Stranger escrita por Okay


Capítulo 10
Compromisso.


Notas iniciais do capítulo

Beijos & Boa leitura! ♕
Capítulo revisado e reescrito 30/08/2018



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  Capítulo 10 — Compromisso.

— Então, te vejo amanhã?

— Pode ser. — Lucas respondeu, balançando a cabeça afirmativamente, ainda envergonhado.

— Então se tudo der certo eu te pego lá. — Afirmou. — Te mando uma mensagem para avisar.

— Tudo bem. — Sorriu.

— Durma bem. — Deu-lhe um beijo em sua bochecha.

Pegou a sacola de remédios e desceu do carro, acenando antes de entrar no prédio. Lucas andava agora ao elevador, entrando e apertando o botão para o seu andar, tentando recuperar o fôlego. Gustave havia o surpreendido naquela noite, ele parecia realmente disposto a impressioná-lo e sentia que aquela não seria a última vez.

Queria entender o que estava acontecendo com a sua vida para depois de tanto tempo, a sua vida amorosa começar a fluir. Não se lembrava de ter desejado ao universo que isso acontecesse, porque por mais que pudesse se declarar carente, dois homens ao mesmo tempo já era coisa demais para conseguir lidar.

Não deixava agora de pensar na expressão do ex-namorado, ele sorria e agia normalmente, como se estivesse disposto a repetir o gesto sem pudor algum. Era engraçado essa coincidência com Marcus, Lucas não tinha facilidade em pensar em suas ações e sabia disso, quando via, já estava se entregando e isso era seu maior ponto fraco.

Chegou em seu andar e andou pelo corredor, rindo consigo mesmo pela sua inocência, aquela era uma coisa que precisava mudar urgentemente, precisava ser mais firme com as pessoas, já haviam abusado demais de si.

Após tomar um rápido banho, Lucas se colocou dentro de uma roupa confortável e adormeceu. Estava tão cansado e com tanto sono, que mal parecia ter dormido quando acordou com o barulho do despertador.

Olhou assustado ao redor, vendo que já era dia. Esfregou os olhos e se levantou da cama, se arrumando para trabalhar. Na cozinha, vasculhou seus armários, como se por algum milagre fosse encontrar algo diferente do que o vazio de sempre. Ao menos em sua geladeira tinha uma parte do yakisoba que havia jantado com Marcus no dia retrasado, mas não seria o café da manhã mais apropriado.

Preparou um chá extremamente doce para ir trabalhar, colocando em um copo de descartável antes de sair. Tentaria enfrentar o frio com seu casaco fino e tomando o chá durante o percurso.

O dia prosseguiu normalmente, mas Lucas teve o desprazer de receber a notícia de que Gustave ficaria até mais tarde no trabalho, não podendo assim vê-lo naquele dia. Seu peito apertou, trazendo um sentimento por ele que não imaginou antes que estivesse carregando.

Domingo, 30 de setembro de 2012.

Já fazia três dias desde que havia saído com Gustave e três dias que o maníaco pervertido com tendência a estupro e perseguição não dava as caras. Lucas apenas se perguntava por onde ele andava, nem mesmo Alberto comentava a respeito dele.

Apesar de Marcus ter lhe incomodado quando apareceu de supetão em sua vida, não queria assumir que estava sentindo a falta dele, sentindo-se mal por ter sido grosseiro, ele provavelmente não apareceria mais depois de tudo o que lhe disse.

Naquele fim de semana aproveitou para fazer o que estava adiando, trancou o seu curso na faculdade, fez os deveres domésticos e testou a sorte de seu cartão de crédito quando tentou fazer compras no supermercado.

Por sorte, tudo o que havia pego foi aceito, por pouco não atingiu seu limite. Ficava feliz em saber que no próximo mês já não teria que se abster de tanta coisa, com a despesa da faculdade a menos, conseguiria pagar o aluguel e ao menos a fatura do cartão.

Lucas lavava o pouco da louça de seu almoço quando seu celular tocou, enxugou as mãos com pressa e pegou o celular do balcão. Conforme o nome na pequena tela, era Gustave.

Acabaram combinando de se encontrar dali uma hora e Lucas aproveitou o tempo para se arrumar. Tomou um banho demorado, sabia que muito provavelmente aquele segundo encontro poderia resultar no próximo passo, então um cuidado a mais com os pelos na região íntima era o mínimo que podia fazer.

Enxugou-se e saiu do box, deparando-se com o espelho, não quis olhar para seu corpo, mas inevitavelmente encarou seu abdômen exageradamente magro, provavelmente teria perdido peso novamente, pois até os ossos de suas costelas já estavam sobressalentes. Precisava comer melhor e esperava que daquele dia em diante conseguisse.

Se trocou e se agasalhou, passando perfume e bagunçando seus cabelos levemente para o alto. Gustave lhe mandou um SMS para avisar que em pouco tempo chegaria, então tratou de pegar as últimas coisas e desceu pelo elevador.

Ficou pouco em frente ao prédio e logo viu um carro familiar estacionar perto de onde esperava. Foi até ele e a porta se abriu pelo lado de dentro, convidando-o para entrar.

— Você tá lindo. — Gustave puxou-o pela nuca, roubando um selinho.

— O mesmo pra você. — Lucas elogiou-o, dando-lhe outro beijo. — O que vamos fazer hoje? Você fez suspense quando me ligou.

— É que eu ainda não sei. — Riu bobamente. — Eu queria fazer surpresa pra você, mas sinceramente eu não sei me decidir e pensei em te perguntar o que você preferiria.

— Sobre o quê? — O loiro olhou para ele, curioso.

— Você prefere ir ao cinema ou assistir algum filme lá em casa? — Gustave indagou, envergonhado. — Ou fazer qualquer outra coisa também, pode falar.

— Entre pegar uma fila enorme pra assistir um filme e ficar sozinho com você pra fazer a mesma coisa, prefiro ficar a sós com você. — Lucas sorriu. — Só espero não estar sendo atrevido demais.

— Não, por favor, seja atrevido o quanto quiser! — Riu com ele, roubando outro beijo. — Então vamos para o meu apartamento, eu aluguei alguns filmes, aí você me ajuda a escolher.

Lucas aproveitou o caminho para admirar o bairro em que estavam entrando, não deixando de brincar com ele por ter escolhido um bairro caro para morar, apelidando-o do modo que as pessoas de bairros mais humildes chamavam os riquinhos.  

— Chegamos. — Estacionou na vaga determinada no estacionamento, descendo com ele.

— Não esqueceu o seu cachorrinho de bolsa, no carro, madame? — O loiro falou, zombeteiro.

— Não esqueci, ele está aqui do meu lado. — Gustave devolveu, recebendo um tapa leve em seu ombro.

— Qual é o seu andar? — Lucas perguntou, andando com ele para dentro do prédio.

— Oitavo. Número oitenta e dois. — Afirmou, caminhando com ele para o elevador. — Faça as honras, aperte o botão.

Lucas apertou e sorriu como uma criança, recebendo outro beijo, com os braços dele envolvendo-o pelo pescoço. Sentiu a boca dele brincando com seu lábio inferior, sugando levemente e soltando-o em seguida. Gustave abriu os olhos, ainda próximo ao rosto dele, transparecendo sua felicidade.

— É bom demais te ter comigo. — Sussurrou.

— Concordo. — O loiro falou, envergonhado.

Quando a porta se abriu no andar correto, Lucas foi arrastado para fora do elevador, sendo puxado até a porta do apartamento dele com pressa. Gustave abriu rapidamente, mal entrando e já enlaçando o corpo do loiro para grudar ao seu, fechando a porta sem desgrudar-se dos lábios dele.

Encostados à parede, seus corpos se esfregavam e nem pareciam que haviam saído de um clima frio lá fora, pois ferviam, quase suavam. Gustave sentiu que estava sendo abusado demais, afastando-se vagarosamente dos lábios dele. Em seguida fingiu que nada havia acontecido, levando-o para um pequeno tour, exibindo todo o apartamento.

— Está um pouco bagunçado ainda por causa da mudança, não sei o que fazer com a maioria das caixas, mas aos poucos eu vou me estabelecendo. — Falou, após voltarem ao ponto inicial da apresentação.

— Aqui é lindo, Gus. — Sorriu. — Você tem muito bom gosto.

— Fico lisonjeado. — Aproximou-se, abraçando-o pelo quadril. — É importante que tenha gostado, já que futuramente você vai passar boa parte do seu tempo aqui.

— Como é? — O loiro riu com o descaramento dele.

— Eu presumo que sim. — Gustave esboçou uma expressão esperançosa. — Fica comigo, Lucas.

— Eu estou com você.

— Você sabe o que eu quis dizer. — Esboçou um sorriso sugestivo. — Você quer namorar comigo?

Lucas envergonhou-se, não respondendo a pergunta, olhando para ele como se pedisse piedade com os olhos.

— Fui precipitado demais, né? — Gustave continuou.

— Não fica mal, não é como se eu não quisesse, mas eu não quero pensar em nada disso por enquanto. — O loiro tentou amenizar seu gesto.

— Bom, eu não vou te forçar a nada. — Sorriu.

— Estamos ainda no segundo encontro, foi só isso que eu quis dizer. — Lucas sorriu para ele.

— Concordo. Podemos nos divertir de qualquer forma. — O ex-namorado pegou em sua mão. — Me ajuda a escolher um filme?

Lucas foi levado ao quarto de Gustave, onde a maioria dos itens pessoais dele se encontravam, a televisão estava sobre uma cômoda, assim como o aparelho DVD, já dando a entender que assistiriam ao filme deitados na cama.

O loiro não se importou com aquilo, sendo convidado para ficar à vontade. Gustave parecia querer fazer de tudo para agradá-lo e sentia que nada seria o bastante. Havia comprado chocolates, biscoitinhos e salgadinhos, trazendo tudo para deixar no quarto para comerem enquanto assistiam, trouxe até mesmo suco e água, também informando que tinha vinho e cerveja na geladeira caso ele quisesse.

Lucas riu com a leve timidez dele, achando adorável a forma que ele agia, ficando contente por não ser o único a estar atrapalhado e sem saber o que fazer para retribuir aquele carinho. Sentou-se na cama ao lado dele, onde ambos retiravam seus sapatos para assim se enfiarem em meio as cobertas fofinhas, após terem escolhido o filme.

Apoiaram as costas na cabeceira da cama e Gustave aproveitou a abertura do filme para agarrar o ombro de Lucas, fazendo-o olhar para si, abrindo um sorriso adorável, antes de roubar mais um beijo. O loiro riu baixinho, tomando a liberdade de deitar a cabeça dele em seu ombro, sentindo-se bem por estar ali.

O filme começava de mansinho e estavam entretidos, trocando poucos comentários sobre curiosidades do enredo. Gustave não tirava os olhos da televisão, mas ao mesmo tempo, não deixava de acariciar os cabelos loiros apoiados em seu peito, não percebendo que Lucas se pegava encarando-o algumas vezes.

Em uma cena calma, onde os atores não conversavam, Gustave sussurrou o nome de Lucas, tirando a atenção dele do filme, para assim roubar os lábios dele por um curto tempo, mostrando mais uma vez o seu contentamento por ele estar ali. E nada comentou, voltando a prestar atenção ao filme, com o loiro fazendo o mesmo.

Lucas olhava para a televisão, roubando um chocolate da mesinha ao lado, mordendo e em seguida, levando um pedaço à boca de Gustave, pegando-o de surpresa, beijando os doces lábios dele, somente parando quando ele insinuou dizer algo:

— Ei, Lu. — Sussurrou.

— Fala.

— Já reparou que a gente tá parecendo adolescente de novo?

— É verdade. — O loiro riu baixinho. — Você costumava ir em casa e a gente passava horas jogando ou lendo quadrinhos no meu quarto.

— E quando ninguém olhava, a gente se pegava em cima da sua cama. — Gustave falou, em tom sugestivo.

— O duro é que sempre tinha gente em casa. — Lucas recordou-se. — Se lembra de quando você pedia pra eu trancar a porta e eu tinha receio de fechar e minha mãe perguntar porque estávamos trancados?

— Sim, você sempre foi um cagão! — Riu alto.

— É uma pena que na única vez que achamos que não tinha ninguém em casa, fomos pegos.

— Não pensa assim. — Gustave aproximou-se do rosto dele. — A gente pode recuperar o que a gente nunca teve, não acha?

O filme apenas continuava ao fundo e ambos ignoravam, trocando mais um beijo, levando seus braços para as costas um do outro, ficando mais colados que antes. Não se importavam que estariam perdendo as cenas, só trocavam carícias, carentes pelo toque um do outro.

O loiro sentiu sua perna ser puxada para o colo dele, onde não resistiu, deixando-o apalpar sua coxa enquanto sentava-se sobre o seu corpo, roubando seus lábios novamente. Se afastavam apenas por alguns segundos para trocarem olhares sorridentes, envergonhados, mas prudentes do que queriam fazer.

Ainda não sabiam o limite um do outro, mas estavam dispostos a descobrir até onde iriam.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Capítulo feito com carinho, deixe seu review, mesmo que curtinho! (◡‿◡✿)