– Mia! O que você está fazendo?! - gritou Elena fazendo a vampira novata se afastar do pescoço de Castiel e se virar na direção dela.

– Me deixa, Elena! - gritou Mia se voltando para Castiel com a intenção de finalmente morder o seu pescoço.

– Seus olhos... - observou ele intrigado.

– Desculpe... - lamentou ela dando um passo a frente.

Mas antes que Mia pudesse mordê-lo, Elena a empurrou com força e ela caiu a alguns metros deles.

É engraçado como ninguém presta muita atenção no que acontece nas boates quando se tem boa música e muita bebida. E por isso ninguém prestou muita atenção no que estava acontecendo ali. Provavelmente pensaram que era alguma briga.

Mas quando Castiel viu Mia caída no chão, ele caminhou em sua direção, porém Elena ficou entre eles e o olhou fixamente enquanto dizia:

– Ela vai ficar bem. Ela não fez nada. Os olhos dela estavam completamente normais e ela não tentou te atacar. Vocês só estavam dançando e se divertindo. Mas a noite acabou aqui. Vá pra casa, bonitão.

Sam e Dean se aproximaram e levaram o anjo, mas não sem antes verem os olhos de Mia enquanto ela levantava e olhava fixamente para Castiel. Tentou ir até ele novamente, mas Elena parou na sua frente e disse:

– Desculpe, Mia.

– Desculpe pelo quê? - não entendeu ela.

Elena olhou em volta para se certificar de que ninguém as observava e então, rapidamente e com agilidade, torceu o pescoço de Mia e a segurou para que ela não caísse no chão.

– Por isso... - lamentou Elena.

Algum tempo depois, Mia começou a abrir os olhos. A primeira coisa que viu foi os seus pés. Fechou os olhos. Sua cabeça girava e o seu pescoço doía um pouco. Abriu os olhos novamente e viu que estava sentada em uma cadeira. Tentou se mexer e cordas molhadas com verbena queimaram sua pele. Mia gemeu e olhou em volta. Começou a reconhecer o lugar. Era o porão da casa dos Salvatores. Onde sempre se prendia algum vampiro que representava ameaça. Mas ela não era uma ameaça. Por que estava ali?

Começou a lembrar da boate e se culpou por tentar atacar Castiel. Sim, definitivamente ela era uma ameaça. Graças à Deus, Elena tinha chegado a tempo. Sam e Dean também... Mas a forma como eles olharam para ela... Droga, eles tinham descoberto a verdade e agora não a deixariam em paz.

Mia ouviu alguém puxar a tranca da porta de ferro e Sam e Dean entraram.

– Desculpe, Mia. - lamentou Dean ao vê-la amarrada - Medidas de segurança.

– Nós não sabíamos como você ia acordar. - acrescentou Sam.

Mia respirou fundo e garantiu ainda um tanto zonza:

– Eu ainda sou eu. Gênios...

– Nós sabemos disso. - respondeu Sam enquanto Dean se aproximava com a garrafa térmica.

Puxou uma cadeira e sentou de frente para Mia, mas mantendo uma distância segura. Abriu a garrafa e despejou um pouco do líquido vermelho em um copo.

– A diferença é que agora você não guarda mais café aqui dentro. - disse Dean.

Mia olhou o sangue e seus olhos mudaram instantaneamente. Ficaram escuros e meio avermelhados. Dean levantou da cadeira e aproximou o copo dos seus lábios. Mia bebeu o sangue.

– Eu quero mais. - pediu ela quando terminou.

Dean colocou mais sangue no copo e o aproximou dela novamente. Mia bebeu com ímpeto. Estava com tanta fome...

Em seguida, Dean sentou na cadeira e a observou. E ela os observou de volta e sentiu-se péssima com tudo aquilo. E aquele maldito silêncio se instaurando... Eles sabiam que ela odiava aquilo. Por que não diziam nada? Ela podia ser uma vampira agora, mas continuava odiando silêncios constrangedores.

– Quando nós entramos no seu quarto e abrimos as cortinas por que você cobriu o rosto? - perguntou Dean de repente.

– Dean... - murmurou ela.

– Responda a pergunta, Mia. - ordenou ele.

– Você sabe a resposta. - insinuou ela.

– Mas eu quero ouvir de você. - pediu ele - Eu posso? Eu posso ouvir a verdade de você, Mia? Pelo menos uma vez? Nos conte a verdade. Nós ainda somos nós também. Nós vamos entender. Tudo o que você precisa fazer é dizer a verdade.

Ela olhou para os dois achando tudo aquilo desnecessário e ridículo, mas respondeu:

– Eu cobri o rosto porque a luz do Sol machuca a minha pele. Queima. Satisfeito?

– E por que não te machuca mais? - quis saber Sam - Quando nós viemos pra cá você só saía à noite, mas agora parece que isso não é mais um problema. Por quê?

Mia suspirou percebendo que aquele interrogatório ia ser longo e respondeu:

– Naquela noite que vocês me viram no almoxarifado com Jeremy, ele veio me trazer uma coisa.

– Que coisa? - interessou-se Dean.

Sam olhou para a mão de Mia e viu algo que ela usava em um dos dedos.

– Um anel. - respondeu Sam - Jeremy te entregou um anel.

– Você sabia? - indagou ela surpresa olhando para ele - Esse tempo todo você sabia sobre mim?

– Digamos que eu tinha as minhas suspeitas. - respondeu Sam - Mas quando você compeliu o Diretor da escola o obrigando a contratar o Cas, eu tive certeza.

Mia sorriu ao lembrar daquilo e confessou:

– Desculpe, mas eu não resisti. Castiel professor? Eu preciso ver isso. Eu acho até que vou me matricular no Ensino Médio de novo.

Sam observou a garota rindo e se perguntou:

– Como nós não juntamos as peças antes, Dean? Mia estava agindo de forma diferente desde que viemos pra cá. Estava mais impulsiva, com os sentimentos a flor da pele, agindo de forma inconsequente... Ela sentou no colo do Cas...

– É... Aquilo foi legal... - lembrou ela.

– Caroline disse que quando se é vampiro tudo é multiplicado. - lembrou Dean.

– Mia, você nos enganou direitinho. - admitiu Sam - Não por muito tempo, é verdade, mas eu tenho que confessar que por um momento eu pensei que estava imaginando coisas.

– Desculpe. Não foi minha intenção fazer vocês dois de idiotas. - respondeu ela achando aquilo engraçado - Mas vocês se preocupam demais comigo. Eu não tive escolha.

Dean pegou a mão de Mia e retirou o seu anel fazendo a garota parar de sorrir e ficar com certo medo.

– Deixa eu adivinhar. - continuou ele enquanto observava a jóia - Jeremy fez este anel mágico com a ajuda do fantasma da Bonnie? E com ele você e qualquer outro vampiro podem andar à luz do dia?

– Exato. - confirmou Mia.

– Você já matou alguém? - perguntou Dean.

– O quê?! - ofendeu-se ela.

– Responda a pergunta. - pediu Dean.

– Não! É claro que não! - garantiu ela - Não seja idiota...

– Você tem certeza? - duvidou ele.

– Tenho. - afirmou ela e como percebeu que eles não estavam satisfeitos, explicou - A única pessoa que eu ataquei foi a sua namorada, Sammy. Mas até onde eu sei, Meredith está viva. Eu não me alimento de pessoas... Eu não machuco ninguém. Eu uso o estoque de bolsas de sangue dos Salvatores. Eles são bem generosos, aliás.

– Você resistiu ao sangue do Jeremy quando Dean cortou o braço dele com aquela faca de prata, mas ontem à noite você não estava conseguindo resistir ao sangue do Cas. - lembrou Sam - Você ia atacá-lo, não ia?

Mia estava surpresa por Sam se lembrar de tantos detalhes. Ela devia ter imaginado que não conseguiria enganar os Winchesters por muito tempo. Então lembrou da noite anterior e de como o sangue do ex-anjo a atraiu e a fez perder o controle e admitiu:

– Sim.

– Você ia matá-lo? - perguntou Dean.

Mia pensou um pouco e afirmou:

– Não.

– Por quê? - pressionou Dean.

– Porque eu o amo. E não se pode machucar quem se ama, Dean. Mesmo que você seja uma vampira e o cara tenha um sabor interessante. Então, não, Dean. Eu não mataria Castiel, Jimmy ou quem quer que fosse aquele idiota dançando comigo ontem à noite porque eu o amo. Com ou sem memória, com ou sem sobretudo, eu amo aquele idiota, ok? - respondeu ela sentindo-se aliviada e segura de cada palavra.

Sam e Dean se olharam e após um longo momento de silêncio, que Mia odiou, Dean admitiu:

– Ok, você me convenceu.

– Ótimo... Eu passei no teste? - brincou ela lembrando da noite em que conheceu os Winchesters.

– Na verdade, eu tenho uma última pergunta. - anunciou ele.

– Oh... Por favor, Dean... Pare. - pediu ela - Me solta logo vai... Essas cordas machucam, sabia? E devolva o meu anel.

– Ah! Eu vou devolver. Desde que você responda a pergunta. - propôs ele - Quem te transformou?

– Por favor... Me solta, Dean. - pediu ela tentando fugir da pergunta - Isso já perdeu a graça.

– Foi por isso que você decidiu continuar em Mystic Falls. - prosseguiu Sam - Você disse que estava caçando alguma coisa, mas que...

– Não era da conta de vocês. - completou ela - E continua não sendo. O problema é meu. É pessoal. E eu vou resolver.

– Esse tempo todo, você estava caçando a vampira que fez isso com você. - continuou Sam - É por isso que você resolveu ficar nesta cidade, conseguir um disfarce... Você está caçando a desgraçada.

– É, e nós já entendemos que não foi Elena. - disse Dean - A questão é quem foi? Quem foi que te encontrou naquela estrada Mia? Quem fez isso com você?

– Como eu disse, isso não é problema de vocês. - desconversou ela.

– Eu quero o nome, Mia. - insistiu Dean - Quem transformou você?

Ela olhou para os dois e suspirou. Eles não iam desistir até que descobrissem aquele maldito nome. De alguma forma, eles se sentiam responsáveis por ela. E se culpavam por não terem conseguido salvá-la daquele surreal Hotel Califórnia.

– Mia... - insistiu Dean - O nome.

– Silas. - revelou ela por fim - O vampiro que me transformou se chama Silas. Satisfeitos?

Mia lembrou daquela noite na estrada quando ligou para Elena e pediu a sua ajuda. De alguma forma, Silas se adiantou e encontrou Mia antes da vampira. E se passou por Elena. Lhe deu o seu sangue e depois a matou. Por pura vingança por Elena ter usado a cura em Katherine. A cura que era a única esperança dele de reencontrar seu grande amor. E esta foi a forma que Silas encontrou para se vingar de Elena. Condenando alguém importante para ela a ter aquela mesma vida. A ser uma vampira como ela.

Se da primeira vez que Mia esteve em Mystic Falls, Silas preferiu observar tudo à distância, quando Elena recebeu a ligação de Mia há um mês, ele viu a oportunidade ideal para se vingar. E foi em frente. E mudou para sempre a vida de Mia.

Uma lágrima escorreu pelo rosto dela enquanto Sam desamarrava as cordas. Dean colocou o anel de volta em seu dedo e os três se abraçaram. Mia parou de lutar contra aquela dor que a invadia e simplesmente chorou. Sem perceber começou a soluçar. Sam acariciou os seus cabelos tentando confortá-la e Dean prometeu cheio de raiva:

– Silas, né? Parece que ele está com os dias contados...

Algum tempo depois, na sala dos Salvatore, após ouvir tudo o que Stefan, Damon, Elena, Caroline, Tyler, Meredith e Jeremy sabiam sobre Silas, Dean murmurou olhando para o irmão:

– Vampiro metamorfo? Essa é nova. Até pra gente, Sammy...

– Como vamos derrotar um vampiro que pode se passar por qualquer um? - questionou Sam.

– Parece que vamos ter que confiar um no outro, amigos. - sugeriu Damon.

– Você sabe que isso seria exatamente o que Silas diria numa horas dessas, não sabe? - indagou Dean.

– Provavelmente sim. - respondeu o vampiro - Mas não se preocupem, eu não confundiria dois caçadores babacas como vocês com um vampiro milenar. Sem ofensa.

– O que Damon está querendo dizer é que nós precisamos confiar um no outro e trabalharmos em equipe se quisermos vencer Silas. - corrigiu Stefan.

– É... Vai ser como nos velhos tempos. - lembrou Damon.

– Isso não vai dar certo... - resmungou Dean.

– Espera um pouco. Cadê a Mia? - perguntou Sam olhando em volta enquanto a garota descia as escadas.

– Onde você pensa que vai? - quis saber Dean se levantando do sofá.

– Dar seguimento ao plano. - respondeu ela se aproximando e como eles pareciam não ter entendido, ela explicou - 10 passos para seduzir um anjo desmemoriado, lembra?

– Mia, Silas está lá fora, em qualquer lugar, podendo ser qualquer pessoa. Eu acho que não é uma boa ideia continuar com o plano agora. É melhor darmos um tempo até encontrarmos uma forma de matar Silas. - alertou Sam.

– Além disso, há poucas horas você quase mordeu o Cas. - lembrou Dean - E por mais que a gente queira acreditar em você, não é tão simples assim...

– Eu tentei morder o Cas porque eu estava com fome. - justificou ela - E também porque ele é... Especial. Mas agora eu estou bem. Já me alimentei... Então, não se preocupem, ok? Vai ficar tudo bem. Além disso, é o primeiro dia dele no novo emprego... Primeiro emprego, aliás. Eu tenho que dar uma força.

– Tudo bem. Mas tome cuidado, ok? - aconselhou Sam enquanto Mia abria a porta e deixava a casa.

– O que será que ela quis dizer com "dar uma força"? - temeu Dean.