Stranger escrita por Okay


Capítulo 8
Sentimentos.


Notas iniciais do capítulo

Beijos & Boa leitura! ♕
Capítulo revisado e reescrito 16/08/2018



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Capítulo 8 — Sentimentos. 

— Marcus! — Lucas gritou, não acreditando no que via.

— O quê?! — O homem acordou assustado, levantando a cabeça pelo susto.

— O que você tá fazendo aqui?! Já é de manhã! — Queixou-se. — Por que não foi embora ontem?!

— Você é quem me puxou para o seu quarto, não se lembra?

— Ai, droga, que dor de cabeça! 

— Você tem remédio aí?

— Não, nada. — Bufou.

— Olha, eu percebi que você tem um problema com bebida...

— Não, eu não sou de beber. — Lucas colocou a mão sobre a testa que latejava. — Foi sua culpa, você me embriagou.

— Você ter bebido mais do que aguenta não é minha culpa. — Marcus afirmou. — Mas agora acho que vou te trazer bebida mais vezes, você bebeu saquê ontem e já quis me trazer pra sua cama, imagine algo mais forte. 

— Que nojo! — Exclamou. — Eu não acredito nisso! É sério? Eu estava indefeso, bêbado!

— Calma, eu tô só brincando! Não aconteceu nada, eu só dormi do seu lado. Você está falando como se tivesse te violentado. — Marcus sentou-se na cama, calçando seus sapatos.

— Não aconteceu nada?

— Não, você capotou.

— Ufa. — Lucas jogou a cabeça no travesseiro novamente.

— Ufa? — O moreno riu da reação dele.

— É, senão eu seria obrigado a te levar na delegacia.

— Relaxa, eu não sou um maníaco pervertido com tendência a estupro e perseguição. — Marcus levantou-se, dizendo ironicamente. — Mesmo que eu tenha passado essa impressão.

— Meu Deus, ainda isso. — O loiro riu, indo para borda da cama, passando a mão no rosto, tirando as remelas de seus olhos. — Gente eu nem tomei banho ontem e vou chegar atrasado se for tomar agora.

— Se eu te levar você não vai chegar atrasado. — O homem ofereceu.

— É melhor não.

— A livraria é caminho, não vai me atrapalhar em nada.

— Vai querer alguma coisa em troca da carona? — Lucas indagou.

— Um beijo serve.

— Aff. — O loiro riu com o descaramento dele.

— É brincadeira, não precisa. Mas se quiser me beijar, fica à vontade. — Frisou.

— Você não presta mesmo. — Levantou-se, empurrando-o para fora do quarto, enquanto ele ria. — Pode ir ao banheiro primeiro enquanto eu pego as minhas coisas pra tomar banho.

Lucas riu sozinho assim que ele saiu, não acreditando que o homem estranho de dias atrás se tornaria quase como um amigo próximo. Algo naquela forma dele de agir e não ter pudor algum lhe chamava mais do que a atenção.

Pegou as peças que usaria naquela manhã, normalmente não se trocava no banheiro, mas com um tarado em sua casa, precisava se preocupar com esse tipo de coisa. Dobrou as peças e assim que ouviu a porta do banheiro se abrir, foi até lá.

— Bom dia. — Marcus sorriu. —  A proposta ainda está de pé e agora estou com um hálito melhor.

— Bom dia e não. — Negou o beijo dele.

— Espero que não se importe, eu usei a sua escova de dentes. — O moreno assumiu.

— Tá brincando, né?

— Não, não estou.

— Que nojo. — Lucas reclamou, deixando suas coisas sobre a pia.

— Eu já suguei a sua língua, qual é o problema de usar a sua escova de dentes?

— Depois eu compro outra pra mim. — O loiro riu. — Bom, eu não demoro.

— Fica tranquilo, não estou com pressa. — O homem encostou-se ao batente da porta do banheiro. — Quer que eu faça o café, alguma coisa?

— Não precisa. — Segurou na porta, indo fechá-la. — Não está querendo entrar, né?

— Bem que eu queria, pra ser sincero, mas vou te deixar em paz. — Marcus deu um passo para trás. 

Lucas fechou a porta, girando a chave e rindo baixinho. Pegou sua escova de dentes e percebeu que ela estava molhada, pensando que ela esteve dentro da boca de Marcus poucos minutos atrás.

Escovou os dentes com ela mesmo assim, não sentindo a repulsa que imaginou que teria. Olhando-se no espelho, viu seus olhos inchados e os cabelos bagunçados, só conseguindo pensar em como Marcus conseguia acordar de forma tão majestosa, mexendo com seu psicológico logo naquele horário da manhã.

Partiu para o banho e estranhamente passou por sua cabeça como seria caso tivesse deixado aquele sujeito entrar. Sabia a maneira que ele o olhava e não duvidava que ele aceitaria o convite sem nem pensar duas vezes.

Não demorou mais do que dez minutos debaixo do chuveiro, se enxugando em seguida e se trocando pelo frio, o aquecedor do apartamento já não estava dos melhores e o banheiro não era aquecido.

Penteou seus cabelos e lembrou-se do vidro de seu perfume preferido que estava guardado, raramente usava-o por receio de acabar com todo o seu conteúdo. Mas naquele dia em especial, decidiu borrifar em três lugares diferentes de seu corpo. Uma parte de si queria que Marcus notasse a fragrância.

Assim que calçou seus sapatos e ficou pronto, saiu do banheiro. Andando até o quarto para pegar um casaco, deparando-se com o homem sentado em sua cama.

— Que susto, achei que estivesse na cozinha! — Lucas falou, com a mão ao peito.

— Me desculpa. — Riu. — Aqui tá quentinho.

— É, era o que eu estava pensando agora pouco, o aquecedor daqui não está bom, ainda bem que pelo menos no quarto ainda funciona direito. — O loiro concordou.

— Não sei como você vai aguentar o inverno desse jeito.

— Já me acostumei. — Sacudiu os ombros. — Pronto. Peguei tudo.

— Podemos ir?

— Uhum.

Marcus levantou-se, andando logo atrás dele, sentindo o rastro de perfume que ele deixava. Sem conseguir se conter, tomou a liberdade de se aproximar do loiro, pegando-o em sua cintura por trás, fungando sua nuca.

— Que cheiroso... Você se perfumou todo só pra mim, é?

— Não enche. — Mordeu o lábio inferior, ainda de costas para ele, arrepiando-se com a respiração quente dele em sua pele.

— Olha pra mim. — Marcus fez que ele se virasse, olhando em seu rosto. — Eu sei que é chato do tanto que eu dou em cima de você, mas eu tenho que falar... Você é tão lindo que me deixa tonto.

— Para com isso. — Riu de vergonha, olhando para o lado, colocando as mãos em seu peito para tentar afastá-lo.

— É sério. — O moreno livrou-o de seus braços. — E você não tem noção do quanto eu estou feliz por ter me deixado passar a noite aqui, obrigado por me dar essa confiança.

— Eu não estava em sã consciência, mas tudo bem. — Lucas sorriu. — Valeu a pena.

— Valeu a pena? — Impressionou-se, erguendo as sobrancelhas.

O loiro ficou na ponta dos pés e enlaçou-o pelo pescoço, aproximando seus corpos mais uma vez, agora tomando seus lábios com vontade. Marcus não pensou duas vezes antes de abaixar seu rosto para encontrar-se com os lábios dele, não deixando de segurar com força o quadril do rapaz, não querendo que ele se afastasse.

O homem mal acreditava, pensava que talvez já teria ficado louco, era realmente difícil de acreditar. Eram seus lábios que estavam sobre os dele, eram as mãos dele que passeavam e deslizavam entre os fios de seus cabelos e era o corpo dele que estava tão próximo ao seu. 

A boca de Lucas se movimentava levemente sobre a dele, mas não como das outras vezes, dessa vez percebia que era um beijo sem remorso, lento e delicioso. Marcus se perguntava o que estaria se passando na cabeça dele naquele momento, mas no fundo não importava, contanto que ele não parasse ou não o apunhalasse pelas costas.

O moreno sentiu desejo de abrir os olhos apenas por um instante para ver qual expressão ele esboçava. E por um milésimo de segundo, o viu de olhos abertos, mas que logo foram cerrados. Com isso, subiu uma de suas mãos para sua cintura, ainda não querendo que ele se afastasse, fechando os olhos mais uma vez, se movimentando vagarosamente como ele, sobre os seus lábios.

Marcus sentiu algo úmido invadindo sua boca, mas não relutou, a língua dele entrava sem permissão, de um jeito inexplicavelmente voraz e ao mesmo tempo, delicado. Com Lucas percebendo que ele havia retribuído o gesto, fixou ainda mais suas mãos aos longos cabelos castanhos dele, como se negasse a se afastar.

Aquilo era tentador demais, o que fez com que o moreno não se contivesse e ao sentir a boca de Lucas invadir a sua mais uma vez, acabou descendo a mão pelas costas dele, indo até onde não deveria ter ido, apalpando aquela área carnuda.

O loiro não interrompeu o beijo, mas com um de seus braços, subiu a mão atrevida para o meio de suas costas novamente, deixando seu recado de que aquele não era o momento para aquilo. Marcus contentou-se com a proximidade, feliz por ele não ter se afastado por conta de seu atrevimento. 

— Eu quero você... — O moreno aproveitou o momento para sussurrar, em meio ao beijo. 

Lucas abriu os olhos, desgrudando seus lábios e encarando a expressão apaixonada dele, acordando do transe. Tirou os braços detrás do pescoço dele, dando um passo para trás.

— Fiz algo de errado? — O homem indagou, envergonhado.

— Eu vou me atrasar. — O loiro desviou o olhar para baixo, constrangido.

— Então vamos embora. — Marcus deu-lhe um beijo na testa, tirando as chaves de seu carro do bolso. — Ainda temos que passar na farmácia para comprar um analgésico pra você.

Desceram pelo elevador, o silêncio entre eles fez o homem pensar por um momento na noite anterior e se algum dia Lucas voltaria a ter alguma crise asmática. Aquilo profundamente lhe preocupava, porque nunca antes viu um ataque de tão perto.

Não era fácil ver a pessoa amada sofrendo, então quando aquilo aconteceu enquanto estavam presos no elevador, a única coisa que conseguiu pensar foi em acalmá-lo. Pouco sabia sobre asma, mas seu instinto fez com que tomasse ele em seus braços e o envolvesse, tentando amenizar seu estresse.

Chegando ao carro, Marcus ainda se incomodava pelo silêncio, pensando se talvez ele estaria arrependido pelo beijo — e que beijo. Assim que entraram, Lucas se mantinha calado, enquanto o outro não queria invadir seu espaço, ligando a rádio em uma tentativa de deixá-lo mais confortável.

— Ah, posso te fazer uma pergunta? — Marcus indagou, dando a partida no carro.

— Pode, claro.

— Você tem alguma bombinha para asma? É broncodilatador que fala, né?

— É esse o nome mesmo. — O loiro respondeu. — Mas não, não tenho. É tudo muito caro.

— Mas e se acontecer novamente? — Deduziu, saindo do estacionamento.

— Eu já aprendi a conviver com isso, fazer o quê?

O coração de Marcus se apertou, não aguentava vê-lo naquela situação. Queria tirá-lo de onde estava, levar para viver consigo e enchê-lo de mimos, mas para poder reconquistar a confiança dele tinha que ir com calma. Um dia ainda conseguiria cumprir o que prometeu-o.

Pelas ruas o moreno olhava atento procurando por um estabelecimento específico, uma simples loja de conveniência não bastaria, precisava encontrar uma farmácia. Por sorte, no bairro em que estavam não tinham poucas. 

— Olha que coincidência. — Marcus disfarçou, diminuindo a velocidade em que dirigia.

— O quê? — Lucas olhou para os lados.

— Uma farmácia. — Estacionou após manobrar. — Pode esperar aqui no carro, loirinho, eu já volto. 

— Ei, Marcus... Não precisa disso, não. — Falou, sendo ignorado por ele, que batia a porta do carro. 

Lucas não incomodou-se com o apelido daquela vez, notando o tom de voz carinhoso e ao mesmo tempo preocupado que ele demonstrava. Sem nem mesmo perceber, o tempo sozinho no carro fez com que sua mente voasse em pensamentos sobre o beijo, não conseguindo tirá-lo da cabeça. Era inconcebível a ideia de gerar qualquer tipo de sentimento, não poderia alimentar aquilo que provavelmente lhe faria mal no futuro. 

Sua dor de cabeça estava forte e por um instante agradeceu por Marcus estar comprando remédios para si, pois sabia que se dependesse de sua conta bancária, aquilo poderia lhe custar boa parte de suas refeições do mês. Ficou ainda mais feliz em vê-lo voltando poucos minutos depois. O moreno entrou no carro, deixando uma sacola sobre o colo de Lucas, vendo que ele já vasculhava o conteúdo dela. 

— Aqui não tem só analgésicos, você também comprou um broncodilatador. — O loiro falou, surpreso. 

— Foi difícil escolher o remédio para ele, eu não sabia que tinha mais que um remédio para asma, então eu escolhi o mais comum que tinha, conforme a balconista disse. — Riu baixinho. — Espero que te ajude quando precisar.

— Obrigado por isso, muito mesmo. — Sorriu. — Eu não sei quando, mas eu vou te recompensar um dia.

— Você já me recompensou. — Beijou-lhe na bochecha. 

Lucas sorriu, extremamente envergonhado, vendo-o dirigir à livraria. 

Chegaram ao destino, onde pararam no único estabelecimento com vagas naquele horário por ter estacionamento próprio, a cafeteria. 

— Obrigado pela carona e pelos remédios... Eu nem sei como te agradecer. — Lucas encarou-o.

— Não é nada. 

— Ah, pelo jantar também. Obrigado mesmo.

— Que isso. — Marcus sorriu, tocando a mão dele. — Eu faria mais mil vezes se fosse preciso...

— Você é uma graça quando quer. — O loiro brincou, olhando para os dedos dele sobre os seus. 

— Eu só falei a verdade. — Riu bobamente.

— Bom, eu ainda vou ficar te devendo tudo isso. — Lucas falou, ainda sentindo suas bochechas queimarem de vergonha. 

— Você pode me pagar aceitando ir tomar um café comigo agora. 

— Você é uma figura. — O loiro riu. — Vou te pagar saindo com você bancando tudo?

— A sua presença é o que conta. 

— Engraçadinho. — Lucas tirou o cinto de segurança. — Quem sabe outro dia? Eu já estou atrasado.

— Mas você não comeu nada hoje.

— Eu não estou com fome, é sério.

— Tudo bem, tudo bem. — Confiou no que ele dizia, ainda sentindo um aperto no peito. — Ah, eu só queria te falar uma última coisa, Lucas.

— Fala. — Indagou, prestes a abrir a porta do carro.

— Na verdade, já tem um tempo que eu queria te falar. — Marcus afirmou, tomando uma das mãos do loiro, levando-a ao seu peito e fazendo-o sentir seu coração palpitar como um louco.

— O que é? — Encarou-o, percebendo que seu coração também estava aos pulos. 

— Viu como está acelerado? — Os olhos esverdeados de Marcus lhe encararam profundamente. — Sempre fica assim quando você está por perto... Eu queria saber se por acaso, você também se sente assim quando está comigo.

— Olha... — Afastou sua mão do tórax dele. — Por mais que eu tenha gostado de passar um tempo com você, eu não quero que confunda as coisas. Eu sei que eu te beijei, mas eu não estou apaixonado e isso não vai acontecer de novo, então, sei lá. Pode parecer grosseiro, mas não me leve a mal, finja que isso nunca aconteceu, por favor. 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, não saiam do cap sem deixar um oizinho por aqui!... ♕