Animos Domi escrita por Chiye


Capítulo 12
Capítulo 12 - Frio


Notas iniciais do capítulo

Tô de volta, humanos.
Estava devaneando ontem de madrugada sobre algo que acho que vocês me matariam se acontecesse... Enfim, depois eu conto...
PS: Any Sparda, valeu pela ideia. Vou usar ela melhor no proximo capitulo.



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Tiveram que sair da caverna e andar bastante tempo para conseguirem achar madeira, a qual Jack afiou com o canivete, transformando-as em lanças. Amarraram as cordas que traziam de torchwood nas pontas e passaram mais um bom tempo tentando acertá-las no fim do campo de estalactites. Acabou que tinham duas cordas que passavam em diagonal com meio metro de distância das estalactites.

--Bom, lá vai. –Disse John, subindo na corda debaixo e se segurando a de cima.

As estalactites se torciam lá embaixo, como se estivessem com vontade de destrinchar mais uma perna. Mas, depois de alguns passos bastante incertos, John chegou ileso ao outro lado.

--Venham, é fácil!—Gritou para os outros.

Liz passou, tremendo da cabeça aos pés. Depois Rose e por ultimo Jack.

--Todos bem?—Perguntou John. Eles fizeram que sim com a cabeça. –Então vamos.

O chão da caverna era muito escorregadio, de modo que andavam bem devagar.

--Procurem qualquer coisa fora do normal. –Disse John. –Estamos procurando pelo portal e pela fenda.

--Estão bem mais no final da caverna. –Disse Rose. –Foi você mesmo quem disse, John.

Ele concordou, lembrando-se, mas parou subitamente e os outros três fizeram o mesmo. Vários dos pequenos seres pretos com olhos brancos estavam parados, olhando-os.

--Oh, essa não... –Disse John.

--O que são eles?—Perguntou Jack.

--Não sabemos. –Respondeu John.

--Mas eles são até bonzinhos... –Começou Liz.

--Se a minha teoria estiver certa cada segundo que passamos perto deles nos tirara um por cento de chance de vida daqui a um tempo.

--Mas... Hã?—Perguntou Rose, olhando-a confusa.

--Vamos. –Disse ele. –Andando.

Os quatro recomeçaram a andar. Um dos seres cutucou os sapatos de Jack, curioso.

--Eles não parecem perigosos. –Disse Jack. –São até bonitinhos.
--Quando saímos da caverna eu conto. –Disse John. –Será melhor.

--Mas eu não vou estar com vocês!—Argumentou Jack. –Se acharmos a fenda, eu vou ter que voltar!

--Então acho que você não vai ficar sabendo. –Disse John com simplicidade.

Jack passou um bom tempo tentando persuadir John a lhe dizer seja lá o que fosse, mas esse continuou firme em sua decisão. Até que, alguns minutos depois, Liz disse, baixinho, como se não quisesse que muita gente ouvisse.

--Não olhem agora, mas eles estão nos seguindo.

John olhou disfarçadamente por cima do ombro.

--Estão mesmo?—Sussurrou Rose ao seu lado. John acenou a cabeça quase imperceptivelmente.

--Torçam para que eles não tenham visto nada com as estalactites nem quando tentávamos socorrer Holly.

Rose tirou um pequeno espelhinho do bolso e fingiu arrumar os cabelos enquanto olhava para os seres. John espiou o espelho também. Um deles escalou a parede, John não sabia dizer como, já que a parede era lisa, e pegou uma estalactite no teto. Depois começou a morde-la, como um cone de sorvete grande e brilhante.

--Guarde o espelho ou eles podem desconfiar. –Disse Liz.

Rose o guardou. Esse talvez tenha sido um enorme erro.
Um segundo depois, John soltou um berro de dor e caiu, a mão pressionando um furo na perna.

O ser olhava curiosamente para eles, a estalactite meio ensanguentada na mãzinha. Ele avançou uma segunda vez, produzindo um som que lembrava uma gargalhada. Antes que Rose ou Liz pudessem se mexer, Jack puxou uma pistola e atirou. A criaturinha olhou-os por um momento, depois correu, e todos os outro a seguiram, desaparecendo de vista.

--Tudo bem?—Perguntou Rose, ajoelhando-se ao lado de John.

--Tudo. –Disse ele, tirando a mão a perna. Havia sangue, sim, mas nada que não pudessem dar um jeito.

Liz tirou o kit de primeiros socorros da mochila e um minuto depois tinham um curativo.

--Mas não é nada muito forte. –Explicou ela. –Temos apenas kits um. Daniel não sabia que viríamos para cá, acho que só iríamos levá-lo— E apontou para Jack. –De volta pela fenda. Então, cabelos, nada de correr ou escalar.

John concordou com a cabeça.

--Temos que continuar—Disse Rose. –Vem.

E ajudou John a se levantar. Sua perna doeu, mas ele conteve caretas e exclamações e continuou a andar com os outros.

--Isso aqui está ficando mais frio. –Comentou Jack, levantando a gola do casaco.

--Calor e frio. –Disse John, mas para si mesmo do que para os outros. –O que será que as outras cavernas têm?

--Não sei. –Comentou rose. E depois de alguns segundos: –Essa não...

O caminho se dividia em dois. Eles pararam, tentando se decidir. Qualquer caminho podia levar a fenda ou o portal. Os dois podiam estar em um caminho só, ou cada um em um.

--Vamos ter que nos separar. –Disse Jack. –Vocês tem algum equipamento de comunicação?

Liz tirou um par de walkie-talkies da mochila e entregou um à John.

--John, você vai com Rose.  –Disse Liz. –Eu vou com Jack. Vamos procurar pela fenda. Vocês dois procuram pelo portal e avisam caso encontrem-no ou a fenda. Afinal, a gente não sabe em qual caminho eles estão.

--Ok. –Disse Jack— Vamos pela direita e vocês vão pela esquerda.

--Tudo bem. –Concordou Rose.

E se separaram.
 

Meia hora depois, viram que o caminho se alargava a direita e a esquerda, de modo que não podiam ver as paredes, e voltava a largura normal depois de alguns metros. Estava realmente muito frio e os dois batiam os dentes apesar dos agasalhos.

--Acho que vai acontecer algo ruim. –Comentou John.

--Só vamos saber indo. –Disse Rose e deu alguns passos. Várias flechinhas voaram dos dois lados e só não a acertaram por que John puxou-a pela  gola do casaco.

--Vão disparar assim que pisarmos lá. –Disse ele, indicando com a cabeça o lugar onde Rose fora. Ele apanhou uma flecha no chão e a examinou. –Acho que é só sonifero. Mas voam apenas acima da cintura. Podemos usar as mochilas como escudo. Uma de frente para o outro e com as cabeças abaixadas.

E foram.  Sentiam o impacto cada vez que uma flecha acertava a mochila. Mas nenhuma acertou-os e chegaram ilesos, embora trêmulos, ao outro lado.

--Essa foi por pouco!—Exclamou Rose.

Nesse instante algo no capuz de John se mexeu e ele levou um enorme susto: Esquecera-se de Shiff. O pombo bateu as asas, de umas bicadinhas de agradecimento em sua cabeça e saiu voando, passando por cima do campo de flechas.

Continuaram andando até que Rose soltou um gritinho e olhou para John com nada mais que horror no rosto. John baixou os olhos e notou que ela havia pisado em algo que se parecia uma calda... Uma calda de um bicho que parecia um urso branco, mas que tinha vários metros e dormia em um desnível, de modo que não o tinham visto. Digo dormia, pois agora olhava para os dois, babando de raiva por ter sido acordado.

--Essa não. –Murmurava Rose, sem parar, enquanto eles avançavam de costas, bem devagar. –Essa não, essa não, essa não...

O cachorrão continuou encarando-os, até que soltou um rugido imenso e se levantou.

--CORRE!—Berrou John.

Ele e Rose desataram a correr, o enorme animal em seu encalço.
--Mais rápido!—Berrou Rose. O animal era demasiado rápido para eles.

“Alguma coisa, qualquer coisa...” Pensou John, mas nenhuma ideia genial lhe ocorreu.

O bicho abocanhou o casaco de Rose e puxou-o. A humana recuou alguns passos, mas agiu bem rápido: Girou e tirou o casaco. John agarrou sua mão e recomeçaram a correr, levando os segundos que o bicho cheirava a roupa de dianteira. Mas ele logo desenganou e voltou a perseguir os dois.

Quando John estava começando a achar que iam ser devorados, viu uma fenda na parede. Não pensou duas vezes, empurrou Rose e os dois entraram lá. O lugar era estreito e fundo. Eles foram até bem no final da fenda e ficaram olhando o enorme bicho enfiar a pata dianteira nela, tentando alcançá-los, em vão.

O coração de John batia com muita força, mas, assim que se acalmou um pouco, tomou consciência da dor na perna.

Depois de quase uma hora, o animal pareceu desistir e saiu dali. John fez um sinal para Rose ficar parada e saiu da fenda, bem devagarzinho. O bicho ia saindo dali sem ao menos olhar para trás. John ficou parado ainda uns minutos, até ele desaparecer completamente.

--Tudo bem. –Disse. –Pode sair.

Rose saiu, a boca meio aberta, olhando para o lugar onde o animal havia sumido.

--John, sua perna...

Era verdade, voltara a sangrar. Mas ele apenas deu de ombros e disse que era melhor continuarem andando.

E assim fizeram. Mas nem bem tinham dado dois passos, John sentiu algo beliscando seu pescoço e tudo escureceu...

Aquilo doeu. Primeiro um baque no vidro, quebrando-o, seguido por um baque no chão. Seu corpo inteiro doeu em meio aos cacos, a sensação de medo e raiva...

--John?!
 

Ele sentiu o revolver na mão. Claro, Wilf havia lhe dado... Ele se levantou e...

--John!—Chamou Rose. Ele se levantou, assustado, buscando ar, olhando em volta alucinado.

Estava no chão da caverna, gelado até os ossos. Rose o olhava, preocupada.

--Tudo bem?—Perguntou ela.

John não disse nada. Tremia muito e tinha certeza do que seu “sonho” significava.

--O que houve?—Perguntou Rose. Ela também tremia de frio ao seu lado.

--Eu... Acho... Foi só um sonho, Rose. –Disse ele.

--Te certeza?—Perguntou ela. –Você estava...

Mas ela não disse mais nada, nem John, tampouco. Sabia que o que tinha acabado de sonhar era o que devia estar acontecendo com seu eu senhor do tempo em outra dimensão. Mas como contar a Rose que ele estava ferido? Por que sentia, mesmo em sonho, que aquele seria o fim. Só havia uma coisa que assustava tanto aquela regeneração...

--Você está bem?—Perguntou Rose novamente.

--Estou ótimo. –Disse ele, sorrindo. –Mas... Por que eu...?

--Flecha venenosa. –Disse a loira. –Havia uma segunda área com elas, mas sem a largura extra. Nem vimos.

John se levantou. Sua perna, que ele mal sentira enquanto estava deitado, latejou horrivelmente. Rose se levantou também, tremendo de frio. E não era para menos, pensou John, ela ainda estava sem o casaco. John tirou o seu próprio e colocou sobre a humana.

--Não, John, e você?—Protestou ela.

--Eu estou bem. Não estou com tanto frio assim. –Respondeu. E era uma mentira deslavada. Mas ele embrulhou-a e a abraçou pelos ombros e recomeçaram a andar.

--Como será que estão os outros?—Perguntou John, batendo os dentes.

--Liz chamou pelo walkie-talkie enquanto você estava dormindo. –Disse Rose. –Disse que ela e Jack estão bem. Apenas algumas queimaduras, mas não me pergunte como fizeram isso.

John riu e acelerou um pouco o passo, tentando não bater os dentes, coisa que estava achando difícil.

Com o passar do tempo o lugar foi esfriando mais, muito mais. O teto da caverna foi ficando cada vez mais baixo, de modo que alguns minutos depois estavam abaixados, e algum tempo depois engatinhavam. Mas por fim chegaram ao que parecia ser uma porta de gelo. Alguns fios dourados saiam do lugar onde ficava a fechadura, formavam um emaranhado e se ligavam a um antiquado cubo mágico de madeira.

--Acho que isso aqui é uma chave. –Disse John, apanhando o cubo e se sentando(teve que curvar a cabeça, ficando bem desconfortável). –Vou ver o que acontece se eu o montar.

Ele precisou experimentar três combinações diferentes para conseguir desfazer o emaranhado de fios. Então, com um barulho de sucção, a porta se abriu e os dois passaram.

A primeira coisa que John fez foi esticar bem os braços e pernas, depois olhou em volta. Estavam em uma enorme sala circular com paredes de pedra e o teto voltara a ser estupendamente alto. E no final havia...

--O portal!—Disse Rose, apontando um grande portão que parecia feito de gelo. Alguma coisa na mochila da loira emitiu duas notas agudas. Ela tirou o walkie-talkie. –Pode falar.

--Rose, acabamos em um beco se saída. –Ouviram a voz de Jack. –Onde estão?

--Achamos o portal. –Disse ela.

--Deviam ter avisado.

--Acabamos de encontrá-lo.

--Então vamos rastrear vocês com o manipulador e segui-los, ok?

--Certo. –Respondeu ela, por fim. –Desligo.

Eles tiveram tempo apenas para trocar um olhar e Jack e Liz estavam de volta. Tinham as jaquetas um pouco chamuscadas e estavam bastante despenteados e com pequenos corte no rosto.

--Uma ventania nos pegou. –Disse ele. –Dentro da caverna. Dá para acreditar?

--Eu acredito em qualquer coisa... –Murmurou John.

--Então, vamos abri-lo!—Exclamou Liz.

Mas no segundo em que haviam se distraído conversando, vários seres pequenos, pretos com olhos brancos, haviam aparecido.  Alguns deles traziam estalactites nas mãozinhas. Outros, flechas venenosas. Alguns traziam até tochas com fogo.

--HEY!—Gritou Jack. Um dos seres havia, disfarçadamente, pego sua pistola. Agora dois deles se revezavam para vê-la.

--Acho que estamos ferrados. –Disse Liz.

--Se estamos... –Concordou John.

--Eles são muitos... –Disse Rose.

--Então vamos tentar abrir o portão e nos refugiar lá dentro. –Acrescentou Jack.

E era isso: Tinham um plano. 


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Notas finais do capítulo

Pois é, quanto ao que eu disse lá em cima... O que vocês acham que o John faria se a Rose morresse? E vice-versa?
Não que eu vá tentar fazer algo assim... Bom, depende... Mas me digam, como vocês acham que eles agiriam?



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