Stranger escrita por Okay


Capítulo 23
Declaração.


Notas iniciais do capítulo

Beijos & Boa leitura! ♕
Capítulo revisado e reescrito 11/01/2020



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Capítulo 23 — Declaração.

Lucas estava envolto em pensamentos quando passou pela porta de entrada do apartamento, pouco tinha conversado com o namorado na volta do trabalho, mas não parecia ser o único que se preocupava com algo. Gustave pegou-o pelas mãos e o levou para o sofá, parecendo derrotado ao dizer:

— Ei, eu tenho que conversar com você.

— Pode falar. — Engoliu em seco, temendo o que ele diria.

— Eu fui em três bancos hoje. — Gustave esfregou as mãos do namorado. — Nenhum deles aprovou o pedido de empréstimo e eu tentei todas as simulações possíveis, mesmo assim não consegui. Me desculpa, Lu... Eu não vou deixar de tentar, eu te prometo.

— Gus... — Derreteu-se com a expressão entristecida do namorado. — Por favor, não precisa se desculpar por isso. Você já fez muito por mim e eu te agradeço pelo seu apoio, você tem um coração enorme, sabe disso, não sabe?

— Me desculpa por ter te decepcionado. — Pressionou um lábio contra o outro para reprimir o choro.

— Ei, olha pra mim... Eu te agradeço de coração por ter tentado, não fique mal e não se desculpe por isso.

— Eu vejo você todos os dias aflito, com esse peso nas suas costas, eu só queria fazer algo pra te ajudar, pra te tirar dessa. — Gustave choramingou, com voz trêmula.

— Ei... Vai dar tudo certo, Gus. Eu sei que vai. — Sorriu fracamente, tentando não demonstrar que também estava angustiado.

Sentiu os braços do namorado subirem pelos seus ombros e mais uma vez lhe puxarem para um abraço reconfortante, onde se aconchegaram, ficando em silêncio para curtirem o conforto que davam um ao outro. 

Gustave abriu os olhos no meio da noite e antes mesmo de ver que ainda era de madrugada, percebeu que o outro lado da cama estava vazio, então conferiu o relógio e levantou-se, buscando o namorado pela casa.

— Lu? — Caminhou até ele, que estava sentado ao sofá, com todas as luzes apagadas. — O que faz aqui a essa hora? São quase três da manhã.

Lucas encarou-o com olhos inchados e arregalados, sem nada conseguir responder. O namorado então assustou-se, abraçando-o com força ao ver que ele tremia. O loiro aconchegou-se em seu abraço, como se o agradecesse silenciosamente.

— Fala pra mim, o que você tem? — Gus insistiu, acariciando seu rosto, forçando-o a encará-lo.

— E-Ele me ligou. — Respondeu, quase sem voz. — O Bob.

— O que ele disse? O que ele quer?

— Segunda... Segunda-feira. — Estremeceu. — Ele quer o dinheiro...

— Quanto ele quer? Ele disse?

— Vinte e cinco.

— Vinte e cinco mil? — Assustou-se.

— Gus, você tem que ficar longe de mim. — Lucas confessou, encarando-o com as pupilas tão dilatadas que mal podia ver o tom azul de seus olhos.

— O que está dizendo?

— Eu sou um perigo pra você. — Afirmou, ainda com os olhos arregalados, como se tivesse visto o pior dos filmes de terror.

— Não, não diga isso. — Tomou as mãos do rapaz para si. — Ei, olha pra mim.

— Eu vou me render. — Lucas sentiu a voz falhar.

— Você tá me assustando! O que foi que ele te disse?! Me fala, eu posso te ajudar! — Soltou as mãos dele para assim guiar seus dedos para os ombros do loiro, esfregando sua pele fria.

— Tenho que me entregar, pra segurança de todos. — Os lábios tremeram enquanto tentava impedir o choro de desespero.

— Ei, me escuta... Você não vai se entregar, você vai ficar comigo e eu vou te proteger, agora trate de tirar todos esses pensamentos pessimistas da cabeça! — Gustave implorou, vendo-o mergulhar em uma profunda angústia.

Lucas poderia ouvir as palavras do namorado, mas elas não faziam efeito em si, estava paralisado, mas sentia seu corpo afundando sob uma areia movediça de sentimentos que estavam embalando-o para longe dali.

Gritava por dentro, clamava por socorro, mas não se movia, nada conseguia fazer, seu coração palpitava fortemente e sua respiração ficava cada vez mais fraca, a temperatura de seu corpo todo estava descendo, cada centímetro de pele estava arrepiado e cada terminação nervosa o eletrocutava.

Se tornava difícil a busca por oxigênio, onde fazia força para respirar mais vezes em busca do ar que lhe faltava. Tentava manter os olhos fixos em algum lugar, mas não conseguia controlar os olhos que não paravam de piscar, o incômodo veio com a tosse, que ia se intensificando com o passar dos segundos, enquanto seu peito chiava.

Gustave sabia que algo muito ruim estava acontecendo e ao mesmo tempo que queria chorar, tentava não se desesperar para poder ajudá-lo, abandonando-o no sofá apenas para correr até o armário de remédios, sabia onde o namorado guardava o broncodilatador e ele não esperaria aquela crise asmática piorar para fazer algo a respeito.

Lucas viu-o retornar e precisou da ajuda dele para encaixar a bombinha em sua boca, pois suas mãos tremiam. Seu corpo todo estava gelado e molhado de suor enquanto aspirava a quantidade do remédio que pensava ser suficiente, embora sem muita consciência do que estava fazendo.

Sábado, 24 de novembro de 2012.

— Uau, você conseguiu ficar ainda mais bonita. — Alberto abriu a porta de seu apartamento, recebendo Rachel. — Vem, entra.

Ela riu envergonhada, entregando-lhe uma garrafa de vinho, dando-lhe um selinho e passando pela porta.

— Eu senti saudades. — Ela afirmou, fazendo-o sorrir como uma criança.

— Eu também... — Alberto encarou os olhos brilhantes da moça. — Nosso almoço está quase pronto. Quer vir comigo até a cozinha? Não posso sair de perto do fogão agora.

— Estou ansiosa para conhecer seus dotes culinários, você me deixou com a expectativa alta quando me disse que cozinhava. — Ela seguiu-o até a cozinha.

— Então vou me esforçar para superar suas expectativas. — Pegou um abridor de vinho na gaveta e em poucos segundos serviu duas taças.

— O que você está cozinhando? — Ela sentou-se junto ao balcão, dando um gole no vinho.

— No forno temos bife Wellington e já estou finalizando o risoto para acompanhar. — Afirmou, mexendo o arroz na panela, acrescentando mais uma concha de caldo de carne.

— Eu já ouvi falar de bife Wellington, é aquele bife chique que servem nesses restaurantes caros, né? — Ela riu.  

— Mas aqui não vai te custar nada. — Ele gargalhou. — Mas é isso mesmo, é um filé mignon coberto de duxelle de champignon e coberto por uma massa folhada, é um dos meus pratos preferidos. Daqui a pouco vou tirar do forno e aí saberemos apenas cortando se o ponto está bom.

— Estou curiosa e com fome, o cheiro tá me matando. — Voltou a dar mais um gole no vinho.

— Quer vir provar o risoto para saber se o ponto está do seu gosto?

— Eu não entendo nada de risoto, mas posso experimentar sim. — Ela levantou-se, indo até ele, onde recebeu na boca uma colherada do arroz.

— Meu Deus! — Ela fechou os olhos e tampou a boca.

— Que foi? Tava muito quente?

— Não! Isso tá esplêndido! Nem sei se eu tenho outro elogio chique para isso! — Ela afirmou, fazendo-o rir de vergonha.

— Então vou finalizar e já servir. — Ele desligou o fogo e acrescentou manteiga no risoto para dar sabor e brilho, completando com queijo ralado por cima.

— Isso me deu água na boca. — Ela elogiou. — Me fala que a gente já pode comer.

— Podemos sim, já deu o tempo da carne. — Desligou o forno.

Alberto pediu para que ela se sentasse à mesa, que já estava preparada com guardanapos e os aparadores de prato. Ele iniciou servindo uma entrada com queijos e pequenos aperitivos, para depois de alguns minutos trazer o prato principal que ela tanto aguardava.

Fez uma apresentação digna de um restaurante gourmet e encantou-a quando serviu ambos os pratos e ela elogiou-o tanto pela aparência, como pelo sabor. Serviu mais vinho para os dois e juntou-se à ela na mesa.

Quando Rachel achava que já tinha sido surpreendida demais, Alberto retira os pratos e volta com uma sobremesa delicada, com creme de confeiteiro, ganache de chocolate e morangos picados entre as camadas dos cremes. Colocou uma taça de sobremesa para cada um sobre a mesa e sentou-se novamente.

— Essa é a última vez que eu me levanto para ir à cozinha, prometo. — Ele afirmou, enquanto ela provava o doce.

— E quem disse que eu me incomodei com você indo pegar nossos pratos? Eu adorei! — Ela sorriu provando mais uma colherada. — Meu Deus, Al! Eu posso me casar com você hoje mesmo? Nunca imaginei que um dia sairia com um homem que cozinha tão bem! Não dá nem para acreditar!

— Que isso, não é nada demais... — Ele olhou para baixo, envergonhado com os elogios. — E quando quiser marcar o casamento, é só me falar que eu vou.

— Pode deixar. — Ela riu alto, antes de pegar mais um pouco da sobremesa.

Finalizaram o último prato do menu e com o resto de vinho de suas taças, foram ao sofá para conversarem.  Rachel tomou a liberdade de tirar os sapatos e sentar-se de frente para ele, com os joelhos juntos, mas com os pés para fora do sofá.

— E aí, que nota você dá para o meu almoço? De zero a dez. — Alberto pediu, dando um gole no vinho.

— Dez, dez, dez e mais dez! — Ela respondeu, roubando-lhe um selinho. — Você foi ótimo em tudo.

— Eu fico feliz que tenha gostado. — Deixou a taça de lado. — Bom, eu separei alguns DVD’s pra gente assistir, quer escolher um filme comigo ou quer fazer outra coisa?

Rachel olhou para ele e sorriu com segundas intenções.

— Oi, Lu, te acordei? — Gustave entrou no quarto, percebendo que o namorado estava com os olhos abertos, porém imóvel.

— Não, já tem um tempo que eu estou acordado.

— Como você está se sentindo?

— Bem melhor que ontem.

— Que bom, Lu! E você está com fome? Eu já almocei, mas posso preparar um lanchinho pra você.

— Não, por enquanto não quero nada. — O loiro movimentou-se, se sentando na cama. — Que horas são?

— Agora são duas da tarde, você dormiu bastante e não é para menos, estava exausto ontem.

— Sim, eu já não dormia bem há dias. — Lucas respondeu, esfregando os olhos. — Você ter ficado comigo ontem me ajudou demais, eu estava em pânico, não conseguiria controlar aquela crise se você não chegasse.

— Ainda bem que eu levantei a tempo, nunca fiquei tão feliz por ter acordado no meio da noite.

— Eu estou tão bem hoje que nem parece que eu estive no fundo do poço ontem.

— Você realmente me parece bem melhor, já não está com tanta olheira, sua pele está até reluzente. — Sorriu. — Meu Deus, como você consegue ser tão lindo?

— Para com isso. — Olhou para baixo, sempre se envergonhava com os elogios do namorado. — Eu vou escovar os dentes, já volto.

Gustave sentou-se na cama para esperá-lo, vendo-o voltar com os cabelos arrumados e sem o pijama, provavelmente por tê-lo deixado no cesto de roupas do banheiro.

— Você sabe que sempre que perambular pela casa de cueca eu vou querer agarrar a sua bunda, né? Então pode vir para cá, minhas mãos já estão coçando para te apertar.

Lucas riu e foi para cama antes mesmo de se trocar, deitando-se e sendo atacado por Gustave, que encheu-lhe de beijos enquanto levava as mãos para o traseiro dele, agarrando com vontade, fazendo-o rir cada vez mais.

Era muito bom ouvir a risada do loiro novamente, há muito tempo ele andava angustiado com os problemas e poder ver que havia conseguido livrá-lo de uma crise era mais do que recompensador e continuaria fazendo tudo ao seu alcance para fazê-lo feliz.

— Eu te amo. — Lucas manifestou-se, surpreendendo Gus.

— Lu? — O namorado interrompeu todas as brincadeiras, ficando paralisado.

— Eu te amo. — Repetiu, vendo um sorriso brotar no rosto do namorado. 

— Eu também te amo, Lu! — Abraçou-o com força, ainda deitados. — Você não sabe o quanto eu estou feliz por ouvir isso... Eu esperei tanto esse dia.

— Eu não queria dizer até que eu não tivesse plena certeza do que eu sinto, porque eu já errei tanto por me precipitar e eu não queria estragar tudo com você, Gus... Então sim, o que eu estou sentindo agora vem do fundo do meu coração, eu amo você e quero que saiba disso. — Lucas sentiu uma lágrima teimosa escorrer. — Meu coração tá batendo forte, eu sei que essa é a hora de te dizer isso, eu quero viver com você para o resto da minha vida.

— Assim você acaba comigo. — Gustave soluçou, sentindo as lágrimas virem impiedosamente.

— Olha pra mim. — Lucas afastou-se um pouco do abraço, para poder encará-lo. — Me desculpa, eu me sinto péssimo por ter demorado tanto para te dizer, mas eu queria que fosse um momento especial e que fosse de coração.

— E está sendo especial. — O namorado agarrou ambos os lados do rosto do loiro, beijando-o com força. — Não se desculpe, aconteceu do jeitinho que tinha que acontecer.

— Eu me sinto tão mais leve agora, Gus, você nasceu pra ser meu companheiro pra vida.

— Eu sinto o mesmo. 

Eles se encararam com sorrisos bobos, não se contentando com um beijo rápido. Jogando-se um contra o outro, colando seus lábios com pressa e com vontade. Acariciavam o cabelo um do outro em meio aos beijos, diminuindo o ritmo para poderem se encararem por mais um tempo, ainda sem tirarem os sorrisos de seus rostos. 

— Lu, me desculpe por perguntar isso tão de repente, mas sem segundas intenções, apenas por curiosidade... Você já pensou em se casar?

— É claro que sim, mas na época eu sabia que seria um escândalo para a minha família, como hoje eles não fazem parte da minha vida, então eu com certeza me casaria. É meu sonho. 

— Quanto a isso eu não posso reclamar, a minha família me apoiou muito, principalmente a minha mãe, inclusive, ela te adora.

— Você já contou pra ela que estamos juntos?

— Ainda não, mas pretendo. — Gustave sorriu. — Sabe por que eu estou te perguntando isso?

— Não, por quê?

— Porque você foi a primeira pessoa que eu quis me casar, Sr. Fontaine. — Assumiu. — E ainda continua sendo.

— Você foi o meu primeiro namorado, então digo o mesmo pra você. — Lucas desviou o olhar do dele, envergonhado.

— Tenho certeza que se a gente se casasse a minha mãe gastaria uma fortuna no nosso casamento e chamaria a cidade inteira.

— Ah, mas Elmira nem tem tanta gente assim. — Riu com ele.

— Bom, mas que tal deixar o assunto de casamento de lado e focar na lua de mel por enquanto? — Gustave tocou-lhe na bochecha, aproximando-o para um beijo lento.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Capítulo feito com muito carinho, deixe seu review, mesmo que curtinho! ♕