Cartas Que Nunca Foram Entregues escrita por Pikenna


Capítulo 9
Andromeda para Druella


Notas iniciais do capítulo

Essa carta nunca foi entregue à Druella porque chegou primeiro nas mãos de Cygnus que a queimou e contou a versão que lhe apeteceu para a esposa.



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Cartas que Nunca foram Entregues

Por Rebeca/Pikenna

Andromeda para Druella

Mãe, a senhora se recorda daquele verão em que me contou em segredo a história trouxa sobre a princesa Andrômeda? Utilizar-me-ei dela para explicar a senhora metaforicamente um fato que ocorreu comigo e que não consigo expor com clareza, porque até em uma singela carta sinto o peso da desonra sobre a minha mão esquerda, o que me impede de escrever. Pergunto-me todos os dias se os filhos do meio estão condenados de fato a serem as ovelhas negras da família, trazendo a queda de seu sangue ao violar sua pureza.

Sempre estive presa, até então, às correntes dos ideais que nossa família segue e defende desde o nascimento do primeiro Black. Ideais que demorei a perceber que não eram meus. A senhora sabe que desde criança questiono tudo aquilo que é me dito sem as devidas explicações coerentes que satisfaçam minhas dúvidas, por vezes até tolas, como pai me dissera um dia. Sabe também que sempre carreguei comigo o anseio pelo amor verdadeiro. Rabastan Lestrange é um excelente partido, mas não é aquele que amo e creio não ser capaz de o fazer mesmo após a longa convivência de marido e mulher. Não sei dizer ainda ao certo se é felizmente ou infelizmente, todavia, devo dizer-lhe que conheci o amor. Encontrei aquele que me completa e me deixa plena.

Perseu foi ao encontro de Andrômeda para libertá-la das correntes que a prendiam a uma rocha em sacrifício para um monstro marinho. O mesmo ocorreu comigo. Theodore veio ao meu encontro e me libertou de minhas próprias correntes que me prendiam a um ideal falacioso que me condenaria a uma vida infeliz. Tudo o que eu sou e o que eu acredito de verdade seria sacrificado para a família. Desculpe-me, mãe, mas não posso fazer isso. Eu não sou Narcissa, que está disposta a seguir esse caminho. Eu sou Andrômeda, aquela que aceita carregar o fardo da desonra em seus ombros.

Sei que serei queimada da tapeçaria dos Black e, assim, não mais reconhecida como filha de Druella e Cygnus Black. Aceito ser deserdada, apesar da dor que isso me causa. Estou em sofrimento e as lágrimas que caem sobre esse pergaminho de forma a manchá-lo ao se encontrarem com a tinta, borrando-a, são a confirmação dessa minha desolação. Desculpe-me ser a filha imperfeita de traços perfeitos. Desculpe-me ser mais Black que Rosier e desculpe-me ser mais inclinada para o lado vergonhoso desse sobrenome tão imponente.

Sem mais delongas, Theodore Tonks é um nascido trouxa e tem o sangue tão vermelho quanto o nosso. Não consegui enxergar impureza nele, o que contradiz os preceitos de “sangue-puro” e “sangue-ruim”. Se o sangue de um trouxa é tão vermelho quanto o nosso, por que eles não têm o direito de estudar magia se possuem o dom? Por que eles seriam impuros? Essas ideologias não fazem mais sentido em minha mente que já está bastante perturbada com as milhares de emoções turbulentas que a enlouquece rapidamente. Me casarei com Teddy, até porque carrego em meu ventre um filho dele.

Eu cogitei diversas vezes matar esse ser que cresce em mim, pensei mesmo em tomar uma poção para abortar e depois uma poção para retornar a ser virgem e pura para validar o casamento, caso decidisse matar também a verdadeira Andromeda para me tornar a Andromeda que os senhores, meus pais, sempre desejaram que eu fosse. Contudo, não tive coragem o suficiente para isso. É meu filho que está em mim, fruto de um amor proibido visto como pecado por vocês, mas ainda assim fruto de um amor, sentimento que sempre desejei sentir e vivenciar. Ele também contribuiu para me ajudar a me libertar dessas correntes. Estou livre. Me sinto livre, mesmo que tenha que abrir mão da minha família. Essa é a parte que mais me dói no momento, por mais que não acredite por não compreender minhas atitudes.

Peço o seu perdão e a sua benção. Ainda sou sua filha e continuarei a ser, porque o seu sangue corre em meu sangue. Diga a Narcissa e a Bellatrix que as amo e sempre amarei. Diga ao meu pai o mesmo. Meus sentimentos são verdadeiros. Não se preocupe, eu aceito as consequências da minha escolha, que pode ter certeza, não foi fácil ser feita, a dor que me aflige é a prova disso. Sabe que sempre fui a filha mais apegada a família, então para abrir mão dela certamente eu estou passando por um processo semelhante ao da Maldição Cruciatus. Escrever essa carta está sendo para mim torturante, porque sei que após entrega-la a minha coruja para que ela possa alcançar as mãos da senhora, eu não mais poderei retornar para casa e ser recepcionada com o abraço de todos. Isso é o que me dói lá na alma. Mas a decisão já está tomada e não há como voltar atrás, até porque não é o que almejo. Prosseguirei com minha escolha e que assim seja.

Sei que o futuro que me aguarda é incerto, doloroso e penoso, porém, sei também que ele será livre e recoberto por amor, amor verdadeiro. Estarei longe das correntes que me prendem, nos braços daquele que me ensinou que todos nós somos iguais, que superioridade de sangue não existe e se constitui como um preconceito. Nossas concepções de pureza e de quem pode ou não executar magia são ultrapassadas. Demorei um tempo grande para compreender isso e mais ainda para descontruir tudo aquilo em que um dia cheguei a de fato acreditar. Talvez continue existindo um pouco dessa convicção em mim, mas não é o suficiente para me fazer desistir de Teddy e do meu filho que são o símbolo da minha liberdade em prol da minha família que simboliza minhas correntes.

Desculpe mãe por minhas escolhas e pelos meus atos inconsequentes. Eu te amo e para sempre amarei. Adeus,

Andromeda Cassiopeia Black.


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Notas finais do capítulo

Estamos chegando ao fim da fic, gente. Se alguém tiver ai ideias de cartas, fiquem a vontade para sugerir. As minhas já acabaram. xD Obrigada por lerem e não se esqueçam de deixar aquele review básico que todo autor ama! *~*



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