Stranger escrita por Okay


Capítulo 9
Nostalgia.


Notas iniciais do capítulo

Beijos & Boa leitura! ♕
Capítulo revisado e reescrito 16/08/2018



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  Capítulo 9 — Nostalgia.

Lucas adentrava a livraria, seu coração havia pulado para tão longe que sentia como se ele já tivesse alcançado a estratosfera. Não soube como conseguiu dizer aquelas palavras para Marcus, só sabia que ainda estava impactado pelo o que ele havia feito.

Alberto veio em sua direção e antes mesmo que dissesse algo, Lucas indagou:

— Estou atrasado?

— Não, chegou em ponto. — Afirmou, olhando em seu relógio de pulso. — Quer ajuda para registrar a sua entrada?

— Não precisa, eu mesmo faço, obrigado. — Agradeceu.

Lucas mal havia começado o dia de trabalho e já pensou que provavelmente as horas demorariam a passar. Não conseguiria se concentrar, não se esqueceria do que Marcus havia dito e principalmente, da expressão triste que dominou o rosto dele quando foi rejeitado.

Seguiu para a sala dos funcionários, indo pegar um copo d'água para tomar um remédio, para em seguida guardar a sacola da farmácia em um dos armários dali. 

Marcus respirava fundo ainda dentro do carro, preocupado com Lucas. Sabia que ele estava receoso, conhecia o jeito dele, sabia que ele não queria se entregar logo de cara, seu rapaz era mais que especial e não desistiria dele só por conta daquilo.

Decidiu descer do carro, o cheiro da cafeteria estava lhe atraindo, então assim entrou no estabelecimento e pediu dois cafés tradicionais para viagem, um sem açúcar e outro adoçado e descafeinado. Como tinham poucas pessoas na fila, não demorou muito para pegar sua compra.

Por mais que quisesse dar um tempo para Lucas respirar, entrou na livraria, sendo barrado por Alberto antes que fosse procurar o loiro entre as estantes.

— O que faz aqui logo esse horário?

— Toma aqui, é pra você. — O moreno entregou o café descafeinado para o amigo.

— Você estava procurando pelo Lucas, né?

— Como você pode achar esse tipo de coisa de mim? — Perguntou cinicamente. — Eu só vim comprar um livro.

— Nós acabamos de abrir. — Alberto rebateu. — E o menino mal chegou, deixe ele respirar um pouco.

—  Se você soubesse ao menos metade do que aconteceu, não estaria dizendo isso.

— Ih, por esse seu tom de voz, já sei que tem coisa. — O amigo riu.

— É, eu precisava mesmo falar com ele. 

— Vem cá. — Alberto caminhou para detrás de uma das estantes, onde nenhum funcionário se encontrava e também onde não estranhariam caso estivesse conversando com um cliente. — Desembucha.

— Bom, eu nem sei o que falar primeiro, para ser sincero.

— Comece do porquê de você estar com a mesma roupa de ontem, por exemplo.

— Está tão perceptível assim?

— Se você ao menos usasse o sobretudo fechado, não estaria, mas essa roupa amarrotada por baixo dele já me dá uma ideia

— Bom. — Marcus falou, fechando os botões do longo casaco.  — Você se lembra que ontem eu disse que ia conversar com o Lucas?

— Sim, claro. Vocês conseguiram finalmente falar do passado de vocês?

— Ainda não, mas eu sei que ele se lembra de mim, só sendo muito lento para não perceber isso. Apesar de ele nunca ter demonstrado algo que me desse a certeza de que ele se lembra.

— Como não conversaram disso ainda?! — Alberto se exaltou, logo olhando ao redor, vendo se alguém teria ouvido, tornando a abaixar o tom de voz. — Vocês precisam falar disso logo.

— Eu sei, eu sei. — Marcus tomou um gole de seu café. — Bom, eu dei uma carona para o Lucas ontem depois do trabalho, fomos até o apartamento dele e apesar dos pesares, conseguimos conversar um pouco.

— Como assim apesar dos pesares?

— Parecia que tudo conspirava contra essa nossa conversa, até presos no elevador nós ficamos. Para você ter uma ideia, um pouco depois disso, para ajudar, ele ficou estressado, começou a botar a culpa disso em mim e até teve crise asmática por isso.

— Crise asmática?

— É, ele tem asma. — Marcus levantou as mãos, mostrando indignação. — Eu também não sabia disso.

— Vocês dois parecem uma novela mexicana, só tenho isso a dizer. — Alberto riu baixinho.

— Bom, eu tentei acalmar ele e por incrível que pareça, porque ele consegue ser bem estressado quando quer, eu consegui. — O moreno falou, tomando mais um gole de café. — Resumindo, quando o zelador nos tirou de lá, a gente foi para o apartamento dele e mesmo com ele bravo, nós conversamos.

— Se não falaram do passado, do que falaram então?

— Nós conversamos de tudo um pouco, foi bom. Nós até jantamos juntos, bebemos um pouco e eu passei a noite lá. E não, não pense besteira porque não aconteceu nada.

— Ah, só porque eu tinha acabado de pensar em uma piada envolvendo sexo e álcool. — Alberto segurou a risada.

— Por favor, me poupe disso. — Falou, rindo com a idiotice do amigo. — Bom, o máximo que rolou foi um beijo, mas depois disso ele capotou, eu não tive coragem de ir embora, fiquei vendo-o dormir até acabar pegando no sono também. Então nós dormimos na mesma cama, mas só.

— E eu aqui achando que as minhas técnicas de sedução eram boas, você caga pra isso e cria as próprias regras no amor, como consegue?

— Não é isso. — Marcus riu. — Eu só tentei respeitar mais o espaço dele, assim como você vive me dizendo.

— Eu estou orgulhoso de você, que cavalheiro você se tornou, nem parece o mesmo cara. — Alberto admirou-se.

— E fui recompensado ainda por cima, ele me beijou não só ontem quando estava aparentemente bêbado, mas hoje de manhã também e ele até me deixou dar carona para ele até aqui.

— Ah! Verdade, agora entendi o porquê que o Lucas chegou todo vermelho aqui! Achei que ele tivesse vindo a pé e ficou cansado, mas tá explicado!

— Bom, só tem uma coisa que eu não sei se foi certa em fazer. — Marcus queixou, quase finalizando seu café.

— O quê?

— Eu falei como eu me sentia perto dele, basicamente eu me declarei. Mas ele me rejeitou. Eu entendo ele, sabe? Eu quero sim saber se ele foi sincero ou não com o que disse, mas também não quero que ele se sinta pressionado. É complicado.

— Eu entendo, mas dá um tempinho para ele refrescar as ideias por enquanto, tudo tá acontecendo rápido demais, quem sabe daqui uns dias ele já não possa te esclarecer melhor?

— Tem razão. — Marcus tomou todo o conteúdo do copo de isopor. — Enfim, agora eu tenho que ir trabalhar. Até depois.

— Até. E obrigado pelo café! — Alberto despediu-se, vendo o amigo dar as costas.

Lucas não sabia o que pensar quando viu Marcus conversando com Alberto, soube que era uma conversa pessoal pelo tom de voz que usavam, embora nada conseguisse ouvir. Não quis bisbilhotá-los, seguindo discretamente para o depósito para ficar sozinho por um momento.

Queria entender Marcus, mas ao mesmo tempo, não queria encará-lo, tinha algo nele que era a sua fraqueza. Somente olhar para ele fazia suas pernas tremerem, seu estômago todo embrulhava e queria derreter-se nos braços dele, apesar disso tudo soar mal, Lucas adorava todas essas sensações que ele lhe causava. Era nostálgico.

Abria as caixas dos livros recém-chegados, distraído ainda em seus pensamentos, querendo saber o que Marcus teria para lhe contar sobre sua vida, seu emprego, sua história, queria conhecê-lo melhor.

O fim do expediente se aproximava, mas para Lucas, era como se os ponteiros não mudassem de lugar. O loiro não sabia exatamente o que esperar, mas uma ansiedade sem explicação tomava conta de seu peito.

Sentia que Marcus viria buscá-lo naquele dia, o que fazia com que olhasse inúmeras vezes para a porta de entrada. Queria vê-lo, mas ao mesmo tempo não queria dar o braço a torcer e pedir o número dele para Alberto.

Lucas já sentia seu coração reprimido quando recolheu suas coisas e a sacola de remédios para ir embora, com as portas do estabelecimento se fechando. Não quis esperar por ele, começando a andar desoladamente pelas calçadas.

Para ajudar, estava com frio e com fome, não havia tomado o café da manhã e não tinha almoçado. Mal sabia como estava em pé, somente pensando nas sobras do jantar do dia anterior enquanto andava.

A neblina começava a pairar delicadamente nas ruas, já estava escurecendo e o frio se aprofundava de mansinho, entrando vagarosamente por baixo do fino casaco que Lucas usava. O loiro soprou as mãos, querendo que o vapor de sua boca esquentasse-as.

Enquanto andava, um carro praticamente parava ao seu lado, com uma velocidade extremamente baixa, como se o acompanhasse. O vidro se abaixou e uma voz familiar soou de dentro dele:

— Lucas?

— Oi? — O loiro parou de andar, surpreso com quem era, aliviado por não ser outro perseguidor em potencial.

— Entra aí, eu te dou uma carona. — Gustave estacionou, abrindo a porta internamente para ele. — Para onde está indo?

— Ah, não precisa se incomodar, só estou indo para casa, é aqui pertinho.

— Vem, tá frio e você tá tremendo. — Falou, carinhosamente. — Entra.

O loiro aceitou, com as bochechas queimando não só pelo frio, como também pela vergonha crescente. Sentou-se e fechou a porta, recebendo um beijo em uma de suas bochechas.

— Você está gelado. Toma isso. — O casaco dele foi posto em seu ombro.

— Não precisava, o ar quente do carro já está ligado. — Lucas desviou o olhar, constrangido.

— Só até você se aquecer, pelo menos.

— Valeu. — Sorriu, encarando-o por poucos segundos.

— Ei... Não quer ir comer alguma coisa comigo antes de ir pra sua casa?

— Não que eu não queira, mas é que eu não posso mesmo, não trouxe dinheiro algum.

— Eu ofereci, é minha obrigação pagar. — Gustave afirmou.

— Não, não se preocupa comigo, nós podemos simplesmente marcar de sair outro dia.

— É só dinheiro o problema? Se não fosse por isso você sairia comigo?

— É claro que sim. Eu só não gosto de ser pesado para ninguém.

— Então já que você aceitaria sair comigo, posso te levar em um restaurante daqui que eu gostei muito? — Gustave insistiu. — É um dos poucos que eu provei, claro, mas eu quero te levar lá.

— Eu já disse que eu não posso. — Lucas negou, em seguida derretendo-se pela expressão de filhotinho abandonado que ele esboçava.

— Por favor, aceita. Como em um encontro. — O ex lançou um sorriso carismático. — Deixa essa questão de dinheiro para outro dia, não quero que se preocupe com isso hoje. Não é apenas uma coincidência a gente ter se encontrado.

O loiro, mesmo que se sentisse um pouco desconfortável, aceitou. Precisava de uma companhia para aquela noite. Já não tinha amigos há muito tempo e seria importante ter com quem conversar.

— Tudo bem. — Lucas afirmou com a cabeça, sorrindo.

Gustave beijou a costa da mão dele em sinal de agradecimento, começando a dirigir até o estabelecimento. Queria puxar assunto durante o caminho, para que ele se abrisse mais:

— Aconteceu algo, Lu? Você tá quieto. — O ex indagou, estranhando o silêncio dele. 

— Me desculpe por parecer uma estátua, é que ainda não caiu a minha ficha, desde que a gente se encontrou na livraria não paro de pensar em como você mudou... — O loiro sorriu. — Para melhor, claro. 

— Lembrei de quando a gente era mais novo, se deixasse, passávamos a madrugada toda conversando. — Gustave riu. — Mas é verdade, você também mudou. Apesar de que mesmo parecendo mais maduro, não parece que tem a mesma idade que eu, isso é injusto.

— Não fala isso, eu não quis dizer que você envelheceu tanto. — Riu baixinho.

— Só estou brincando. — O motorista reafirmou. — E bom, como passaram seis anos, isso só me lembra que temos muito assunto para botar em dia, não é?

— Concordo totalmente.

Cerca de vinte minutos depois, estacionaram no restaurante, que já se mostrava com um bom movimento naquele horário pós comercial. Andaram para dentro do local, escolhendo uma mesa aconchegante.

Ao colocar os pés no local, Lucas não pode deixar de lembrar-se novamente de Marcus, sentindo um aperto forte no peito. Não era como se não quisesse estar ali, mas se pudesse escolher, estranhamente gostaria de estar ali com o estranho de poucos dias atrás. E o que não fazia sentido algum, era ter aquele vazio em seu peito que não sabia decifrar.

— Já tinha vindo aqui? — Gustave inquiriu.

— Não, mas é bem bonito, bem casa de vó. — O loiro elogiou o local, dando uma rápida olhada para a decoração italiana e as luzes amareladas que davam sensação de aconchego.

— Eu pensei o mesmo quando vim aqui pela primeira vez. Eu ainda visitei poucos lugares em Nova York, mas esse foi um dos restaurantes que eu mais gostei.

Um garçom deu-lhes as boas vindas, já deixando os cardápios à mesa, onde então Gustave adiantou e pediu uma bebida para ambos apreciarem enquanto escolhiam o que pediriam. Lucas agradeceu-o mais uma vez pela cortesia e pediu ajuda na hora de escolher algo do menu.  

Assim que escolheram, fizeram seu pedido e jogaram conversa fora até finalmente receberem os pratos. Uma parmegiana e uma lasanha, para Gustave e o outro para Lucas, respectivamente. No entanto, a ordem não importava, pois dividiram entre si o que comiam, como um bom casal.

Durante o jantar, Gustave explicou sua situação na cidade, contando a história da instabilidade em uma única cidade por conta das viagens do emprego, mas explicando que agora viajaria apenas pela região, dizendo como foi difícil negociar, mas que finalmente conseguiu encontrar um apartamento bom e com um preço acessível. Falou tudo empolgadamente, até parar para chamar por Lucas.

— Oi, Gus? 

— Eu tenho uma pergunta.

— Fala. — O loiro permitiu.

— Voltando ao passado, por que nós terminamos mesmo? Eu não sei a sua versão da história.

O coração de Lucas acelerou, fazendo com que ele desviasse o olhar, sentindo suas mãos começarem a suar.

— Bom, acho que nós nunca nos despedimos devidamente um do outro.

— É a mesma sensação que eu tive. E ainda tenho a sensação de que tem algo pendente.

— Pois é, foi só o nosso destino depois que aquilo aconteceu. — Lucas afirmou, enfatizando a penúltima palavra.

— Eu confesso que eu estou arrependido de não ter insistido lá atrás, não queria ter deixado você ir. — Gustavo tocou os dedos do loiro que estavam sobre a mesa.

Lucas deu um breve olhar para os lados, achando melhor recuar sua mão, deixando subentendido a sua preocupação com as carícias.

— Me desculpe. — O ex pediu. — Seria muito chato se eu te perguntasse melhor o que aconteceu com você naquela época? Eu nunca mais consegui contato. Você se fechou totalmente, eu rodeava a sua casa, ligava milhares de vezes, mas seus pais sempre atendiam e diziam que você não estava. Eu acabei desistindo depois de algumas semanas.

— Provavelmente já era tarde demais. — Lucas falou, baixinho.

— Não entendi.

— Você com certeza ficou sabendo que meus pais me expulsaram de casa. Não se lembra? — O loiro indagou, esboçando um olhar frio sobre o prato já vazio.

— Como assim, Lu?! — Teve um sobressalto. — É sério?

— Você não soube mesmo?

— Não, eu até desconfiei uma época, mas não me diziam nada! O que aconteceu com você?

— Em menos de um mês depois do que aconteceu com a gente, eu não aguentava mais apanhar e ouvir tudo e mais um pouco do meu pai. Quando eu não aguentei mais ficar quieto, eu discuti com ele e foi aí que ele demonstrou toda a vontade dele de nunca mais me ver. Além de dizer que não desejava me ter como filho.

— Credo. Isso é horrível.

— Bom, eu só sei que no calor do momento, eu arrumei as minhas coisas mais importantes e tudo o que eu consegui carregar, eu levei. Preparei tudo para sair de madrugada. Peguei todos meus documentos, até certidão de nascimento e fui embora quando ninguém estava vendo.

— Bem que na época eu ouvi alguns boatos, mas não acreditei, achei que você estava na casa de algum parente distante, ou algo assim, juro que pensei que você estava simplesmente querendo me evitar.

— Não, não foi nada isso. Mas me desculpe por nunca ter tentado entrar em contato de novo. Eu achei que todas as pessoas que eu abandonei, nunca mais iriam querer me ver de novo.

— Isso é triste demais... Eu não consigo imaginar o que você deve ter sentido. — Gus se compadeceu.

— Foi a pior época da minha vida, eu decidi tentar a vida bem longe de lá, mas foi uma péssima decisão, além de torrar toda a grana que eu tinha, me dei muito mal. 

— Você parece se culpar muito por isso. — Observou.

— É claro que sim, minha vida tomou um rumo totalmente diferente e não foi dos melhores.

— Você era adolescente, como seria prudente, Lucas? Você era jovem demais. 

— Eu sei, eu sei. — Suspirou. — Mas eu poderia ter evitado tanta coisa, imagine só se eu tivesse entrado em contato com você... Teria sido tudo diferente.

— Bom, isso é verdade, eu iria te proteger. Meus pais com certeza te deixariam ficar em casa. A gente não precisaria contar para ninguém e depois que você completasse vinte e um a gente poderia ter ido morar juntos, sei lá, ter a nossa própria vida juntos. — Gustave atropelou as palavras, parecendo estar sonhando acordado e acordando abruptamente, rindo consigo mesmo em seguida. — Me empolguei, né? 

— Não, tudo bem, eu pensei o mesmo que você. — Lucas olhou para baixo, rindo envergonhadamente mais uma vez.

Quando a conversa se tornou delicada demais para continuar, decidiram que era hora de ir. O tempo voou e eles mal repararam, então partiram após Gustave pagar a conta, como o prometido.

Lucas entrou no carro com ele, dando as instruções de quais ruas ele precisava pegar para chegar ao seu prédio. Durante o caminho, enquanto ouvia o som baixo da rádio, o loiro se sentia sonolento vendo-o dirigir, pois seu dia havia sido cheio.

Levantou a cabeça e arregalou os olhos quando viu que provavelmente tinha tirado um cochilo apoiado à janela, pois mal percebeu o caminho e viu que Gustave já estacionava em frente ao seu apartamento.

— Está entregue. — O ex-namorado afirmou, fazendo-o acordar definitivamente.

— Eu apaguei. — Lucas riu baixinho. — Me desculpe por isso.

— Não tem problema nenhum. — Gus sorriu. — Você é uma gracinha dormindo...

— Não foi difícil achar o prédio?

— Que nada, você me passou as instruções perfeitamente. — Sorriu. — Mas e então, você se divertiu?

— Sim, bastante. — O loiro garantiu.

— Vamos sair mais vezes?

— É claro que sim! — Exclamou. — Você já tem o meu número e agora já sabe onde moro. 

— É verdade, isso pode ser uma boa vantagem.

— Também acho. — Respondeu, rindo com a expressão sugestiva dele.

— Ah, Lucas... Eu estive com vontade de fazer uma coisa a noite inteira.

— Que coisa? — O loiro indagou, curioso.

Viu-o se aproximar de mansinho, deixando-o sem conseguir pensar, não impedindo quando os lábios dele tocaram os seus. A mão de Gustave parou em sua nuca, mantendo seus lábios unidos. No mesmo momento, inevitavelmente Lucas lembrou-se de como era se deixar levar pelos movimentos dele antigamente, sentindo o ritmo lento e delicioso que o ex-namorado costumava ter.

Com a ousadia que antes era comum sentir, ele continuava a tomar seus lábios. Sugava, mordia, como se manuseasse um produto que conhecia muito bem, driblava-o e o enfeitiçava, provocava, fazendo-o retornar no tempo, onde ele se sentia provando da malícia pela primeira vez.

Gustave tocou a coxa de Lucas, apertando seus dedos nela, enquanto seus lábios dançavam, pareciam com saudade um do outro. Apesar de tanto tempo, se lembravam do que cada um gostava e mesmo ambos tendo mais experiência que antigamente, a nostalgia trazia a sensação de que nada havia mudado.

O loiro queria se afastar, mas ficava impossível resistir, era ainda mais difícil evitar quando o beijo tinha sabor de adolescência.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Não saia do cap sem deixar seu oizinho por aqui!
Capítulo feito com carinho, deixe seu review, mesmo que curtinho! (◡‿◡✿)