Desejos escrita por Vivian Sweet


Capítulo 11
Capítulo 11 - Primeira Noite em Wish


Notas iniciais do capítulo

O Castelo de Leeds é situado em Kent, Inglaterra.
Dentro da propriedade do castelo há um labirinto vivo.
Na minha fic o castelo será chamado de Hotel Castellamare.



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No caminho os olhares continuaram. Juliana nunca tinha pensado que pudesse se esquecer por um momento de que era comprometida. Mas a verdade é que ela desejava que aquele desconhecido continuasse olhando pra ela. Ele também se sentia assim. Sentia-se vulnerável e perdido, o que era raro, e não sabia que fazer. Não sabia se olhava, por causa de Nicolas. Ou se não olhava e corria o risco dela pensar que a estava ignorando. Daniel adorava quando as garotas brigavam por causa dele. Ele se divertia. Mas nunca tinha se sentido tão atraído por um olhar. Eles só tinham certeza de uma coisa: a vibração no ar atraía os dois inevitavelmente.

As carruagens se aproximavam do hotel e eles ficavam cada vez mais admirados com a grandeza e a beleza daquele lugar. Quinhentos hectares de parques e jardins. Realmente deve ter custado uma fortuna. E devia ser muito exclusivo, pois nada acharam a respeito desse tal hotel. Tudo era novidade e surpresa. Passaram por uma placa onde estava escrito. BEM-VINDOS AO HOTEL CASTELLAMARE. E logo mais embaixo estava escrito: WELCOME TO THE BLACK HOUSE. Mas não deram muita atenção àquilo, o hotel era muito mais interessante. Na mesma carruagem estavam Julie, Nicolas, Talita, Bia e Jamel. Esta se apresentou como professora de História da Arte.

Chegaram na entrada principal, onde havia uma ponte. O castelo era cercado pelas águas de um lago. Faltava atravessar o gramado e estariam no castelo. Ouviram um ruído alto, rangendo. Vinha da entrada. Olharam pra trás, a ponte estava subindo. Era uma ponte levadiça. Julie ouviu o rapaz dizer com o cocheiro: “Foi por pouco, quase não conseguimos.”

Nicolas estava ainda em transe com o lugar. Até Talita estava sorrindo. Bia parecia animada com a viagem. A professora, uma das três pessoas que Nicolas não tinha bancado a viagem, tirava fotos com uma câmera manual, antiga, com flash gigantesco. Tinha um ar de intelectual. E Julie, bem, Julie estava dividida em três. Observar todo o local, vigiar os olhares de Nicolas e olhar pra pessoa que estava tirando sua atenção das outras duas coisas. Veio uma música em sua mente “Quis evitar seus olhos, mas não pude reagir à sua aparição.”... ("não mesmo" - pensou)

Finalmente chegaram à entrada do hotel.

– Por favor, desçam. – disse Daniel sendo o mais cortês que pode. Afinal, queria impressioná-los bem para depois começar a estadia de fato. Só não estava contando com isso, que iria ficar balançado por uma das hóspedes. Abriu a porta e Julie logo se levantou e foi a primeira a sair. Ele, apesar de meio perdido, estendeu a mão pra ela se apoiar. No entanto, ao se encostarem, sentiram um arrepio, como se tivessem levado um choque ou acontecido uma ligação entre eles. Nunca tinham se visto e não conseguiam disfarçar.

– Obrigada.

– Disponha. – Daniel deu um sorriso com o canto dos lábios.

Nicolas desceu logo atrás. Olhou sério pra Daniel e disse:

– Pode deixar que agora eu ajudo as outras.

Daniel concordou e deu ordem para que alguns funcionários carregassem a mala pra dentro. Depois reuniu as pessoas para entrarem pela primeira vez no hotel.

– Senhoras e senhores, este é o Hotel Castellamare. E esta é a equipe que terá contato com vocês. Martin (ele acenou com a cabeça), Félix (ensaiou um sorriso) e nossos funcionários, que lhes darão toda atenção. Aguardem no saguão para receberem a chave dos quartos de vocês. Faremos um breve tour pelas dependências principais do hotel. Se precisarem de alguma coisa, basta procurar por um de nós.

Haviam estendido um tapete vermelho. Daniel, Félix e Martin ficaram parados na escada, dando passagem para o grupo subir.

Daniel aproveitou o momento para dar uma boa olhada em Juliana. Ele nem sabia que ela era a tão esperada Juliana Spinelli. Olhava fixamente pra ela, deixando-a sem graça. Nicolas estava mais pra trás, conversando com os amigos, que tinham lhe chamado. Talita foi ficando pra trás também, queria ficar perto dele. Bia percebeu que o moço olhava Julie de um jeito exagerado.

– Julie, – cochichou – você viu esse cara, tá te comendo com os olhos!

Ela corou. Sabia que era verdade. E o pior: ela estava gostando. Mas não queria dar bandeira.

– Eu sei. Nunca fiquei tão sem graça na minha vida. – disse isso, mas se esqueceu de um detalhe. Bia a conhecia bem e estava vendo um sorriso disfarçado nos lábios da amiga.

– Ele é lindo! Você tem bom-gosto viu, amiga. – caçoou dela.

– Para com isso! O Nicolas não pode nem sonhar com uma coisa dessas.

Elas olharam pra trás, conversando sobre ele. Deram de cara com ele olhando. Juliana sentiu aquele olhar queimar a sua pele. Rapidamente a duas se viraram, dando uma risadinha. Daniel percebeu que elas falavam dele e retribuiu com um sorriso.

Ele estava fascinado. Reparou muito bem na garota. Seu rosto delicado, a boca perfeita, um olhar intenso, parecia frágil e muito doce. Admitiu que ficou balançado, mas teria que botar os pés no chão. Não queria se apegar a ninguém e ela era comprometida.

Nicolas subiu conversando, enquanto Talita esperava que ele a acompanhasse. Mas ele estava tão entretido que passou direto por ela. Ela se sentiu ofendida. Ficou possessa. Nunca admitiu alguém ignora-la. Pra ficar pior, quem vinha por último era Mano. Ele sacou na hora o que tinha acontecido. Passou por ela e disse: - Parte pra outra!

Talita falou entre os dentes: - Ninguém te perguntou nada! – olhando furiosa pra ele. Então gritou: - Nicolas! – em tom autoritário.

Nicolas olhou pra trás na mesma hora. Então se deu conta do que fez. Voltou as escadas pra falar com ela.

– Por que passou por mim e não parou? Por acaso agora eu fiquei invisível? – ela gritou com a voz estridente.

– Me desculpa. Eu não te vi. Eu estava distraído!

– Ah! Claro! É simples fazer você me dar atenção! É só gritar: - Eu sou Juliana Spinelli!!!

Todos olharam pra ela. E aquilo foi direto no ouvido de Daniel. Ele até fechou os olhos com a voz insuportável da garota. Depois a olhou de cima embaixo. “Mas não é que ela é insuportável mesmo! Não vejo a hora de mostrar pra essa garota com quem ela está brincando!”. – ele pensou.

Martin e Felix olharam pra Daniel na mesma hora.

– É ela? A garota? A Juliana? – Martin pergunta pros dois.

– Você não ouviu? – Daniel fala com sarcasmo.

– Impossível não ouvir. – Félix diz com cara de tristeza.

“Ela é insuportável!” – Daniel concluiu pensativo.

Pararam no saguão. Débora estava na recepção. Assim que todos subiram ela começou a falar (e como gostava de falar!)

– Olá! Meu nome é Débora e sejam bem-vindos ao Hotel Castellamare. Como podem perceber, não há iluminação em nosso hotel. Motivo pelo qual também é conhecido como The Black House. A energia elétrica aqui está restrita aos banheiros e à sala de cinema. Nada mais. Não há tomadas, nem interruptores. Vocês serão levados agora à ala de quartos e ficarão distribuídos conforme o formulário que preencheram antes da vinda. Tudo aqui é organizado de modo a fazermos o possível e o impossível para atendermos a todos os desejos de vocês.

Outra coisa muito importante é sobre a travessia do lago. Preciso informar que a ponte levadiça só é baixada 30 minutos antes das 6 da manhã, do meio-dia, das 6 da tarde e da meia-noite. E depois de 30 minutos é elevada de novo. Portanto tenham cuidado, pois estes horários não serão alterados em nenhuma hipótese.

Um funcionário entrou apressado chamando Daniel.

– Sr. Daniel, precisam do senhor com urgência lá na entrada, na ponte.

Daniel pediu licença e foi ver o que estava acontecendo. O funcionário foi explicando no caminho.

– É que chegou outro grupo e eles estão lá do outro lado da ponte, falando um monte de coisas e eu não to entendendo nada.

Daniel revirou os olhos “espero que não seja furada”. Ao chegar perto, lembrou-se que o grupo que vinha era de 15 japoneses. E o problema é que a ponte estava elevada e só desceria às 23:30h. Ainda eram 18 horas, tinha um monte de japoneses irritados falando coisas incompreensíveis e não tinha como transportá-los pro lado do hotel.

– Droga! Isso vai demorar! Vou ter que pegar o barco e transportar um por um.

– Eu vou buscar o barco pro senhor, está lá do outro lado do castelo.

– Não! Pode deixar que eu mesmo vou! Agora volta lá no hotel e fala pro Félix e o Martin assumirem o comando. Depois volte aqui com 3 carruagens.

O funcionário voltou pro hotel, e Daniel imediatamente foi pegar o barco. Voltou minutos depois. Por sorte era barco a motor.

Daniel teve que descobrir algum japonês que falasse inglês. E com um pouco de dificuldade e muita mímica conseguiu explicar o que iriam fazer.

Bagagem e hóspede, de um em um. Isso consumiu 1 hora e meia de vai e vem.

Dentro do hotel, Débora explica a todos que na manhã seguinte eles poderiam conhecer as outras dependências.

– Agora cada um pode pegar uma vela para irmos pros quartos. E vocês – fala pros funcionários – tragam a bagagem deles.

Foram pela sala iluminada por velas até a escada. Os quartos eram no andar de cima.

– Cuidado pra não se perderem no castelo. Andem sempre com uma vela.

Havia quadros de pessoas que provavelmente já viveram ali em outros tempos, quadros estranhos. Davam um friozinho na barriga.

Nicolas estava de mãos dadas com Julie.

– Agora sim os quartos. Esse primeiro quarto é de Beatriz Leão.

– Sou eu.

– Pode entrar com sua bagagem. Tem um banheiro em cada quarto. Se aprontem que o jantar será servido às 20 horas.

– O próximo quarto é de Manoel Jagger.

– Tem saída de incêndio aqui? Nunca planejei morrer queimado.

– Como sempre falando merda! – Talita pensou alto.

– Tem. As janelas.

– Melhor morrer afogado do que queimado.

– Anda logo, vamos logo pro próximo quarto. – Talita interrompe.

– Sr. Nicolas Albuquerque junto com a Srta. Talita. (que deu um sorrisinho de vitória)

– Não! Tem alguma coisa errada aí. – Nicolas e Julie olham um pro outro sem entender nada.

– Me deixa ver aqui na minha prancheta... É isso mesmo, foi confirmado um quarto de casal para os dois.

– Mas ninguém pediu isso! Minha noiva é a Julie...

– Infelizmente, senhor, eu não posso mudar o que já está confirmado. Só o gerente pode autorizar.

– Então quero falar com ele!

– Ele não está. Só volta daqui a duas semanas.

Julie olha irritada pra Talita. - “Ela que confirmou o questionário do Nicolas, miserável!”

– Nicolas, eu tenho certeza de que a sua irmã pode resolver isso amigavelmente. É só ela trocar de quarto comigo. – ela falou com o noivo.

Antes que Nicolas abrisse a boca, Talita responde: - De jeito nenhum! Eu não vou dormir sozinha nesse hotel! – então ela já vai entrando com suas coisas no quarto de Nicolas.

Julie começa a chorar de raiva. Estava com raiva dos dois. Fala para Débora: – Me mostra onde é o meu quarto! – respira fundo e faz força pra não chorar mais.

– O seu é o próximo.

– Julie. E-eu vou resolver isso, tá. Eu prometo. – Nicolas ficou sem reação.

– Você é o culpado disso! Tem mais é que resolver mesmo! Eu não aguento mais a sua irmã. – e saiu correndo pro seu quarto.

Nicolas ficou parado e se lembrou do que a irmã fez: preencheu e confirmou o questionário do jeito dela. Fechou a cara e entrou no quarto, onde ela o esperava feliz.

– Talita! Foi você que fez isso não foi? Você não se cansa de arrumar confusão com a Julie não? Você não pensa em mim?!

Ela ficou nervosa. Tinha que disfarçar senão tudo o que viesse a acontecer, logo jogariam a culpa nela.

– Tá bom Nicolas. Mas eu só fiz isso porque eu tenho muito medo de dormir sozinha no escuro. E-eu tenho medo de você me abandonar também, igual o papai fez.

Com isso ela conseguiu ganhar tempo, porque Nicolas na mesma hora desfez a cara amarrada e fez cara de pena.

– Tá bom, Talita. Essa noite você vai dormir aqui. Mas amanhã vou conversar com alguém e vou pedir pra colocarem você em outro quarto.

Às oito horas serviram o jantar bem tradicional: um delicioso fish and chips com torta de morango de sobremesa.

O jantar do grupo brasileiro era separado do jantar do grupo japonês.

O restaurante era pequeno, mas muito bonito. Bem estiloso.

Tudo era muito encantador até agora. O hotel era luxuoso e grande. E era o local ideal para se hospedar com o noivo. Porém, no caso de Julie e Nicolas, eles estavam mais pra uma DR do que pra ficarem in love.

Julie estava calada e Nicolas olhava pra ela apreensivo. Queria logo conversar com a amada e ficar tudo bem.

Mas isso não foi possível. Ela pediu licença e saiu sem falar com ninguém, voltando pro quarto. Nicolas largou o jantar e foi atrás.

– Julie. Quero falar com você.

– Mas eu não quero.

– Não, por favor. – segurou o braço dela.

– Você só está me fazendo raiva desde ontem!

– Eu estou cansado, amor. Vamos conversar amanhã, a gente sai, vai dar uma volta.

Ela mordeu os lábios, de raiva.

– Eu falei com a Talita. Amanhã vou resolver esse problema de quarto.

– Acho bom! E agora eu vou pro “meu quarto”! Como você disse, hoje foi um dia longo e eu quero descansar.

Entrou e fechou a porta sem olhar pra trás.

Nicolas foi pro quarto dele também.

Julie entrou no banheiro. Era bonito, como tudo ali. “Pelo menos no banheiro tem luz.”

Engano dela. Tinha energia para o chuveiro, mas lá dentro apenas algumas velas grandes.

Tinha também uma banheira. - “Qualquer dia vou usar” – pensou.

Mas ela só queria um banho rápido.

Abriu a bagagem pra pegar uma camisola, mas estava muito escuro. Sentiu um tecido macio e puxou pra ver se era. E acertou. Vestiu a camisola e um robe. Calçou uma sandália. A luz da vela era bem fraca, não deu pra ver direito seu reflexo no espelho.

Parecia bom. Mas quando comprou pensou que ia impressionar o noivo. Isso fez ela ficar triste. Abriu a janela e ficou olhando pro lado de fora. Só via a silhueta de algumas árvores. E ventava bastante. Perdeu a noção do tempo. Deve ter ficado por lá mais de 1 hora. De repente, ouviu conversas no corredor. Deduziu que era o pessoal voltando pros quartos.

– “Vou ficaaaaaaaaaaaaaaar, ficar com certeza maluco beleza”...

Só podia ser uma pessoa: Mano.

– Boa noite gata! – gritou, provavelmente pra Talita.

E uma voz irritante gritou - Nicolas! Abre essa porta! Rápido! - batendo na porta com força.

Julie resolveu dormir. Mas ficou com sede e se lembrou de que saiu correndo do jantar e nem levou água pro quarto.

Pegou um pratinho com a vela e resolveu bater na porta do quarto de Bia. Estava aberto. Ela entrou e não achou a amiga. - “Será que não subiu?”

Foi atrás dela chamando seu nome. De repente, o caminho se dividiu para dois lados. Pra que lado ficava a cozinha? O corredor estava escuro, só tinha a luz da sua vela.

– Bia! – resolveu ir pra direita, um corredor longo. Lá no final tinha um pouco de luz. Talvez uma vela ou uma tocha. Mas era raro ter alguma. Estava tudo apagado e parecia não ter ninguém. Nem luar, já q era lua nova. Ela continuou andando na direção da saída do corredor. Olhou pra trás, completa escuridão. Viu uma das janelas abertas e chegou perto. Nesse momento bateu um vento forte e apagou a vela. Ela ficou paralisada. Como faria pra voltar ou pra seguir? Do outro lado, na cobertura do hotel, ela viu um vulto. Mas não dava pra reconhecer. Mas que com certeza viu quando ela chegou perto da janela. Ela começou a ficar nervosa. Então decidiu seguir com passos relutantes até o final do corredor, onde tinha luz.

– Tem alguém aí? Tem alguém aí? – engoliu em seco.

Nenhum som. Ela podia ouvir o coração batendo. Bem devagar ela seguiu até uma porta perto de uma escada. Alguma coisa no ar dizia que essa não era uma boa escolha.

Julie desceu os primeiros cinco degraus, olhou pra baixo estava ficando mais escuro. Tomou coragem e desceu mais cinco. O coração acelerou. Olhou pra trás, a luz estava ficando mais longe. E começou a escutar alguns passos de salto. Perguntou com medo de ouvir alguma resposta.

– Tem alguém aí?

De repente alguém a puxou pra trás com força e tapou a sua boca. Ela tentou gritar, mas estava com a boca tapada e se debateu apavorada. Queria fugir, mas foi imobilizada. E então uma voz falou no seu ouvido.

– Schhh, calma. Não vou te machucar. Fica calma, não grite.

Parecia um pesadelo. Naquele castelo alguém podia facilmente fazer alguma maldade com ela. Começou a chorar calada.

O som de saltos ficou cada vez mais alto. E chegaram até o começo da escada. Julie arregalou os olhos quando viu um vulto refletido na parede. Ficou lá parado. Talvez pensando se descia ou não.

– Schhh. Fica quietinha. – a voz sussurrou.

Ela fechou os olhos com força e quando abriu já não tinha mais ninguém e o som dos passos foi pra longe.

– O que você está fazendo aqui? Vou te soltar, mas não grite. Vai ser pior.

A pessoa tirou lentamente a mão de sua boca, mas continuava segurando forte sua cintura, perto até demais. Ela virou a cabeça devagar e olhou pra trás. Era o rapaz dos cachos de anjo que ela viu mais cedo.

Ela sentiu um arrepio na espinha e um calor na nuca. Não conseguia responder. Não dava pra vê-lo direito, mas parecia tão belo quanto na luz. Ele se aproximou mais ainda seus rostos.

– Não fique com medo, mas aqui não é um bom lugar pra você se perder. Ainda bem que eu te vi. – e Daniel continuava segurando sua cintura, hipnotizado pelo olhar dela que brilhava na escuridão. Ele olhou pra sua boca e achou ainda mais linda.

Julie também estava enfeitiçada. Ela segurou na sua nuca e ficou viajando nos olhos dele. Seus narizes se encostaram, podiam sentir o hálito quente de um quase beijo. Ele a puxou ainda mais, com as mãos atrás da sua cintura.

– E-eu e-esqueci o que eu i-ia fazer.

Daniel perguntou de pertinho. – Esqueceu? – já não conseguia resistir. Ia beija-la agora, não importava mais nada.

Até que ouviu passos de alguém correndo pelo corredor.

– Daniel! Daniel! – era a voz de Félix, e parecia apavorado.

Ele franziu a boca. – Não acredito! – e soltou Juliana. – Olha só, eu vou acender a sua vela e quero que você volte pro seu quarto. Preciso ir. Infelizmente.

– Eu lembrei, eu queria água.

Ele sorriu torto. Eu mando pra você no seu quarto. Qual o número dele?

– Número 4.

– Tudo bem. - Ele segurou seu queixo. – terminamos nossa conversa em outra hora. – ele lhe deu um beijo no rosto que pegou no canto da boca.

Aquele quase beijo incendiou os dois. Deixou-a com mais dúvida ainda se estava fazendo a escolha certa em casar-se com Nicolas. Porque ninguém até então tinha causado um desejo tão intenso nela.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?