Impaciência

Ouve silêncio.

Talvez tivessem se passado dez ou cinco minutos em um silêncio mortal. Apenas a respiração de nós fazia barulho, mas algo a mais se destacava. Os olhares irritados que todos trocavam, menos eu e Cora que olhávamos a cena em silêncio.

-Achei que tivesse pedido para não trazer sua amiga aqui novamente Kelly... – a voz de Jack continuava amarga e mal humorada. Senti minhas bochechas ruborizarem de uma raiva instantânea e curta.

-Amiga? – Kelly negou parecendo confusa, e pela primeira me olhou. Notando minha presença na sala. Ela me olhou mais confusa. – O que... Erika foi você que trouxe Bella?

-Claro! – Erika sorriu longamente. Kelly suspirou e me olhou irritada pela primeira.

-Bella como você... O que você tinha na cabeça para confiar em Erika? – suspirei negando. Se que Kelly soubesse que eu não vim por vontade própria... – Erika! Você a forçou vir aqui?

-Talvez... – Erika deu de ombros em enquanto descascava o esmalte azul escuro das longas unhas. Kelly bateu os dentes novamente e John rosnou enquanto caminhava até Erika lentamente. Cora pareceu tremer e Theo pulou de seu colo, transformando-se em um grande lobo cinza escuro. Ele rosnou ficando na frente de Erika, que sorriu longamente – Querida, não precisa... – notei pela primeira vez uma grande irritação em Cora que tremia levemente enquanto os olhos mudavam para o castanho escuro. Erika deixou o sorriso se desmanchar.

-Erika... Você não pode deixar... – Kelly quase gritou me fazendo pular levemente com o susto. Cora parecia tremer levemente, ela tremia. Theo, seu lobo, transformou-se novamente em um filhote e olhou para ele desesperado, e começou a chorar em seus pés, batendo as patinhas encima dos pés da garota, como se quisesse puxar ela para ele.

Erika correu até o lado de Cora, que se distanciava de mim por três passos, e tocou em seu ombro.

Mas quando ela tocou Cora soltou um grito silencioso enquanto seus ombros eram puxados para trás como se levasse um choque, a garota tremeu com uma falta de ar excessiva e então seu corpo amoleceu, os olhos se fecharam e ela caiu no chão, sendo segurada pela mãe. Erika parecia ter uma grande dor no olhar enquanto aconchegava a cabeça de Cora em suas pernas.

-Jack... Você vai ter que tirar Isabella daqui... – Erika sussurrou baixo quase ao ponto do inaudível enquanto tremia levemente. Kelly me deu um olhar calmo, que me passasse confiança e concordou. Puxei o ar nervosamente.

Apenas deixei o arrepiou percorrer em meu corpo quando senti os lábios de Jack em meu ouvido:

-Vamos.

[...]

Jack reclamava algo incompreensível; talvez falasse romeno ou grego, não conseguia identificar. Mas sabia que ele estava extremamente irritado, a prova disto era que suas mãos seguravam o volante do carro com uma força descomunal. Parecia que rachariam o volante a qualquer segundo.

Puxei o ar nervosamente.

Eu continuava olhando para frente. Nem piscava e muito menos olhava para Jack.

E ocupava minha mente pensando em coisas como regras de aritmética e como manter pés de tomates vivos no inverno, na esperança de Jack não ler meus pensamentos, afinal, todos os outros Bruxos da casa haviam invadido minha mente.

Senti Jack relaxar levemente ao meu lado, soltando um suspiro baixo, e puxando o ar nervosamente. Parecia ofegante.

-Você está bem? – ele parecia extremamente desconfortável enquanto falava.

-Sim – cuspi rispidamente. Eu me sentia enraivada nesse momento.

Mas ao mesmo tempo eu sentia um medo por Cora. O que aconteceria com a garota depois daquele episodio assustador? Ela ficaria bem?

-O que... Aconteceu com Cora? – murmurei. Jack suspirou.

-Ela recebeu seus dons á pouco tempo; não tem total controle sobre ele, e ser filha de um vampiro só piora a situação dela... – comentou ele parecendo incomodado enquanto negava mais uma vez naquele minuto. Jack respirava erraticamente, como se tivesse saído de uma corrida há segundos atrás. Ele estava nervoso.

Jack me olhou. Percebi que seus olhos azuis estavam totalmente negros, restando apenas um fino e quase invisível círculo azul escuro em volta de seus olhos. Notei também pela primeira vez naquele dia que a barba dele estava bem feita, deixando-o mais jovem ainda, e os cabelos pareciam mais curtos.

Ele virou o rosto e voltou a olhar o caminho que traçava nas estradas. Estávamos a cerca de um quilometro de minha casa, e se Jack continuasse a dirigir em 200 km por hora, chegaríamos à minha casa entre dois minutos ou três. Dependendo do transito que pegássemos na pacata Forks.

Eu realmente queria puxar papo com ele. Mas não conseguia. Sabia que se abrisse minha boca receberia uma resposta amarga vinda de Jack, talvez sim, talvez não. Não tinha muito certeza de nada nesse momento. Jack pigarreou:

-Cora ficará bem, essa não é a primeira nem a última vez que isso acontecerá – esclareceu ele deixando seu antigo tom cítrico mostra-se mais uma vez. Concordei mantendo o silêncio e pela primeira vez notei que ele havia estacionado na frente da minha casa.

Olhei pela janela do carro e notei que o céu já estava escuro, escuro como um véu negro decorado com pontos brilhantes que pareciam derreter a qualquer momento. Extremamente escuro e estrelado estava o céu dessa noite. Jamais havia visto uma noite tão bela em Forks.

Jack me olhou de relance.

-Então, obrigado por me trazer em casa – senti minhas bochechas se avermelharem enquanto minhas mãos tratavam de tirar o cinto de segurança. Olhei para Jack que encarava a rua, olhando para frente, ele apenas afirmou positivamente.

Suspirei e concordei aquilo tudo a mim mesma.

Hora de descer do carro do estranho Bella... – repeti para mim mesma.

Foi tudo muito rápido.

Eu abri a porta, virei-me para sair, mas Jack rapidamente passou o braço por cima de mim, fechando a porta com um barulho curto e estrondoso, fechando-a brutalmente.

Congelei enquanto um medo passava pela minha espinha e sentia meu coração ir a mil por segundo.

Jack me olhou parecendo enraivado e puxou meu pulso, para cima puxou a manga da camiseta azul, abaixando o olhar, encarando a marca da mordida de James e então ergueu o rosto novamente.

- Quem fez isso com você? – suas palavras saíram entre dentes mostrando uma grande irritação.

Tremi levemente.