Passionné escrita por Anitha Tunner
Notas iniciais do capítulo
SOPHIE/: Então... A transformação finalmente chegou! Obrigada aos comentários anteriores e espero que gostem do capítulo de hoje!
PS: Hoje a narração foi dividida em três: Bella, Maphalda e Jack.
Beijos e boa leitura!
Transformação
— O que...? — não tive tempo de pensar em mais nada e olhei para meu braço esquerdo. A minha pele não era mais branca e sim avermelhada, parecia borbulhar, mas na verdade estava descascando. Como uma cobra trocando de pele, o couro caia aos meus pés, exibindo a carne viva.
Uma sensação de dor atingiu meu peito como uma facada. Segurei-me na parede com uma mão no coração, sentindo meu corpo começar a suar e meus pés a formigarem.
Então eu olhei para minha pele ainda caindo no braço esquerdo, alcançando o ombro enquanto meus lábios se abriam e liberavam um grito agonizante.
Meu corpo parecia estar sendo atingido por facadas geladas que em seguida ardiam. Maior parte do meu braço, pernas e barriga estavam formados em bolhas grandes e brancas.
Gritei outro vez, caindo ao chão.
Meu corpo estava sendo atingido pelas facadas e agora parecia que minhas veias não tinham sangue, e sim algo quente e ácido, fazendo eu esfregar a pele na esperança daquilo melhorar, mas na realidade, piorou; minha pele havia sido arrancada por mim mesma.
[...]
Observei aquilo admirada.
Isabelle estava sentada ao chão, chorando e gritando de dor, agonizando, enquanto suas próprias mãos arrancavam a pele. Aquilo era belo e inevitável.
A primeira Transformação sempre é feita apenas por nós. Nosso organismo se prepara sozinho e nós mesmos arrancamos nossas peles para acelerar o processo de libertação.
Isabelle soluçou quando puxou uma camada longa e grossa de couro de seu braço direito que agora exibia sua carne avermelhada. Ela me olhou desesperada.
[...]
― Ma-Maphalda... Por favor... ― solucei sentindo meus ossos serem quebrados internamente. Meu coração doía e esforçava para continuar batendo. Meu pulmão esforçava-se mais ainda, puxando, exigindo, pegando o máximo de ar que podia.
O chão estava repleto de uma camada gosmenta e nojenta de pele, mas eu agonizava demais na dor para importar-me com o jeito que o quarto ficaria.
Gritei mais uma vez e cravei as unhas na parede quando minha cabeça foi atingida pela primeira facada naquela região, escorrendo minha mão para baixo, e pelo canto do olho pude ver a marca do arranhão na parede.
Outro grito saiu de meus lábios quando um bolo se formou em minha garganta e meu coração a esforçar-se ao ponto que parecia ser um balão se enchendo.
Minha pele (que restava) começou a ser escamada sozinha e uma sensação de fogo, de queimar, atingiu todo o meu organismo, fazendo-me gritar novamente.
― Bella! ― após deitar-me no chão, chorando e gritando de dor, Charlie arrombou a porta de meu quarto, entrando com um taco de baseball nas mãos e o olhar aflito.
Maphalda foi ágil e basicamente deslizou até Charlie, o acertando com uma pancada que o atirou no corredor, quebrando a parede e estourando meus ouvidos.
― Charlie... ― solucei enquanto um amargo tomava conta da minha boca e eu continuava a chorar no chão.
[...]
Bufei irritada e caminhei até Isabelle.
Estava encolhida no chão, como um feto, soluçando e gritando de dor.
Sorri e ajoelhei-me ao seu lado; aconcheguei sua cabeça em minhas pernas e tirei os cabelos da frente do seu rosto suado e molhado por lágrimas.
Seus olhos estavam escuros e quase sem vida. Sorri e acariciei sua face, aproveitando aquele doce momento por um segundo.
― Já vai passar querida. ― a consolei.
[...]
― Já vai passar, já vai passar. ― Maphalda consolou-me mais uma vez.
Meu corpo todo pesou o dobro e pela primeira vez, não senti meu pulmão funcionar, e meu coração parou, dando uma ultima batida fraca que eu mesma escutei antes de minha visão turvar e tudo escurecer.
[...]
― Tio Jack! ― Cora abriu brutalmente a porta de meu quarto.
― O que ouve? ― perguntei quando percebi seu olhar pesado sobre mim, desesperado e triste, e ao mesmo, enraivado.
― Bella... Tia Kelly previu... ― levantei-me no mesmo segundo, passando correndo por Cora e descendo no mesmo ritmo as escadas.
Entrei na biblioteca, encontrando Kelly sentada na cadeira, tremendo fortemente, os olhos sem foco algum enquanto forçava um lápis contra o papel, desenhando algo. Erika estava ao lado dela, o olhar tão forte quando o de Cora. Erika segurava os ombros de Kelly, mantendo-a firme. Judith estava do outro lado, observando a situação com um olhar debochado.
― Qual a graça, vagabunda? ― rosnei a Judith e ela rosnou á mim.
Kelly suspirou exausta, e recostou a cabeça na mesa. Puxei o papel das mãos de Kelly e observei o desenho preto e branco que parecia mais uma fotografia de tão bem feito.
Bella com a pele toda borbulhada, deitada no chão na posição fetal, escorrendo lágrimas de seus olhos, a cabeça aconchegada nas pernas de uma mulher juvenil.
Eu a conhecia. Maphalda.
E então tudo aconteceu com tamanha agilidade e velocidade que meu cérebro não conseguiu acompanhar com a perfeição necessária. Eu saí desesperado de casa, correndo de carro para a casa de Isabella, enquanto sentia um ódio começar a consumir meu corpo com lentidão.
Maphalda só pioraria a Transformação de Isabella, tanto fisicamente como mentalmente. Ela ficaria mais fragilizada do que o esperado.
― Jack! ― fui surpreendido por Erika ao meu lado, sentada no banco do passageiro com um sorriso perverso nos lábios. Franzi o cenho e dei pouca importância para aquilo, voltando minha atenção para a estrada e para a esquina que eu virava. ― Pretende fazer o que?
― Isso importa? ― questionei enquanto acelerava.
― Claro que sim. ― a olhei. ― Não sou Judith, Jack. Quero lhe ajudar, ajudar vocês.
― Tem certeza, Erika? ― virei o rosto novamente e pude ver pelo canto do olho o sorriso dela aumentar tanto que não caberia no rosto.
― Acho que sim. ― riu consigo mesma, criando uma animação e diversão desnecessária.
Enquanto deslizava pelas estradas minha mente tratou de pensar em algo que aconteceria e o que eu poderia fazer em relação ao que aconteceu.
― Maphalda não irá machucar Bella. ― Erika cortou meus pensamentos recentes. Encarei-a incrédulo.
― E por que ela não faria isso, Erika? ― retruquei rapidamente.
― Ela precisa de Bella no grupinho de marginais dela, e Bella morta ou ferida, de nada irá servir. ― concordei absorvendo a informação; Erika tinha razão quanto a isso, mas de qualquer forma, Maphalda ainda era um predador perigoso.
Rapidamente, seguindo aquele ritmo acelerado e mortífero chegamos mais rápido do que esperávamos na casa de Bella. Desci do carro e funguei o ar gelado.
Menta e conhaque. Havia outros Transmorfos ali.
Olhei para os lados e pude ver disfarçado entre as árvores uma figura masculina e robusta, logo adiante, tinha outro. Erika estralou os olhos e me olhou.
― Eu cuido deles, Jack. Vai. ― seu sussurro foi amedrontado.
Adentrei a casa de Bella e subi as escadas correndo, na esperança de encontra-la bem, mas quando cheguei ao segundo, dei-me de cara com o pai de Bella, o tal Charlie, desmaiado no chão. O rosto inchado e ensanguentado, alguns centímetros dele um taco de baseball. Humanos; tão burros.
Passei por ele, desinteressando-me naquilo e deixando toda a minha atenção em Isabella.
― Jackson, a que devo sua visita? ― Maphalda apareceu entre as sombras que cobriam um canto do quarto. O rosto pálido e os olhos verdes se destacavam mais do que nunca.
― Onde está ela? ― Maphalda sorriu longamente.
― Isabelle? ― sorriu e deu um passo para frente, ficando na luz. ― Foi dar uma voltinha.
― O que... ― antes que eu pudesse terminar minha frase, vi no canto do quarto, uma boa quantidade de pele gosmenta e sangue. Ela já havia se transformado. ― Para onde ela foi?
― Tarde demais, Jack. ― o sorriso de Maphalda aumentou.
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