Passionné escrita por Anitha Tunner


Capítulo 16
Visita intima


Notas iniciais do capítulo

Carolina/: Olá! Então, muito obrigado a todos os comentários anteriores! Sério, obrigado!
Entãooo...
BOA LEITURA!



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Visita intima

Verde, vermelho e azul.

Eu chegava a ver tudo daquela cor enquanto Cora, que estava sentado ao chão, fazia mais uma pilha de livros e estralava os dedos, e os fazia desaparecer magicamente.

— Para onde eles vão? — questionei enquanto terminava de tomar o chá restante em minha caneca. Cora continuou a fazer a pilha.

—Vão para a Oscars. – Cora terminou mais um pilha e estralou os dedos novamente, fazendo sumir a pilha. E mesmo que Cora já tivesse acabado com muitos livros, quanto menos deles existiam a sala parecia encher-se mais ainda deles.

— Oscars?

— Biblioteca Publica Bruxa... — Cora parecia cansada enquanto fazia a pilha e então sorriu — Sabe certa vez Simon trouxe-me de presente uma planta. Ela parecia uma mudinha de um pé de jabuticaba, nós fomos para o jardim e a plantamos juntos, realmente, foi um momento muito romântico... — ergui uma sobrancelha incredulamente com a afirmação da garota e a troca de assuntos. Plantar um pezinho de jabuticaba não me parecia algo muito romântico para um casal fazer. Cora suspirou e olhou-me levemente — De qualquer forma, foi à primeira vez eu beijei alguém, mas isso não vem ao caso, vem ao caso que quando decidiu dar a fruta, em cada galho dela nasceu uma fruta diferente. Em um galho nasceu uma amora, no outro... Um cacho de uvas, no outro um pêssego e uma laranja.

— Isso é surreal — neguei aquilo a mim mesma. Cora me olhou divertida.

— Não! É divertido. — defendeu-se Cora com um sorriso torto nos lábios.

— Isso na realidade chama-se esquisitice, Cora. — Me opus, Cora deu de ombros e riu consigo mesma.

— Para você, para mim foi o momento mais marcante para mim — ri com Cora, e finalmente, concordei.

[...]

Charlie parecia orgulhoso e feliz em saber que estava com Cora, que havia me levado para casa, no carro de Kelly, afinal, Jack parece ter colocado um cão raivoso dentro do carro ou algo do tipo para impedir que alguém pegasse seu valioso carro, mas continuando, Cora havia entrado e conversado com Charlie.

E eu estava feliz. Feliz em sentir-me bem e leve, feliz com Charlie estar feliz, era algo bom dentro de mim, que eu não sabia identificar se era paz ou alegria, mas era tão boa que não fazia questão em me estressar para identifica-la.

Eu estava saindo do banho, vestindo um velho moletom e entrando no quarto quando abri a porta e vi-o, mexendo em um livro meu.

— O que você quer? — saiu entre dentes.

Jack parou de mexer na velharia do livro, e me olhou, e pela primeira vez notei que ele vestia-se de um modo mais despojado do que das outras vezes. Uma camiseta xadrez e uma calça jeans o deixavam ainda mais jovem e bonito. Suspirei e neguei aquilo a mim mesma.

— Não tenho o que fazer hoje à noite...

— E decidiu vir aqui me antagonizar...

— Você tem certeza do significado de antagonizar? — perguntou Jack parecendo ofendido com meu retruque mais que venenoso.

— E você já aprendeu o que é invasão de domicilio? — Jack riu e sentou-se na cadeira giratória velha, girando e fazendo-a gemer baixo embaixo dele. Senti meu rosto arder.

— No máximo, eu pegaria duas noites na cadeia...

— Por que tem tanta certeza disso? — irritei-me novamente.

— Tenho meus contatos... – revirei os olhos.

— Por onde entrou? — cruzei os braços encima da barriga, Jack semicerrou os olhos e girou novamente na cadeira enquanto brincava com um lápis velho entre os dedos, o girando lentamente.

— Janela. — indicou com o rosto a janela amarelada que estava aberta, deixando uma brisa fria entrar.

— Ótimo. — deixei o bufar surgir entre meus lábios. Caminhei até a janela, e a mostrei a Jack que me olhou com o cenho franzido. — Já que entrou por ela, por que não aproveita e sai por ela?

Jack permitiu que um sorriso extremamente branco e brilhante surgisse em seus lábios, e então ele estava a minha frente, fechando a janela com um estouro longo. Estremeci.

— Por que não conversamos doce Isabella? — Mesmo sem encarar com profundeza os olhos de Jack pude ver um lado tão obscuro que poderia matar apenas ao olha-lo. Puxei o ar, e o olhei.

— Por que não explica o motivo de ter trazido uma jaqueta que não é minha com um colar dentro? — Mudei o rumo do assunto. Os olhos de Jack clarearam-se e pareceram preocupados. Seu olhar havia mudado.

— Colar? — Concordei. — Eu poderia vê-lo, Isabella?

Recompus-me e caminhei até a gaveta, abrindo-a e começando a procurar o colar.

Mesmo que procurando o colar, um olho meu prestava atenção nos movimentos de Jack, eu não estava sentindo-me completamente segura ao lado dele depois do seu olhar obscuro. Enfiei mais o braço na gaveta, e senti uma corrente fina e gelada se trançar entre meus dedos.

Puxei-a e no outro segundo Jack estava ao meu lado, puxando-a rapidamente de minhas mãos. Jack a encarou seriamente, analisando cada mínimo detalhe, e então ergueu o rosto me olhando abismado.

— Onde conseguiu isso? — acusou parecendo levemente irritado.

— Consegui? Essa coisa estava na jaqueta que você me entregou! — Eu estava em fúria enquanto entrava na defensiva. Odiava acusações, ainda mais quando eu não fiz nada.

— Como vou ter certeza disso? — seu sorriso era sorrateiro.

— Eu ainda sei o que eu faço! — defendi-me mais uma vez. Jack riu da minha cara e puxou minha mão.

Senti um arrepio percorrer todo meu corpo quando sua mão tocou na minha. Ela era mais que quente, queimava. O sorriso de Jack tornou-se doce enquanto passava o indicador pela palma e minha mão e colocava toda a corrente do colar em minha palma, segurando a joia pela esmeralda que hoje estava escura.

— Acho que isso não me fará falta... — comentou enquanto largava todo o resto do colar em minha mão, e no outro segundo estava girando mais uma vez na cadeira.

Senti minha mão esquentar. O meu corpo inteiro esquentou, mas minha mão parecia muito mais quente que o resto. Gemi e deixei o colar cair de minha mão enquanto a encarava.

Ela estava queimada. Com uma longa queimadura. A pele estava em carne viva, e eu via aquele vermelho que quase sangrava, mas que nas bordas estava escuro devido à queimadura.

Sacudi a mão a espera que aquela dor passasse, mas parecia piorar a cada contato com o ar. Olhei de relance para o colar no chão que queimava junto, liberando uma baixíssima e quase inexistente fumaça.

Jack havia parado de rodar na cadeira e estava segurando minha mão queimada no outro segundo. Ela olhou para a ferida assustado, e me encarou.

— O que você fez? — Eu não consegui me segurar com tamanha ardência e dor na palma da mão e soluçava feito uma criança enquanto sentia minhas pernas tremerem.

— Nada... — Jack estava com todo o rosto franzido em uma careta amarga — Não fui eu... Foi o colar... — ele estava pensativo, então abaixou o olhar e olhou outra vez a ferida.

Passei as mãos pelo meu rosto, secado as lágrimas e o suor que se confundiam. Jack me olhou outra vez.

— Isso já aconteceu antes? — neguei enquanto sentia um calor forte passar pela minha espinha e atingir meus olhos, os fazendo queimar levemente. — Tem certeza?

— Sim. — respondi firmemente segurando um grito de dor enquanto minha mão parecia estar sendo costurada, olhei-a de relance e vi que um fio de sangue escorria dela.

Jack suspirou e olhou a mão, e tentou encostar-se a ela, mas eu a afastei antes disso.

-Shhh. Calma dragoste*... — Concordei enquanto Jack puxava minha mão novamente, e olhava, pensando no que faria. — Vou ter que lhe levar até Judith.

———————————————

*dragoste — em Romeno significa amor.


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Notas finais do capítulo

Bom? Ruim? Queremos comentários!
Beijos e obrigado.