceber e estamos aqui sem ninguém saber. Então vamos tentar ser discretos e não chamar muita atenção. -James despejou toda a verdade.

–Agora sim é o James que eu conheço. -Ele riu. -Ela mora naquela cabana? -Ele negou. -Alguém mora naquela cabana? -Ele negou novamente. -Vamos embora antes que alguém nos veja.

–Ninguém vai nos ver. Quem viria em um jardim desses no meio da noite? Ninguém. -James afirmou.

–Por favor James. Eu não quero ser presa.

–Uma vez um grande amigo meu me disse uma coisa muito sábia, era assim: "Uma vida sem riscos, é uma vida não vivida meu amigo".

–Esse seu grande amigo por acaso é o Kendall? -Perguntei e ele riu e depois confirmou. -Ele vive me dizendo a mesma coisa.

–Vamos então?

–Vamos. -James pegou minha mão e me levou até a mesinha.

James serviu o jantar, algo simples mas refinado. Comemos, conversamos, demos risadas, um conheceu o outro. Estavamos fazendo um jogo de perguntas e respostas.

–Tem irmãos? -Perguntei.

–Dois, a Alisson e o Phillip. Os dois são mais velhos.-James perguntou enquanto levava o garfo com um pedaço de frango até a boca. -E você tem irmãos? -Apenas neguei.

–Ok, posso fazer outra pergunta? -Ele fez que sim com a cabeça. -Você mora sozinho ou o que? Nunca vi seus pais.

–Meus pais moram em Nova York. Minha mãe é dona de uma grande empresa de modelos e meu pai é dono de uma gravadora musical de sucesso. São muito ocupados. Eles queriam que eu fosse morar com eles, mas eu não quis. Então eles me deixaram com uma tia cuidando de mim. Eu paguei ela e ela foi embora. -Nós dois rimos. -Mas agora eles estão voltando, isso não é uma coisa boa.

–Porque? -Perguntei já ficando interessada.

–Meus pais são tipo super apaixonados pela... você sabe. A Halston. E eu terminei com ela e eles não vão gostar disso.

–Desculpa, mas como eles podem gostar dela? -Perguntei incrédula.

–Os pais da Halston são donos de uma das maiores empresas de roupas do país. Eles são muito poderosos, muito mesmo e meus pais tem uma parceria com os pais da Halston e se eu magoar a filhinha deles, eles vão acabar com a parceria com meus pais e os negócios vão para o espaço. Deve ser por isso que eles estão voltando, para meu obrigar a voltar com a Hals, só que isso não vai acontecer. Eles já me obrigaram a namorar com aquela insuportável por dois anos inteiros, não vou mais aceitar isso. Eu pretendo te apresentar para meus pais com minha namorada e eles vão perceber que eu amo você e iram me deixar ficar com você sem discutir.-Contou.

Minha cabeça estava girando, então quer dizer que o James foi obrigado à namorar com a "cavala" por dois anos inteiro. Meus futuros sogros e seguidores da Halston estão voltando para a cidade e eles idolatram a mesma. James queria me apresentar como sua namorada, mas eu era uma ninguém e a Hals era filha de pessoas super importantes. Os pais do James vão me O- D- I- A- R.

–Então.. Você quer namorar.. Co- Comigo? -James perguntou gaguejando. Coitado, estava com medo de levar outro fora.

–Você tem certeza que quer isso? James a Halston é rica, tem um futuro brilhante pela frente e tem a aprovação dos seus pais e eu sou um nada. Seus pais não vão gostar de mim nunca. -Avisei e pude sentir meus olhos se encherem de lágrimas.

–A unica certeza que eu tenho neste momento é que eu te amo e não quero namorar mais ninguém se não for você. -James admitiu. Sorri instantaneamente com suas palavras.

–Então é claro que eu quero namorar com você, James. -James pegou em minha mão sobre a mesa e fez carinho, ele tinha um sorriso lindo no rosto. -Eu te amo demais meu James.

[...]

–Ok, outra pergunta. Você pretende voltar a morar no brasil? -Seu olhar estava triste.

–Talvez, ainda não tenho certeza. Mas quando eu terminar os estudos no ano que vem, acho que irei voltar. Ainda não sei. -A cada palavra pude perceber o rosto de James se intristecer mais ainda.

–Você podia fazer a faculdade aqui. Ficar morando aqui pra sempre. Não é mesmo? -James não estava perguntando, estava praticamente implorando.

–Não acho isso certo. Eu.. eu estou morando de favor na casa da minha tia, isso não é legal. Não posso ficar lá pra sempre. Meus pais, meus parentes, meus amigos mesmo que fossem poucos, estão todos no Brasil. Eu não poderia abandoná -los. -Tentei faze- lo entender.

–Eu não entendo, como você pode querer voltar para todas aquelas pessoas que te destruiram, que te deixaram jogada no chão, todas aquelas pessoas que te fazem mal. Você pode ficar aqui com seus amigos, mas quer voltar para eles?? -James parecia estar ficando um pouco irritado.

–De qualquer forma eles são minha fámilia, meu passado. Não posso fugir deles para sempre. -Suspirei. -Não sei o que vou fazer, mas juro para você que eu nunca. NUNCA. Vou deixá- lo. Vamos dar um jeito ok? -James deu um meio sorriso e eu fiz um carinho em seu rosto.

–Vamos dançar? -Perguntei e ele sorriu. Veio até onde eu estava sentada, pegou em minha mão e me levou até perto do lago.

Coloquei meus braços em volta de seu pescoço e uma das mãos pesadas e gelada de James foi para minhas costas e a outra ficou em volta de minha cintura. Começamos a dançar uma valsa simples e bem calma. James chegou seus lábios perto de meu ouvido e sussurou:

–Eu te amo Agatha Wright. -Sua voz estava tão rouca e baixa que acabou me deixando arrepiada.

–Eu também te amo James Diamond. -Agora fui eu quem sussurei em seu ouvido.

Terminamos nossa dança e fechamos a noite com um lindo beijo à luz do luar e dessa vez eu queria ter certeza de que não me esqueceria desse beijo. Iria guardar esse momento para sempre em minha memória.

[...]

–Podemos nos encontrar amanhã de novo? -James perguntou antes que eu saisse de seu carro.

–Sinto muito. Amanhã irei para o brasil visitar minha mãe. -Contei. -Nos vemos segunda- feira no colégio. -Me despedi de Jay com um selinho.

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