Passionné escrita por Anitha Tunner


Capítulo 26
Transformação


Notas iniciais do capítulo

SOPHIE/: Então... A transformação finalmente chegou! Obrigada aos comentários anteriores e espero que gostem do capítulo de hoje!
PS: Hoje a narração foi dividida em três: Bella, Maphalda e Jack.
Beijos e boa leitura!



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Transformação

— O que...? — não tive tempo de pensar em mais nada e olhei para meu braço esquerdo. A minha pele não era mais branca e sim avermelhada, parecia borbulhar, mas na verdade estava descascando. Como uma cobra trocando de pele, o couro caia aos meus pés, exibindo a carne viva.

Uma sensação de dor atingiu meu peito como uma facada. Segurei-me na parede com uma mão no coração, sentindo meu corpo começar a suar e meus pés a formigarem.

Então eu olhei para minha pele ainda caindo no braço esquerdo, alcançando o ombro enquanto meus lábios se abriam e liberavam um grito agonizante.

Meu corpo parecia estar sendo atingido por facadas geladas que em seguida ardiam. Maior parte do meu braço, pernas e barriga estavam formados em bolhas grandes e brancas.

Gritei outro vez, caindo ao chão.

Meu corpo estava sendo atingido pelas facadas e agora parecia que minhas veias não tinham sangue, e sim algo quente e ácido, fazendo eu esfregar a pele na esperança daquilo melhorar, mas na realidade, piorou; minha pele havia sido arrancada por mim mesma.

[...]

Observei aquilo admirada.

Isabelle estava sentada ao chão, chorando e gritando de dor, agonizando, enquanto suas próprias mãos arrancavam a pele. Aquilo era belo e inevitável.

A primeira Transformação sempre é feita apenas por nós. Nosso organismo se prepara sozinho e nós mesmos arrancamos nossas peles para acelerar o processo de libertação.

Isabelle soluçou quando puxou uma camada longa e grossa de couro de seu braço direito que agora exibia sua carne avermelhada. Ela me olhou desesperada.

[...]

― Ma-Maphalda... Por favor... ― solucei sentindo meus ossos serem quebrados internamente. Meu coração doía e esforçava para continuar batendo. Meu pulmão esforçava-se mais ainda, puxando, exigindo, pegando o máximo de ar que podia.

O chão estava repleto de uma camada gosmenta e nojenta de pele, mas eu agonizava demais na dor para importar-me com o jeito que o quarto ficaria.

Gritei mais uma vez e cravei as unhas na parede quando minha cabeça foi atingida pela primeira facada naquela região, escorrendo minha mão para baixo, e pelo canto do olho pude ver a marca do arranhão na parede.

Outro grito saiu de meus lábios quando um bolo se formou em minha garganta e meu coração a esforçar-se ao ponto que parecia ser um balão se enchendo.

Minha pele (que restava) começou a ser escamada sozinha e uma sensação de fogo, de queimar, atingiu todo o meu organismo, fazendo-me gritar novamente.

― Bella! ― após deitar-me no chão, chorando e gritando de dor, Charlie arrombou a porta de meu quarto, entrando com um taco de baseball nas mãos e o olhar aflito.

Maphalda foi ágil e basicamente deslizou até Charlie, o acertando com uma pancada que o atirou no corredor, quebrando a parede e estourando meus ouvidos.

― Charlie... ― solucei enquanto um amargo tomava conta da minha boca e eu continuava a chorar no chão.

[...]

Bufei irritada e caminhei até Isabelle.

Estava encolhida no chão, como um feto, soluçando e gritando de dor.

Sorri e ajoelhei-me ao seu lado; aconcheguei sua cabeça em minhas pernas e tirei os cabelos da frente do seu rosto suado e molhado por lágrimas.

Seus olhos estavam escuros e quase sem vida. Sorri e acariciei sua face, aproveitando aquele doce momento por um segundo.

Já vai passar querida. ― a consolei.

[...]

― Já vai passar, já vai passar. ― Maphalda consolou-me mais uma vez.

Meu corpo todo pesou o dobro e pela primeira vez, não senti meu pulmão funcionar, e meu coração parou, dando uma ultima batida fraca que eu mesma escutei antes de minha visão turvar e tudo escurecer.

[...]

Tio Jack! ― Cora abriu brutalmente a porta de meu quarto.

O que ouve? perguntei quando percebi seu olhar pesado sobre mim, desesperado e triste, e ao mesmo, enraivado.

Bella... Tia Kelly previu... levantei-me no mesmo segundo, passando correndo por Cora e descendo no mesmo ritmo as escadas.

Entrei na biblioteca, encontrando Kelly sentada na cadeira, tremendo fortemente, os olhos sem foco algum enquanto forçava um lápis contra o papel, desenhando algo. Erika estava ao lado dela, o olhar tão forte quando o de Cora. Erika segurava os ombros de Kelly, mantendo-a firme. Judith estava do outro lado, observando a situação com um olhar debochado.

Qual a graça, vagabunda? rosnei a Judith e ela rosnou á mim.

Kelly suspirou exausta, e recostou a cabeça na mesa. Puxei o papel das mãos de Kelly e observei o desenho preto e branco que parecia mais uma fotografia de tão bem feito.

Bella com a pele toda borbulhada, deitada no chão na posição fetal, escorrendo lágrimas de seus olhos, a cabeça aconchegada nas pernas de uma mulher juvenil.

Eu a conhecia. Maphalda.

E então tudo aconteceu com tamanha agilidade e velocidade que meu cérebro não conseguiu acompanhar com a perfeição necessária. Eu saí desesperado de casa, correndo de carro para a casa de Isabella, enquanto sentia um ódio começar a consumir meu corpo com lentidão.

Maphalda só pioraria a Transformação de Isabella, tanto fisicamente como mentalmente. Ela ficaria mais fragilizada do que o esperado.

― Jack! ― fui surpreendido por Erika ao meu lado, sentada no banco do passageiro com um sorriso perverso nos lábios. Franzi o cenho e dei pouca importância para aquilo, voltando minha atenção para a estrada e para a esquina que eu virava. ― Pretende fazer o que?

― Isso importa? ― questionei enquanto acelerava.

― Claro que sim. ― a olhei. ― Não sou Judith, Jack. Quero lhe ajudar, ajudar vocês.

― Tem certeza, Erika? ― virei o rosto novamente e pude ver pelo canto do olho o sorriso dela aumentar tanto que não caberia no rosto.

― Acho que sim. ― riu consigo mesma, criando uma animação e diversão desnecessária.

Enquanto deslizava pelas estradas minha mente tratou de pensar em algo que aconteceria e o que eu poderia fazer em relação ao que aconteceu.

― Maphalda não irá machucar Bella. ― Erika cortou meus pensamentos recentes. Encarei-a incrédulo.

― E por que ela não faria isso, Erika? ― retruquei rapidamente.

― Ela precisa de Bella no grupinho de marginais dela, e Bella morta ou ferida, de nada irá servir. ― concordei absorvendo a informação; Erika tinha razão quanto a isso, mas de qualquer forma, Maphalda ainda era um predador perigoso.

Rapidamente, seguindo aquele ritmo acelerado e mortífero chegamos mais rápido do que esperávamos na casa de Bella. Desci do carro e funguei o ar gelado.

Menta e conhaque. Havia outros Transmorfos ali.

Olhei para os lados e pude ver disfarçado entre as árvores uma figura masculina e robusta, logo adiante, tinha outro. Erika estralou os olhos e me olhou.

― Eu cuido deles, Jack. Vai. ― seu sussurro foi amedrontado.

Adentrei a casa de Bella e subi as escadas correndo, na esperança de encontra-la bem, mas quando cheguei ao segundo, dei-me de cara com o pai de Bella, o tal Charlie, desmaiado no chão. O rosto inchado e ensanguentado, alguns centímetros dele um taco de baseball. Humanos; tão burros.

Passei por ele, desinteressando-me naquilo e deixando toda a minha atenção em Isabella.

― Jackson, a que devo sua visita? ― Maphalda apareceu entre as sombras que cobriam um canto do quarto. O rosto pálido e os olhos verdes se destacavam mais do que nunca.

― Onde está ela? ― Maphalda sorriu longamente.

― Isabelle? ― sorriu e deu um passo para frente, ficando na luz. ― Foi dar uma voltinha.

― O que... ― antes que eu pudesse terminar minha frase, vi no canto do quarto, uma boa quantidade de pele gosmenta e sangue. Ela já havia se transformado. ― Para onde ela foi?

― Tarde demais, Jack. ― o sorriso de Maphalda aumentou.


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Notas finais do capítulo

Bom?
Ruim?
Comentem!
Obrigada, beijos.



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