Pelos Meandros do Mal escrita por Náthalie Ocáriz


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Sorry pela demora, mas se quiserem culpa alguém culpem a Emy. Foi ela que disse que se eu não gostasse do capítulo, para eu não postar e refazer rerere
Eu refiz 4 vezes e não gostei de nenhuma, mas desisti e resolvi postar.
Vou tentar postar mais rápido, mas eu vou mudar de casa e vou correr bastante essas férias, mas para isso eu tenho uma co-autora brilhante que vai me cobrir quando eu não puder postar (ok Emy?)
Bom, mil perdões pelo péssimo capítulo e pela demora. Boa leitura xoxo



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Essa missão era uma ironia pura, a missão quer dizer que nós teríamos que trabalhar juntos, mas como fazer isso se ninguém estava se dando bem?

Descemos do ônibus e olhamos ao redor, a cidade parecia pacata demais para uma missão. Estava começando a duvidar dos dons da Rachel e sua capacidade de ser um oráculo, porque vamos combinar que Indiana era demasiadamente tranquila.

Como se estivesse lendo meus pensamentos a Clarisse falou:

– Essa cidade é estranha, calma demais. Apesar que isso também pode ser algum tipo de pegadinha dos deuses.

– Acho que os deuses não estão muito pra pegadinhas de mal gosto, acredite – Guilherme resmungou pra ninguém específico.

– O que você quer dizer com isso? – Bryan perguntou enquanto ajeitava o Guilherme que estava apoiado em seu ombro.

– Andei tendo sonhos, confusos demais para serem explicados – ele respondeu vagamente.

Eu não sabia porque nos haviam mandado para lá, eu não conseguia ver nada que desse para fazer ali. Talvez a cura esteja em um lugar que ninguém pense em procurar, uma voz disse na minha cabeça.

– Então “líder”, o que vamos fazer? – disse Samantha fazendo aspas quando falou “líder”.

– Nós temos que começar a procurar a cura, procurem frascos, coisas chamativas, ou qualquer coisa assim.

– Cura? Cura para que? – perguntou o Guilherme, eu havia me esquecido que não tínhamos contado a ele um dos motivos da missão.

– Uma cura para você seu burro, achou que ficaríamos de braços cruzados esperando a cura cair do céu? – perguntou Clarisse.

Ele apenas nos devolveu um olhar agradecido e se calou, como se lembrasse de algo.

– Bom e por onde começamos? – perguntou Samantha.

– Ahn, Clarisse vá para a direita e olhe por algumas quadras. Bryan e Samantha para a esquerda e... – uma voz irritante me cortou.

– E você vai pra onde? E o Guilherme? O Bryan tem que cuidar dele não é? – indagou Samantha.

e eu vou ficar com o Guilherme naquela cafeteria ali – disse apontando para uma franquia do Starbucks na esquina.

– Mas não eraeu que cuidaria dele? Só vim nessa porcaria de missão por isso Caroline, lembre-se disso – Bryan disse.

Ficaram todos me olhando como se esperassem uma resposta, claro que estão esperando uma resposta sua, você é a líder pensei comigo mesma.

– Ok, já que fazem tanta questão vamos todos juntos então.

– Mas isso não chamaria a atenção de monstros? – perguntou Guilherme.

– Você acha mesmo que numa cidade dessas tem algum monstro? Use a cabeça Guilherme – disse Clarisse.

Fiquei com certa apreensão por fazer com que o Guilherme tivesse que ficar andando pra lá e pra cá, mas eu não o deixaria sozinho com o Bryan depois de perceber o quanto os dois se davam bem, e muito menos com a Clarisse a Samantha. Ainda não sabia se podia mesmo confiar nelas.

Passamos o dia todo andando de um lado para outro da cidade, paramos apenas para comer e as vezes para o Guilherme descansar um pouco, apesar dele sempre insistir que estava se sentindo melhor.

Eu não sei se isso me deixava feliz ou não, se ele não estava mais com dor quer dizer que ele não sentia/pensava nada sobre mim, se ele sentia dor eu conseguia ver a esperança de que ele sentisse algo por mim. Isso estava me deixando louca.

Já estava quase dando o pôr-do-sol quando resolvemos parar a busca, não havíamos encontrado nada, apesar de ter vasculhado cada canto da cidade.

Pensamos em ir para algum hotel, mas o dinheiro não era suficiente para todos nós. Sendo a Clarisse de sempre ela sugeriu que acampássemos e como não conseguia pensar em nenhuma outra possibilidade acabei cedendo.

Fomos em direção a uma parte um tanto quanto afastada da cidade, por sorte havia uma barraca na mochila da Clarisse. Enquanto montávamos acampamento, Bryan foi buscar algo para comermos. O Guilherme, apesar de resistir muito, acabou pegando no sono rapidamente. Clarisse havia ido buscar galhos perdidos para montarmos uma fogueira para mais tarde. Tradução.: eu estava perdida, ficar sozinha com a Samantha não era algo que eu colocaria na minha lista de coisas a realizar pelo simples fato que eu tinha praticamente certeza que teríamos uma briga, e das feias.

Como se para confirmar minhas ideias a Samantha começou.

– Não sei o motivo para Afrodite ter te dado essa missão. – ela disse me olhando com certa raiva

– Dó? Piedade talvez? –murmurei

– O que quer que você esteja fazendo é bom que você dê um jeito de curar o Guilherme. Ele pode não ser nada para você, mas é para muita gente naquele acampamento – e para você acrescentei para mim mesma.

Olhei em direção a barraca onde o Guilherme dormia tranquilamente, eu não estava com ânimo para discussões hoje, eu apenas queria descansar e pensar em alguma maneira de salva-lo. De certa forma eu também me importava com ele.

– Eu prometo que vou tentar dar um jeito – disse mais pra mim mesma do que pra Samantha

– Tentar não vai salvar ele sua idiota, ele precisa de uma cura e rápido. – ela falou se exasperando

– E você acha que eu não sei disso? Acha que eu não me preocupo? – disse deixando a raiva transparecer, mas não gritando para que ele não acordasse.

– Então faça algo a respeito! – ela gritou

– Cale a boca Samantha, você vai acordar ele!

– Ele pelo menos sabe o motivo de estar passando mal o tempo todo? Ele sabe que a culpa é sua?

– Se ele sabe ou não, isso é problema dele. Não é da conta de mais ninguém, mas se você se importa tanto com ele por que não para como os showzinhos e ajude para que ele se sinta bem?

– Eu faço o meu melhor, você não o conhece nem a 6 meses. Eu o conheço, eu que passei maus bocados ao lado dele, foi eu que fui o ombro amigo quando ele estava bravo com o mundo, podemos não levar mais o nome de namorados Carol, mas ainda o amo o suficiente para cuidar e proteger ele com todas forças, mesmo que seja para proteger de você – ela frisou cada “eu” falado, ela me encarava com algo que ia além da mera raiva.

– Há-há-há proteger de mim? Pare com esse ciúmes besta que você tem, ele sufoca, cansa e irrita qualquer um. E outro, se o namoro de vocês acabou algo deve ter acontecido não é? – aí estava, a ferida que ainda não tinha cicatrizado, era como se ela não sentisse mais raiva e sim dor, eu havia chegado no seu ponto fraco – O que você fez? Traiu? Mentiu? Você não é digna nem de ser chamada de “ex-namorada” porque até como isso deve ter sido um fiasco total não é?

– Cale a boca Carol, agora!

– O que esta acontecendo aqui? – gritaram Bryan e Clarisse

– Você acha que só porque conseguiu a atenção dele você é importante não é? Mas você não é tão diferente de mim, você esta traçando o mesmo caminho só que apenas mais rápido, apesar que tem uma diferença sim. Pelo menos eu não tentei mata-lo!

Adeus coerência ou qualquer juízo que houvesse na minha cabeça, da mesma forma que eu sentia ardidos no meu rosto eu sentia na minha mão, isso queria dizer que algum estrago no rosto dela eu também estava fazendo. Xingamentos também não faltavam, até eu não sentir mais seus tapas e me dar conta que o Bryan a segurava firme.

– Chega Carol, você passa dos limites sabia? – ele me disse bravo

– Ah, agora você vai defender ela? Sério isso Bryan?

– O que você quer que eu faça? Que passe a mão na sua cabeça e diga que você esta certa? Ele pode ser um idiota –disse apontando para um Guilherme ainda dormido – mas ele ainda é meu irmão, tudo estava em sua perfeita ordem, mas sua vida estava pacata demais não é? Aí você resolveu estragar a nossa família!

– Você chama aquilo de família? Pelos deuses Bryan, vocês se odeiam! – gritei para ele – não consigo acreditar, que você dentre todas as pessoas, irá ficar do lado dela.

– Pelo menos ela, não tentou mata-lo! Ela veio a essa missão estúpida por amor a ele, mesmo sabendo que teria que te aguentar. Pensa Carol, pensa! Viemos por ele, não por você.

– Talvez eu e a Samantha, mas você com certeza não veio por ele – resmungou Clarisse que até agora não havia tomado partido da situação

– Fique quieta Clarisse, você não sabe de nada!

Aquilo doeu, mais do que eu imaginava que pudesse doer. Por algum motivo ninguém ali conseguia ver que eu tinha vindo mais pelo Guilherme do que por qualquer um. Eu estava sozinha, todos me detestavam ali. A Samantha saiu e foi arrumar o nosso alimento, Clarisse ficou me encarando como se esperasse uma reação. Já o Bryan simplesmente passou por mim e falou num sussurro para que só eu pudesse ouvir:

– Eu pensava que você era mais que um rosto bonitinho Carol, eu juro que pensava.

De repente a vontade de voltar para casa, deixar eles ali para se virarem me dominou. Se eu quisesse era simplesmente pedir para minha avó mandar dinheiro, pegar um avião e logo estaria em casa. Mas ai eu estaria fazendo jus ao que a Samantha havia falado, eu estaria me importando simplesmente comigo, e esquecendo do Guilherme e dos demais.

Me afastei um pouco do grupo, sentei e me dei o direito de chorar como uma criança. Pelo que eu estava chorando eu não sabia bem, talvez fosse várias coisas. Raiva da minha mãe por ter me metido nisso tudo, saudades de casa, amargura por saber que estava sozinha ali para não ter que matar outra pessoa da qual eu gostava, raiva de mim mesma por ter não saber como lidar com tudo... Estava tão atenta em numerar os motivos do choro que quase não notei Clarisse me chamando:

– Ahn, você esta bem? – ela com certeza estava desconfortável com a situação

– Você acha que estou bem?

– Olha, não sou sua colega muito menos sua amiga, e não pretendo ser.

– Isso é reconfortante. – tentei carregar essa frase com toda a ironia que pude

– Seu sarcasmo não vai ser útil sabia? Ok, eu não estou aqui porque ligo pra briguinha besta sua e da Samantha e muito menos com o Bryan, mas o Guilherme sim, ele me importa. Vim por ele, vim porque estou tentando salva-lo e por mais que eu deteste você, ficar no acampamento só me deixaria preocupada e estressada. Por isso cá estou eu tentando em vão fazer algo útil para a humanidade.

– E...

– E eu quero te ajudar, mas para você levar essa missão adiante você vai precisar mais do que somente minha ajuda. Vai precisar da Samantha e do Bryan também.

– Eu os chamei, mas se eles não querem ajudar não posso fazer nada.

–Eles querem Carol, eles realmente querem. Você pode até não acreditar, mas o Bryan e o Guilherme era muito amigos quando chegaram ao acampamento. E a Samantha apesar de tudo também gosta dele, e pra ela é mais difícil ainda quando ela sabe que o motivo do mal estar do Guilherme é ele estar apaixonado por você e...

– Ela sabe o motivo? – perguntei-a, cortando sua fala

– O acampamento todo sabe – ela disse revirando os olhos – mas continuando, ela sofreu muito com o término deles, foi complicado, os dois sofrem por isso até hoje. Depois de ver ele se apaixonar por você parece que as coisas pioraram muito, tenha calma. Mas ela se preocupa o suficiente para tentar te aguentar e ajudar ele.

– Ok, eu sei que todos vocês vieram por ele, vou tentar me acalmar e ser mais útil. Agora se me permite perguntar, por que eles terminaram? – ela parecia que não falaria, mas para me contrariar começou.

– Naquela época eles eram completamente apaixonados e...

– CLARISSE! CLARISSE! VEM AQUI POR FAVOR! É URGENTE! – ouvimos a Samantha gritar

– Mas o que..?

– Venha logo! – ela disse saindo correndo em direção ao dito acampamento

– O que foi Samantha? – cheguei perguntando e olhando ao redor para ver se via o motivo de ela ter gritado

– E-ela... saiu correndo.... ela... levou ele para.... o... outro lado... – Guilherme disse tentado tomar fôlego

– Ele quem? E onde o Bryan se meteu?

– O autômato pegou ele – ele disse assim que se recuperou

– Autômato? – perguntamos juntas

– Alguém pode dar uma mãozinha aqui? – ouvimos o Bryan gritar


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