Os vestiários da loja de langeries eram enormes e tinham duas partes: uma para se vestir e outra para nós olharmos se tinha ficado bom e também para vermos a opinião de outros. Dean havia entrado comigo (ele não me veria nua desde que eu me trocasse na primeira cabine enquanto ele esperava sentado em uma poltrona que havia na outra parte do vestiário). Coloquei uma langerie bordô que combinou muito com meu tipo de pele. O sutiã era meia-taça e tinha detalhes de renda e pérolas, já a calcinha era de renda bordô escura na frente (não deixando nada transparecer) e atras era pequena (não chegava a ser fio dental, pois não é muito a minha cara) com um laço todo bordado com pérolas.

Ponto de vista do Dean:

Puta que pariu. A Júlia era mesmo louca. Quando nos beijamos, ela saiu correndo e agora está provando roupas íntimas pra mim como se fosse a coisa mais normal do mundo. Ela ainda deu uma desculpa de querer uma opinião masculina que não me convenceu muito, mas mesmo assim fingi que estava tudo bem e a segui ate o vestiário que era dividido em duas partes. Infelizmente eu não veria nada que ela não quisesse me mostrar pois o vestiário que ela se trocava não era o mesmo que eu ficava esperando. Só de imaginar como ela sairia dali, tive uma certa movimentação no andar de baixo (se é que você me entende). Cara, eu sou homem, ela não pode reclamar de nada.
Júlia finalmente saiu do vestiário mesmo que ainda um pouco tímida e..... UAL! Que mulher era aquela? Minha vontade foi de levantar e jogar aquelas duas lindas peças que ela usava para longe, porém, não consegui mover um músculo. Fiquei ali, parado igual um virgem idiota quando vê uma playboy pela primeira vez, olhando fixamente para seu corpo com a boca entreaberta incapaz de fazer ou falar qualquer coisa. Era como se eu estivesse em outro mundo. Não que eu nunca tenha visto uma garota de langerie (a muito tempo já perdi a conta de quantos sutiãs e calcinhas já vi na minha vida inteira) porém de todas as que eu vi, nenhuma se comparava a ela e para minha infelicidade era a única garota que ficou daquele jeito na minha frente só porque precisava de uma opinião.
–Eaí? Ficou legal??-ela perguntou com falsa inocência mordendo os lábios. Pulei com o susto que ela me deu, estava tão... concentrado.Me toquei que parecia um idiota e tratei de tentar tirar os olhos dela (coisa que não deu certo) e falar alguma coisa.
–Ficou legal- respondi. Eca, fiquei parecendo um gay falando isso. Foi a coisa mais ridícula que eu podia ter falado além de ficar ali babando enquanto a olhava.
–Só legal?-Júlia perguntou com uma voz melosa andando em minha direção.
–é... Não... Quer dizer... É..- tentei falar porém não saiu nada.
– Vamos lá Winchester. Fala alguma coisa.-ela disse dessa vez com a uma voz rouca chegando bem perto de meus ouvidos.
Eu realmente adorava quando ela me chamava de Winchester e além do mais, o que eu ainda tô fazendo aqui parado? Tô esperando o que? Tem uma garota super gostosa com um belo corpo, olhos claros e uma personalidade que colocava a minha no chinelo bem na minha frente! E o melhor: esta quase nua! Desde quando eu sou assim?
Tendo plena confiança dos meus atos me levantei rapidamente, a puxei pela cintura de modo selvagem e fiquei encarando-a. Eu parecia um moleque totalmente inexperiente ao lado dela. Jú então me beijou de um modo apaixonado e eu correspondi lhe retribuindo o beijo enquanto uma de minhas mãos apalpava discretamente seu traseiro.
–Dean, aqui não- Júlia falou entre o beijo passando sua mão pela minha barriga com o intuito de me afastar, porém, assim que as mesmas chegaram lá, ela pôs uma delas por baixo da minha camisa e ficou me alisando. Até que eu me toquei que estávamos dentro de um vestiário de loja.
–Dean, alguém pode entrar.-Júlia alertou parando de me beijar. Ela tinha mesmo razão, se fizéssemos muito barulho as pessoas iriam estranhar e se nós demorássemos muito mesmo que sem nenhum som muito brusco iriam achar estranho a nossa demora.
–ok, pegue o que quiser que eu estarei no caixa de esperando. Não demore-falei lhe dando um selinho casto e saindo daquele vestiário. Foi ai que reparei que já tinha um volume considerável no meio das minhas pernas e coloquei a bolsa da Júlia na frente com o intuito de disfarçar. Peguei mais uns dois lindos modelos que achei que Júlia ficaria linda e fui até o caixa onde uma garota ruiva estava sentada com as pernas cruzadas mordendo a tampa de uma caneta.

Fim do ponto de vista do Dean.

Eu estava sozinha e ofegante dentro do vestiário enquanto tentava colocar minhas roupas. Nem sequer terminei de provar as coisas e decidi levar tudo, se não servisse em mim era só eu jogar fora (n/a: falou a menina rica).
Sai do vestiário me atrapalhando com os botões da minha jaqueta e dei de cara com Dean conversando com uma ruiva que dava pra ver que seu cabelo não era natural. Ela era bonita, tinha olhos bem escuros e delineados que combinavam com um cabelo liso na raiz e que ia ficando cacheado ao longo das pontas, algumas sardas no rosto, era magra e se ela já não fosse 257 milhões de vezes mais bonita do que eu ainda tinha um batia silicone que deixava seus peitos do tamanho do mundo. Droga, sempre as siliconadas.
–Oi- cheguei na maior cara de pau dando um beijinho no rosto do Dean.
–Quem é você?-a ruiva falou me encarando como se eu fosse um pedaço de lixo (pelo menos não tenho aqueles peitos falsos horrorosos que mais parecem duas bolas de basquete)
–meu nome é Júlia, sou irmã do Dean-menti abraçando Dean de lado. Pude ouvir a garota dar um suspiro de alivio e abrir um sorriso amarelo pra mim.
–Então Dean, quem é a sua amiga?-perguntei como se ela não estivesse ali nos olhando.
–Meu nome é Ashley.-ela respondeu. Eu perguntei alguma coisa pra essa vagabunda? Quem ela pensa que é?
–desculpa querida mais não estou falando com você!-exclamei dando um sorriso falso.
–Opa acho melhor nós irmos Júlia-Dean falou tentando me puxar, mas não movi músculo e continuei a encarar a vadia.
–Ele já te passou o número dele?-Perguntei pra ela mas não a deixei responder pois continuei falando-Olha Dean, eu achei aquela garota loira da outra loja mais bonita e os peitos dela pareciam mais naturais, mas.... Deixa quieto, você só vai comer e jogar fora então pode escolher. Mas cuidado! Esses peitos dão para abraçar o mundo!-falei como se fosse a coisa mais normal do mundo apontando par seu decote e vi a garota com o rosto tão vermelho quanto a tinta pegajosa do seu cabelo.
–Sua....-ela tentou falar algo mais Dean a interrompeu.
–Olha o que vai falar garota! Ninguém xinga a minha irmã, tá ouvindo?-ele a encarou com os olhos trincados e me puxou para fora da loja como se eu fosse uma das sacolas que ele estava carregando.
–Me solta Dean!-gritei me desvencilhando dele- eu não preciso que cuidem de mim! Eu sei me defender sozinha.-terminei pegando as sacolas de sua mão (nunca vi tantas sacolas na vida) e fui batendo os pés na direção oposta a ele. Quem ele pensava que eu era? Uma irmãnzinha fraca que precisava de sua proteção? Eu sei me defender sozinha. E outra, se eu não estivesse lá há essas horas ele estaria comendo a garota dentro de um vestiário qualquer.

Ponto de vista do Dean:

A Júlia é bipolar ou o quê? Essa garota tem sérios problemas. Se eu tivesse pego o número daquela garota ela estaria me esbofeteando e agora que eu dei um fora na guria e a defendi ela fica brava também? O que é isso, tpm?
Fiquei realmente puto e dessa vez não a segui. Eu não havia feito nada pra ela sair feito uma louca. Sendo assim fui até a praça de alimentação tomar uma cerveja e esperar que Júlia viesse atrás de mim. Sam e Loira haviam saído com a Dolly dela, então se ela não quisesse ir a pé, a carona dependia de mim. Quando cheguei lá, vi Júlia sentada numa mesa com um cara de cabelo preto, olhos azuis e pele extremamente clara . Ele usava uma camiseta preta combinada com uma calça jeans tão clara quanto a pele do babaca. Júlia estava rindo e ele não parava de encara-lá com os olhos brilhando. Eles pareciam amigos há muito tempo e pelo jeito que Júlia era anti social, eu tinha certeza de que não haviam se conhecido agora. Ela virava muitas tequilas uma atrás da outra como se tentasse ficar bêbada.

Fim do ponto de vista do Dean

Ponto de vista do Ian:

Era muito bom ver Júlia novamente. Ela havia fugido da viajem sem dar explicação alguma e agora estava em Vancouver me encarando enquanto eu contava sobre as alunas que me tararam e falaram mal dela enquanto ela esteve fora. Júlia gargalhava alto e sua risada era contagiante.
Mesmo rindo e falando alto eu podia jurar que ela não estava bem. Parecia meio triste e estava bebendo tequila feito uma alcoólatra.
–Jú, é melhor nós irmos para o hotel. Tenho uma excursão daqui a pouco e não posso me atrasar. Onde você esta hospedada?- perguntei segurando dois copos e impedindo-a de beber mais.
–estou em um hotel aqui perto. Você pode me dar uma carona?-ela respondeu fazendo uma carinha linda digna de Oscar.
–Claro, mas... Você veio sozinha?-perguntei fazendo uma careta confusa.
–Não eu vim com um amigo mas ele me trocou por uma vadia com dois pares de silicones capazes de abraçar o mundo.-ela bufou e eu não pode conter uma risada. Eu não a trocaria por nenhum par de peitos falsos.
Levantei e a puxei pelo braço lhe ajudando com algumas sacolas que ela carregava.
–AHH Ian, senti tanto sua falta!- Júlia suspirou me puxando pela nuca e afundando seu rosto em meu pescoço. Retribui o abraço e inspirei seu perfume, eu já o conhecia demais e era apaixonado, ela usava o lendário Coco Chanel Mademoiselle.
–Também senti-falei apertando ainda mais sua cintura, nós parecíamos namorados nos abraçando daquele jeito em público. Era normal que todas minhas alunas sentissem ciúmes dela, Júlia era mais que uma amiga (ou pelo menos eu queria que fosse).

Fim do ponto de vista do Ian.

Assim que eu e Ian paramos de nos abraçar, Dean veio andando em nossa direção com passos decididos.
–temos que ir Júlia- Dean alertou segurando meu braço.
–quem é esse cara?- Ian perguntou olhando Dean dos pés a cabeça. Dean realmente ficou puto.
–Não te interessa- Dean rugiu para Ian que na mesma hora o olhou com raiva.
Não estava suportando essa briga tosca, eles pareciam um casal tendo sua primeira DR. Estava cansando de ficar ali sem atenção nenhuma então fui saindo devagar (de modo que eles não perceberam e continuaram discutido um com o outro) e fui até o banheiro (felizmente estava vazio).
–Cass! Castiel! Pode vir aqui por favor!!! É urgente!-fiquei gritando sentada na pia e em menos de 5 segundos Castiel apareceu com sua carinha lindamente confusa de sempre.
–me chamou?-ele perguntou torcendo seu rosto um pouco pro lado.
–preciso conversar! Ninguém me ouve! Eles só brigam-bufei pulando da pia (parecia uma criança com menos e 5 anos falando isso).
–acho que aqui não é um lugar muito adequado para isso.-ele falou percebendo que estávamos no banheiro feminino. Dei uma leve risadinha quando uma mulher entrou e brigou com ele falando que homens não podiam entrar ali e ele tentava se explicar falando que eu o havia chamado.
–vem Cass! -puxei-o para fora do banheiro antes que ele fosse embora.
–Então.. Como eu ia dizendo, o Dean é um otário. Ele acha que pode cuidar de mim e quando eu achei que ia rolar alguma coisa, lá estava ele se oferecendo para a garota ruiva do balcão de informações. E ela nem era ruiva natural!- falei rápido como se as palavras que eu formava pudessem me deixar melhor. E funcionou! Eu ia fazer exatamente o que Dean fez comigo... Eu ia provocar-lhe ciúmes (não que eu tenha ficado um ciúmes da balconista medonha com peitos que podiam cobrir o mundo).
–Rolar? Como assim?- Castiel me olhava de um jeito confuso (ele não havia entendido nada do que eu falara até agora). Que anjinho mais fofo!
–Cass, você mudou minha vida!- gritei eufórica o abraçando.
O plano era simples: Ciúmes! Ciúmes do Ian e de todos!
Voltei para a praça de alimentação correndo e pude ver que Ian e Dean continuavam com sua DR.
–Vamos Ian.-falei puxando-o para longe de Dean e indo a caminho do estacionamento. Era obviou demais que Dean nos seguiria.
Quando chegamos perto do seu carro (não era sua caminhonete pois ela havia ficado no Brasil e para se locomover por aqui Ian teve que alugar um Porsche) eu vi Dean saindo pela porta de vidro do shopping. Ele podia nos ver muito bem de lá. Então, puxei Ian pela camisa fazendo ele se abaixar um pouco e lhe dei um beijo que foi retribuído no mesmo instante. Abri os olhos enquanto nos beijávamos e pude ver Dean se remoendo de raiva e indo para o Impala. Quando constatei que ele não podia mais nos ver, larguei Ian e entrei no carro.
–Você esta bem?-Ian me olhou confuso.
–Como eu disse... Estava morrendo de saudades!- falei piscando para ele logo em seguida.
Ian me deixou no hotel onde eu estava hospedada e ele seguiu para o seu.