Passionné escrita por Anitha Tunner


Capítulo 20
Escuridão


Notas iniciais do capítulo

Carolina/: Oiie... Obrigado Hellen Black pela recomendação!
Espero que gostem do capitulo! Beijos e boa leitura!



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Escuridão

— Bella… — eu ouvia a sua voz no fundo, mas não conseguia identifica-la.

Eu estava perdida. Na floresta.

Eu via tudo escuro. Eu estava na escuridão. Perdida nela, prendendo-me entre suas raízes escuras, caindo e afundando-me nela.

— Isabella… — Jack. Eu conseguia identificar agora. Ergui o rosto desistindo de conseguir levantar-me e acabar com o enredo de raízes que haviam ficado em meus pés. Eu não o via, apenas escutava sua voz a um fio do inaudível.

— Jack… — sussurrei e então ele apareceu na minha frente. Mas foi como quando ele me entregara o colar em meu quarto. Eu via apenas seus olhos na escuridão. Apenas aquelas duas esferas azuis escuras brilharem e iluminarem levemente o local.

— Bella… — Edward. Virei o rosto na direção leste e pude ver apenas os olhos âmbar de Edward nas sombras. Senti minhas mãos tremerem levemente.

— Não dê atenção a ele, dragoste… — Jack saiu das sombras e caminhou até mim como um robô, e puxou-me do chão. Jack sorriu enquanto o rosnado de Edward ecoava pela floresta que parecia tremer por um segundo.

Jack me olhou enquanto sorria e puxou minha mão, enlaçando na dele. Olhei por um segundo para Edward que rosnava enquanto dava um passo para trás e sumia na escuridão. Olhei para Jack.

— Vamos… — puxou-me com leveza enquanto entravamos mais fundo nas sombras da floresta.

Jack parecia feliz enquanto caminhava na minha frente, puxando-me com leveza, mas eu estava com medo. Com medo de tudo ali. Medo daquelas árvores medonhas que pareciam ter rostos e me olharem debochadamente, medo daquela coruja que estava fazendo barulho em cima de uma das árvores medonhas.

Então, eu travei e senti meus pés formigarem quando me dei de cara com um espelho grande e amarelado nas pontas. Aquela não era eu.

Aproximei-me daquele espelho e toquei-o, na esperança de que aquilo não fosse real, mas era. Eu senti o vidro gelado nos dedos e aquele cheiro de molhado e lenha da floresta.

Observei atentamente aquela mulher.

Os cabelos negros como a noite, os olhos mais negros ainda e a pele bronzeada, os lábios carnudos e um corpo escultural. Olhei para Jack que continuava com o sorriso assassino nos lábios.

E então eu entendi.

Eu havia me transformado…

[…]

Sentei-me rapidamente na cama, sentindo o oxigênio em meus pulmões faltar.

Olhei em minha volta. Estava no meu quarto, na minha cama, junto de meu travesseiro encharcado de suor. Passei as mãos pelos meus cabelos e senti minhas mãos ficarem molhadas com o suor.

Olhei novamente para o meu quarto, e em seguida para um calendário pendurado em cima da pequena mesinha onde se abrigava meus livros, notebook, entre outros. Estamos no meio do mês. Senti meu peito acalmar-se e o ar voltar para dentro dos pulmões.

Atirei meu cobertor para o chão, e deixei meus pés caírem da cama, sentindo o piso gelado em baixo de meus pés. Era uma boa sensação.

Virei o rosto e olhei para o relógio.

6h30.

Eu não conseguiria dormir mais depois desse pesadelo, talvez, tomar um banho me acalmasse.

Mas enquanto passava pelo corredor, na frente do quarto de Charlie e ouvia levemente seu roncar, eu não conseguia tirar da cabeça aquelas imagens.

Edward. Jack. Eu. Espelho. Eu. Não. Era. Eu…

Tudo estava muito confuso em minha cabeça enquanto sentia a água quente cair em minhas costas, e aquele aroma de sabonete quente tomar conta de meu nariz.

E como tudo isso seria para mim? Bom, no momento, eu apenas sabia que estava congelada e amedrontada com a ideia de virar um desconhecido, de agonizar e arrancar a própria pele. E depois da transformação? Eu seria a mesma?

Talvez o meu cereal de morangos pudesse responder isso para mim, mas ele estava tão parado quanto eu enquanto o encarava e minha mente vagava.

Eu estava deprimida com isso tudo.

— Olá, Bella! — engasguei com o cereal em minha boca quando ouvi Cora soltar um gritinho animado atrás de mim.

— Meu Deus, Cora! Você não sabe bater na porta?! — cuspi entre dentes depois de engolir inteiro o cereal e senti-lo rasgar minha garganta.

— Ei, desculpa. Não sabia que seu humor estava obscuro hoje. — Cora parecia ofendida enquanto sentava-se a minha frente na mesa — O que ouve? Você parece cansada, sonho ruim?

— Péssimo. — suspirei e mexi a colher no cereal. Cora suspirou e me olhou.

— Sinto muito. Da próxima vez eu irei bater na porta… — Cora suspirou. — Apenas estava animada…

— Com o que? — coloquei na boca uma colherada de cereal.

— Ah! Uma coisa que Simon fez para mim. — Cora sorriu docemente dando de ombros levemente.

— Outro chá? — ri comigo mesma. Cora permaneceu em silêncio, fazendo-me erguer o rosto para olha-la. O sorriso ganhou uma grande malicia.

— Na verdade, estávamos nos divertindo de uma forma não inclui chás ou ervas, e sim a conexão de dois corpos…

— Ah! — abaixei o rosto sentindo meu rosto começar a corar violentamente.

— Não fique envergonhada. Poupei-lhe dos detalhes, amiga. — foi impossível não rir com a ironia depositada na palavra amiga.

Cora sorriu constrangida e piscou.

Talvez, fosse impossível sentir-se deprimida perto daquela Leucósia saltitante.

[…]

— O que você está fazendo aqui, Jackson? — pude ouvir a cítrica voz de Judith atrás de mim. Dei de ombros e continuei vasculhando sua gaveta. — Pretende o que? Achar as minhas vestes intimas?

— Na verdade, pretendo achar o livro dos Transmorfos. Onde você o guardou? — Judith fechou a gaveta e me olhou. Os olhos faiscando de raiva.

— Por que você o quer? — guinchou irritadamente. Dei de ombros novamente.

— Bella vai se transformar no final do mês, estamos no meio dele. Ela precisa se preparar… — pude ver os dedos das mãos esquerda de Judith mexerem-se inquietamente enquanto a poeira do chão levantava-se e formava um pequeno furacão que estava começando a ficar negro como carvão. A olhei. — Qual o seu problema velha?

—Jackson, saia daqui. — em anos, pela primeira vez, pude escutar o sotaque holandês voltar com toda força. Sorri de canto.

— Judith, por favor. Seja sincera comigo… — aproximei-me dela, a prensando contra a cômoda, Judith arfou e perdeu o foco, e o pequeno furacão no chão virou apenas pó. — Qual é o problema? Achei que gostasse da raça de Isabella…

— E gosto. — ela sorriu por um segundo, e no outro segundo, o olhar amargo surgiu enquanto ela semicerrava os olhos e me encarava enojada por um segundo. — Eu não gosto da garota.

— Bella? — Judith bufou quando pronunciei o apelido da minha garota. — E por que não?

— Isso não é do seu interesse, Jackson. — a puxei brutalmente pelo queixo enquanto sentia minhas veias começarem a secar e uma queimação passar por elas. Judith arfou quando meu olhar penetrou ao dela com raiva. — Jack… Você…

— Eu exijo saber, sua murdare curvă. — Judith trincou os dentes em um ato de fúria, e tentou debater-se, mas segurei-a mais forte.

Judith continuava tentando livrar-se de meu aperto, mas quando mais ela tentava sair, mais eu a apertava e a prendia ali.

— Ela será sua destruição, Jackson! — Judith berrou enfurecida enquanto se remexia, debatia-se entre meus braços, a larguei dando um passo para trás.

— O que?!…

— Ela será seu ponto fraco, na verdade, ela é. — Judith berrou enquanto ficava vermelha de tanto forçar a voz.

Neguei e Judith deixou o sorriso irônico surgir em seus lábios finos.

[…]

— B? Os humanos sabem o que de Química? — Cora estava insatisfeita na hora do almoço enquanto lia e relia as questões da prova. — Eu sei tudo disso! Eu sou uma…

— Cora! — ralhei. Cora constrangeu-se e concordou.

Eu estava como no café da manhã. Encarando a comida parada em meu prato, só que agora estava cercada de adolescentes hormonais e de uma Leucósia eufórica.

Ergui o rosto quando escutei o barulho das lâmpadas piscando, mas dessa vez elas tinham algo de diferente. Havia uma mariposa voando entre as lâmpadas fluorescentes do colégio enquanto as lâmpadas piscavam quase ao ponto de apagarem. Franzi o cenho e olhei para Cora, que me olhou como se eu fosse louca.

— O que? — não era Cora. Ergui o rosto de novo e pude ver mais de uma mariposa voando e logo em seguida uma lâmpada do fundo refeitório explodiu. Mas ninguém viu. Todos continuaram comendo e rindo… Mas… O que?…

Virei o rosto e vi dois homens altos e extremamente musculosos entrando no refeitório.

Um de cabelos brancos e outro de cabelos ruivos como os de Cora. Lado a lado, o rosto franzido em uma careta amarga, caminhando com certa pose, como os bandidos de um faroeste barato.

— Puta merda! — senti minha nuca arrepiar e minha espinha doer por um segundo quando Cora gritou e cambaleou da cadeira, ficando em pé. Cora puxou-me, fazendo-me ficar em pé.

E então os dois homens estavam na minha frente, com um sorriso longo.

— Fiquem longe dela. — Cora falou baixo, mas em rosnado ameaçador.

O cara de cabelos brancos olhou Cora com certa malicia, como se ela fosse uma prostituta bêbada que ele aproveitaria a falta de consciência para se aproveitar dela.

— Calma aí vadia, temos que falar com a garota, não com você. — senti meu coração doer com um medo que começava a espalhar-se por ele.


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Notas finais do capítulo

Bom?
Ruim?
Comentem!
Beijos.