Filhos escrita por Bellah102, CaahOShea


Capítulo 18
Capítulo 17 - Partida


Notas iniciais do capítulo

Olá, garotaaas!
Obrigada por comentarem no último capítulo, vocês são uns amores!
Beijos!



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Rebekka

-Ei! Bekka! – Seth saiu da pequena casa sorrindo. Reprimi a vontade de sorrir de novo. Lexi estava tão certa... Eu devia ir para um convento e tentar aquietar a minha alma. – Como sabia como chegar aqui?

-Pedi aos Cullen. Precisava falar com você.

Ele sorriu e apontou para a casa.

-Ei, cadê meus modos? Vamos entrar. Minha mãe vai adorar conhecer você e...

-Na verdade. – Eu disse, interrompendo sua animação precoce – Eu... Eu vim me despedir.

Ele uniu as sobrancelhas, murchando como uma rosa podada.

-Se despedir? Como assim?

Soltei o ar e dei de ombros.

-Estamos indo para o Rio, para longe da batalha. Eu ia ficar e arrancar as bolas de Scott com as minhas mãos nuas, mas El me pediu para ir com ele e ajudar a proteger as crianças. Estamos indo amanhã de manhã, antes da neve.

Ele parecia congelado no lugar, mexendo a boca e emitindo sons engraçados, mas nada que eu desse ser pressuposto como uma palavra. Aproximei-me e depositei um beijo na sua bochecha.

-Até mais, Seth. A gente se vê quando isso tudo se acalmar.

Virei e subi a ladeira no topo da qual meu carro me esperava.

-Mas... Bekka! Espera! Eu...

Virei-me para ele, mas novamente ele não parecia conseguir dizer nada. Sorri de leve, desejando que eu não estivesse tão ocupada, com medo de me apaixonar, que nem ao menos dera uma chance verdadeira para ele.

-Adeus, Seth.

Grace

-Eu estou vendo o que você está fazendo aí?

Tirei o fone, encarando Finn com um olhar gelado. Quando alguém está ouvindo música, seu vizinho de poltrona podia ser legal e compreensivo e calar a boca para variar. Mas aquele era Finn. Ele sempre fazia o oposto do preferível, do agradável e acima de tudo, do certo.

-Do que está falando?

-Se escondendo atrás desses fones porque não consegue lidar com seus problemas.

-Meu único problema é você no caminho dos meus Ramones. Será que dá para sossegar?

-Isso depende. Você vai me deixar deitar a cabeça no seu ombro?

Rosnei, chutando a poltrona da frente com força.

-O-o-o quê? – A voz de bobão dorminhoco de Elijah veio do outro lado do encosto- O que é que foi agora, Gray?

-Ele não me deixa ouvir minha música, El!

-Você pediu educadamente?

-Sim!

-Não.

Finn respondeu ao mesmo tempo, fazendo um bico ridículo. Revirei os olhos, empurrando a cabeça dele para longe de mim.

-El! Por favor, troca comigo!

-Não posso, vou acordar Angela.

-Angie? Ela é um gato. Dorme em qualquer lugar. Vamos... AI! EL1 ELE ME MORDEU! –Olhei para ele incrédula, segurando minha mão contra mim como uma criança – Você acabou de me morder?

-Não sei. Será que mordi?

Abri a boca para dizer algo, mas me calei, sem resposta.

-El, por favor... – Silêncio. Tornei a chutar a cadeira. Pelo espaço entre os bancos, vi o fone de El balançar e seu dedo aumentar o volume do player embutido no apoio para braço da poltrona do avião – Traidor.

Balancei a cabeça, voltando a olhar para Finn.

-É muita sorte sua a segurança do aeroporto ter recolhido minha pistola de fedor.

Ele sorriu.

-Só menos de 30 mL num frasco transparente, princesa.

-Sabe quanto tempo eu levei para recolher aquilo tudo? CB quase me mordeu!

-É compreensível. Eu te mordi por muito menos.

Encarei-o, com vontade de mordê-lo de volta e me levantei.

-Quero ir ao banheiro. Me deixa sair. – Ele me encarou, divertido, como se esperasse algo. – Por favor.

Ele puxou as pernas para cima do banco. O avião deu uma guinada violenta e quase me derrubou. Segurei-me na cadeira de Angie para não cair. Levei a mão à cabeça. Aquela dor irritante voltara.

-O que foi isso?

Perguntei, revoltada com o piloto.

-Isso?

Assenti.

-O avião. Virou.

-Gray. – Olhei para ele. Ele parecia falar do outro lado de um longo túnel – O avião não faz nada disso. – Ele uniu as sobrancelhas. – Você está pálida. Está se sentindo bem?

Balancei a cabeça e, como uma marionete solta pelo mestre, senti-me despencar, sem força.

-Ah Deus... Grace! Grace!

Queria mandar Elijah calar a boca um segundo, mas qualquer movimento despertaria ainda mais a terrível agonia que se desenrolava na minha cabeça. Consegui soltar um gemido dolorido que fez com que minha cabeça parecesse comprimida por um torno.

-Ela está acordando.

Disse uma mulher com um inglês péssimo. Mas eu não estava acordando, queria dizer a ele. Nem sequer tinha dormindo. Tinha? É claro que não. Quem conseguiria dormir com uma dor de cabeça dessas?

Mas eu estava de olhos fechados... Ah, que merda! Será que tinha perdido a hora do lanche?

Abri os olhos. Parecia que eu estava tentado ver um vidro muito espesso. Todas as distâncias pareciam estar distorcidas e eu não conseguia distinguir corretamente uma pessoa de outra. A dor aumentou e eu me senti gemer de dor novamente. Aquilo me lembrava nossa última visita ao aquário de Seattle em que eu tive que me manter longe do aquário principal porque o vidro grosso e inclinado me forçava meus olhos.

-Gray? Está tudo bem?

Segui a voz. Elijah. Cale a boca, seu bobão. Estou tentando descobrir o que aconteceu.

-Minha cabeça...

-Você bateu quando caiu. Não consegui te segurar.

Finn. Olhei para ele. Assim como a voz estava fina e assustada, ele estava pálido e os olhos, preocupados. Todos os olhares aliás, estavam preocupados, até mesmo dos estranhos do outro lado do corredor e do Sr. E da Sra. Mikaelson de pé no corredor.

-Eu... Caí?

Ele fez que sim. A mulher – uma aeromoça – fez várias perguntas, às quais eu demorava para responder, ainda meio atordoada. Assegurei a todos que estava bem, mas aceitei a aspirina para a maldita dor de cabeça. Mesmo depois de eu convencer a aeromoça – que devia estar morrendo de medo que eu processasse a companhia – Elijah (ambos os Elijah’s, aliás) e os Mikaelson ficaram lhando para mim como se eu fosse morrer à qualquer minuto.

Por fim, eles perceberam que eu estava bem e só queria paz e silêncio até que a dor na minha cabeça parasse. Finn ficou me vigiando até que eu caísse no sono. No aeroporto, tivemos que esperar quase quarenta minutos para podermos estacionar o avião

-Na rua já é difícil, no aeroporto, então...

Finn riu, balançando a cabeça e olhando pela janela. A noite lá fora era silenciosa e assustadora.

-Exatamente como eu imaginava. Normal.

Olhei pela janela, desinteressada.

-Você imaginou assim? Imaginei saindo do avião numa fila de conga.

Ele riu, olhando para trás, tendo certeza que nenhuma comissária estava por perto.

-Só não diga isso perto delas. Vi um cara levando uma bronca quando fui ao banheiro. Ele mandou ela dançar para ele.

Fiz uma careta.

-Ai. Porque americano é tão sem noção?

Ele deu de ombros.

-Sei lá, sou canadense.

Revirei os olhos, empurrando-o de brincadeira. Ele riu, soltando seu cinto distraidamente.

-Você está melhor?

Assenti.

-Minha cabeça parou de doer, embora eu esteja meio enjoada. Mas pode ser a comida. Odeio comida de avião.

Ele sorriu, mas pareceu insincero. Era o mesmo tipo de sorriso que a minha mãe me dera quando partimos. Apenas de fachada, sem deixar escapar nada do que está por dentro.

Finalmente conseguimos um portão para desembarcar. Permaneci sentada enquanto todos pegavam suas bolsas nos bagageiros. Finn me alcançou minha mochila, onde eu enfiei meu celular e os fones. Abracei a bolsa, puxando os joelhos para cima do banco de couro da primeira classe. Fechei os olhos, exausta.

-Ei, Gray, tudo bem?

El perguntou, de pé no corredor. Abri os olhos e lhe mostrei meu polegar de forma afirmativa.

-Só estou cansada, Raio Black.

Assegurei. Ele olhou para a porta que se abriu. Todos começaram a se mexer. El entrou no diminuto espaço entre nossos bancos e, enquanto todos saíam do avião, ele se abaixou e me levantou nos braços, surpreendendo-me.

-El! Pirou, foi? – Perguntei, tentando me segurar à ele ao mesmo tempo que tentava me segurar à minha bolsa. – Me coloca no chão!

-Não.

Disse com um sorriso bobo e saiu do avião comigo no colo sob os olhares de brasileiros exaustos vindos da Disney e de Nova York.

A casa, como vovó nos dissera antes de sairmos, tinha apenas duas camas – mesmo depois da reforma – mas sofás o bastante para abrigar uma pequena turma de formandos.

-Não acredito que você dormiu todo o caminho até aqui. Você tem noção de como essa cidade é linda?

Finn disse, tirando os tênis cheios de areia da entrada. Dei de ombros, empurrando o rosto dele para longe de mim.

-Vai continuar sendo linda quando eu vier fazer minha exposição de telas. Até lá, o mais lindo que ela tem à oferecer é o meu quarto e umas aspirinas.

Ele parou de andar imediatamente.

-A dor voltou?

Assenti.

-Está mais fraca. Ainda assim, não quero dar sorte ao azar.

Ele assentiu, mas ficou me olhando de lado.

-Boa noite, então.

-Boa noite.

Fui para o meu quarto, onde uma das paredes eram todas de painéis giratórios de vidro com vista para a praia. Pelo meu tamanho diminuto, eu conseguiria com facilidade passar pelo vão entre eles quando estivessem abertos. A cama era pendurada no teto por quatro cordas grossas nos cantos. El já tinha levando minha bolsa até lá. Angie estava no banheiro, cantarolando enquanto escovava os dentes.

Deitei-me na cama, exausta.

-E então, Angie? Como foi passar 9 horinhas do lado do meu lindo irmão?

Ela veio até a porta, sorrindo enquanto escovava os dentes. Teria sido mais bonito se a espuma azul não tivesse escorrido quase até o queixo. Ela correu para o banheiro para limpar. Sorri e fechei os olhos.

Segundos depois ela estava do meu lado, fazendo a cama balançar. Seu sorriso era tão brilhante quanto o sol batendo no mar.

-Foi tão incrível, Gray! – Ela suspirou apaixonadamente, empurrando a cama com o pé para que ela balançasse. – Nós brincamos de guerra de dedões, de jogo da velha, de “Eu vejo com os meus olhinhos”. Ele me ensinou à jogar Sodoku...

-Ah, é. Além de gostar de country brega, meu irmão também gosta de Sodoku. Que partidão...

Ela revirou os olhos.

-Nós contamos piadas, cantamos músicas...

-Uau. Estão praticamente casados.

Ela riu e me empurrou de leve.

-Mas e você e Finn? Como foi?

Suspirei.

-Angie, eu sei o que você está fazendo. Não rola. Eu realmente não quero nenhum relacionamento. Estou conformada em viver sozinha.

Ela suspirou.

-Mas ele gosta mesmo de você, Gray.

-É, é o que parece mesmo.

Disse, de forma sarcástica.

-Grace...

-Estou cansada, Angie. Não quero mais falar nisso.

Levantei-me para pegar um pijama e minha nécessaire. Entrei no banheiro, fechando a porta atrás de mim e respirando fundo.

Acordei com o cantar dos pássaros lá fora. Eram diferentes do que eu estava acostumada, mas ainda assim, naturalmente matinais. Sentei-me na cama, espreguiçando-me. Angela ainda dormia silenciosamente do meu lado. Levantei e girei um dos painéis, me esgueirando pela fresta e correndo até a praia. O sol começava a nascer sobre o mar prateado

-Eu preciso desenhar isso.

Sussurrei, olhando ao redor. Encontrei uma vareta de pau, aproximadamente do tamanho de uma vassoura. Era fino como um lápis e firme como tal, apesar do tamanho. Pela umidade no chão, toda areia estava fofa. Rolei minha vareta por ela, aplainando-a. Cuidando para não arruinar meu trabalho com os pés, comecei a desenhar.

Desenhei o mar, gigante, misterioso e parcialmente assustador. Então o Sol subindo tentei mostrar o reflexo dele na água. Decidi usar as folhas caídas e úmidas do pequeno bosque para sombrear o meu mar, deixando os reflexos mais à vista. Deitei minha vara sobre o quadrado que deixara sem desenhos e fui recolher mais gravetos. Ajuntei-os como uma jangada. Tudo o que faltava era uma vela...

-Ei Gray!

Levantei-me. El jogou uma toalha branca para mim, sorrindo travesso.

-Só não conte à Sra. Mikealson!

Sorri, ajeitando a toalha sobre a areia.

-Está com a câmera?

-É claro que estou. Estou filmando você há um tempão.

Ri, balançando a cabeça.

-Quando você acordou?

Ele suspirou e percebi o quanto ele parecia cansado. Uni as sobrancelhas.

-El?

-Eu não consegui dormir. – Me levantei, indo até ele, meu desenho esquecido – Não é nada é só que... Não consigo parar de pensar na mãe e no pai com aquele maluco lá. E a Liz, o Bruce, os Cullen e toda a reserva. – Ele balançou a cabeça. – E ainda assim, aqui estamos nós, seguros e longe de tudo. Porque nós merecemos isso e nenhum deles não?

-Não jogue esse jogo de merecer, El. – Apertei a mão em seu ombro- É uma estrada que não leva a lugar nenhum. Além do mais, papai e mamãe só estão fazendo o melhor que podem por nós, assim como nós faríamos o melhor por eles.

Ele suspirou.

-Eu queria estar com eles.

-Eu também. Mas... É melhor não pensar nisso. Vamos ficar aqui e vamos tentar nos divertir. Mamãe prometeu ligar toda a semana e nós sempre podemos escrever. Não é o mesmo, mas... Vai ajudar.

Ele suspirou novamente e assentiu. Abracei-o e ele me abraçou de volta. A verdade era que eu estava feliz por El estar ali. Sempre fora assim, nós dois contra o mundo. E eu me sentia mais segura com ele do que com qualquer pessoa no planeta, incluindo nossos pais.

-Agora sobe naquela árvore e tira minha foto na minha jangadinha irada.

Eu disse, puxando-o pela mão.


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Notas finais do capítulo

Ih, Gray... Será que você tá bem? *suspense*



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