Desejos escrita por Vivian Sweet


Capítulo 31
Capítulo 31 - Sempre do Seu Lado




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Daniel chegou na casa de Anne e não encontrou Julie. Ficou desesperado. Pôs as mãos na cabeça, puxando os cabelos pra trás. Olhava pra todo lado procurando uma pista.

Anne chegou atrás dele.

– Eu sabia que você viria! Eu sabia que você a ama!

– Olha o que você fez, Anne!- ele disse, muito nervoso.

Só então ela percebeu a situação.

– Calma. Eu vou ajudar a procurar. Conheço esse lugar melhor que qualquer um.

– Calma? Você quer que eu fique calmo? Você sabe muito bem o que pode acontecer! Você foi desumana, me traiu.

– Me desculpa, Dani. Eu só queria te ajudar. – ela parecia arrependida.

– Só te digo uma coisa: se acontecer alguma coisa com ela, nunca vou te perdoar.

– Eu vou encontra-la. Vou pedir ajuda. – ela saiu.

Daniel entrou na mata chamando Juliana. Ninguém respondeu. Só ouviu alguns sussurros que ele sabia que não eram dela. À medida que entrava, ficava mais preocupado, porque estava cada vez mais escuro... e frio. Sabia como isso costumava acabar.

– Juliana! Responda! – a chamava aflito.

Pela primeira vez veio à sua mente que ela podia estar morta. Podia ser tarde demais e nunca iria se perdoar se isso acontecesse.

Um pouco depois Anne apareceu e não vinha só. Junto com ela estava alguém que dessa vez podia ser visto claramente. O coronel que perambulava pelos bosques. Ele não disse uma só palavra, apenas foi andando entre as árvores, seguido pelos dois.

De repente ele viu um vulto de uma pessoa caída no chão. Ficou desnorteado e saiu correndo pra ver se era Julie. O coronel sumiu como vento.

Era Julie mesmo. Ela estava meio inconsciente, mas podia ouvir o som de passos ficando cada vez mais altos, parecendo que se aproximavam dela. Os galhos estalavam e ela viu um vulto. Abriu os olhos e pensou ter visto Daniel. Mas não tinha certeza.

Quando viu que ela estava viva, Daniel sentiu-se aliviado e se aproximou. Anne estava logo atrás dele.

Julie entrou em pânico: - Não! Ela não! Sai daqui! – se encolheu.

– Calma, tá tudo bem. Ela vai se afastar. – ele pediu pra Anne chegar pra trás.

Julie continuava assustada, não tirava os olhos dela. E tremia muito. Daniel estendeu sua mão pra ela.

– Vem comigo. – sua voz a acalmou um pouco. Mesmo relutante acabou segurando sua mão. Ao se tocarem ela perdeu o medo de que ele fosse uma alucinação. Segurou com força dessa vez e pulou no seu pescoço, se agarrando a ele.

– Schh. Calma, calma. Acabou. Eu to aqui.

Julie chorou compulsivamente, abraçada a ele até se acalmar. Depois levantou os olhos e, num gesto de gratidão, beijou-o.

Vendo aquilo, Anne percebeu o quanto tinha sido injusta com ela e ficou com remorso.

Ao se afastar de Daniel, a primeira coisa que Julie fez foi encarar Anne. Não podia expressar o quanto sentia ódio por ela agora.

– Me perdoe, Juliana.

– Anne, deixa comigo. Pode ir. – Daniel interferiu.

– E você também Daniel. Me perdoe. Eu aprendi a lição, pode ter certeza.

Julie cortou a conversa: - Ninguém sabe que eu estou aqui.

– Anne. Você pode resolver isso pra mim, não pode?

Ela faria qualquer coisa pra consertar sua falta com ele.

– Claro. Vou falar com Félix. Ah. E eu também consegui um cavalo pra você. Só seguir até a estrada... e Juliana, um dia você vai entender o que eu fiz.

Assim que ela saiu os dois se abraçaram forte. Ela afundou seu rosto no seu pescoço e suspirou fundo. Depois disse pra ele:

– Toma essa água que eu trouxe.

– Ela bebeu a água toda. - Quero ir embora desse lugar! Daniel, me ajuda.

– Eu sei, amor. – ele encostou a cabeça dela no seu peito e beijou seus cabelos, continuando abraçados. - Você pode ir embora à hora que quiser.

– Mas como vou pagar?

– No contrato de vocês já está pago o retorno.

Ela ficou revoltada. – O Nicolas nunca podia ter feito isso comigo. Como ele pode trazer a gente pra cá sabendo disso.

– Eu vou pedir um cocheiro pra vir te buscar. Você volta pro hotel ainda hoje, pensa melhor, descansa.

– Não quero voltar pro hotel! Não quero ficar sozinha!

– Vamos embora. Não vou te levar nem pro hotel, nem pra casa da Anne, mas pra minha. Passe a noite lá, amanhã você pensa melhor. Vamos porque temos que passar pela mata e está escuro.

– Não sai de perto de mim tá?

– Claro que não. Não se preocupe. Ninguém mais vai te assustar. Você está comigo.

Foram até a saída do bosque e lá subiram no cavalo, que estava preso numa árvore. Subiram e o cavalo seguiu. Julie abraçou-o com tanta força que parecia que ia quebrar seus ossos.

Depois de algum tempo chegaram na casa dele. Ela já tinha ido lá, só que da primeira vez estava muito feliz. Entraram e ele acendeu muitas velas e lampiões. Arrumou roupas e toalha pra ela e colocou água quente na banheira.

Enquanto ela tomava seu banho, ele preparou um macarrão rápido. Era a única coisa que tinha lá. Tinha um vinho também, seria bom pra esquentar. Depois que ela fez a refeição, já estava parecendo melhor.

– Obrigada. Se não fosse por você eu teria morrido.

– Não fale uma coisa dessas. Eu iria até o fim do mundo pra te encontrar.

Ela sorriu pela primeira vez naquela noite.

Eles vão pra uma sala grande, mas quase vazia. Só tinha um sofá e algumas almofadas sobre o tapete. Daniel resolve perguntar uma coisa que estava martelando na sua cabeça.

– Me responda uma coisa. Seja sincera. Por que você resolveu vir aqui?

Ela ficou desconcertada. Não queria partir seu coração. Ela tinha sido egoísta.

– Ontem eu agi muito mal. Não parei de pensar nisso. Não achei você no hotel e pensei que... eu devia vir até aqui me desculpar. – omitiu que tinha decidido ir embora pro Brasil.

– Olha. Depois de tudo isso eu descobri que não consigo ter raiva de você. Só que eu não deixaria você vir atrás de mim e se arriscar desse jeito. Mas, a propósito, onde está o seu anel?

Julie olhou pra mão e estava sem ele. Não tinha percebido até então. – Não sei, eu... acho que deixei no meu quarto.

Qualquer um podia notar pelos seus gestos que estavam atraídos. Mas complicavam tudo.

Daniel perguntou: - Julie, seja honesta. Você queria aquele beijo ou não?

Ela não queria admitir, mas tinha gostado muito mais do que podia falar.

– Não sei. Eu não sei.

– Eu sabia que você não ia me responder. Você não está sendo honesta. Olha, vou deixar você descansar e amanhã é você quem vai decidir se fica ou se sai por aquela porta. Porque no fundo eu sei sua resposta. – olhou profundamente em seus olhos.

Julie ficou calada. Se dissesse que queria ir embora estaria mentindo. Mas não podia fazer isso com o Nicolas. Se não fosse iria acontecer uma tragédia. E ela não queria esse peso em suas costas. Por isso não podia decidir nada. Ele não ia entender que ela não tinha opção.

Daniel percebeu a indecisão no seu rosto. Mas ele falava sério. Tinha que aceitar qualquer decisão. Já estava preparado pra ouvir um não.

– Desde ontem, Julie, eu fico pensando “porque” não podia dar certo. Nunca vai dar certo! – ele abaixou a cabeça

– Não fala assim. Você ainda pode ser muito feliz.

– Eu não posso. Nunca deu certo. Não vai ser agora que vai dar.

– Daniel, - segurou no braço dele – eu ainda não dei nenhuma resposta. E-eu estou confusa.

Daniel levantou os olhos. Sabia que essa seria a última oportunidade de se verem.

– Aceita uma última dança? – perguntou pra ela.

– Acho que sim... – falou

– Eu gostaria de dançar essa música com você. Ele foi num aparador, abriu uma porta e tirou um aparelho antigo à pilha e um disco de vinil. Colocou pra tocar.

Tonight is the Night (Rod Stewart)

Ele foi andando em sua direção. Seu olhar se fixou no dela.

Julie ficou nervosa. Sentiu que tudo vinha de novo, aquela sensação de não querer estar em outro lugar no mundo.

Daniel estendeu a mão e puxou-a devagar. A música começou...

“Fique longe da minha janela, fique longe da minha porta, também.”

Dançavam lentamente, ele segurando em sua cintura, girando bem devagar. Ele estava muito perto, mas mesmo assim a encarava o tempo todo. A vontade de se beijarem mal-disfarçada e a respiração ficando pesada.

Juliana não conseguia desviar seu olhar. Ele apoiou a mão em suas costas segurando-a firme. Seu olhar era apaixonado. Um pouco triste também.

Ela apoiou em seu ombro e encostou a sua cabeça, depois colocou os braços por trás da nuca dele. Não parecia ser uma despedida, mas era.

Daniel deslizava as mãos em suas costas e ela fechou os olhos. Sentia suas mãos percorrerem suas costas, passando pelos seus ombros e subindo até a nuca.

Julie suspirou. Seu corpo pedia por um beijo. Era tudo o que queria naquele momento. Eles colaram o rosto, dançando juntinho. Sentia os lábios dele bem próximos de sua orelha.

Daniel também estava louco para beijá-la. Parecia que entre eles havia uma tensão. Afastou-se dela um pouco, e segurou seu rosto.

Estavam perdidamente apaixonados, qualquer um podia ver. Nenhum outro pensamento, nada. Eram apenas os dois ali e queriam que aquele momento mágico durasse para sempre.

Como se estivesse hipnotizada ficou olhando pra ele, como se esperasse alguma coisa, como se desejasse que ele tomasse alguma iniciativa. E ele retribuía o olhar, como se estivesse especulando seus pensamentos.

– Daniel... Nós dois estamos aqui e... Existe alguma coisa que não me deixa ir embora.

“Meu Deus, que vontade de nunca deixá-la sair de perto de mim” – Julie, por que você veio?

– Eu já disse... Eu vim pra me desculpar com você...

– Eu sei que não foi só por isso. Por que tanta pressa de me pedir desculpa?

– É... Daniel, eu vim até aqui pra me despedir.

– Despedir? Você vai embora pra sempre? Já sabia que iria embora? – pela reação dela, Daniel viu que era verdade. Ele olhou triste. – Obrigado pela preocupação! Mas, você não precisava mesmo se incomodar! – disse sarcástico.

– Mas acontece que... Eu não posso fazer isso! Eu não quero ir embora! Eu quero ficar aqui, com você, porque eu te amo.

Daniel ficou sem reação. Aquelas palavras significavam muito mais do que o que ele tinha ouvido.

– Juliana. Se você se aproximar mais um pouco de mim, pode ser tarde demais. – disse sério.

– Eu não sei por que, mas eu não posso te deixar ir. E isso me assusta. O que é isso que não me deixa simplesmente ir embora?

– Significa que você não quer essa vida sem emoção. Ou que você sente algo mais por mim. Algo que ainda não descobriu.

Ele se aproximou, não pode evitar. Exatamente como na primeira vez que a viu.

Sem perceber, ela fez o mesmo. Deu um passo em sua direção. Trocavam olhares cheios de significados.

– O lugar que eu mais gostaria de estar agora é aqui. – Julie falou timidamente. – Eu quero estar onde você estiver Daniel.

Seus olhos se acenderam. Estavam sendo atraídos de forma irresistível.

Daniel acabou com a distância que ainda havia entre eles. Tocou em seu rosto levemente, mexeu em seus cabelos... Foi afundando os dedos entre eles até pararem em sua nuca.

Ela fechou os olhos e foi invadida por sentimentos que tinha tentado reprimir, por uma vontade de tornar aquele o melhor momento de sua vida.

Ele sussurrou no seu ouvido: - Acho que você quer se despedir do jeito mais difícil... – puxou seu cabelo pro lado e beijou seu pescoço. – como pretende esquecer o que existe entre a gente?

“Eu sabia que era loucura, mas era tudo que eu queria de verdade: estar com ele.” - ela pensou. Seu coração batia acelerado, eufórica. Certo ou errado no momento só conseguia se sentir feliz.

Ela fechou os olhos esperando que ele a beijasse.

“Você não sabe o que está me pedindo pra fazer, Juliana. Saber que o fogo queima e ainda assim ficar tão perto” – tentando resistir, soltou-a e deu a volta ao seu redor. “Você é como um fogo invisível, e queima.”

– É melhor não me tentar assim.

– Por que não?

– Essa não é uma boa maneira de me esquecer.

Julie o desejava naquele instante, tentava lutar contra essa vontade. “Quando chegar o momento você vai saber...” - lembrou-se do que seu pai dizia. – “É verdade...” – Ela chegou perto dele e o abraçou.

– Juliana, eu quero que você saiba de uma coisa: fiquei com muito medo de que algo ruim acontecesse com você. Foi então que eu percebi o que realmente sinto. Eu te amo.

Julie sentiu uma alegria intensa. – Eu não entendia você. Achava que estava ficando cada vez mais louco.

– Eu andava irritado, até que descobri que você não era quem eu estava pensando.

– Não entendi. Como assim?

– Ah... É uma longa história. – vou pegar mais um vinho… - Antes de vir pra cá, eu li um dos formulários e vi seu nome ‘Juliana Spinelli”. Bem, pelas coisas que você escreveu parecia que estava nos desafiando ou querendo ridicularizar o hotel. Até que ontem na festa eu descobri que não foi você que preencheu.

– Você acreditou naquele formulário? Aquilo foi uma armação! Não acredito que a Talita conseguiu ir tão longe!

– Eu sei. Mas eu acreditei. Não tinha por que não acreditar. Quer dizer, eu não via em você aquele jeito arrogante, e isso que me deixava confuso. Andei te julgando mal, sendo injusto, pensando que você era tudo o que dizia no questionário até que eu te conheci. Antes de você chegar em Wish, eu já esperava pela “Juliana Spinelli”, sem saber que era logo você. A garota que me encantou com esse jeito doce.

– Você mudou muito Daniel. Está muito diferente agora. Eu tinha medo às vezes, achava que você era louco.

– Por isso que eu te disse, o medo de te perder me fez ver as coisas de outra maneira. Então, por isso, eu não quero que role uma coisa agora e amanhã você vai embora pra sempre. Eu quero algo que dure pra sempre.

– Agora cá estou eu, no lugar mais estranho do mundo, com uma pessoa que conheci a 5 dias. E simplesmente não posso ficar sem você. E não sei por que me apaixonei justo nessa viagem! Eu devia estar feliz com meu noivado, mas agora não sei mais se quero isso.

Pelo visto a noite ia ser longa, sem perceber Juliana já tinha desistido de ir embora.

– Eu sinceramente nunca entendi muito bem essa viagem ‘romântica’. Logo pra cá? Não faz sentido.

– O que eu lembro é que ele disse que isso ia dar mais emoção pra nossa vida, que íamos curtir a viagem juntos, mas não sei se ele sabia que era assim.

– Se tem alguém que sabe tudo sobre a viagem é o Nicolas. É que quando fechamos contrato, nós explicamos tudo. E eu vi que o próprio Nicolas assinou, ele já sabia.

Julie não aceitava isso, estava muito decepcionada com Nicolas. – Ele não podia ter feito isso comigo. Ele está ficando louco.

– Quer saber o que eu acho?

– O que é?

– Vocês já não se amam bem antes de vir pra cá.

– Nós terminamos uma vez. Mas voltamos depois que ele tentou cortar os pulsos.

– Você ficou com pena e voltou com ele?

– É... Mais ou menos. Gosto dele, mas não tem mais emoção. Ele mudou. Mas agora eu sei o motivo. E é por isso que eu tenho que ir embora, pra evitar uma tragédia.

– Então é assim nossa despedida. A gente nunca mais vai se ver.

Ela o abraçou bem forte.

– Não tenho escolha Daniel. Por que você não volta pro Brasil?

– Eu não posso sair daqui. Nunca vou poder.

– Por que não? Me conta o que é tão importante que você tem pra dizer.

– Depende da sua resposta pra essa pergunta: Você me ama?

Uma onda de emoções a invadiu. – Acho que sim, Daniel. Eu disse que vinha aqui me desculpar, mas dentro de mim eu queria muito te ver. Mas depois aconteceu tudo isso e foi assustador! Eu podia ter morrido! Também tem o Nicolas. Ele está com um problema sério. Eu não posso deixar ele sozinho.

Daniel estava sentado de frente pra ela no chão. Tocou sua mão e disse:

– Você não precisa ter medo aqui, desde que você saiba com o que está lidando. E também eu não vou mais deixar você sozinha. Enquanto você estiver aqui vou te proteger. E quanto ao Nicolas eu posso te ajudar, se você quiser.

“Olhei pra ele. Era tão bom que estava ali, que me entendia” – Julie pensou .

– Eu quero te ajudar, ok? Agora eu quero que preste atenção. Quando te vi à 1ª vez, tudo que estava naquele lugar desapareceu. Só via seus olhos que brilhavam pra mim. Fui pego de surpresa. Não esperava por isso. É como se tivesse mesmo que acontecer. Nem deu tempo de reagir, você me desarmou. E tenho certeza de que naquele momento você sentiu o mesmo. Você virou minha cabeça como ninguém, desde que estou aqui. O que eu quero, Ju, é ficar perto de você o tempo todo, pra sempre. Eu quero ser feliz junto com você. Você me entende?

Julie ficou emocionada. Era tão igual ao que ela sentia. Como ia conseguir deixar pra trás o seu amor?

– Eu te amo Daniel!

– Eu também te amo muito!

Fecharam os olhos e finalmente se beijaram.


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