A Estrangeira escrita por Paola_B_B


Capítulo 13
Capítulo 12. Quando o passado bate à sua porta


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Estou devendo responder alguns comentários, farei isso em breve ;) O cap de hoje está enorme e cheio de informações, espero que gostem ^^



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Capítulo 12. Quando o passado bate à sua porta

POV Edward

Com o desespero prestes a controlar meu corpo eu respirei fundo tentando clarear meus pensamentos. Não era o fim do mundo. Minha Bella deve estar devastada, precisando do meu apoio e é exatamente isso que eu farei. Viajarei até seu país e ficarei ao seu lado segurando sua mão para que ela saiba que não está sozinha e nem nunca ficará.

Sentindo meu coração se aquietar com o rumo dos meus pensamentos eu corri para o meu carro e acelerei para a minha casa. Eu precisava ajeitar um mala pequena com algumas mudas de roupa, alguns documentos falsos e dinheiro. De lá eu ligaria para uma companhia aérea e reservaria uma passagem para o próximo voo. Meus pais não criariam empecilhos, mamãe mesmo disse que eu poderia viver com Bella em outro país. Acho até mesmo que eles se mudariam para não ficarmos afastados. Só teríamos que achar uma cidade chuvosa para que os dois não precisassem viver como criaturas da noite.

O motor do Volvo chorou com o esforço a que foi submetido, entretanto não me deixou na mão. Portanto não demorou para que eu chegasse em casa. Não me dei ao trabalho de estacionar na garagem, parei em frente de casa mesmo e corri para dentro.

Mas com toda a minha concentração em meus planos eu não reparei em um cheiro forte que vinha de dentro de casa. Um cheiro que fez minha espinha arrepiar e meu sangue gelar. Agora não era hora para essas merdas.

- Ah Edward! Quem bom que chegou filho, temos visita. Venha cumprimentá-los. - mamãe soava como uma feliz dona de casa, mas seu rosto estava apavorado enquanto caminhava até mim e segurava minha mão.

Ela respirou fundo e compôs sua expressão não deixando nenhum rastro do que estava sentindo naquele momento. Esme apertou fortemente minha mão e me puxou em direção à sala.

- Boa tarde. - cumprimentei a todos com um aceno de cabeça.

A cena que se desenrolava a minha frente poderia ser considerada comum a olhos humanos, mas não para mim. Papai estava sentado em sua poltrona com Alice encolhida em seu colo. Atrás dele tio Emm e tia Rose com olhares sérios. Na frente deles sentado displicentemente estava Aro Volturi. Em pé atrás dele estavam três vampiros encapuzados, provavelmente eram seus seguranças. E um pouco afastado estava o vampiro loiro que encontramos sozinho com Alice.

Aro continuava do mesmo jeito que eu me lembrava. Olhares maliciosos que escondiam muito mais do que gostaria de mostrar, sorrisos esbanjando um convite perigoso. E a postura relaxada como se qualquer um que tentasse algo contra ele fosse um mero inseto o qual poderia pisar sem grandes esforços.

Na primeira vez que vi os três anciões líderes tive um misto de sensações. Primeiramente medo, não por eles, mas pelo terror deles atentarem contra meus pais. Então veio a repulsa ao ver a pequena Alice presa por dois vampiros que mais pareciam gorilas de tão grandes e musculosos, como se uma criança fosse capaz de fazer mal a eles. Quando me chamaram para conversar com os três "reis" todo o meu medo desapareceu e minha repulsa só aumentou. Lendo as mentes dos anciões eu pude perceber que todo aquele circo não passava de uma peça de teatro para esconder os verdadeiros objetivos: somar e conquistar. Somar vampiros com poderes e consequentemente conquistar respeito e poder da sociedade vampiresca. Então tudo o que sobrou foi o meu desprezo.

E honestamente eu tinha mais o que fazer a ficar assistindo um teatrinho em minha própria casa. Eu tinha que voar para o Brasil e consolar minha estrangeira que deveria estar em frangalhos após perder a mãe.

- A que devemos a visita inusitada? - perguntei erguendo uma sobrancelha para Aro, o líder dos anciões.

Ele ergueu um sorriso sem mostrar seus dentes e alisou displicentemente os longos cabelos negros. Seus olhos vermelhos brilhavam em diversão.

- Passaremos alguns dias como hospedes jovem Edward. Como havíamos prometido em nosso último encontro. Estou curioso para observar tão peculiar clã.

- Você só pode estar brincando! - exclamei sem pensar.

- Edward! - mamãe arregalou os olhos com visível terror.

Eu não estava com humor para pedir desculpas. Eu começava a entrar em desespero. Eu precisava saber como Bella estava. Precisava dela em meus braços.

Sentindo a angustia me atingir eu simplesmente me virei e corri para o meu quarto. Minha mente estava prestes a entrar em colapso se eu não fizesse o que vim fazer em primeiro lugar. Peguei uma mala de dentro do meu closet e comecei enche-la com algumas peças de roupa. Segui até a gaveta da minha escrivaninha e peguei meu passaporte, dinheiro e qualquer outro documento que eu fosse necessitar.

- Edward?! O que...?! - a voz de tia Rose morreu enquanto eu a ignorava e ajeitava as minhas coisas.

Comecei a fechar a mala, mas o zíper emperrou e eu não conseguia puxar aquela merda.

- Edward. - chamou tia Rose segurando minhas mãos que só então percebi que estavam trêmulas e me atrapalhavam em uma ação tão simples.

Sua voz estava suave e extremamente baixa. Baixa o suficiente para ninguém mais escutar a nossa conversa.

- O que aconteceu? - perguntou preocupada.

Senti minha garganta fechar e meus olhos arderem. Não vou mais mentir. Eu queria sim acompanhar Bella e acalentar a sua dor, mas a verdade era que eu sentia meu coração sangrar pela distancia de minha estrangeiras. Nem mesmo pudemos nos despedir.

- Bella voltou para o Brasil. - respondia agoniado.

- Ela não ia só daqui a três meses? - arregalou os olhos em surpresa.

- A mãe dela... Foi assassinada.

A loira levou a mão à boca completamente chocada com a notícia.

- Ela deve estar péssima...

- Eu preciso estar com ela tia. - a angustia em minha voz era tão incontestável que por alguns segundos a vampira ficou me observando com dor.

Então finalmente falou.

- Eu sei Edward que você está completamente aflito com a situação de Isabella e por estar longe dela. Mas este não é o momento de viajar.

Arregalei meus olhos em contradição e estava prestes a retrucar suas palavras quando ela me cortou.

- Eu sei o quanto seu coração deve estar sangrando. Mas não podemos arriscar nos separar agora Edward. Aro está lá embaixo apenas procurando um motivo para estralar seus dedos e acabar com a nossa família. Então eu estarei morta, Emmett estará morto, seus pais e sua irmã estarão mortos e você estará morto. E Isabella nunca terá notícias suas ou saberá o que aconteceu. Então pense antes de fazer uma besteira. É melhor que ela fique sem o seu apoio agora, por apenas alguns dias, ou fique sem o seu apoio para o resto da vida?

Sentindo todo o meu corpo tremer eu sentei em minha cama e cobri meu rosto com minhas mãos. Tia Rose sentou-se ao meu lado.

- Precisamos de você aqui. Com as antenas ligadas nos pensamentos dos Volturi. Não podemos jogar essa responsabilidade na pequena Alice. Ela ainda não consegue controlar seus poderes além de ser apenas uma criança.

- Não precisa falar mais nada. Eu já entendi. - murmurei, minha voz sem vida perante a situação. - Só me deixe sozinho tia. 

- Tudo bem. - suspirou saindo do quarto.

[...]

Na hora da janta recusei a comida humana e apenas me contentei com uma garrafinha de sangue. Eu não estava com fome, mas se eu não me alimentasse dona Esme surtaria. Me joguei no sofá e foquei meus olhos na televisão, apesar de meus pensamentos estarem longe. Já passava das duas da manhã e eu não conseguia dormir.

Eu podia escutar a conversa baixa e civilizada entre meu pai e Aro. E as conversas descontraídas dos seguranças no lado de fora da casa. Mamãe estava junto com tia Rose em cima de um croqui de um novo vestido. Tio Emm havia colocado Alice para dormir e acabou ficando ao seu lado a pedido da pequena que estava com medo de toda essa nova situação.

Foi então que meu telefone vibrou com uma mensagem.

"Me desculpe por não me despedir."

Meu coração ficou apertado em meu peito e sem pensar duas vezes eu disquei o seu número enquanto caminhava para fora de casa buscando um canto com privacidade.

- Bella! - exclamei assim que ela atendeu. - Como você está?!

Percebendo alguns olhares curiosos em minha direção eu corri em direção à campina. Eu precisava falar com minha estrangeira sem uma plateia.

- Eu... - ela não conseguiu falar e meus ouvidos foram preenchidos pelos seus soluços.

- Ah Bella! Eu sinto muito. Eu queria estar aí com você, mas meus pais não me deixaram viajar. Sinto muito mesmo.

Ela soluçou mais algumas vezes até começar a se acalmar.

- Ela... Ela foi morta do mesmo jeito que minha mãe biológica Edward. - choramingou com dor. - Eu não pude nem identificar o corpo.

- Ah Bella eu sinto tanto. A polícia já chegou ao assassino?

- Não... Eles estão em dúvida se foi uma pessoa a fazer ou um animal.

Franzi o cenho. Aquela história começava a ficar estranha.

- Como assim?

- Ela... - soluçou novamente.

- Não precisa falar Bella. Tudo bem. Como estão as coisas por aí? - perguntei com o intuito de mudar de assunto e também tentar descobrir se ela tinha alguma intenção de voltar aos EUA.

Sei que ainda é cedo para ela ter uma resposta definitiva, mas não posso evitar querer saber.

- Uma vizinha está me ajudando com a parte burocrática do enterro e com os abutres da imprensa que querem transformar a morte de minha mãe em um espetáculos de horrores, mais do que já é. - sussurrou. - Tudo parece um grande pesadelo Edward. É como se esse demônio estivesse me perseguindo e destruindo aqueles que eu amo.

A voz de Bella começava a ficar mais limpa. Creio eu que ela precisava desabafar essa revolta que está pressionando o seu coração. Já eu ficava cada vez mais tenso com as suas palavras.

- Se eu disser que lembro do assassino da minha mãe biológica você acredita em mim?

Ela era recém-nascida não há possibilidades dela lembrar.

- Mamãe dizia que eu apenas tinha criado um monstro em minha cabeça para culpar alguém pela morte dela, talvez ela estivesse certa, mas aqueles olhos vermelhos assombraram meus sonhos quando eu era criança e hoje voltaram a assombrar a minha vida.

Se antes eu estava tenso agora eu simplesmente poderia passar por estátua. Demônio. Olhos vermelhos. Corpos rasgados e sem possibilidade de identificação. Bella descrevia um vampiro. Um vampiro sádico e sanguinário.

- Bella você está sozinha?

- Estou na casa dessa minha vizinha. No quarto da filha dela. A casa está cheia com alguns amigos, mas aquilo lá embaixo estava me sufocando. Precisava falar com você.

- Não fique sozinha ok? Fique sempre próxima a bastante gente. Não gosto da ideia de você correndo perigo.

- Não acho que esteja. A cidade está lotada com jornalistas e curiosos, não acho que esse maldito vá dar as caras.

- Só fique bem ok? Não hesite em me ligar se estiver se sentindo mal ou medo ou qualquer coisa. Não importa o horário. Apenas me ligue.

- Eu vou. Obrigada.

Eu ainda sentia o nervosismo me dominar. Não podia ser coincidência. Na primeira vez que Bella me contou sobre a morte de sua mãe biológica eu não dei importância ao modo que ocorreu. Sim era horrível, mas os humanos, ás vezes, são tão horríveis quanto vampiros.

- E como nós ficaremos? - sua pergunta sussurrada me pegou de surpresa. - Eu me sinto tão egoísta em pensar nisso. Mas minha mãe não está mais comigo, eu não tenho parentes próximos, eu fiquei sozinha no mundo Edward. Eu não quero perder você também.

- Você não vai Bella. E não é errado você pensar em um futuro. Sua mãe infelizmente se foi, mas a sua vida continua. Pelo o que você me falou dela tudo o que ela mais queria era te ver feliz. Não acho que ela iria querer que você parasse sua vida por ela.

- Mesmo assim eu me sinto mal.

- Não se sinta. Continue sua vida. Viva o seu luto, porque infelizmente isso faz parte da vida. Chore tudo o que tem que chorar e quando as lembranças não fizerem mais seu coração sangrar, mas seus lábios sorrir é porque essa fase passou e você finalmente poderá seguir sua vida sem essa culpa sem sentido. Sua mãe onde quer que ela esteja estará torcendo pela sua felicidade.

Seu choro retornou e eu senti meu coração ainda mais apertado.

- Não vou perguntar se você volta. Quem estaria sendo egoísta seria eu. Então não pense nisso ok? Nós continuaremos juntos, mesmo com essa distância. Em poucos meses eu terminarei a escola, então estarei livre para decidir o que fazer da minha vida. E não acho uma má ideia um intercambio em um país tropical. Será bom para mim um pouco de melanina.

- Você está falando sério? - choramingou.

- É claro que sim Bella! Eu amo você e sei que minha vida é ao seu lado. Então fique bem, fique segura e me aguarde.

- Eu também amo você Edward.

Ao desligar o telefone eu desejei que toda essa tempestade acabasse logo.

Voltei para casa com um misto de saudades e tristeza, mas uma indagação não saia da minha cabeça. Subi as escadas ignorando os olhares inquisidores do meu pai e os curiosos de Aro. Sentei-me em frente ao meu computador e comecei a buscar notícias sobre o que estava acontecendo na cidade de Bella.

Por um momento pensei que seria trabalhoso, mas na primeira tentativa eu encontrei algumas reportagens. Apesar da péssima tradução feita pelo Google eu pude entender o principal. Ao que parece o caso é uma grande interrogação. Ou Renata Silva foi morta por um assassino completamente frio e inescrupuloso, ou foi morta por algum animal selvagem. A segunda hipótese era a mais cogitada pela brutalidade do assassinato, mesmo que nunca tivessem avistado animais tão perigosos pela região.

Em minha cabeça outra hipótese ganhava força. Vampiro nômade fazendo estripulias. Porém algo maior me preocupava. Porque a mãe biológica de Bella e em seguida sua mãe adotiva?

[...]

Os dias começaram a passar arrastados. Minha rotina se resumia a ir ao colégio e voltar para casa. Pedi para sair do time de basquete, eu não tinha ânimo para jogar. Isso acabou gerando uma pequena confusão entre os garotos que ficaram irritados por eu abandonar o time justamente antes da final do campeonato. Porém ao explicar que eu realmente não tinha condições e com o apoio de alguns eu saí do time sem maiores problemas.

A final chegou e nosso time foi o campeão estadual deixando a escola em completa animação. Algumas comemorações foram realizadas, mas não tive vontade de participar. Eu estava ficando introvertido e mal-humorado, parte disso eu devo a minha falta de alimentação humana e a outra parte a distancia de Bella.

Nós nos falávamos todos os dias por mensagens ou e-mail. Aparentemente ela estava melhor, mas algo dentro de mim dizia que suas palavras camuflavam muito bem o que ela realmente estava sentindo.

O clima de preocupação em minha casa era exaustivo. Tudo o que falávamos tomávamos cuidado. Estávamos todos pisando em ovos e a falta de intimidade entre os casais deixava tudo ainda mais tenso.

Hoje fazia um mês que minha estrangeira voltara para o seu país. Um mês que Aro estava enfurnado dentro de nossa casa apenas observando nosso relacionamento familiar. Ele é de uma cara de pau sem limites. Eu andei investigando sua mente. Ele estava curioso, sabia que eu também possuía um poder mental assim como Alice, mas com a minha recusa a falar sobre isso Aro tinha medo de me pressionar e acabar se surpreendendo com algum dom de grande magnitude. Se ele soubesse que eu já usava meu dom nele e ele nem percebia...

Estacionei o carro dentro da garagem e segui para a cozinha comer algo orgânico, caso contrário meu humor ficaria ainda pior.

- Oi mãe. - beijei sua bochecha.

Esme preparava o bolo preferido de Alice.

- Oi filho. - sorriu carinhosa como sempre. - Porque não brinca um pouquinho com a sua irmã lá fora enquanto o bolo não fica pronto?

- Claro. - esbocei um pequeno sorriso e segui para o jardim.

A fagulha de humor sumiu assim que coloquei meus pés para fora e encontrei minha irmã com olhos assustados escondida atrás do vampiro que ela chamava de sentinela. Ela abraçava suas pernas tentando se proteger do Volturi a sua frente. Aro estava agachado na altura da criança bem em frente ao loiro que tinha um olhar completamente surpreso.

- O que está acontecendo? - tentei controlar meu extinto protetor.

- Vamos pequenina, não vou machucá-la, apenas de-me sua mão. - pediu Aro quase que docemente.

- Ela não vai fazer nada do que não queira. - agora quem ficou surpreso foi eu, pois o tal sentinela foi quem falou com a voz cortante.

Aro não pareceu abalado com a afronta.

- Ora soldado Jasper, é claro que não.

- Você não entende. Ela tem medo de você. Será que não percebe? Não importa o quanto pareça persuasivo, ela não vai encostar um dedo sequer a sua mão.

O Volturi ergue-se e olhou sem nenhum sentimento para Jasper que o encarou sem medo. O sentinela ganhou um pouco do meu respeito a não baixar a cabeça para esse hipócrita mentiroso.

- Alice? - chamei mais alto chamando sua atenção.

Seu rostinho iluminou e ela correu até mim. Peguei-a no colo.

- Andou atiçando a curiosidade do Sr. Volturi é? - perguntei baixinho e ela fez uma careta.

Então sorriu de volta colocando as duas mãozinhas em meu rosto pedindo que eu lesse sua mente. Meus olhos saíram de foco quando eu captei a visão. Era Bella! Ela estava voltando! E a visão era tão clara que eu tinha certeza que acontecia por segundos de diferença.

Meu sorriso não cabia em meu rosto tamanha felicidade.

- Venha comigo fadinha, eu acho que merecemos um grande pedaço bolo de chocolate com recheio de morango e suspiros.

Ela soltou um gritinho seguido de gargalhada quando eu a carreguei de ponta cabeça para dentro de casa.

[...]

Ao que parece eu estava errado em pensar que a visão de Alice estava se concretizando naquele exato momento. Uma semana depois e Bella sequer tocou no assunto quando nos falávamos ou trocávamos mensagens. Entretanto minhas esperanças estavam mais vivas do que nunca e eu esperava com ansiedade o dia que Aro resolvesse ir embora para eu imediatamente pegar um avião e correr até Bella.

- Hey Edward! - cumprimentou-me Ben na hora do almoço.

- Oi Ben.

- Você pode ficar hoje no treino?

- Estou fora do time Ben.

- Eu sei... É que... Ângela disse que se eu te convencesse a ficar no treino ela aceitaria sair comigo no final de semana. - disse envergonhado.

Foi impossível não sorrir com aquela informação.

- Quer dizer que finalmente você tomou coragem para convidá-la?

- Ah cala a boca! Só me diga que você vai ficar para o treino.

- Ok. - dei de ombros.

Eu precisava de um tempo fora de casa mesmo. Caso contrário eu enlouqueceria.

Quando eu me sentei na grama perto da quadra aberta de basquete não pude evitar tirar uma com a cara de Ângela.

- Ângie! - chamei e ela se aproximou com seus pompons. - Depois eu quero saber dos detalhes do seu encontro com o Ben!

- O que?! - exclamou surpresa e com o rosto em chamas.

Apenas ri observando ela caminhar furiosa até meu amigo e apontar-lhe o dedo. Seu rosto ficou em chamas conforme Ângela, que parecia tão envergonhada quanto ele, metia o dedo em sua cara. Ben retrucou fazendo-a parar de falar e depois de alguns momentos tensos assentir. Gargalhei quando Ângela virou-se de costas para Ben e sorriu timidamente enquanto Ben praticamente pulava de tanta felicidade.

Mais um casal feliz.

Ver a felicidade dos dois me fez ficar nostálgico. Os meses que namorei Bella pareceram anos e agora esse tempo distante parecia igualmente enorme.

Perdido em meus pensamentos segui para o meu carro. Escutaria um pouco de música para tentar afugentar minha tristeza. Porém assim que peguei minha chave e apertei o alarme meu corpo arrepiou.

- Já vai embora?

Sentindo meu coração galopar em meu peito eu me virei para olhar nos olhos chocolates que povoavam minha mente e meus sonhos.

- Bella. - suspirei aliviado enlaçando seus ombros e a puxando para o meu peito em um abraço de pura saudade.

Suas mãos enlaçaram minha cintura e seu corpo começou a pular com os soluços.

- Eu sinto muito meu amor, sinto mesmo.

- Não quero mais falar sobre isso. O que passou, passou. - disse afastando-se e limpando rudemente as lágrimas de seu rosto. - Eu senti sua falta.

- Eu também. Muita. - puxei-a novamente para mim.

Seu cheiro impregnava meu olfato e me levava a loucura. Segurei seu rosto entre minhas mãos e a beijei com tudo o que eu sentia. Nossas línguas se abraçando como os nossos corpos colados um no outro. Afastei-me ofegante com a intensidade do que eu estava sentindo.

- Nunca mais afaste-se de mim. - ordenei ainda com seu rosto entre minhas mãos.

- Eu não vou. - sorriu. - Estou me mudando definitivamente para cá. Ou melhor, até quando durar o meu novo visto.

- Você está falando sério? - sorri largamente.

- Sim.

- Ah Bella! - comecei a beijar cada canto do seu rosto fazendo-a rir.

- Abra seu carro, desta vez quem vai te mostrar um lugar sou eu.

Sem perguntas eu abri e ela sentou-se no banco do motorista.

- Voltou folgada em senhorita Isabella.

Ela piscou de maneira descarada e mandou-me sentar no bando do passageiro acelerando em seguida. Só então a euforia de revê-la foi se acalmando e sobrou apenas a felicidade. Contudo a preocupação também começou a aparecer. Olhando atentamente para o seu rosto pude notar as olheiras embaixo de seus olhos, os buracos em suas bochechas, a falta de brilho em seus cabelos e sua pele pálida. Seu corpo estava mais magro. Eu estava certo em pensar que ela tentava esconder sua tristeza.

- Como foram as coisas? - perguntei em um sussurro.

Bella apertou o volante com um pouco mais de força e deu de ombros.

- Foi como eu lhe disse. Parece que tudo foi um grande pesadelo e agora virou um borrão em minha memória. Minha vizinha veio conversar comigo depois do enterro sobre o que eu pretendia fazer. Eu estava tão perdida, mas a única coisa que eu podia afirmar era que eu queria estar com você. Foi então que eu decidi vender tudo. Vendi a casa e todos os bens que me foi dado de herança. Minha mãe era cheia da grana e eu nem sabia. - sorriu tristemente. - Digamos que minha conta bancaria está cheia o suficiente para eu não precisar me preocupar com dinheiro por alguns anos. Por isso demorei a voltar. Apesar de ter encontrado compradores muito rápido a parte burocrática demora um pouco. Na verdade eu ainda tenho que resolver algumas coisas, mas eu posso resolvê-las daqui.

- Para onde estamos indo.

- Não estrague a surpresa. - sorriu.

- Não era você que não gostava de surpresas?

- E continuo não gostando. Mas gosto de fazer para os outros. - piscou com apenas um olho me fazendo sorrir.

Eu senti falta daquele gesto.

- Desculpe por não ter vindo falar com você logo que cheguei de viagem.

- Quando você chegou?

- Há uma semana.

Não vou mentir e dizer que não me senti chateado por aquilo.

- Me desculpe Edward, não encare isso como alguém que não se importa. Eu me importo com você e muito. Senti muito a sua falta. Mas eu não poderia continuar meu relacionamento com você sem antes resolver minha vida.

- Tudo bem Bella, o importante é que você está aqui agora.

Não demorou para ela estacionar em frente a um sobrado simples de paredes branca.

- O que fazemos aqui? - perguntei sorrindo e já sabendo sua resposta.

- Essa é minha casa! - exclamou contente. - Vem, vou te mostrar como é por dentro. - puxou-me pela mão.

Minha estrangeira começou a tagarelar sobre como foi incrível e coisa do destino ter encontrado a casa a venda antes mesmo do antigo morador fixar a placa de vende-se. Eu apenas acompanhava seus olhos brilhantes e sorriso alegre. Então eu percebi o porque de tudo aquilo ser tão importante para ela e o porque de não ter vindo me encontrar assim que chegou nos EUA. Bella estava se encontrando como adulta. Enfrentando as perdas inevitáveis da vida e seguindo em frente, criando responsabilidades e firmando a sua própria independência. Eu estava feliz por ela.

- E tem uma coisa super espe...

- Bella?!  

Me alertei quando ela começou a desmaiar. Segurei seu corpo mole em meus braços e a levei até o sofá da sala. Aos poucos ela foi voltando a si.

- Como se sente? - perguntei preocupado.

- Não fique preocupado, eu estou bem. - sorriu fraco sentando-se no sofá.

Algo em seus olhos me dizia que aquela não fora a primeira vez que ela desmaiara.

- Bella o que há com você?

- Não se preocupe Edward, deve ser fome. Eu não comi nada desde ontem.

- Porque não?

- Esqueci. - deu de ombros desviando o olhar.

Trinquei meus dentes diante ao seu descaso pela própria saúde e minha pergunta saiu quase como um rosnado.

- Quantas outras vezes você esqueceu de comer?

Minha estrangeira encolheu-se.

- Algumas.

- Bella...

- Não Edward! Não gaste sua saliva. Eu estou bem... Ficarei bem. É que tudo o que vem acontecendo na minha vida tem me preocupado bastante e eu acabo não sentindo fome. Apenas isso. Prometo que vou me preocupar mais com a minha saúde.

Não falei nada. Eu estava puto da cara com o seu descaso. E eu aqui pensando que ela estava assumindo responsabilidades de uma pessoa adulta.

- Fique sentada aí. - ordenei caminhando até a cozinha e vasculhando seus armários atrás de algo que a alimentasse.

Minha irritação só aumentou ao verificar o quase vazio de sua dispensa. Encontrei um pacote de torradas e uma caixa de suco de laranja. Peguei-os e os levei até ela.

- Não sairemos daqui até você se alimentar. E depois iremos direto ao mercado abastecer sua cozinha.

Bella não ousou retrucar e começou a comer as torradas. Para a minha decepção e preocupação ela não conseguiu  ingerir mais de duas torradas e um copo de suco.

- Eu prometo que mais tarde eu como mais... Agora venha comigo, eu queria te mostrar uma surpresa. - sorriu pequeno.

Suspirei e assenti.

Ela segurou minha mão entrelaçando nossos dedos e me puxou para a porta dos fundos. Meus olhos logo avistaram a imensa floresta atrás de sua casa. Caminhamos naquela direção o que atiçou muito a minha curiosidade. Entramos em uma trilha e depois de cinco minutos chegamos a uma pequena clareira.

- Não é tão charmosa quanto a sua campina... Mas quando o Sol bate entre as folhas das árvores, esse lugar fica realmente bonito. - falou timidamente.

- Eu posso imaginar. - infelizmente eu não conseguia sorrir, ainda estava preocupado com a saúde de minha estrangeira.

- Edward? Baby, por favor... - ficou em minha frente e tocou com seus dedos a minha testa. - Eu estou bem.

Não disse nada apenas a puxei para os meus lábios. Eu precisava senti-la contra mim. Minha mão foi para a sua nuca enrolando meus dedos em seus cabelos comandando o beijo cada vez mais intenso. Eu sentia suas mãos contra o meu peito e deslizando até o meu pescoço. Apertei sua cintura com minha mão livre e um gemido baixo saiu de seus lábios. Algo em minha ação a atiçou. Sua boca deslocou-se para o meu queixo onde mordeu levemente, enquanto isso suas mãos rápidas desceram até a barra da minha camiseta e subiram por dentro arranhando minha barriga. Ergui meus braços deixando que ela terminasse o serviço.

Ela estava brincando com fogo.

Alucinado e a desejando mais do que nunca eu a empurrei até uma árvore a imprensando. Minhas mãos também eram rápidas, pois não demorou para elas estarem dentro da blusa correndo por sua pele macia e alcançando o fecho do seu sutiã. 

Aquilo estava cada vez mais quente. Suas unhas em minha pele me enlouquecia tanto quanto a sua boca tentando alcançar o meu pescoço. Querendo ajudá-la segurei em suas pernas e a ergui. Imediatamente ela as enlaçou em minha cintura e me puxou mais para perto. Gemi vergonhosamente com o contato mais íntimo. E para o desfrute de minha estrangeira ela alcançou o meu pescoço como queria.

Querendo retribuir o carinho colei minha boca em seu maxilar e desci lentamente. Minhas mãos também trabalhavam de maneira lenta, mas o aperto era firme. Bella ofegou em meu ouvido e mordeu o lóbulo da minha orelha o puxando para si.

Sua pele tinha um gosto indescritível. Dizer que era maravilhoso era um eufemismo. Raspei meus dentes em seu pescoço no mesmo momento em que pressionei ainda mais forte meu corpo ao seu. Deslizei minha língua me deleitando com o gemido sofrego que minha estrangeira soltou e com o gosto de sua pele.

Eu podia sentir o rápido pulsar de sua artéria na ponta da minha língua e minha boca encheu-se de veneno. Uma de minhas mãos segurou seus pulsos contra a árvore enquanto a outra a impedia de cair. A luxúria do momento impediu o meu raciocínio e movido pelo mais profundo extinto eu cravei meus dentes em sua jugular. O líquido quente invadiu minha boca fazendo-me delirar de prazer e a sugar com mais força.


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Notas finais do capítulo

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