Passionné escrita por Anitha Tunner


Capítulo 19
Cinco Dias


Notas iniciais do capítulo

Sophie/: Então... Já agradeci aos comentários?
OBRIGADO MARAVILHOSOS!
Sem enrolação... Boa leitura e beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/385260/chapter/19

Cinco dias

Entre abri os lábios em procura de ar quando os lábios de Jack afastaram-se cerca de um milímetro dos meus, mas Jack no outro segundo já estava com seus lábios nos meus novamente enquanto suas mãos saiam de minhas coxas e agarravam minha cintura novamente.

Eu não sabia há quanto tempo estávamos enredados naquele beijo e também não ligava para o tempo que estávamos ali. Estava bom demais para preocupar-me com a questão do tempo.

Jack com delicadeza, mas ainda com os lábios nos meus, puxou-me para baixo, deixando-me em pé e me prensando com leveza contra a varanda.

Mas, por mais longo e prazeroso que aquele beijo estivesse, eu ainda era humana. Minha cabeça que doía já havia melhorado, mas agora eu estava literalmente embriagada com o gosto de conhaque que a boca de Jack havia passado para a minha, além de meus pulmões começarem a doer da falta de ar.

Ele pareceu notar isso, e afastou os lábios dos meus.

Abri os olhos e encarei aquele céu azul que era seus olhos. Haviam voltado ao tom claro, e estavam brilhantes.

Jack sorriu pequeno, e aproximou-se de meus lábios novamente, depositando um simples e curto beijo no lábio inferior.

Notei que Jack estava ofegando levemente, mas isso não era o suficiente para apagar o sorriso longo dele. E agora, passava a mão pela minha bochecha avermelhada.

[...]

Cinco dias.

Exatamente cinco dias haviam se passado do episódio do beijo de Jack, do veneno de Trasgo e de Judith contar-me sobre minha verdadeira natureza.

Cinco dias.

Talvez, eu estivesse começado a aceitar o fato de minha família nunca ter me contado de minha natureza, mas de qualquer forma, talvez Judith ainda possa estar errada. Eu realmente torcia para isso.

—Você beijou o tio Jack? — dei um pulo para trás quando encontrei Cora sentada na cama de meu quarto.

— Cora? O que você... Está fazendo aqui? — Arfei quando vi a garota de cabelo vermelho brilhante, sentada na minha cama, na verdade, deitada. As sapatilhas no pé cama, no chão, e as longas pernas esticadas sobre a cama, lendo O Morro Dos Ventos Uivantes.

— Ah! — Cora sorriu e sentou-se rapidamente, percebi que seus cabelos estavam cacheados hoje. — Vou começar a ser sua colega de aula hoje.

— Como assim? — questionei enquanto caminhava até o outro lado do quarto e atirava dentro da velha mochila os cadernos das aulas de hoje. Cora sorriu mais longo ainda.

— Bom, devido aos cálculos de tia Judith, no final deste mês você assumira uma forma diferente. Você estará mudando nesses meses, e ninguém melhor do que eu para lhe ajudar com isso. — Suspirei e sentei-me na velha cadeira.

— Eu queria que isso fosse um inexistente em certos momentos... — murmurei. Cora suspirou, e senti sua mão em meu ombro. Ergui o rosto.

— Acredite. Eu daria tudo para ser humana...

— O que? — Cora queria ser humana?

 Cora suspirou e me olhou.

— Bella, olhe bem, eu nunca tive a chance de me preocupar com coisas idiotas, sempre tive que me preocupar com o dia em que receberia meu Protetor e o dia em que meu corpo começaria a ter curvas mais definidas, e eu começasse a transar com todos os homens possíveis, e depois, joga-los fora como copos de plástico. — Cora sentou-se novamente na cama.

— Eu não sabia que era assim...

— Tudo bem... — Cora bufou parecendo irritada, e logo em seguida, estava tristonha  — Eu também não queria estar na sua pele... — a olhei com o cenho franzido.

— É tão ruim assim? — atirei minha mochila no chão. Cora suspirou e negou. —Cora.

— Eu não devia estar falando disto...

— Cora. Por favor.

— Tia Judith... Eu ouvi ela falando com tio Jack... Ela disse que você... Quando chegar o final deste mês, você irá se transformar. E quando isso acontecer... Você começará a agonizar, e depois morrerá por alguns segundos, dois ou quatro, e então, acordará com um instinto selvagem e começará a arrancar a própria pele. — Puxei o ar quando senti minha cabeça começar a girar de tamanho nervosismo, pressão ou medo daquilo. Cora se encolheu. — Eu não devia ter falado isso...

— Não. Tudo bem... Eu precisava saber disto.

[...]

— Por que você teve que falar daquele jeito para ela? — vociferei irritado. Judith continuava sentada, as pernas cruzadas, tomando um gole lento da taça de vinho. Judith parou de tomar o liquido escuro e me olhou com a testa franzida.

— Achei que não se importasse com a garota, Jackson. — Judith fechou o livro de Bruxaria das Trevas que lia e me olhou com um sorriso de canto.

— Você não sabe nada Bruxa. — Judith me olhou irritada, semicerrando os olhos e deixando mais a vista as rugas da idade.

— Sabe que eu sei Jackson. Admita; você está com medo. — Judith levantou-se de sua cadeira e caminhou até mim, e repousou as mãos sobre meu peito.

— Medo? Do que Bruxa? — cuspi entre dentes sentindo minha irritação fluir entre minhas veias misturadas ao meu sangue. Judith fez um biquinho e negou.

— Da sua garotinha se transformar em outro alguém. — rosnei. — Ah! Qual é Jack? Irá guardar magoa a vida toda da raça deles por causa de Leona?

— Não ouse falar dela assim...

— Sua esposa foi morta por um Transmorfo, e você não pode negar a verdade Jack...

— Eu estou preocupado com Bella, e não com medo...

— Tem certeza? — Judith riu e começou a caminhar lentamente em minha volta enquanto o sorriso assassino se esticava sobre seus finos lábios. — E você, meu caro Jack, está pronto para vê-la atirar-se ao chão? Abrir os lábios e deixar o som do grito fluir lentamente... Aumentando com o passar dos minutos, suas veias secarem-se e seu coração parar por um tempo? E então ela morre... — senti as mãos de Judith em minhas costas e sua cabeça escorada no mesmo lugar, murmurando — E acorda, os lábios entreabertos soltando um rosnado, a mente totalmente mudada, e então, ela olha para o braço, não identifica a própria pele e começa a arranca-la lentamente, começa com o braço, depois com as pernas e depois o rosto... — Judith começava a sussurrar baixíssimo. Senti um frio passar pela minha espinha.

— Pare! — afastei-me de Judith. Ela me olhou seria.

— Você é tão fraco, Jackson. Nem parece um Bruxo das Trevas...

— Como me arrependo de tê-la tirado você do Inferno... — Judith fechou o rosto passado por três fazes. A negação, a descrença e a magoa. Sorri, havia conseguido a reação que queria em Judith.

Judith suspirou e virou o rosto, ouvindo algo que não chegava aos meus ouvidos.

— Sua mãe não ensinou que é feio escutar nas portas Cora Elizabeth? — Judith bufou irritada e marchou em um passo duro até a porta do escritório, puxando com brutalidade.

Cora cambaleou, quase caindo dentro do escritório. Ri baixo.

Judith a encarava com raiva, mas Cora pareceu não dar importância ao olhar frio da tia mais velha, apenas colocou o cabelo vermelho atrás da orelha e olhou para a tia como se o que Judith tivesse dito fosse o cumulo do absurdo.

[...]

Arrancar a própria pele?

Agonizar lentamente?

Morrer por alguns segundos?

Eu estava... Em pânico.

Mesmo que por fora eu aparentasse certo tédio, por dentro, eu estava gritando, debatendo-me contra eu mesma dentro de mim, chorando. Eu estava disfarçando, mas por dentro, eu sentia-me quebrada.

Eu sentia uma fina camada de medo infiltrando-se sobre mim. Primeiro elas pousaram em meus ombros como uma manta, e agora, estavam infiltradas no meu coração.

Neguei aquilo a mim quando senti Cora atirar um papelzinho na mesa. Olhei para professora de Inglês, parecia hipnotizada enquanto lia uma versão velha de Romeu e Julieta. Suspirei a desdobrei o amassado papelzinho verde.

“Desculpe ter falado aquilo para você Bella. Eu deveria ter falado de um modo mais sutil. Aquilo deve ter pegado pesado.”

Suspirei, e rabisquei abaixo do papel.

”Tudo bem Cora. Já disse que não tem problema no que você disse.”

Joguei para Cora o papelzinho.

Notei pelo canto do olho ela lê-lo e suspirar parecendo insatisfeita, e escrevendo nele novamente.

“Para você parece fácil lidar com a notícia de que é um ser Sobrenatural.”

Revirei os olhos quando vi Cora fazer vários rabiscos encima do Sobrenatural, para deixar aquilo mais pesado ainda, como se quisesse que eu admitisse que tivesse recebido mal a noticia de arrancaria minha própria pele.

“Estamos no meio da aula de Inglês, Cora. Não é o momento certo para conversarmos sobre isso.”

Atirei o papel para ela enquanto virava-me na esperança de que a garota desistisse daquilo tudo por um único minuto.

Mexi os ombros quando senti uma brisa fria entrar na janela da aula, que estava aberta, afinal, Cora não havia perdido a chance de mudar o clima do chamado “buraco de mofo”, como diz Erika.

Ergui os olhos vendo as lâmpadas começarem a piscar, e uma parar de funcionar no final da sala. Franzi o cenho e olhei para Cora que me olhava com um sorriso longo.

Abaixei o rosto e encontrei na minha classe o papelzinho. O abri.

“Sabe que posso fazer nós Viajarmos no tempo, certo? Vamos apurar apenas uns minutinhos de nada... Quer?”

Virei o rosto e a olhei incrédula. Ela deu de ombros.

“Não. Obrigado.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom?
Ruim?
Espero que tenham gostado. Beijos.