Passionné escrita por Anitha Tunner


Capítulo 27
Prevendo nas Cartas


Notas iniciais do capítulo

SOPHIE/: Então... Quem está a fim de ler? Boa leitura e obrigado aos comentários!



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Prevendo nas Cartas

― Hei! Você garota! Tudo bem? ― soou uma voz feminina atrás de mim. Virei-me, encarando a minha frente uma garota de cabelos negros e crespos, olhos tão negros quanto os cabelos e a pele repleta de oleosidade a deixava com um ar adolescente. Era baixinha e gordinha.

Pela primeira vez, atinei-me a pensar e consegui identificar o local e meu estado.

Eu estava de pés descalços, vestindo apenas um velho moletom comprido, que parecia um vestido largo em mim. Estava frio e podia sentir meus pés nus começarem a congelar. Olhei para os lados discretamente, e pude ter certeza de onde eu estava; Port Angeles. Eu já havia ido ali. Era a rua onde Edward me “salvara” daquele grupinho de garotos.

― Hei! ― a garota puxou-me para a realidade novamente. Neguei aquelas informações a mim mesma e olhei a garota novamente. ― Você é o que? Algum tipo de maluca? Está frio aqui e você está basicamente pelada! Você usa drogas, não é?!...

― Não! ― cortei o pequeno surto da garota. ― Eu apenas estou... Perdida. ― a resposta saiu mais parecida com uma pergunta.

― Ninguém se perde pelada! ― a garota explodiu outra vez e ao mesmo tempo, puxou mais o casaco de lã, o fechando. A garota baixinha me encarou com os olhos semicerrados e os estralou no outro segundo ― Você está fugindo da polícia! O que foi? Assassinato? Furto? ― apontou o dedo gordinho e achatado para o meu rosto.

― Não! ― discordei outra vez e ela semicerrou os olhos desconfiados ― Olha só garota, eu estou perdida, quem sabe você me ajuda ao invés de tentar descobrir quantas vezes eu já matei ou furtei?

― Humm... ― seus olhos me avaliaram criticamente enquanto uma brisa gelada soprava em meu rosto. ― Acho que não.

― Por favor... ― segurei seu pulso com minha mão direita. Ela me olhou ofendida e tentou se desfazer mas apertei mais a mão em volta do pulso; senti meu olhar escurecer. A garota me olhou horrorizada e tentou se desfazer do aperto outra vez.

― O que...?! ― ela ofegou tentando se desfazer e começando a se debater.

Um instinto desconhecido me invadiu e eu segurei a garota com as duas mãos, apertando seus dois pulsos. Mesmo não estando diante de um espelho, podia sentir meu rosto retorcido em uma careta amarga, repleta de irritação e ódio. A garota gritou e a puxei para um abraço mal-intencionado, apertando-a para segura-la. Ouve um gemido de dor e um estralo curto e alto; a garota parou de mexer e amoleceu em meus braços. Então, eu percebi que havia quebrado o pescoço da garota.

Puxei o ar grosso e gelado, sentindo uma claustrofobia me invadir (mesmo que estivesse em um lugar aberto) e olhei para os lados, na espera de não ter ninguém e poder raciocinar. O que eu deveria fazer?

Ah! O que os assassinos fazem nos filmes... Se livrar do corpo! Sim, seria o primeiro passo. Era isso que eu teria que fazer e o que eu faria.

Olhei mais uma vez para os lados, e pude ver um caminhão espelhado estacionado e logo atrás uma caçamba verde-escura. Olhei pela terceira vez pelos lados e agarrei o corpo pesado da garota, segurando-a nos braços consegui carrega-la até o metade do percurso; então, meus braços amoleceram e ela caiu no chão.

Olhei para a garota que agora já começava a ficar mais branca do que já era. Abaixei-me e toquei sua pele gelada; é ela realmente estava morta. Olhei para os lados outra vez e agarrei seus braços, puxando-a pelo chão como se fosse um trenó. Naquele ritmo, rapidamente, cheguei até a caçamba.

Pensei rapidamente como pegaria aquela garota pesada do chão, e rapidamente tomei coragem e força, pegando-a, erguendo-a e atirando seu corpo, com certa brutalidade, na caçamba repleta de cimento seco e tijolos quebrados. Ouve uma pequena poeira e um barulho alto. A caçamba era larga e estava com o lixo feito em uma pilha desproporcional, fazendo a garota rolar para o lado menos volumoso. Olhei para os lados outra vez, empurrando um pouco de tijolos, com a esperança de cobrir um pouco mais o corpo.

Arfei e respirei profundamente, sentindo sobre minha testa uma pequena camada de suor gelado. Eu estava nervosa.

― Sandra! ― gritou uma voz delicada. Virei-me e vi uma garota parecida com a que eu acabara de “matar” (ainda era difícil aceitar essa palavra e seu significado), com a diferença de ser uns dez anos mais velha e ser magra. Ela parou na minha frente e me olhou incrédula. ― Por que você está vestida assim, Sandra K. Daae? ― indagou botando os braços na cintura fina.

― O que... ― virei-me e pude ver ao meu lado, refletida no caminhão espelhado, e mesmo com pouca claridade, pude me enxergar. Eu era a tal Sandra. Eu era igualzinha à garota morta. Os cabelos negros e os olhos, o nariz pequeno e fino, os lábios cheios e avermelhados, o corpo cheinho e baixo. Eu havia me transformado nela.

― Sua maluca! Papai vai ser muito bondoso se deixar você sair sem um olho roxo! ― murmurou tristonha. Virei-me e olhei a garota que agora tirava o casaco bege e passava por cima de meus ombros. Instintivamente passei os braços por dentro das mangas. ― Vamos para casa, se tivermos sorte, papai estará no bar e não ficará sabendo de nada. ― planejou em um tom reconfortante.

Apenas concordei e fui indo para onde a garota me guiava.

Andamos cerca de vinte passos e ela abriu a porta de um Chevrolet Astra 1999 preto. Deslizei para o banco de couro, sentindo o ar condicionado quente ruborizar minhas bochechas.

― Você está silenciosa demais, Sandra. O que ouve? ― questionou a garota. Olhei-a e pude notar um crachá em seu peito.

Emmanuelle A. Daae.

― Nada... Emmanuelle. ― ela riu de mim e acelerou mais o carro, seguindo sempre reto.

― Emma... Sabe que odeio Emmanuelle... Lembra por que certo? ― concordei no mesmo instante. Emma, ou Emmanuelle riu novamente. ― Estava fazendo o que vestida assim na rua? Achei que estivesse ansiosa para... Fazer aquilo com seu namorado... ― Emma constrangeu-se enquanto falava. ― Desculpe... Era só curiosidade.

― Tudo bem... ― virei o rosto encarando as ruas pavimentadas e úmidas enquanto um rubor arroxeado tomava conta de todo o meu rosto.

[...]

― Mas que droga, Kelly! ― rugi furioso batendo a mão contra a mesa que tremeu. Kelly me olhou enraivada.

― Eu estou fazendo meu máximo, Jack! ― berrou de volta enquanto se levantava. ― Tudo está conspirando contra; o futuro de Isabella é como achar um grão de açúcar no saleiro! Tudo não está passando de um borrão, até as cartas devem estar silenciosas! Eu preciso me concentrar, então, trate de calar a sua maldita boca e colabore um pouco! ― seu rosto escuro avermelhou.

― Desculpe Kelly. ― apertei a ponta do nariz implorando por paciência. Kelly suspirou e sentou-se novamente, arrumando suas cartas e as esticando sobre a mesa vermelha, destacando as cartas brancas mescladas com preto.

― Cora... Vem, preciso de sua ajuda. ― ordenou Kelly.

Cora que estava sentada em um canto da sala, em silêncio, levantou-se e caminhou até Kelly e sentou-se na cadeira a frente de Kelly. Kelly soltou um sorriso meigo e falou:

― Você e Bella adquiriram uma boa amizade. De nós, você é a mais próxima dela, e isso nos guiará até ela. ― Cora absorveu a informação e sorriu pequeno. ― Escolha seis delas, você sabe como funciona.

Cora concordou e escorou-se na cadeira, apontou o dedo indicador para as cartas e exatamente seis delas flutuaram em uma linha reta. Kelly rapidamente fechou as da mesa, arrumando na pilha novamente e Cora deixou cair na mesa as outras seis que antes flutuavam.

Kelly as virou para cima e começou a observar aquelas cartas, mas estava diferente. Todas estavam brancas, escondendo as gravuras que deveriam estar presentes nela. Kelly bateu na mesa e levantou-se.

― Suas ousadas! Como se atrevem a esconder de mim o futuro? ― encarou as cartas irritadamente.

Sobre a quinta carta, começou a formarem-se algumas palavras.

Sentimos muito, mas o futuro dela não lhe pertence...


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Notas finais do capítulo

Bom? Ruim? Quero que comentem! Beijos.



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