Capítulo 11. Separação Antecipada

POV Edward

Terminei meu banho rapidamente colocando uma roupa leve. Os dias começavam a esquentar cada vez mais e em poucos meses o verão chegaria em Forks. E hoje em especial parecia uma tarde de verão. A chuva finalmente deu trégua e o Sol brilhava fortemente em um céu azul.

Ao abrir a porta do banheiro foi impossível não sorrir com a visão.

Bella estava sentada sobre minha cama com suas pernas dobradas e seu computador sobre elas. A estrangeira teclava furiosamente e tinha uma pequena ruguinha em sua testa. Não resisti e pulei ao seu lado me jogando na cama. Gargalhei ao ouvi-la soltar um gritinho e em seguida me dar um leve tapa nas costas.

- Edward! Eu quase derrubei o computador! - resmungou.

Sorri sentando-me corretamente ao seu lado.

- O que tanto digita?

- Estou falando com minha mãe. - murmurou com um tom preocupado.

- Está tudo bem?

- Não sei ao certo. - mordeu os lábios sem tirar os olhos da tela do laptop onde a conversa estava inteira escrita em português me impossibilitando de ser um bisbilhoteiro.

- O que quer dizer com isso?

Bella suspirou.

- Pela primeira vez ela não está implorando para eu voltar.

- Talvez ela tenha se acostumado com a ideia.

- De um dia para o outro? - ergueu uma sobrancelha ao me olhar diretamente. - Eu amo minha mãe, mas sei o quanto ela pode ser dramática e insistente. Ela não desistiria de uma hora para outra. Tem algo errado e ela não quer me falar.

- Talvez olhando-a diretamente você descubra o que você acha que ela esconde ou então tranquilize seu coração. E de quebra me apresenta a ela. - mandei uma piscadela.

A morena soltou um risinho.

- Ela vai surtar. Mas tudo bem, vamos lá. Talvez ela volte ao normal e me implore para voltar. Aí eu saberei que é a minha mãe falando e não um alienígena.

- Que exagero! - retruquei brincalhão.

Bella me mandou a língua enquanto aguardava a conexão iniciar. Não demorou para uma mulher de pele bronzeada com cabelos e olhos cor de mel aparecer na tela. Seu rosto oval, as bochechas salientes, um sorriso calmo, e muitas marcas de expressão. Ela aparentava ter por volta de 50 anos.

- Oi mãe. - disse a estrangeira em sua língua natal.

Minha namorada havia me ensinado algumas palavras básicas em português, mas eu ainda entraria em um curso avançado. Eu precisava entender sua mente.

Dias atrás nas quartas de finais do campeonato estadual eu não resisti e invadi sua mente. Sei que foi uma tremenda sacanagem da minha parte por invadir tão intimamente sua privacidade, entretanto ela estava com uma expressão tão... Tão... Desafiadora para mim. Eu não conseguia ler sua expressão e seus olhos desviaram dos meus quando perguntei se havia algo de errado. E qual foi minha surpresa ao escutar diversas palavras em português. Eu me odiava tanto por nunca ter me interessado por essa língua antes. Quando eu gemi de desgosto ela pensou que eu estava reclamando da sua falta de atenção e logo estava brincando comigo dizendo o quanto eu era carente.

- ... Edward. - Bella sorriu nervosamente para sua mãe enquanto apontava para mim.

De volta ao presente sorri para minha sogra e acenei alegremente.

- Oi. Tudo bem? - arrisquei algumas palavras.

Minha garota soltou um risinho se divertindo com o meu sotaque. Segurei meu revirar de olhos. Sua mãe piscou rapidamente franzindo o cenho e perguntou algo do qual não faço ideia do que fosse. Pedi socorro para Bella que me mandou um sorriso e voltou a conversar com sua mãe.

As duas conversaram tranquilamente por alguns minutos. Em alguns momentos a estrangeira mais nova ficava com suas bochechas coradas e exclamava "mãe" como repreensão, a mais velha apenas ria da filha e me mandava piscadelas. Logo percebi de onde Bella havia puxado sua mania de piscar com apenas um dos olhos e sorrir maliciosamente. Minha estrangeira tinha muitos trejeitos que vinham de sua mãe e eu estava achando fascinante observá-las interagir, mesmo que eu não compreendesse 99% do que diziam.

Foi então que em certo momento a conversa tornou-se tensa. Eu podia perceber o tom cauteloso do qual Bella puxou o assunto e o tom mais cauteloso ainda que a senhora Renata Silva usou para responder.

[N/a: Usei o sobrenome Silva já que é um dos sobrenomes mais comuns no Brasil, mais para frente Bella vai usar o Swan :x]

A conversa ficou baixa, quase sussurrada. Observei discretamente como a expressão da mãe de Bella estava assustada. Minha namorada estava certa, algo de errado estava acontecendo. Então a Sra. Silva começou a disparar palavras apontando para mim enquanto sorria nervosamente. Sua filha apenas arregalou os olhos e não falou nada, parecia chocada demais para emitir algum som.

Franzi o cenho em alerta a nova postura. Então a senhora apenas sorriu condescendente e se despediu.

- Bye Edward! - então com extrema dificuldade concluiu me surpreendendo. - Take care of my daughter.

- I will. - ela sorriu e em seguida a câmera foi desativada.

Voltei meu olhar para Bella. A ruguinha de preocupação ocupava a sua testa.

- O que ela estava dizendo que a preocupou tanto?

- Ela simplesmente me jogou para cima de você. - me olhou chocada.

- Como?

- Ela ficou feliz em saber que estou apaixonada por alguém tão bem apessoado quanto você. E disse que ficaria feliz se esse romance virasse um casamento. E apesar de ficar triste com a distância entre nós estaria feliz se eu estivesse feliz. Ela não quer que eu volte Edward!

Seus olhos começaram a enche d'água e mesmo que eu não quisesse que ela voltasse e vivesse ao meu lado para sempre eu compreendia sua tristeza. Era como se sua mãe a estivesse rejeitando.

- Ela deve ter algum motivo para dizer essas coisas.

Bella respirou fundo assentindo e se aconchegou em meu peito. Ela estava em silêncio, mas eu sabia que sua mente rodava em milhares de possibilidades e preocupações.

- Eu conheço um lugar que vai te animar. - sorri levantando-me e a puxando junto.

- Não estou com ânimo para passear Edward. - murmurou. 

- Não vamos passear, nem sairemos da propriedade. Apenas venha comigo. - pedi sorrindo torto.

Ela suspirou e se rendeu.

Descemos as escadas encontrando meus pais assistindo um filme infantil junto de Alice que estava entre eles e com uma grande bacia de pipoca no colo.

Papai aproveitava os dias de Sol para passar com a família já que ele não poderia ir trabalhar sem exibir seu verdadeiro eu. E como hoje Bella estava conosco ele escolheu um programa mais caseiro. Minha irmãzinha apesar de adorar passar os dias de Sol ao ar livre não se importou em fazer um programa diferente desta vez.

- Hey, vou levar Bella para conhecer a campina. Voltamos antes do anoitecer. - avisei de mãos dadas com minha estrangeira.

Os dois assentiram com sorrisos. Eles não escondiam o quanto gostavam dessa minha relação com Bella.

- Eu posso ir junto?! - Alice pulou ficando em pé no sofá e quase derrubando a pipoca.

- Hoje não encrenqueira. Mas eu prometo que te levo no próximo dia de Sol. - ela fez um biquinho e sentou-se novamente com uma expressão emburrada.

- Ah Edward talvez... - Bella começou a falar, mas mandei-lhe um olhar que a fez fechar a boca.

Eu sabia que ela não se importava brincar com Alice, mas eu queria privacidade com a minha namorada.

- Vamos então. - me mandou a língua.

Revirei meus olhos e a puxei para os fundos da casa. Caminhamos pelo jardim o qual Bella se encantara na primeira vez que nos visitou. E tenho que admitir que realmente era maravilhoso. Mamãe fazia um lindo trabalho com as flores e o espaço parecia um pequeno pedaço do paraíso com flores de diversas cores e formas, construindo um labirinto baixo e circular.

Continuamos andando em direção a floresta entrando em uma pequena trilha. Por um momento eu hesitei. Talvez não fosse uma boa ideia eu levá-la para lá. Por mais que o Volturi tenha deixado claro em seus pensamentos que não era um perigo para a nossa família, não sei o que ele faria se me visse com uma humana. Ele poderia informar seus superiores sobre uma possível exposição. Era o motivo que a realeza esperava. E ainda tinha o vampiro nômade... Faz tempo que não sinto seu cheiro ou sinto a presença de sua mente aos arredores, porém eu não poderia colocar Bella em perigo. Mas quando olhei-a e notei o quanto ela estava chateada não pude resistir a minha ideia e levei-a para a campina. Além do mais era muito pouco provável que o nômade se aproximasse tanto do nosso território.

Foram apenas 30 minutos de caminhada e valeu a pena arriscar. Assim que minha estrangeira avistou o local seus olhos ganharam um novo brilho apagando a sobra de tristeza que teimava a acompanhar.

Adentramos na clareira que esbanjava sua beleza natural reluzindo com os raios de Sol que passavam entre as folhas das árvores. Puxei Bella até uma árvore e nos sentamos aos seus pés. Com minha namorada entre minhas pernas e o Sol iluminando nossos corpos. Minha pele brilhava suavemente, sutil o suficiente para que os olhos humanos de minha estrangeira pudessem notar.

- Esse lugar é lindo... Tem cheiro de casa. - murmurou fechando os olhos e encostando sua bochecha em meu peito.

- Fazia tempo que eu não vinha nesse lugar. - sussurrei como se a minha voz em tom normal fosse apagar a sensação mágica que eu sentia nesse momento.

Era como se tudo estivesse em seu devido lugar, ou seja, Bella aconchegada em meus braços descansando sobre a relva e aquecidos pelo calor solar.

- Porque não?

- Eu costumava vir aqui e pensar em tudo, ou simplesmente não pensar em nada. Então alguns problemas de família se iniciaram e você chegou balançando meu mundo. - sorri.

- Você colocou o meu mundo no lugar sabia?

Bella mantinha seus olhos fechados e respiração calma, seu rosto ainda de encontro ao meu peito.

- Antes eu me sentia deslocada do mundo... Como se eu sempre fosse uma estranha no meio de todos, mas com você e sua família é como se eu finalmente tenha achado o meu lugar.

Apertei-a mais forte entre meus braços satisfeito com a sua confissão.

- Seu coração bate tão rápido. - fiquei tenso e observei a ruguinha se formar em seu rosto.

- É por que você está em meus braços. - sorri nervoso.

É verdade que Bella fazia meu coração bater de forma incomum, mas o acelerado que ela constatou era referente ao meu gene híbrido.

- Nós estamos virando um casal tão brega. - resmungou e eu gargalhei tão alto que alguns pássaros voaram para longe.

Meu riso parou abruptamente quando o vento trouxe para perto um cheiro doce. Reconheci imediatamente sendo de vampiro e sem dar quaisquer explicações puxei Bella de volta para casa. Ela até tentou perguntar o que tinha acontecido, mas desistiu ao perceber meu nervosismo. Levei-a para casa tentando conversar sobre besteiras, mas ela apenas me olhava com seus grandes olhos chocolate tentando entender o que havia de errado comigo.

Quando descemos do carro eu a puxei a abraçando forte e colando seu corpo no carro.

- Você vai me contar o que aconteceu? - perguntou segurando meu rosto entre suas mãos.

- Eu...

- Tudo bem. - suspirou e aproximou sua boca da minha.

Terminei com a distância com um beijo quase desesperado. Meu coração batia tão rápido com o súbito medo que me atingiu. Era como um pressentimento de que algo iria acontecer. E Bella pareceu sentir o mesmo, pois enroscou seus dedos entre meus cabelos puxando com força para mais perto dela. Nossos lábios praticamente brigavam por maior atenção, nossas línguas duelavam furiosamente e minhas mãos tentavam memorizar todo o seu corpo curvilíneo.

Estávamos tão perdidos um no outro que me sobressaltei quando escutei um limpar de garganta às minhas costas. Só então reparei Bella estava sobre o capô do carro e com as pernas em volta da minha cintura. Já eu estava com minhas mãos sobre suas cochas carnudas a trazendo cada vez mais de encontro a mim que devo acrescentar estava vergonhosamente animado.

Senti minha pele esquentar pela situação e pelo flagrante. Bella também estava vermelha e escondia o rosto entre suas mãos. Apenas virei meu rosto na direção do riso divertido e revirei os olhos em seguida.

Ângela era uma empata de primeira!

- Desculpem interromper, mas acho que os vizinhos estão apreciando o show. - gargalhou.

Bella puxou meu rosto para ela. A estrangeira ainda estava constrangida. Então ela me beijou rapidamente e desceu do carro.

- A gente se vê amanhã.

Assenti beijando sua testa e ela correu até Ângela que não parava de gracinhas.

Bufei com a minha besteira. Nada iria acontecer. Estávamos bem.

Deixei meus maus pensamentos de lado e entrei no carro para voltar à minha casa.

[...]

Os garotos na escola estavam mais animados do que o normal. A grande final do estadual estava a apenas uma semana de acontecer e seria em nossa casa, com a nossa torcida, ou seja, o colégio inteiro estaria gritando e empurrando o time. Seria divertido.

Já tínhamos planos caso ganhássemos, a festa de comemoração já estava organizada, só faltava o troféu para ficar certo.

- Hey Edward. - chamou Ben em um sussurro.

Estávamos em nossa última aula antes do almoço.

- Ângela não veio para a aula hoje? - perguntou com o rosto queimando em vergonha.

Segurei o riso.

- Veio sim, eu a vi hoje no inicio da aula.

- Então ela matou a aula passada. - resmungou chateado.

Franzi o cenho. Ângela não era de matar aula. Curioso eu me inclinei para frente e bati no ombro de Jéssica.

- Hey Jéssica.

Ela se virou com os olhos brilhantes. Segurei o revirar de olhos.

- Você sabe o que aconteceu com Ângie? - perguntei.

Seu rosto desmoronou em decepção. O que ela esperava? Que eu declarasse meu amor inexistente por ela? Jéssica bufou.

- Ela e sua namoradinha foram chamadas pelo diretor na metade da primeira aula.

- Por quê?

- E como é que eu vou saber?

Soltei o ar segurando minha vontade de sacudir aquela cabeça burra. Ben me lançou um olhar preocupado já que ele havia escutado minha pequena conversa com a líder de torcida.

Antes que pudéssemos discutir o que poderia ter acontecido o sinal tocou anunciando a hora do almoço.

Aguardamos as garotas em nossa usual mesa, porém o tempo foi passando e nenhum sinal das duas. Mandei uma mensagem para o celular de Bella que não me respondeu. Tentei Ângie e obtive o mesmo silêncio. Será que as duas ainda estavam com o diretor?

Algo dentro de mim dizia que não. Aquela mesma sensação que tive ontem quando fui me despedir de Bella me assolou. Continuei tentando mensagens de texto e até ligações durante o resto da aula, entretanto continuei sem saber de nada o que aconteceu. O treino de basquete foi um completo desastre. Eu estava distraído demais e o treinador me mandou para o chuveiro mais cedo do que o normal.

Tentei relaxar embaixo d'água e parar de surtar com as possibilidades criadas pela a minha imaginação, mas não obtive muito sucesso.

Quando saí em direção ao estacionamento percebi que algo muito errado estava acontecendo.

Alguns dos garotos do time e algumas líderes estavam reunidos em um grupinho. Aguçando minha visão notei que Ângela estava lá. Sentindo meu coração parar eu corri até eles.

- Ângie! - chamei um pouco assustado ao vê-la com os olhos vermelhos de choro e sendo consolada por Ben.

Ao me ver ela ficou claramente nervosa.

- O que aconteceu? Onde está Bella?

- O diretor nos chamou cedo porque minha mãe veio nos buscar. - começou ela com cautela. - A tutora de Isabella foi até nossa casa avisar que... Que a mãe dela foi assassinada.

- O que?!

- Ela está voltando para o Brasil.

- Que horas sai o avião? - perguntei já pegando a chave em meu bolso e correndo em direção ao meu carro.

- Edward!

- Que horas Ângela?

- Ela já embarcou.

Senti o sangue sair do meu rosto e meu coração acelerar. Eu sabia que uma hora teríamos que nos afastar, mas eu esperava esse momento para daqui 3 meses pelo menos e ainda tinha esperanças de encontrar uma saída para a distância. O que eu faria agora? De repente o chão pareceu desaparecer debaixo dos meus pés e eu não sabia mais para que rumo seguir.