Pai, Estou Gravida De Um Coreano! escrita por RosyFerreira, Koda Kill


Capítulo 5
Girino sem noção


Notas iniciais do capítulo

O segundo fresquinho e sem demora! Espero que gostem :*



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Eu olhava de Chris para o bilhete sem acreditar no que eu estava vendo. Será que essa perseguição nunca acabaria? As pessoas cometem erros eu sei e tenho que arcar com as consequencias do meu. Mas isso não era um pouquinho demais?

– Como alguém… - Olhei para o garoto. – Você sabe de alguma coisa?

– Sou amigo íntimo de Rui! Ele me conta absolutamente tudo da vida dele. Eu sei que vocês transaram e também sei que ele acha que você é uma aproveitadora que está atrás dele por dinheiro!

– Eu? – ergui-me. Amassei o papel em minha mão com raiva. – Eu nem sabia quem era ele até acordar ao seu lado naquele quarto! Eu vim para essa escola por acaso! Não quero nada dele! Nada! Ouviu?

Gritei, euforicamente nervosa.

– Ok, ok, ok – Ele deu-se por vencido. – Eu sei disso. Pesquisei sobre você!

– Pesquisou?

– Sim… Contratei um detetive para segui-la e descobrir quem você era. Sei que praticava natação e ginastica rítmica no primário e que ganhou duas medalhas em duas competições. Gosta de rock… Odeia gatos e tem um papagaio que ganhou do seu tio- avô no ano passado. – Ele dizia tudo naturalmente, como se cada palavra dita fosse um texto decorado. – E por fim, meu pai é sócio da empresa do pai de Rui, e então, por acaso – Ele desviou a atenção, pensativo. - Meu pai apresentou um homem com o mesmo sobrenome do que o seu, e eu perguntei a ele se conhecia uma tal de Lívia, e sorridente, ele disse que era a filha dele!

– Meu deus! Como isso é possível? Você sabe mais da minha vida do que eu mesma! - Surpreendi-me, cativada e ao mesmo tempo meio indignada. – Isso é invasão de privacidade! Você não tinha o direito! Por que fez isso?

– Por que eu quis, oras! – Ele ficou de pé. – Olhe, não quero me intrometer na sua vida, porém já estou inserido nesta merda de vocês dois! Além disso, não estamos falando só de arruinar a vida de Rui e a sua! Se uma polemica surgir agora, meu pai também sairá prejudicado! A empresa passa por um momento delicado, e nem sonhado, algo de tamanha magnitude pode acontecer!

– Ah… Mas o que eu posso fazer? – Perguntei depois de um tempo.

– Sei lá! Não sou seu gênio da lâmpada! – Ele deu de ombros. – Só sei que, se essas fotos saírem nas revistas e jornais, seu pai, meu pai e todo o resto dos trabalhadores daquela empresa serão prejudicados! Pense comigo: até onde eu sei, essas fotos podem provar duas coisas: primeira, Rui levou uma moça qualquer da favela para cama, que não seria de mal algum, afinal, somos homens, e isso é algo bom para nós, ou – ele esperou o vento passar. – podem surgir boatos de que Rui estuprou você… que é mais provável!

– Por que?

– Sobre isso - Ele fez uma pausa. – Pergunte a Tainara. Ela saberá responder!

– Hein, mas o que faremos? – Sentei no banco de madeira. Nada de genial vinha em minha mente.

– Faremos? – Ele bufou. – Eu já disse, não sou um gênio da lâmpada!

– Isso eu já sei, seu ignorante! – Gritei com ele.

– Nervosinha... - Ele se sentou ao meu lado e tirou um maço de cigarro de dentro do terninho. – Vejamos… Eu posso contratar outro detetive para descobrir quem é o tal anônimo do bilhete! – Ele pegou um cigarro e procurou o bolso do terninho o isqueiro e acendeu o mesmo.

– Ou você podia perguntar a Rui quem é! Ele sabe muito bem, pelo que eu li do bilhete. – Molhei os lábios com a língua. – Dá pra parar de fumar? Isso faz muito mal sabia? – Disse tentando tirar o cigarro das suas mãos, mas ele apenas me afastou.

Cris me encarou com o cigarro entre os dedos próximos aos lábios, com as sobrancelhas erguidas.

– Se fosse fácil assim, eu não teria vindo aqui. – Ele ditou, bufando. – Sua besta! Você não acha que se Rui soubesse mesmo quem o estava chantageando, ele não teria mandado matar o infeliz?

– Besta é você – sussurrei.

Ele tragou um pouco e depois soltou aquela fumaça branca horrível dos lábios.

– Tenho certeza que Rui também não sabe quem é. – Ele parou para fumar e depois olhou para mim, me oferecendo o cigarro. – Quer?

– Claro que não!

– Eu posso entrar em contato com uns velhos amigos meus que são da perícia do Canada!

Era a minha vez de bufar.

– Isso aqui não é CSI!

– Mas não muda o fato que sua cabeça pode ser arrancada a qualquer momento. – Ele sorriu, soltando a fumaça em meu rosto. Tossi, respirando aquele troço fedorento.

– Cuidado ai!

– Você pode pelo menos fumar em outro lugar? – balancei as mãos no ar para afastar a fumaça enquanto Cris ria da minha reação. Avistei de longe o bonde das gazelas me observando. Lisa deu dedo para mim e Debora simulou está pisando na minha cabeça quando passei algum tempo olhando para elas. – Será que todo mundo nesta escola é estupido de natureza ou colocaram alguma coisa na água?

– Está falando isso por causa da Lisa e as amiguinhas dela? – Ele olhou na mesma direção. – Cara, essa Lisa é uma Puta de primeira qualidade! Sem dizer que aqueles peitos…

– Eca, que nojento!

Ele olhou para mim e sorriu.

– Você fala isso por que é uma menina!

– Vamos parar com essa conversa! Eu nem te conheço para tal intimidade!

– E daí? Já transei com mulheres que só precisei abrir a minha carteira!

– Sim mas isso não quer dizer que eu seja assim e nem significa que você deva ficar falando de suas porqueiras pra mim! Você é nojento!

– Olha quem fala, a vadia que deu para o Rui! – Ele sugou mais um pouco do cigarro e depois o apagou. - Não queria ter ofender… Foi força do hábito. – Ele disse depois que fiquei calada. - Temos que resolver esse problema logo!

– É…

Virei-me para Cris para dizer algo que eu pensava sobre o assunto quando uma coisa dura bateu contra a minha cabeça com total força que pulei no banco e a lateral da minha testa sofreu um impacto contra a parede de concreto onde o banco estava encostado.

– Lívia? – Ouvi a voz de Cris e suas mãos me segurando por relance. – Lívia? Lívia?

– Caramba... – Falei parecendo uma drogada. Minha visão ficou turva e nada fazia sentindo. – Acho que estou tonta!

– Uau! Que pancada! Parabéns, Debora! Acertou em cheio! – Ouvi uma risadinha sarcástica das garotas logo que Lisa acabou de dizer.

– Porra, Lisa! Olha que você fez. Você arrebentou a cabeça da garota! – Ele ainda me segurava desajeitadamente. Eu não conseguia ver bem, mas eu sentia um líquido escorrer pela minha blusa da escola. – Você quer matar ela?

– E o que você está fazendo aqui com ela? – Lisa quis saber. – Tá afim dela?

Ele me segurou no colo depois de um tempo, mas eu estava tonta demais para impedi-lo que fizesse isso.

– E se eu estiver? – Ele rangeu como um leão e os meus ouvidos doeram. – É melhor você desaparecer da minha frente!

– O que essa garota tem? – Lisa gritou quando Cris começou a andar. – Cristian!

– O boquete dela é melhor do que o seu – Ele gritou em alto e bom som, e eu me contrai em seus braços, pensando na merda que ele havia dito e no que todos que ouvissem o que ele tinha dito pensariam de mim. Eu queria morrer e isso parecia ser mesmo bem possível.

…..

Ouvi cortinas correndo pelo trilhos de ferro e janelas sendo abertas. Abri os olhos e encarei o teto, sentindo um pequeno latejar em minha têmpora. Fiquei à deriva por algum tempo, até ouvir uma porta batendo ao se fechar, virei o rosto para o lado em busca de alguém, sem saber onde estava.

Então notei uma pessoa.

Cristian dormia em um sofá perto de onde eu estava. Ele estava sem o terninho e a camisa de baixo estava aberta, mostrando praticamente tudo. Nunca tinha visto um garoto tão à vontade como Cris estava, mas se todos fossem bonitos como ele daquela maneira eu estava perdida. Uma perna estava sobre o braço do sofá e a outra no chão, ele estava descalço e bainha da calça estava dobrada. Ele aparentava cansaço.

Tentei sentar na cama, mas a dor na cabeça não permitiu.

– É melhor fica deitada – Cris disse, abrindo os olhos. Talvez eu não estivesse tão silenciosa quanto achei que estava. Talvez ele não estivesse dormindo, mas minha visão turva não estava me ajudando.

– Que horas são? - Perguntei, percebendo que já estava anoitecendo.

– Seis horas em ponto!

Foi então que lembrei-me de tudo. Aquelas gazelas do inferno!

– Eu quero ir para o meu dormitório! – Falei, sussurrando.

– Hum… Tem uma coisa que eu preciso falar com você. – Sua voz era preocupada. Ele coçava a cabeça sem saber como fazer. Comecei a ficar nervosa.

– O que? – Esperei.

– Bem… - Ele sentou direito e coçou a nuca, olhando para todos os lados, menos para mim. – A enfermeira disse para você tomar mais cuidado… Pois… Nesta situação é perigoso para o… Você… Você e o… - Ele não conseguia dizer o que queria. – Porra!

– O que foi? Meu cérebro foi prejudicado? Tem algum problema comigo? – Alterei-me, tentando sair da cama. – Fala! – Exigi desesperada e suplicante.

– Não – Ele levantou e me segurou na cama. – Fique ai!

– Eu quero descer! – O empurrei nervosa.

– Eu estou mandando você ficar ai! Me obedece, porra! – Ele disse furioso.

– Você não manda em mim! – Rangi.

– Será que você pode manter a sua bunda nesta porra de cama?! O que eu tenho para dizer é sério! – Ele gritou comigo e eu me encolhi por impulso. – Desculpa, eu não queria ser grosso, força do…

– Hábito – Completei.

– É, força do Habito! – Ele sorriu meio hesitante.

Não tentei sair mais da cama. Ele sentou ao meu lado e ficou brincando com os próprios dedos. Era até engraçado ver ele assim, nervoso.

– Então… O que foi? – Chamei-lhe a atenção completamente impaciente.

– Você tem um girino. – Ele falou sério.

– Eu tenho o que? – Arregalei os olhos. – Girino? Andou fumando drogas? Um girino? Agora sou sapo? Girino?

– É, porra! Um girininho! – Ele bufou, controlando o tom de voz. – Um bebê! Você está gravida, sua lerda! Eu queria falar de uma forma mais… Simples! Mas você é lerda pra caralho!

De repente, o quarto me pareceu estranho e minha cabeça rodou. O que ele tinha dito? Revirei a minha mente para tentar assimilar cada palavra compreendida por Cristian, mas eu não conseguia. Antes mesmo de pensar ser aquilo era mesmo possível ou apenas um mal entendido, eu já estava chorando, e eu nem sabia ao certo por que.

– Quem lhe disse essas asneiras! - Gritei com ele. Porém, não fez efeito nenhum, ele estava distraído, perdido em algum mundo do subconsciente. – Hein? Está me ouvindo? Cris? Cris?

– Eu não estou surdo! – Ele segurou a raiva. – Droga… Foi a enfermeira que disse! Ela fez um exame de sangue enquanto você dormia e … Ai me comunicou! Ela ainda teve a proeza de me dar os parabéns!

– Você está louco! – Usei todas as minhas forças. – Esse lugar é um hospício! Eu quero ir embora daqui! – Eu não estava falando nada com nada, e acho que Cris também não estava tão sensato assim, pois ele parecia uma múmia ao meu lado enquanto eu gritava com ele. - Eu odeio essa escola! Eu odeio aquelas gazelas saltitantes! Eu odeio aquele asiático metido a besta! Eu odeio você e o seu cigarro fedorento!

– Terminou? – Ele olhou para mim assim que desabafei. – O que vai fazer?

– O que, o que? – Agarrei o pouco de cabelos que eu ainda tinha. – Santíssimo! – Olhei para o teto. – Me diz que isso é uma piada sem graça! – segurei a manga da camisa dele com as duas mãos e puxei delicadamente. Estava sem forças, entregue ao desespero enquanto encarava seus olhos. – Me diz que isso é uma brincadeira! Por favor! Por favor! Não brinque assim comigo!

– Isso não é uma brincadeira, desculpa! – Ele disse penalizado, não sei se por mim ou por Rui.

– Você é um verme como os outros! – O quarto estava escuro e apenas um abajur estava ligado a alguns metros de nós. – Você tem noção do que isso significa? Minha vida está destruída se isso que você disse é verdade!

Ele me empurrou e eu soltei a manga de sua camisa. Eu não queria acreditar em nada que ele havia dito. Eu preferia acreditar que tudo não passava de uma brincadeira de mal gosto de sua parte, mas dentro do meu coração, eu começava a acreditar que talvez aquilo não fosse uma brincadeira.

Mas, como seria possível? Eu havia ido na médica dois dias depois do fato e ela me receitou alguns remédios e tal, e eu também menstruei normalmente. Se aquilo fosse mesmo verdade, e eu estivesse gravida, meu mundo daria um giro de 180 graus e, sinceramente, eu não estava pronta para isso. Enxuguei as lagrimas que rolavam por meu rosto e fiquei de pé sem ajuda de Cris, que tragava um cigarro no momento.

– Vou para o meu quarto. – Falei, sussurrando e tentando não soluçar.

Ele segurou o meu braço, ainda sentando na cama.

– Não diga nada a ninguém. – Ele pediu. – Amanhã veremos o que eu posso fazer. Tome dois comprimidos para dor de cabeça e não toque na faixa. Não tente nada estupido! E evite tombos!

– Você não é a minha mãe!

– Só estou preocupado com você, sua lerda!

– Não preciso da sua preocupação! – Rebati. – Você nem me conhece e pelo pouco que sabe me acha uma biscate qualquer! Por que está tão preocupado comigo?

– Não estou preocupado com você! Ok? – Mentiu - Só não quero… - Ele pulou da cama com o cigarro nos lábios e soltou a fumaça em meu rosto. – Faça o que quiser, porra!

– Faço mesmo! – Eu estava na defensiva. – Vai pro inferno!

– Que tal irmos juntos – Disse com um falso tom sedutor que arrepiou minha pele e bateu a porta da sala quando saiu.

– Vai você sozinho! – Gritei, curvando o corpo para frente e apoiando as mãos sobre os joelhos. Minha cabeça latejou tanto que precisei me endireitar. – E agora?

Olhei na direção da janela aberta e vi o céu daquela noite. E agora, meu deus? Respirei fundo e comecei a andar, quando percebi por relance o terninho que Cristian havia deixado sobre o braço do sofá.

– Aquele boca suja – Sussurrei recolhendo a peça de roupa e dobrando-a sobre meu peito.

Com o terninho em mãos e comecei a andar para fora da sala quando a porta abriu do nada e duas pessoas entraram. Ergui os olhos e parei. Cristian revirou os olhos e eu fiquei paralisada. Rui estava bem atrás dele, parado na porta com os braços dobrados embaixo do peito. Ele não olhou para mim, ou talvez, não tenha nem notado que fosse eu, porém eu não conseguia nem pensar direito por causa de sua presença ali.

– Pode me devolver o meu uniforme? – Cris disse, pegando-o da minha mão. – não quero nenhuma pervertida cheirando as minhas roupas! – ele sussurrou.

– Já terminou, Cris? – Ouvir a voz de Rui causou-me um calafrio imenso. Ele olhava em direção ao pátio quando disse.

– Sim – Cris piscou para mim. – Amanhã conversamos!


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Notas finais do capítulo

E aiiii??? Comentem!!