Passionné escrita por Anitha Tunner


Capítulo 15
Fadas e Elfos




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Fadas e Elfos

-Não sei! Perguntei a minha mãe certa vez por que as Fadas tem o crescimento acelerado, mamãe diz não saber, mas supõe que por serem pequeninas, podem ter caído em um pote de fermento quando davam os primeiros voos – ri junto do Cora do comentário.

Eu e Cora estávamos na sala, no meio daqueles milhares de livros. Eu estava sentada no sofá que havia ajudado Cora a esvaziar dos livros, tomando mais um gole daquele chá doce que eu não sabia identificar. Apenas quando o olhava, via que parecia melado, mel derretido, talvez. E com um gosto que parecia misturar goiaba, maçã e morangos. Era doce, quente e gostoso de tomar.

-Achei que Fadas fossem do tamanho humano... – Cora me olhou enquanto segurava a caneca com a mão direita, e erguia o magro dedo, o mexendo em um sinal de aprovação.

-Fadas são pequenas criaturas, fadas são no máximo, do tamanho deste livro – com a mão esquerda Cora ergueu um livro vermelho encapado com couro. O livro teria em média quinze centímetros.

-Então, basicamente, uma fada criança é do tamanho de... Uma pulga? – questionei curiosamente. Cora me olhou parecendo curiosa.

-Eu não sei... – ela passou a mão pelo rosto, mesmo segurando o livro, se ajeitou de uma forma que conseguisse passar a mão pelo rosto.

Cora pareceu pensar por um segundo, e caminhou até mim, colocado com leveza o grosso livro em minhas pernas e colocando na minha mão vazia a caneca vermelha. Cora pigarreou, e olhei atentamente:

-Aprecie... – sorriu pequeno e pareceu se concentrar e relaxar enquanto mexia os ombros, estralando levemente os ossos das costas. Estiquei-me mais, prestando mais atenção.

Cora encarou a pilha de livros, e sacudiu as mãos, e as deixou paradas na altura dos seus peitos, como se estivesse se defendendo de algo. Então seus dedos se mexeram com sutileza, e prestando atenção os livros pareciam estar sendo atingidos por uma onda de água. Uma onde invisível enquanto elas se espalhavam no ar, levitando.

Abri os lábios, admirada com aquilo.

Cora piscou de canto, e então abaixou uma mão rapidamente, e mais rápido ainda com a outra pareceu dar um tapa no ar com os três dedos, abaixando apenas o mindinho e o polegar enquanto os livros voavam para o outro lado da sala, caindo no chão em uma perfeita e reta pilha verde, vermelho e azul.

-Sou o máximo, não? – ri com o entusiasmo de Cora que sentava-se em um sofá a minha frente e na pequena mesinha entre nós, colocava um livro, o abria o virava para mim.

Larguei as canecas ao lado do livro, e encarei a imagem do livro velho.

A página era bege e amassada, como se tivessem derramado café com leite encima dele, mas mesmo assim destacava-se a imagem de uma mulher delicada voando.

Suas asas eram pequenas e delicadas, iguais a de uma borboleta. Tinham bordas negras e o restante era rosa, com marcas brancas que eu não entendia. Pareciam círculos com mais círculos dentro.

O rosto da pequena Fada era arredondado e com detalhes delicados, os cabelos lilás e cacheados caiam em uma perfeita cascada. Os olhos eram azuis escuros, e as orelhas em uma forma diferenciada. Como se nas pontas de cima fossem mais triangulares, como nos filmes de crianças.

-Ah! Lembrei-me agora! – o quase grito animado de Cora tirou-me de meus devaneios. A olhei – Fadas são todas filhas de Abeona, ela é uma espécie de Rainha delas...

-Como com as abelhas?...

-Exatamente! – Cora vibrou e concordei enquanto passava a mão pela imagem desenhada com cuidados especiais. Tão bem desenhadas que parecia uma fotografia em certas partes – Bonito, não?- concordei enquanto terminava e parava de passar o dedo pela imagem. – Ela foi feita com o uso do sfumato, Leonardo da Vinci usou a mesma técnica quando fez a Gioconda...

-Quer dizer... A Mona Lisa? – Cora concordou.

-Sim! – ela sorriu e esticou-se levemente, pulando várias páginas do livro e parando em outra.

Mas o olhar de Cora era diferente agora.

Parecia mais admirada.

Olhei curiosamente para ela e para a imagem.

Havia na imagem de um garoto ruivo.

Os cabelos curtos e ruivos, vestido com algumas roupas que pareciam sujas e feitas de couros de animais, verde, marrom e amarelo. Nessas três cores dividiam-se as roupas. Usava um arco pendurado nas costas e na mão direita uma flecha grande e pontuda. Era alto, juvenil e bonito, e assim como a Fada, tinha as orelhas pontudas.

-Esse é um Elfo... – concordei enquanto observava a imagem – Eles assim como as Fadas, vivem em um mundo diferenciado do nosso... – a voz de Cora era amarga e baixa.

-Cora, você parece triste com isso... –comentei quando senti o pesar em sua voz, Cora suspirou, e sorriu por um segundo, dando de ombros e ficando constrangida.

-É que... Simon é um... E isso dificulta nossa relação...

-Namorado, Cora? – questionei em um tom brincalhão, a Bruxa riu e concordou, ficando vermelha nos cantos do delicado e pálido rosto.

-Um dia desses lhes apresento... – ri mais uma vez sentindo a velha empolgação de Cora voltar. Cora suspirou e olhou a imagem novamente. – Então, os Elfos vivem em um país que o nome é tão complicado que não em atrevo a pronunciar, mas tenho certeza que fica no meio do oceano...

-Como eles tem moradia fixa no meio do oceano? – Cora pareceu mais animada ainda.

-Elfos podem controlar os quatro elementos, e com a ajuda de algumas Bruxas, eles conseguem um pedaço de terra invisível para eles... – Cora passou a página e mostrou, indicando com o dedo uma imagem de um imenso oceano e no meio um pedaço de terra, pequena e extremamente verde. Parecia uma ilha.

-Isso não seria uma espécie de ilha? – franzi o cenho.

-Sim, ela é uma ilha, mas que não pode ser vista por mortais... – sorriu enquanto passava o dedo pela página do livro, e finalmente o fechava, dando um barulho alto.

Eu estava por um lado extasiada com todas essas explicações. Havia sido incrível, mesmo que não fossem muitíssimas explicações, elas foram o suficiente para me deixarem encantada por aqueles seres. Mas por outro lado, eu sentia-me levemente assustada, afinal, Fadas, Elfos, e outras mais criaturas cujo nome não lembro-me existem!

Cora sorriu aliviada e puxou sua caneca. Lembrei-me e puxei a minha junto, escorando-me mais para trás. Cora tomou um gole do chá.

-Gostou do chá? – Cora continuava sorrindo aliviada.

-Sim, é muito bom... – passei as mãos por toda a caneca, sentindo o calor dela irradiar e chegar a minha pele das mãos, esquentando-me. – É de que afinal? Não conseguia identificar o gosto.

-Ah! É um erva que Simon fez para mim – sorri concordando. Cora parecia extremamente apaixonada pelo garoto enquanto falava sobre ele. – Simon gosta de ficar brincando com ervas então ele misturou algumas no seu tempo livre, e trouxe-me de presente...

-Nunca vi namorados que dessem um punhado de chá de presente... – tomei mais um gole do liquido dourado.

Cora suspirou:

-Essa é a graça de namorar um Elfo, em vez de lhe dar uma caixa de chocolates ele lhe traz um chá diferente ou uma raiz!


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