Luz Dos Olhos escrita por Mi Freire


Capítulo 53
Recuperação


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥



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Algumas semanas depois do acidente, após um longo tempo em observação, Nicolas já estava bom o suficiente para se mudar para um quarto qualquer e normal como os outros tantos pacientes. Essa foi uma decisão tomada pela corporação de médicos e enfermeiros. O garoto é forte, saudável, resistente e lutou muito pela própria vida. Nicolas é um vencedor e se recupera rapidamente com o apoio e afeto dos amigos e familiares que estão sempre o visitando e trazendo presentes.

Nicolas olhou em volta e viu o quarto recheado de presentes, muitos do pessoal da faculdade. Nicolas recebeu tudo com carinho e gostou muito do que viu. Não imaginou ser tão querido por todos. Até um tempo atrás, antes de conhecer Melina, era só mais garoto qualquer, normal, sem muitos amigos, desajeitado e tímido. Muita coisa mudou desde que Melina surgiu em sua vida.

Ao pensar nela... Sentiu uma vontade incontrolável de vê-la.

— Deseja algo? – uma enfermeira sorridente, aparentando ser mais de idade, sem aproximou e lhe perguntou.

— Poderia me fazer à gentileza de ver se ai fora, na sala de espera, a Melina já chegou?

A enfermeira se foi e Nicolas aguardou ansiosamente.

— O quê? – Analu levantou-se, exaltadas. — Ele quer ver ela e não a mim? – Analu encarou Melina com desprezo. — Isso não é certo! Eu não posso aceitar. Eu vou vê-lo primeiro, quer você queira ou não.

Analu seguiu a enfermeira corredor adentro, batendo fortes com os pés no chão. Irada, sentindo-se contrariada pelo destino.

— Antes de entrar – enfermeira rechonchuda parou. — é importante que você não transmita sua raiva a ele. Pacientes costumam ser frágeis e sensíveis e sentem essas coisas. Não seria bom pra ele...

— Tá. Já entendi – Analu não escutou o resto. Passou pela enfermeira e entrou no quarto de Nicolas, forçando um sorriso.

Nicolas viu aquela garota desconhecida se aproximar de sua cama com um sorriso um tanto forçado. Ela é bonita, parece uma boneca, têm olhos azuis piscina perfeitos e os óculos de armação preta lhe dar um charme especial, mas ele não a conhece e não sabe o porquê dela estar ali. Ele gostaria de ver Melina e não a ela.

— Oi meu amor – ela pega sua mão e a beija. Sempre que Analu vem ver o namorado, o encontra dopado de remédios, o que acha um exagero, ou ele está desacordado.

— Oi. Mas... Quem é você? – ele sorri, fraco. — Eu não te conheço. Desculpe. Mas... Cadê a Melina?

Analu não sabe se explode de raiva ou se desconta sua raiva sobre ele. A última opção seria pouco provável, já que a enfermeira não saiu dali. Analu sabe que o melhor a fazer é ir embora dali. Não quer arranjar problemas. Ainda mais agora, que o próprio namorado não se lembra de sua existência. Logo ela que esteve sempre ao seu lado, até mesmo quando Melina não esteve. Tudo isso lhe parecia muito injusto.

— Analu, o que houve? – Renato pergunta, ao vê-la sair nervosamente em direção à porta de saída do hospital.

— Pergunte ao seu filho. – ela responde, por cima do ombro.

A enfermeira vem à busca de Melina, Nicolas insiste em vê-la a qualquer custo. Melina segue a enfermeira até o quarto. Quando entra vai correndo em direção a Nicolas que está de braços abertos a sua espera para saudá-la. Ela o abraça e chora ao mesmo tempo.

— Não chore mais! Ei, acalma-se. Olha só pra mim – Nicolas abre um largo sorriso. — Eu estou aqui. Estou bem. Vai ficar tudo bem.

~*~

Qual é o meu problema?

Não, o problema não sou eu. O problema é ela.

Ela está sempre no meu caminho. Sempre querendo levar vantagem sobre tudo e todos. Ela está sempre nos atrapalhando. Melina é egoísta e quer tudo só pra ela. Até mesmo o que já me pertence. Eu sei que ele gosta dela. Eu sempre soube só de olhar. Mas não é justo! Ele se lembrou de todos, menos de mim. Por quê? Tudo por culpa dela. Ela não desgruda dele um só quer minuto. Está sempre em cima, por todos os lados, em todas as horas e momentos. Melina é uma pedra no meu caminho. E quando se tem pedras no meio do caminho é necessário chuta-las, livrar-se delas para poder passar livremente sem que ajam obstáculos. Obstáculos são para ser vencidos, ultrapassados.

~*~

Os dois conversaram por um bom tempo. Mas Melina sabe que há mais pessoas lá fora na espera. Apenas guardando o momento delas. O tempo de visitas é curto, é preciso saber dividir. Melina encurta o rumo da conversa e decidi tomar uma atitude.

— Você promete voltar amanhã? – ele quer saber.

— Eu prometo. Eu vou voltar.

Ela beija o rosto dele e ele beija o rosto dela. Ambos sorriem um para o outro. Como seus olhos pudessem dizer algo um para o outro. Ela se levanta e sai. É a vez do próximo visitante.

— E então, como ele está? – Henrique sempre pergunta de Nicolas. Pois sabe que para Melina ele tem um significado muito importante. Isso, um dia o preocupou, o deixou enciumado, mas hoje, ele sabe que é bobagem, não tem com o que se preocupar.

— Parece ótimo! A médica disse que se ele continuar assim vai se recuperar muito depressa. – eles voltam para casa. Henrique precisa tomar um banho e ir para a faculdade.

— Pode me deixar na casa da minha mãe?

Antes de deixa-lo partir, Melina enlaça a cintura de Henrique, encosta sua cabeça no peito dele. Em silêncio, no final daquela tarde, Henrique acarinha os cabelos da namorada. Em seguida, Melina ergue o rosto e o encara melancolicamente por um tempo. Os dois sorriem e um beijo surge em seguida.

Melina tem muitos deveres da faculdade para fazer até o fim daquele dia. Mas antes, vai até o quarto de sua mãe e verifica se está tudo bem com ela. Verônica não tem tido dias bons.

— Eu liguei diversas vezes. Mas ele ainda não me atendeu!

— Mãe – Melina senta-se com ela na beira da cama e posiciona sua mão sobre o joelho de sua mãe. — onde ele está?

— No litoral, com a família. Onde mais? – Verônica responde com impaciência. Volta a discar o numero do noivo.

— Não seria melhor se você fosse até lá, mamãe? – Melina sugere. Verônica já deveria ter pensando nessa possibilidade. — Faça uma surpresa para ele! Apareça de repente, sem avisar.

— Filha! – Verônica puxa Melina para um abraço, animadoramente. — Ótima ideia! Vou providenciar a passagem e...

No quarto, Melina está terminando suas atividades. Sente-se exausta depois de mais um dia longo e cansativo. Mas o sorriso de Nicolas vem a sua mente, ela sorri consigo mesmo, e sente-se esperançosa para os próximos dias.

~*~

Ela acaba de terminar sua prova. Passou dias estudando para esse teste. É uma das matérias que tem mais dificuldade, além de não lhe dar muito bem com o professor. A ausência de Nicolas também lhe trouxe muitas dificuldades, já que ela não quer enche-lo de problemas ainda mais do que já tem. Ele sempre lhe tirava as duvidas. Dessa vez, Melina resolveu se virar sozinha. Estudou por si só e repassou oralmente todo o conteúdo para Henrique, que ao contrário de Thomaz, estava sendo um namorado muito dedicado e paciente. Sempre ao seu lado.

— Soube que ele vai sair do hospital hoje. – Ariela comenta durante o intervalo. Estão as três sentadas no refeitório, almoçando.

Daniele passa a mão na barriga roliça e sorri satisfeita. Agora mais que nunca seu bebê está ainda mais perto de nascer.

— Sim, é verdade. Nicolas se recuperou rápido. Agora já pode ir para casa. Mas não poderá fazer muitos esforços. Por isso, o pai dele, optou que ele de continuidade aos estudos em casa mesmo. Até ficar completamente bom outra vez, o que não vai demorar muito.

— E como Analu está encarando a situação do esquecimento dele? Ela deve estar muito chateada por ele não se lembrar dela.

— Analu está uma fera. Ela nem me olha. Passa por mim pelos corredores da faculdade e age como se não me conhecesse. Às vezes tenho medo que ela cometa alguma loucura. Ela acredita que a culpada pelo esquecimento de Nicolas seja eu – Melina amarra os cabelos, está com calor. Faz muito sol. — Mesmo assim, ela é persistente, acho que eu faria o mesmo no lugar dela. Ela o visita e tenta fazer ele se recordar.

— Coitadinha.

Melina voltou ao seu apartamento há pouco tempo. Sua mãe viajou para o litoral atrás de reconquistar o noivo, Jonathan. Nada mudou desde que ela voltou. Sua convivência com Ariela e Daniele sempre foi boa, mas ainda assim tem problemas com Marcela.

— Melina! – Marcela grita antes de sair. — Venha ver o que a sua cachorrinha nojenta fez no meu carpete do quarto.

É sempre a mesma história. Melina está sempre limpando o xixi de Bel no carpete. Sua cachorrinha nunca fora tão desobediente. Melina está sempre a repreendendo, mas ela parece não ter jeito. Talvez Bel sinta a mesma raiva que ela ter por Marcela. Se é que isso é possível.

Melina está ansiosa para se encontrar com Nicolas em sua casa assim que ele for liberado do hospital. Mas antes, ela precisa dar uma organizada em suas coisas. Muitas das coisas que trouxe do apartamento de Henrique que precisa recolocar no lugar.

Nem Daniele nem Ariela estão em casa. Melina ouve um movimento e Bel late. É Marcela chegando a casa depois de sua rápida saída. Elas mal se falam ou se olham. Melina já está acostumada com o comportamento da morena.

Melina está fazendo o possível para terminar sua arrumação para chegar a tempo na casa de Nicolas. Pronto! Agora falta bem pouco, mas precisa pegar uma vassoura na dispensa e recolher o lixo.

De volta ao quarto, antes ela passa de frente a porta do quarto de Ariela e Marcela. A porta está aberta e ela vê algo inusitado: Marcela abaixada com uma garrafinha nas mãos, despejando um líquido amarelado sobre o carpete no centro do cômodo.

— O que você pensa que está fazendo...? – Melina larga a vassoura no corredor e se aproxima para ter certeza se viu bem. — Ei, isso ai não é xixi, é? Ficou maluca? Eu limpo esse chão todo dia, sempre que você me pede!

Agora tudo faz sentindo! Não fora Bel que urinou todas aquelas vezes que Melina limpou o chão e o carpete. E sim, fora Marcela que despejou aquele líquido ali e culpou sua cachorrinha como se ela fosse uma criminosa. Mas por quê? Melina não conseguia entender. Mas para Marcela, fazer qualquer coisa que prejudicasse Melina, era prazeroso.

~*~

Todas as tardes, depois da aula, Melina vai até a casa de Nicolas passar à tarde com ele enquanto ele ainda está de cama. Melina dedicou-se inteiramente a cuidar dele agora que não havia mais enfermeiras. Foi uma sugestão de Renato e Nicolas e ela aceitou na mesma hora em que eles lhe fizeram a proposta.

— Eu ficaria para cuidar dele, Melina. Mas não posso! A loja e clínica precisam de mim. Fiquei muito tempo ausente. Temo perder meus clientes que tenho há anos! É doloroso pra mim, sou pai e não posso cuidar do meu próprio filho. Pensamos na mãe dele, mas Nicolas não está preparado ainda para aceita-la. A melhor pessoa seria... Você.

— Mas e a Analu? Ela não vai gostar...

— Tem razão. Ela não vai gostar e tem todo o direito de achar ruim. Mas não posso fazer nada por ela! Nicolas não se lembra dela. E ela precisa aceitar esse fato. Talvez as coisas mudem com o tempo, mas não é uma certeza. Nicolas escolheu você, Melina.

Melina passa a maior parte do tempo ao lado do seu amigo, em seu quarto, fazendo o possível para diverti-lo, para que assim o tempo passe depressa e ele se recupere de uma vez por todas. Melina só vai embora quando Renato ou Juliana chegam. Mesmo assim, é muito difícil deixa-lo. As horas passam depressa e Nicolas não quer deixa-la ir.

Há dias que eles se dedicam aos estudos. Melina tira suas duvidas com o melhor amigo e o deixa por dentro de tudo que aconteceu na faculdade na ultima temporada. Também o ajuda no conteúdo perdido, mas Nicolas é esperto e aprende tudo muito rápido, ainda mais rápido que ela. Melina se orgulha dele.

Quando não há nada de deveres, eles inventam qualquer outra coisa para passar o tempo. Ou somente conversam, jogam videogame, baralho, jogos de tabuleiros ou Melina prepara algo diferente para ele comer. Nicolas gosta de doces.

— Henrique não se importa que você fique aqui mais tempo do que fica com ele? – Nicolas pergunta, preocupado. Sente dificuldade de sentar-se sobre a cama. Não pode fazer muitos esforços e Melina o ajuda, endireitando a almofada por trás das costas.

— Ele trabalha a tarde inteira e estuda a noite. Nos vemos nos finais de semana. Além do mais, Henrique é um namorado maravilhoso! Ele está sempre ao meu lado, mesmo que não seja fisicamente.

— Vocês realmente se amam... – Nicolas desvia o olhar, endireitando a coluna. — Melina, há uma coisa me incomodando há um bom tempo. É sobre aquela garota... A de olhos azuis – ele se refere à Analu. O nome dela sempre se perde em sua mente. — Afinal, o que ela representa ou já representou na minha vida? Eu não me lembro direito...

Melina tenta explicar. Mas Nicolas não é capaz de se recordar. E ela se pergunta, porque ele se esqueceu somente de Analu e tudo que eles viveram juntos.

Com o tempo, Melina aprendeu que para certas coisas não é necessariamente preciso haver uma explicação. Como por exemplo: o som da risada de Nicolas. É algo que ela um dia temeu nunca mais poder ouvir e agora, toda vez que o ouve dar risada, sente uma alegria radiante pulsar dentro de si. A risada de Nicolas soa como melodia ao seus ouvidos. A risada dele nunca fora a mais bonita, mas agora, Melina duvide muito que alguma outra risada faça com que ela se sinta tão maravilhada quanta a risada de Nicolas.

Passar o tempo como ele é algo prazeroso. Ele a diverte, tanto quanto ela o diverte. As horas passam depressa e é difícil se notar. De uma maneira ou outra, apesar das diferenças, eles se completam. São a mistura perfeita resultando a felicidade. O tipo de felicidade que não existe se um não tiver o outro por perto. É como poder viver em outra dimensão, onde é somente permitida a entrada dos dois. Um mundinho particular que Melina e Nicolas recriaram para viverem bem e em paz, longe das maldades do mundo exterior.


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Notas finais do capítulo

É importante saber o que vocês estão achando. Estamos pertinho do fim.



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