Pelos Meandros do Mal escrita por Náthalie Ocáriz


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Oi! Emy aqui. Eu queria dizer que a culpa do atraso é totalmente minha, eu deveria ter começado desde que a Nath postou o último, porém, eu tive alguns contratempos - além do que estou sem notebook. Bem, claramente eu não tenho tanta inspiração pra escrever como ela (digam se essa menina não é um projeto de gênio? Só ela não admite), mas espero que gostem desse capítulo, que eu fiz com todo amor pra vocês. xx



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Eu estava esperando qualquer coisa, menos um leão de bronze imenso aparecer.

Bryan travava uma verdadeira batalha com o... Autômato. Esse era o nome que Guilherme havia dito. O monstro – era estranho me referir a um pedaço de lata como um monstro, mas eu sabia que era isso que ele era – tinha arrastado Bryan para entre as árvores, e demorei um pouco até retomar a consciência para correr atrás dele. Assim que nós o vimos, notei que ele parecia um pouco machucado e suas roupas estavam rasgadas, mas ele não se entregava tão fácil. Revidava cada ataque do autômato com sua espada e um escudo que eu nem havia notado até então.

– Ah, meus deuses. – Clarisse balbuciou ao meu lado. Olhei para ela, um pouco ansiosa para que ela dissesse algo. Eu era a menos experiente ali e, no momento, Clarisse era a pessoa que eu mais confiava em nosso grupo. – Uma Quimera... Robô! Maldito Hefesto!

– Talvez não seja hora de xingar o criador desse monstro, Clarisse! – Samantha reclamou e tirou um arco e flecha pequenos da mochila. Eu não fazia ideia de que ela sabia como manuseá-los.

– E talvez não seja a ideia mais inteligente do mundo lançar flechas contra algo que é feito de bronze, Sam. – Guilherme reclamou enquanto Clarisse se juntava ao Bryan na batalha. Olhei para ele e algo me alarmou internamente. “Faça alguma coisa”.

– Guilherme, você não pode ir para a luta.

– Por quê? – Ele me olhou, um tanto ressentido. – Eu não quero ser o inútil do grupo, Carol.

Revirei os olhos. Ouvia os gritos dos três lutando contra o monstro e, ainda assim, tive vontade de bater no Guilherme.

– Porque você está doente e desarmado, seu burro. Volte para o acampamento. Fique de guarda e avise se algo vier.

Isso pareceu fazer ele se sentir melhor. Guilherme voltou mancando para onde estávamos acampando e notei que ele parecia um pouco melhor. Certo, ainda estava péssimo, mas melhor. Talvez fosse impressão minha, mas sempre que eu agia de forma rude com ele, ele parecia pelo menos um pouco mais saudável.

Isso só me fez lembrar que tudo era culpa minha.

Mas que droga! Eu não estava apaixonada por ele!

– Mova-se, sua idiota! – A voz estridente de Samantha me fez soltar um palavrão antes de correr na direção deles.

Um breve resumo do que estava acontecendo: Samantha tentava acertar flechas em algum ponto vulnerável – que a Quimera/Autômato não parecia ter – enquanto Clarisse estava em cima da cabeça do monstro, golpeando-o com sua lança. Bryan atacava com a espada, causando faíscas.

O que eu poderia fazer?

Uma energia desconhecida percorreu meu corpo inteiro e me senti mais forte do que nunca. Eu poderia não ser experiente, poderia não saber lutar, mas algo me dizia que eu sabia exatamente o que fazer.

– Afastem-se! – Minha voz soou mais alta do que nunca. – Saiam de perto!

– Quem você pens...

– Samantha! – Os olhos de Bryan se encheram de pavor ao me fitar. – Não está vendo?

A cada passo que eu me aproximava, mais impressionados eles pareciam. Eu não fazia ideia do porquê, mas não me importava. Tudo o que importava era a faca que eu tinha em mãos e a vontade que tinha de lutar. Os três recuaram, com medo de mim, enquanto o monstro continuava esperando mais uma presa para o ataque.

– Não hoje, querido. – Foi a última coisa que eu lembro de ter dito.

...

– Carol... Caroline... – Recebi um tapa na cara que me fez despertar imediatamente. Sentei-me e percebi que estávamos em um ônibus, novamente, que seguia tranquilamente pela estrada.

– O quê... Onde... Ai. – Coloquei a mão na testa, sentindo a cabeça latejar. Acho que eu tinha desmaiado.

– Você não lembra mesmo? – Carol perguntou, com cautela. Não sei o que eu havia feito, mas se ela estava tão assustada assim, eu acho que estava gostando.

– Lembro de que estávamos enfrentando um monstro e... Tudo ficou preto. – Murmurei, sentindo um gosto ruim na boca, meio metálico. – Alguém pode me explicar o q...

– Carol. – Guilherme falou, devagar. – Você recebeu a bênção de Zeus.

Por isso todos me olhavam como uma aberração. Acho que até eu me achava uma aberração no momento.

Só uma perguntinha.

O que diabos é bênção de Zeus?

– Basicamente, você ficou toda autoritária do nada e mandou a gente sair de perto. – Clarisse explicou. – Então deu um grito tão alto que precisamos tapar os ouvidos e um raio caiu na direção do Autômato e explodiu todas as árvores que estavam ao redor. Só nos salvamos por causa do escudo do Bryan e... Você estava desmaiada no chão, envolta numa aura prateada. Ficamos até com medo de tocar em você.

– Foi incrível. – Bryan sorriu. Sorriu do mesmo jeito quando nos conhecemos no chalé 11, então isso foi um pouco reconfortante. Era um saco todos ali parecerem me odiar de uma hora para a outra.

Samantha resmungou e se virou para frente no seu assento, na fileira da frente ao lado de Bryan. Clarisse estava atrás de nós, digo, de mim e do Guilherme.

– Eu te perdoo por ter me chamado de burro. – Ele falou.

– O quê? – Perguntei, sem entender. Ele balançou a cabeça, como se dissesse “deixa pra lá”. Revirei os olhos. – Para onde estamos indo.

– Continuamos seguindo a oeste, como disse. – Samantha respondeu, com ressentimento em sua voz.

– É que como você explodiu tudo – Guilherme disse – decidimos fugir antes que a polícia chegasse. Eles podem até ser mortais, mas não são tão idiotas.

Abracei meu próprio corpo, sentindo um pouco de frio e observei a paisagem lá fora. Eu ainda conseguia me lembrar de como havia me sentindo forte antes disso de bênção de Zeus acontecer. Agora, eu me sentia fraca de novo.

– A próxima parada é Chicago. – Ouvi a voz baixa de Clarisse. – E não tenho um bom pressentimento quanto a isso.

...

A cidade era tão grande que até eu tive pressentimentos ruins.

Por outro lado, senti tanta saudade da Califórnia que quase chorei. Até de Nova York eu poderia sentir saudades. Ainda assim, as pessoas que passavam por nós não nos olhavam como se fôssemos adolescentes problemáticos. Bryan usava uma camiseta nova e talvez nosso maior problema fosse a aparência cansada e um pouco de fuligem no rosto, sem contar que tínhamos que sustentar Guilherme para onde fôssemos.

– Nós... Precisamos... Parar. – Samantha falou, com a voz rouca. O céu estava ficando mais escuro, de qualquer maneira. – Muita coisa para menos de três dias, não acham?

Já faziam três dias? Meus deuses. Ao mesmo tempo que parecia muito mais exaustivo do que isso, eu sentia como se tivéssemos saído do Acampamento Meio-Sangue a poucas horas.

– Ótima ideia. – Guilherme se pronunciou.

– Entre tantos prédios, podemos achar um beco que seja seguro... – Clarisse resmungou e seguiu na frente, mas eu congelei. Algo captou minha visão e foi tão rápido que soltei um gritinho.

– O que foi? – Todos perguntaram em uníssono.

– Vocês não viram? – Eu perguntei. – Parecia uma... Rajada de vento, só que mais sólido. Acho que devemos segu... ALI! – Apontei, quando o “ fantasma” voltou a aparecer no meu campo de visão. Mas depois de tudo isso de criaturas gregas mitológicas na minha vida, eu sabia que não era só por coincidência. – Acho que deveríamos segui-lo.

Ninguém pareceu discordar. Apenas Samantha, que fez alguma piadinha tipo “vamos obedecer a senhorita bênção de Zeus”, mas eu estava distraída demais com aquele espectro misterioso para dar importância a ela.

Seguimos o fantasma até o que aparentemente era, na melhor das hipóteses, uma escada para o subterrâneo. Caso contrário, era o esgoto. Não queria nem pensar nisso.

Descemos pela escada num túnel úmido e nojento. Era mal iluminado, mas o suficiente para enxergar a tipo, um palmo do nariz. Então, percebemos que estávamos num trajeto sem saída. Ou quase isso.

– Parece aqueles elevadores de departamentos. – Clarisse foi na frente. – E tem um M gravado na porta.

– O que estão esperando? – Guilherme questionou, animado. O mais fraco de nós era o mais ansioso para seguir em frente, que irônico.

Entramos e, depois de segundos, as portas se abriram e devo admitir que perdi o fôlego.

– Uau. – Até Samantha se impressionou.

Aquele lugar... Eu não sei bem dizer o que era, mas parecia uma loja. Havia de tudo, exatamente tudo o que você pudesse imaginar, expostos em vitrines, estantes e cabides. O que mais me chamou atenção foi o teto: parecia um caleidoscópio, me lembrando de um arco-íris. Quase fiquei hipnotizada.

– Que... Lugar é esse? – Clarisse sussurrou.

– Bem-vindos. – Outra voz sobressaiu entre as nossas, ecoando pelas paredes do imenso salão. Todos nós sacamos nossas armas (menos Guilherme) e ficamos à postos. – Não precisam temer, semideuses. Podem me chamar de Vossa Alteza.


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