A Estrangeira escrita por Paola_B_B


Capítulo 6
Capítulo 5. Observados


Notas iniciais do capítulo

A postagem de hoje será em homenagem a mãe da Dani Borges, uma de minhas antigas leitoras que mandou um e-mail ontem para mim contando que sua mãe foi diagnosticada com astrocitoma de grau IV, um tumor no cérebro. Gente, a situação é grave, então peço que cada um tire alguns minutinhos do seu dia mandando uma oração a ela e a sua família. Acho que qualquer um de nós se estivesse passando por uma situação parecida gostaríamos do máximo possível de energias positivas.



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Capítulo 5. Observados

POV Edward

- Passa! Passa a bola! - os gritos pela quadra externa do colégio eram audíveis em todo o quarteirão.

O treino estendeu-se até quase cinco horas da tarde. O Sol que timidamente apareceu entre nuvens durante toda à tarde agora aparecia com mais entusiasmo mesmo que já estivesse se pondo. As garotas da torcida já tinham parado suas coreografias, mas ficaram sentadas na grama assistindo nosso treino.

Com os meus sentidos mais aguçados eu podia escutar toda a conversa feminina. Filtrei boa parte me concentrando no jogo e em meu desempenho para que ele não fosse bom demais. Eu odiava me segurar. Porém não posso negar que hoje eu estava jogando muito bem, não que eu esteja tentando chamar a atenção de certa estrangeira, longe de mim tal atitude.

- Então? Vai me contar o que aconteceu entre você e Edward na hora do almoço? - a voz sussurrada de Ângela chegou aos meus ouvidos.

Sem conseguir me controlar virei meu rosto em sua direção. Meu olhar encontrou com o de Isabella que observava o jogo, ou melhor, me observava. Para provocá-la mandei-lhe uma piscadela e ela rapidamente desviou o olhar corando vergonhosamente. Ângela gargalhou e eu voltei a prestar atenção no jogo, ou quase.

As duas estavam mais afastadas do grupo das garotas. A estrangeira tinha um livro em mãos que não pude identificar, pois seu título estava em português.

- Ele me trouxe almoço. Macarrão com almôndegas. Delicioso. - ouvi a resposta tímida.

Sorri ao receber a bola e a lancei diretamente na sexta marcando três pontos.

- Está impossível hoje Cullen! - Tyler elogiou me dando um tapinha nas costas enquanto corria para o campo de defesa.

- Hum... Porque tenho a impressão que você vai voltar para o seu país totalmente comprometida.

- Está errada Ângie.

- Porque diz isso? Para mim está bem claro que ele está interessado em você.

- Eu sei. Para mim também está claro.

- Sério?

- Sério. - sua voz estava risonha. - Ângela, acho que toda mulher sabe quando tem um cara interessado nela.

- Não acho. Tem umas que são cegas...

- Discordo. Acho que toda mulher sabe. A gente sente Ângela... Nós reparamos nos olhares, nos toques falsamente involuntários, nas conversas com duplos sentidos. Só não repara quem não quer.

- É... Talvez... Mas então? Você também está interessada?

- Seria loucura se eu dissesse que não. Edward é lindo, obviamente, e pelo pouco que conheci parece um garoto educado, divertido... E sua atitude de hoje foi muito doce, mesmo que ela tenha sido apenas uma jogada para me conquistar.

Meu sorriso quase rasgava o meu rosto e meu ego estava maior que a quadra de basquete. Empolgado corri e saltei bem na hora em que Joshua lançaria para o companheiro. Dei um toco e corri no contra ataque passando para Ben que a enterrou em uma linda jogada.

- Boa Edward! - ele correu me agradecer.

As garotas da torcida se animaram com a jogada e balançaram seus pompons.

- Isso quer dizer que você vai dar uma chance a ele?

- Não.

Sorriso desmanchando e ego pisoteado.

- Por quê? - Ângela estava chocada.

- Eu só vou ficar aqui 6 meses Ângie. Não quero me envolver seriamente com ninguém. Seria doloroso quando o meu tempo acabasse. Já vai ser por ter que me despedir de todas as amizades que eu construir.

- Você não precisam se envolver seriamente. Só vão aproveitar o momento.

A estrangeira riu com as palavras da amiga.

- Você hein dona Ângela? Está me saindo uma bela de uma descarada.

- Eu? Desde quando? - inquiriu rindo. - Mas é sério Isabella, pense no assunto. Viver um romance nunca é ruim. Mesmo que ele tenha tempo limitado.

- Agora ficou romântica?

- Não é isso. É que Edward é um cara legal e eu nunca o vi tão interessado em uma garota quanto está por você.

- Vamos ver o que o futuro nos guarda Ângie... Só o conheço há dois dias, ainda é muito cedo para me entregar a um... Como você disse? Romance?

Bem, eu não desistiria tão facilmente. Agora sabendo que ela também estava interessada eu não me seguraria. Eu tinha seis meses e queria aproveitá-los com ela ao meu lado. 

[...]

A semana passou-se rapidamente. Em casa mamãe me fez tomar sangue todos os dias e em consequência eu tinha que tomar o dobro de cuidado com a minha força. Quebrei mais copos em uma semana do que se quebra normalmente em um ano inteiro. Minha aparência também mudou sutilmente, porém as pessoas começaram a reparar.

No colégio começaram a me perguntar se eu estava doente por estar tão pálido e sério. A verdade é que eu estava tenso. Algo estava acontecendo e meus pais não queriam me contar. Tia Rose e tio Emm também estavam cientes, pois apenas desviavam do assunto quando os inquiria.

Aquilo era uma merda. Eu não era mais um garotinho. Caramba eu tenho quase 100 anos! Eles não tinham o direito de esconder as coisas de mim. Sei muito bem da situação em que estamos. Sei que devemos chamar menos atenção do que de costume e que qualquer deslize será fatal para a nossa família, mas algo mais está acontecendo, caso contrário Esme não estaria tão preocupada em me entupir de sangue humano para deixar-me mais forte.

Ela estava preocupada com uma possível luta.

- Edward? Estou começando a ficar preocupada com você. Está acontecendo alguma coisa? – sua voz fez meu corpo relaxar instantaneamente.

Nem conquistá-la eu estava conseguindo devido a minha preocupação com minha família. Sempre conversávamos rodeados de amigos. O único momento em que conversávamos a sós era na hora do almoço e nas aulas de biologia e história. Ela me distraia, me fazia sorrir e relaxar. Entretanto havia mais uma consequência dos litros de sangue que eu estava tomando. Minha mente estava acelerada e eu pensava em milhares de coisas ao mesmo tempo, ou seja, minha distração era imensa.

- Estou bem. – respondi em um sussurro e um sorriso torto.

Escutei seu coração acelerar sem precisar me concentrar nele. Mais uma consequência.

Estávamos na última aula de sexta-feira. O professor de história estava passando um filme sobre a segunda guerra mundial que não estava chamando em nada a nossa atenção.

- Não. Não está. – afirmou me observando atentamente. – Você está quieto demais essa semana, e quando estamos com os outros você parece distraído como se pensasse em coisas mais importantes.

Eu não podia negar que ela era uma ótima observadora.

- Estou bem Bella. – murmurei.

- Então esse é o verdadeiro Edward? Um cara introvertido e quieto? Não o alegre e tagarela que eu conheci nos primeiros dias?

Suspirei cansado.

- Estou preocupado com a minha família.

- Há algo errado? – a estrangeira parecia realmente preocupada.

- Talvez. Eu sinto que há, mas eles não querem me contar. Tratam-me como seu eu fosse criança.

Um pequeno sorriso apareceu no rosto da morena e ela respondeu docemente.

- Eles só querem te proteger.

- Não acha que eu estaria mais protegido se soubesse com o que estamos lidando?

- Talvez. Mas às vezes tudo o que os pais querem é nos proteger e por mais que saibamos nos defender com maestria devemos deixar que sejamos defendidos. É um jeito de demonstrar que sabemos que somos amados por eles.

- Nunca pensei nisso. – disse surpreso.

- Isso é porque você não conhece minha mãe. Se ela pudesse me colocava em uma redoma. – sorriu. – E ás vezes se eu brigar ela me sufoca em sua proteção ainda mais, então eu simplesmente deixo que ela proteja e só então insisto no assunto com argumentos racionais dos quais ela não consegue contra-argumentar.

- Então ela te solta.

- Na maioria das vezes... Às vezes ela me manda calar a boca porque o que ela sente não é racional para ser discutido. – riu baixinho.

Sorri voltando meu olhar para o filme assim como ela. O professor parecia meio desconfiado da nossa falta de atenção no filme.

- Vocês terão treino hoje? – sussurrou sem me olhar.

- O treinador nos dispensou para descansarmos para o jogo de amanhã.

- As garotas da torcida também foram.

- Você vai ao jogo, não é?

- Claro! Eu assisti a todos os treinos da semana, quero assistir o jogo oficial também. – mandou uma piscadela.

- Vai torcer por mim? – perguntei bem próximo de sua orelha.

Inesperadamente ela virou seu rosto batendo seu nariz no meu. Estávamos tão próximos...

- Você quer que eu torça por você? – perguntou olhando fixamente em meus olhos.

Puta que pariu.

- Sim. – sussurrei.

Ela se aproximou ainda mais e por um momento achei que ela fosse me beijar, mas antes que seus lábios tocassem os meus ela desviou e seguiu até minha orelha.

- Então vou torcer por você. – dito isso ela afastou-se e sentou corretamente prestando atenção no filme, mas o sorriso estava lá, grudado em seus lábios.

- Bella, Bella... – cantarolei. – Não é legal me provocar.

Ela ignorou meu comentário sorrindo um pouco mais largo.

Observei o professor arregalar os olhos ao observar o sorriso da estrangeira. Eu compreendia seu espanto, afinal a cena do filme não era nem um pouco alegre.

O sinal tocou indicando o fim da aula. Ajeitei minhas coisas lentamente assim como Isabella. A sala já estava praticamente vazia quando fui me despedir.

- Tchau Bella, te vejo no sábado? – pousei minha mão em sua cintura me aproximando para beijar sua bochecha.

- Claro! – sorriu.

Perdi a respiração sentindo pinha espinha se arrepiar e se antes meu objetivo era a sua bochecha agora ele era a sua boca.

Lentamente fui me aproximando. Seu olhar estava fixo no meu. Quando desviei para a sua boca ela sorriu e desviou me fazendo beijar sua bochecha. Sorri contra a sua pele. Ela estava brincando comigo.

- Tchau Edward. – riu fugindo de mim e correndo para a saída.

- Tchau Bella. – murmurei tonto com o seu poder de me encantar.

[...]

Sorri para a pequena criatura que dormia com a cabecinha sobre minhas pernas. Alice resmungava uma palavra ou outra durante o sono e eu me divertia com aquilo. Tínhamos passado a tarde inteira assistindo filmes infantis e comendo besteiras que com certeza fariam mamãe caprichar na bronca.

Levei-a para o seu quarto quando escutei o som do carro de meus tios se aproximar. Tio Emm era escandaloso demais acabaria acordando Alice. Beijei a testa de minha irmã e desci para recepcionar o casal.

- Eu não sei o porquê de vocês não se mudarem definitivamente para cá. Vivem mais aqui em casa do que na própria casa de vocês. – resmunguei.

- Meu Deus Edward! Você está tão chato essa semana! – tia Rose bagunçou meus cabelos.

Revirei os olhos tirando sua mão dali.

- Talvez seja porque minha própria família anda me escondendo assuntos importantes. Esconder de Alice é até compreensível, mas de mim? – bufei.

Os dois trocaram um olhar tenso.

- Vamos esperar seus pais chegarem e então conversamos ok? – tio Emm propôs.

Dei de ombros me jogando no sofá da sala e trocando de canal.

Não demorou para quem faltava chegar em casa e logo estávamos reunidos na sala de jantar para uma reunião familiar.

- Então? Vão me dizer o que está acontecendo ou continuaram me mantendo no escuro?

- Edward! Não seja mau criado. – repreendeu Esme.

- Desculpe mãe, mas eu estou cansado de não me falarem as coisas.

- Vamos falar agora Edward. – papai suspirou e me olhou com seriedade. – Há algumas noites Emmett cruzou com o rastro de um vampiro.

- Nômade? – perguntei.

- Não acho que esse seja o caso.

- Por quê?

- Porque o cheiro deste vampiro estava perto da sua escola.

- E pelo rastro ele já passou por ali várias vezes. – completou tio Emm.  

- É o tal guarda que os Volturi mandaram para nos vigiar?

- Esse é o problema. Quando fui verificar eu não reconheci o cheiro e eu conheço toda a guarda Volturi.

- Talvez eles tenham mandado alguém mais novo que você não conheça.

Papai entortou sua boca.

- Não Edward, eles não mandariam alguém que não fosse de confiança para uma tarefa tão importante.

- Entendo. Então o problema é um vampiro desconhecido rondando a escola. Talvez ele seja mesmo um nômade que tenha preferência por sangue jovem.

- Talvez, porém ele pode acabar nos expondo. Fique atento e não caia em provocações.

- Ok. – resmunguei, pois novamente eles me tratavam como criança irresponsável.

Levantei-me e fui para o meu quarto. Apoiei-me na janela e observei a floresta. Fechei meus olhos e me concentrei. Há muito tempo não uso meus poderes. A falação em minha mente iniciou-se. Reconheci as vozes de minha família, mas preferi não me concentrar neles. Não gostava de invadir a privacidade alheia, mas acho que o caso é importante o suficiente.

Lancei meus poderes como um radar em volta de casa. Procurando qualquer pensamento que pudesse prejudicar minha família. Prendi minha respiração quando captei. Eram duas mentes. Uma estava há alguns quilômetros de nossa casa. E em seus pensamentos eu podia ver cada membro de minha família. O que me aliviou foi que não escutei nada em relação a ataque.

A outra mente estava mais distante, mas a imagem em sua mente era minha e de meus colegas após um dos treinos de basquete. Pela minha memória era de quinta-feira. Nós conversávamos sobre o jogo de sábado. Forcei minha mente a penetrar a do nômade, porém algo me impelia para fora.

O rosnado perturbou minha mente e eu ofeguei caindo ao chão. Meu coração disparado. Minha família estava certa em temer. Esse não é um nômade comum. Ele tem um objetivo muito forte que mantém nos confins de sua mente. É experiente o suficiente para bloquear sua mente e perceber que alguém tentava entrar.

Estamos sendo observados. O primeiro provavelmente era o guarda Volturi responsável por nos vigiar e alertar toda a guarda se caso deslizássemos. Já o outro eu não tenho ideia de quem seja, mas pelo pouco que consegui em sua mente ele é tão perigoso quanto o guarda Volturi.

Minha família nunca esteve em tamanho perigo.


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Notas finais do capítulo

Gente, preciso de ideias para a cidade natal da Bella. Quem tiver fala nos comentários. Tem que ser uma cidade do interior ou zona rural ok?


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