Desejos escrita por Vivian Sweet


Capítulo 9
Capítulo 9 - A Viagem


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos reviews que eu AMEI.Então, a viagem começou nesse capítulo. Vai ser legal, vocês acham?



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Nicolas passou o dia anterior à viagem conferindo passaportes, vistos, passagens e dinheiro. Depois resolveu dar uma olhada na bagagem da irmã. Vai atrás dela que estava no quarto.

– Com licença, Talita. – disse já entrando.

– Claro! Nem precisa pedir. – ela se levantou, jogando na cama a revista que estava lendo.

– Preciso olhar as coisas que você vai levar. Tenho que ver o que pode e o que não pode.

– Ah Nicolas! Eu só estou levando objetos pessoais!

– Mesmo assim é bom dar uma olhada! – ele olhou as malas que a irmã levava.

Eram 3 malas enormes. Demorou quase 1 hora pra ele revistar tudo. Tirando os aparelhos elétricos, que a agência avisava que não era pra serem levados, Nicolas só ficou incomodado com algumas peças que a irmã levava. Como uma blusa cujo decote ia até embaixo do umbigo. E biquínis, afinal não iriam passar uma temporada em Salvador e sim pra um lugar que não passava dos 20° nem nos dias mais quentes.

– Não abro mão da minha chapinha e das minhas roupas! Nem adianta tentar!

– ESSA blusa você não vai levar! – Nicolas falou um pouco alterado. – Espera! Aquele top estilo “Anitta”, você também pode esquecer!

– Tá bom querido, eu vou tirar da mala. - ela disse isso só pra ele largar do seu pé. – Estou superansiosa pra chegar nesse hotel! Não vejo a hora! Que horas chegaremos lá?

– Ah, também estou! Chegaremos à noite, acho que por volta das 20 horas estaremos no hotel. Bom, já tá tudo certo, os documentos estão todos guardados. Já consegui a autorização do Juizado pra você ir. Tenta não ficar até tarde na internet hoje, amanhã o dia vai ser puxado.

–Tenho certeza que vamos nos divertir muito nessa viagem. – ela sorriu.

Nicolas deu um beijo no seu rosto e saiu.

Em casa, Julie corria de um lado pro outro juntando suas coisas. Não tinha arrumado tudo com antecedência. Não podia esquecer-se de seu kit de sobrevivência ao tédio: livros, mp4 e câmera.

Abriu o guarda-roupas e foi pegando o que levaria.

Por sorte, ainda não estaria nevando. Sua maquiagem era simples. Batons vermelhos ou vinho, rímel e lápis preto. Levaria uma sombra grafite, caso quisesse carregar um pouco na maquiagem dos olhos. Celular, primeiros-socorros e perfume.

Agora só faltava Bia chegar, o que não demorou muito a acontecer. A amiga dormiria na sua casa, bom, pelo menos tentaria, já que estavam ansiosas demais. Essa noite Nicolas não iria na sua casa. Já tinham acertado tudo pra viagem.

Bia levou as coisas já todas organizadas. Levava 1 mala grande, uma média e uma pequena. Esta última só continha livros, diário de bordo e uma câmera ultramoderna.

– Seria bom sabermos um pouco mais antes de irmos pra lá, né. Mas não achei absolutamente nada na internet sobre essa cidade.

– Eu confesso que estou com um pouco de medo disso, mas vamos pensar positivo. Vai ser legal ir pra um lugar cheio de mistérios.

– É... Tomara! – Bia concordou.

Os três amigos deixaram o saguão do hotel e foram para a ala de empregados, no último andar. Eles tinham um salão onde guardavam os instrumentos da banda e cada um tinha seu quarto. De lá, tinham uma maravilhosa vista do lago. No caminho conversavam.

– Então. Hoje vamos arrasar naquele palco, hein. Quem sabe um produtor não contrata a gente. – diz Martin, animado.

– É... Quem sabe a Lisa não me dá bola... – Félix suspira com ar de conformado.

– Quem sabe as amigas da Lisa não me dão bola... – Martin dá um sorriso safado.

– E quem sabe eu fico inspirado pra me livrar da tal Juliana no segundo dia...

Daniel estava realmente incomodado com essa nova hóspede. Toda semana ele elegia sua vítima. Quem ele iria assustar mais, a ponto de deixar o hotel e seus pertences pra trás.

Mas os outros dois não estavam muito ligados no que ele tinha acabado de falar. Cada um tinha seus próprios planos em mente e continuavam o papo sem nexo.

– Mas a Lisa não vai me dar bola. Simplesmente porque a Lisa não vai nesse tipo de lugar! – Félix piorava ainda um pouco mais sua condição de admirador secreto de uma menina que jamais frequentaria a night do vilarejo. – Por que gostar de alguém tão impossível? – ele se perguntava.

Chegaram na sala de instrumentos que estava decorada num estilo que em nada lembrava o exuberante hotel. Mais parecia uma garagem, onde eles pintaram as paredes de preto e colaram tudo quanto é pôster que acharam pela frente. Quem entrava naquela sala, podia defini-la como o caos. Seria necessário horas e horas ali dentro para conseguir ver tudo. Mas era ali que se sentiam bem, e se sentiam fora daquele ar de museu que o hotel possuía. Era só entrar ali que rapidamente o rock invadia suas almas. Inclusive tiraram a roupa de empregados e vestiram algo que combinava mais com o som da banda. Mas Daniel continuava batendo na mesma tecla. O mesmo assunto até agora. Félix já tinha se arrependido de ter falado sobre a garota na semana anterior.

– Por isso – continuou Daniel – dessa vez, vou fazer com que ela acredite que tudo não passa mesmo de uma grande farsa. Que o máximo que pode assusta-la aqui é um ratinho. Vou levar esse pessoal pra conhecer os jardins e todo aquele blá, blá, blá de sempre.

– Tá. Então vê se esquece disso, pelo amor de Deus! – diz Félix, entediado.

– Mas, vai leva-los ao labirinto também? – perguntou Martin, um pouco mais atento ao que ele falava.

– Vou levar. Aliás, vou ter que ir lá botar tudo em ordem ainda hoje.

– Acho que você não devia brincar com aquilo! Pode ser perigoso! – Felix comentou em seguida, ao ouvir a palavra labirinto.

– Não tem nada demais! Aquilo sim é uma grande farsa. Mas esses gringos adoram! – ele revirou os olhos. – Quanta gente idiota! Mas, enfim. Tem seu lado interessante. – deu um sorriso de lado.

– É. Nós sabemos.

– Pois é. Todo mundo sabe. E você também sabe que tem que ter cuidado com o que você deseja lá. – Félix como sempre preocupado com as coisas.

– Isso é tudo papo-furado. O que tiver que acontecer, vai acontecer! Independente se você deseja ou não. – Daniel disse convicto.

– Sabe por que com você não dá certo? Porque você só vive debochando de tudo. É por isso!

– Ah! Grande besteira, isso sim! Sabe o que eu desejo agora? Falar com o Demétrius e rezar pra ele não me tirar do sério. Vou ter que pedir permissão pra alterar a agenda, senão ele pode vir questionar a programação e eu odeio ser questionado. – Daniel comenta, pegando um lençol na ponta e puxando com força, revelando pros amigos sua mais nova aquisição. Um órgão.

– Nossa! Mas que coisa! – Félix saltou do lugar que estava e foi olhar de perto.

– Você pretende tocar isso na banda? – Martin pergunta pra ele ...

– Óbvio que não, né! Esse órgão tocado à meia-noite deve ser uma coisa interessante de ouvir, não acham?

– N-na verdade, não. Olha... isso é sinistro. Quer ver...

Felix sabia tocar piano, então também saberia tocar aquela coisa. Já ia com seus dedos curiosos, mas Daniel tampou-o rapidamente.

– Isso faz parte da surpresa! – disse. - Agora chega de enrolação! Vou lá falar com o Demétrius.

Saiu pelos corredores, tinha que dar uma volta imensa pra chegar no setor principal do hotel. Avistou uma camareira novata saindo de um dos quartos, resolveu perguntá-la se tinha visto o chefe. Daniel tinha acesso aos dados de todos os funcionários e hóspedes, pois seu cargo era o mais importante abaixo do gerente, que era Demétrius. Então ele se lembrou da carinha da funcionária e que, no seu cadastro, ela dizia que tinha muito medo de lesmas. E então teve uma ideia. Entrou numa sala onde guardavam todo tipo de animais e objetos que as pessoas tinham medo. Só ele e seus dois amigos tinham acesso a esta sala. Sapos, ratos, baratas, aranhas, LESMAS, gafanhotos, cobras, estátuas, fotos estranhas, imagens de santos e demônios, olhos, crânios, esqueletos e uma infinidade de coisas. Foi calmamente numa prateleira e pegou algumas lesmas dentro de uma caixa de vidro.

– Psiu! Calminha... Vamos só dar um passeio no corredor. – Daniel saiu segurando as lesmas com as mãos pra trás. Foi pro lado da moça, que agora abria as cortinas e janelas do andar. Ele soltou as lesmas no chão e se escondeu. Não passou 1 minuto e ouviu-a gritar.

– Meu Deus! Misericórdia! Socorro! Alguém me ajude!

Ele sorriu, mais uma vez se sentia o máximo, por se lembrar de tudo que as pessoas que iam ali tinham pavor. Chegou perto da camareira.

– O que houve? Calma, calma...

– A-a-a-ali... e-eu te-tenho pa-v-v-or ... – ela nem conseguia pronunciar o nome do bicho.

– Ah! Vai me dizer que você tá com medo desses bichinhos inofensivos? – abaixou-se e pegou uma das lesmas do chão, indo na direção dela. Ela ameaçou desmaiar.

– NÃÃÃÃOOOO! – ela começou a amolecer.

Daniel largou a lesma e foi socorrê-la a tempo. Ela quase desmontou no chão.

– Posso te ajudar com alguma coisa?

Ela já estava se recuperando, mas quando ele olhou no fundo dos seus olhos, com aqueles doces olhos de mel. E ouviu aquela voz irresistível, ficou hipnotizada. E reparou o quanto ele era lindo, com seus cabelos cacheados de anjo. Então começou a fingir que ia desmaiar de novo.

– Socorro! Me tira de perto desses monstros nojentos! – se jogou nos braços dele.

Dani pensou que a moça tinha desmaiado de verdade, então a sacudiu de leve.

– Ei! Ei! Acorda! Já joguei fora!

Ela foi abrindo os olhos, segurou em sua nuca e lhe deu um selinho.

– Meu nome é Steffany. Prazer. – piscou pra ele. Se recompôs e saiu sorridente, olhando pra trás para admira-lo mais um pouco.

Daniel apenas riu da armação da garota. Balançou a cabeça “Essas mulheres não me dão sossego” - pensou. E foi em direção ao escritório do chefe.

Demétrius já tinha dispensado o quarteto que tanto amava-odiava. Precisava deles pra tocar seu negócio, mas às vezes isso lhe custava caro. Como agora, tinha acabado de perder um valiosíssimo colar de rubis, que foi o pagamento por eles terem espantado o casal de falsos-vampiros. Mas também saiu ganhando. Aliás, sempre saia ganhando alguma coisa. Estava em seu escritório sentado à mesa. Levantou-se com uma carteira recheada de libras quando de repente alguém bate à porta e entra sem esperar.

– Ué você aqui? – Demétrius perguntou com a cara feia.

– Que foi? Muito feliz em me ver?

– Claro....que não! Mas pra vir aqui deve ter um bom motivo.

– Sempre tenho bons motivos. Eu vim te falar que mudei um pouco a ordem dos eventos pra próxima leva de hóspedes.

– Desde que você não me dê prejuízo! Faça como quiser!

– Claro! E também preciso de algumas moedas de 1 libra.

– Ah!... Eu sabia que você vinha pedir dinheiro.

– Para de choro! Olha isso aí na sua mão. Se quiser continuar tendo essa “sorte” tem que colaborar.

– Abusado! Vou anotar cada centavo na minha agenda. Quero cada um de volta.

– Preciso de 50 libras.

– Mas tudo isso! Olha o que você vai aprontar hein! Se atrasar 1 dia vou te cobrar dobrado.

“Mercenário!” – Daniel xingava-o mentalmente. – Você não vai precisar disso. Te dou minha palavra.

Demétrius abriu um baú pequeno cheio de moedas e virou na mesa. Contou 50 libras e colocou num saco. – Toma. Ah, e amanhã quero vocês aqui impecáveis, como bom britânicos que são.

– Eu não sou britânico, só pra você não se esquecer. – Daniel deu as costas e saiu sem se despedir. Era arrogante e meio mal-educado às vezes.

Mas como Demétrius estava louco pra se livrar dele logo, nem esquentou. Assim que ficou a sós, apertou um botão e a parede girou com ele pra outro ambiente. Um cômodo secreto, onde usava como cofre e segundo quarto.

Daniel foi mais tarde em direção aos jardins, onde havia um grande labirinto vivo. O dia estava frio, cinzento e com nevoeiro baixo. Mal dava pra enxergar a mais de 1 metro. Mas ele percorreu em 2 minutos o que geralmente os turistas levavam de 30 a 40 minutos. Ele olhou se tinha coisas caídas no chão, ou folhas e flores e foi recolhendo tudo. Só os 3 funcionários tinham acesso àquela área. Mas os outros dois não gostavam muito de ir lá. Félix tinha medo de ir lá sozinho. E Martin sempre se perdia. Deu uma última olhada no local. Enfiou a mão no bolso e tirou uma moeda. Ficou pensativo... Dessa vez ele não xingou, como era seu costume, apenas jogou a moeda e foi embora levando o lixo dali.


Na madrugada seguinte, às 4 horas, Nicolas levou sua irmã ao aeroporto. Antes passou na casa de Valtinho, com quem deixaria seu carro durante os dias que estivesse fora. Julie e Bia foram para o aeroporto levadas pelo pai de Julie.

Todos se encontraram lá por volta de 4:30 h. Já havia bastante movimento no aeroporto, mesmo tão cedo. Nicolas parecia com pressa de passar pela revista. Mas ao chegar na vez de Talita...

– A Srta pode abrir sua bagagem de mão, por gentileza?

– Por que logo eu?

– Porque a luz ficou vermelha.

Talita revirou os olhos. E a funcionária começou a checar sua bagagem.

– Alicate de unha é proibido. Isqueiro também.

– Isqueiro? – Nicolas ouviu e repetiu.

– Não... p-pode jogar isso aí no lixo, nem sei porque isso tá aí!

– Espelho também não pode levar!

– Droga! Vocês são muito enjoados!

– São as normas, senhorita!

– Normas! Quem quer saber de normas! – Talita murmurou.

Finalmente entraram pra sala de embarque. Aos poucos foram chegando outras pessoas.

– Amor? Qual é o nome da empresa aérea? – Julie pergunta pra Nicolas.

– Não é em nenhuma empresa grande. Essa é uma empresa particular.

Julie arqueou um das sobrancelhas. Olhou pra porta de entrada da sala, Nicolas estava de costas pra ela. Viu quando entraram algumas pessoas e falou:

– Álvaro, Túlio, Jefferson e Fabiana. Que coincidência eles indo nesse voo, não?

– Nicolas ficou pálido. Olhou pra trás e acenou sem graça. Amor, é... eu disse que vamos conversar quando chegarmos lá. Ok?

– Sei. Vamos mesmo. – ela falou.

Eles eram amigos de longas datas e cansaram de atrapalhar o namoro dos dois com seus eventos de RPG.

Bia e Talita não se davam muito bem. Bia a achava folgada e falsa. E Talita a achava intrometida e nerd. No voo iriam 15 pessoas, mais a tripulação. Era um voo de luxo.

Sras. e Srs. Bom dia!

Meu nome é Amanda Thompson, sou um dos comissários deste voo. Em nome do Comandante Adler e da Excentric Airlines apresento as boas vindas a bordo do Dream, voo 311 com destino a Wish.

Durante a decolagem, o encosto de sua poltrona deve ser mantido na posição vertical...

...

... Obrigada por terem escolhido a Excentric Airlines e tenham uma ótima viagem.

Pontualmente às 6 horas o avião decolou. O céu estava limpo e o sol começava a surgir iluminando a cidade. Seriam 11 longas horas de voo, sem escalas.


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