Pai, Estou Gravida De Um Coreano! escrita por RosyFerreira, Koda Kill


Capítulo 4
Bilhete roubado


Notas iniciais do capítulo

Oi gente aqui é a Orphos! Espero que gostem do capitulo nos ralamos muito nele! kkkkk Divirtam-se!!!



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Aula de educação física. Correr ou ficar parada, eis a questão. Se eu corria, bolas me acertavam em lugares que definitivamente não deveriam ser acertados. Se eu ficava parada, uma trezentas bolas me acertavam! Era o meu fim! Aquela patricinhas dos infernos realmente estavam tentando de todas as formas me machucar.

– Acho que elas não gostam muito de você. – Brincou minha colega de sala, Tainara.

Mais uma bola de basquete passou voando a milímetros do meu corpo e se ela batesse em mim, certamente alguma coisa ficaria dolorida ou potencialmente inutilizável. A loira me encarava com as sobrancelhas cerradas e os lábios semiabertos empapados de brilho labial.

– Não é que elas não gostem de mim... – falei irônica, curvando a cintura para o lado escapando por pouco de outra bola. Coloquei a mão na cintura e encarei a loira e seu grupinho Pink. – Tá certo, eu acho que elas me odeiam o suficiente para me matar! Por que elas estão fazendo aula com a gente? Pensei que elas eram de outra turma!

– Hum… E elas são – Tainara me empurrou quando um vulto passou por nós e bateu com tudo na parede da quadra. Deu pra perceber que o reboco da parede tremeu e uma parte caiu no chão. Talvez fosse uma parede velha. Eu espero que seja. Tainara olhou para mim e deu um sorrisinho sacana. – É, elas odeiam você! Mas não se preocupe, – ela colocou a mão sobre o meu ombro. – eu vou proteger você!

Sorri para ela. Eu havia conhecido Tainara por acaso. Depois do que aquelas bruxas haviam feito com o meu cabelo, passei duas semanas me escondendo pelos cantos da escola, evitando me encontrar com aquele grupo de gazelas saltitantes. Mary e Lulu tentaram passar a maior parte do tempo comigo, mas elas eram de outras turmas, então não tinham como ficar comigo o tempo todo.

Foi então que eu, abaixada atrás de uma pilastra, tive a proeza de ser descoberta pelas gazelas. Minhas pernas tremeram e o meu coração bateu em um ritmo acelerado. Fiquei tão desesperada, que paralisei geral, mas conseguia manter a respiração constante por causa do medo e da adrenalina que acorrentava o meu corpo e mente.

Comecei a rezar. Era a única coisa que eu podia fazer naquele momento. Rezar. Pedi para Deus me salvar daquelas garotas. Eu tremia mais do que vara de bambu, sem dizer que eu tinha medo de que, desta vez, elas não jogassem ácido, mas sim gasolina e fogo, como a loirinha tinha prometido. Mas por que elas estavam ali? Eu tinha feito o que elas tinham pedido, eutinha ficado longe do tal Rui. Então, por que motivos, elas estariam atrás de mim?

Lisa, a loirinha se inclinou na minha direção com as mãos na cintura e olhou-me nos olhos. Estremeci por completo. Aqueles olhos azuis eram frios como um lago congelado, e se os olhos são o espelho da alma, podemos dizer que a alma daquela garota era pintada de borboletas negras.

– Há quanto tempo não nos vemos. – O sorriso dela era macabro como a alma por trás do olhos azuis. – Sentiu a minha falta?

– Por… - Minha voz sumiu no meio da garganta. – Me deixe em paz!

– E quem aqui está fazendo guerra? – Ela olhou para as amigas. Todas riram, menos Lisa e eu. – Sabe… - Ela passou o dedo na minha bochecha e contornou o meu queixo com a unha pontuda falando pausadamente, sem tirar os olhos dos meus. – Você não é bonita… Não é rica… Mas conseguiu algo inimaginável: Falar com o Rui! – Fiquei atônita. – Ele nunca fala com ninguém, a não ser duas pessoas aqui da escola. E do nada você aparece… E bum! – ela bateu as palmas das mãos em meu rosto e eu fechei os olhos, assustada e temendo o pior. – Ele vai até você e depois os dois saem pelo campus… sozinhos e…. Com as mãos dadas!

– Não estávamos de mãos dadas! – Sussurrei tentando explicar. Será que ela não via o quanto ele me odiava? Estava obvio que aquela situação não tinha o menor futuro.

Aquela garota estava me intimidando e, mesmo que eu tentasse, não poderia lutar contra ela. Lisa não era apenas um loirinha riquinha e mimada, Mary me falou sobre ela. Lisa é bem mais do que isso. No passado, ela era uma garota boa como qualquer outra, um pouco mesquinha, mas boa. O máximo pelo que poderíamos culpa-la era ignorância e futilidade.

O problema veio quando Mary saiu do grupo depois de um ataque de fúria dela. Mary tinha ficado com uma marca abaixo da costela e Lisa com as mãos sujas de sangue da própria amiga. “Talvez ela tenha ficado traumatizada” ditou Mary. “Éramos carne e unha. Não nos separávamos por nada. E de repente, tudo terminou. Mas a culpa não foi minha! Ninguém escolhe por quem se apaixonar!”

– Ele tocou em uma favelada como você, sinta-se importante! – Ela se afastou um pouco. Mas seus olhos ainda encaravam os meus. – O que você fez? Rui anda nervoso, está me evitando e disse que não sabe quem você é…. Mesmo assim, ele parece incomodado com a sua presença! O que conversaram naquele dia?

– Hã? – segurei a respiração, passando os braços nas pernas para me escolher. Não sabia o que poderia responder e quanto mais os segundo se arrastavam mais nervosa eu ficava. Soltei a respiração e contive-me. – Foi… Foi… Foi… Um…

– Own… O bebezinho está com medinho, é? – Ela disse. Ela apoiou as mãos sobre os meus joelhos e sussurrou em meu ouvido esquerdo. – Se eu fosse você, eu não perdia o meu tempo gaguejando… EU posso me irritar e ai… - Ela riu como uma tirana de primeiro. Se seu objetivo era tortura psicológica ela poderia estar certa de que estava conseguindo o que queria. – Eu vou acabar com a sua raça!

Minha boca entrou em convulsão.

– É…. Naquele dia… Ele queria saber quem… - Eu estava tentando me controlar em vão. Meus nervos em frangalhos forçavam qualquer explicação fajuta. Como se já não estivesse obvio o suficiente que eu estava inventando alguma coisa. – Ele estava…

– Fala, miséria! – Debora, a morena, proferiu um chute na minha direção. Porém, algo solido evitou a colisão. Eu me contorci tentando evitar o choque e encarei o nada surpresa por um instante pela colisão fracassada antes de minhas pernas falharem pelo descontrole e pela tentativa de desviar.

Cai de bunda no chão e Lisa levantou-se em um pulo com os olhos arregalados. Uma pessoa tinha intervindo o chute da Debora em meu rosto, e essa pessoa era uma garoto. Ele havia parado do meu lado e com a mão, segurou a perna de Debora, que agora parecia tão assustada como Lisa. Ele era mesmo meio assustador, mas aparentemente estava a meu favor pelo menos por hora. Meio grandalhão, mal encarado e dado o estado dos meus nervos com qualquer movimento brusco eu desembestaria numa corrida para longe.

– O que vocês estão fazendo? – o garoto apertou os dedos em volta da perna da garota, e esta mordeu o lábio inferior para evitar um grito de agonia.

– Do que você estão brincando? – Tainara apareceu logo atrás do garoto ao meu lado. Ela sorria e tinha os cabelos cacheados despenteados em uma juba. Ela forçava uma animação que parecia natural em seu rosto e seus olhos corriam pelos rostos surpresos das garotas. Seu corpo delgado se inclinava para frente e para trás enquanto esperava inquieta qualquer tipo de resposta. O garoto não soltara a perna de Debora e agora as encarava com uma impaciência implícita no rosto. – Lisa? Debora? Que brincadeira é? – Insistiu a menina.

– Não… - Lisa piscou, nervosa. – Não é uma brincadeira! Estávamos apenas… - ela piscou novamente. – Vamos, meninas! Vamos embora! – Ela saiu furiosa, porém de cabeça erguida, fingindo que nada a atingiria. Respirei aliviada

– Hum… - Tainara fez bico e o garoto olhou para ela. – Pode soltar a perna dela!

Ele obedeceu ela e soltou a perna de Debora que correu para perto de Lisa, como se os novo intrusos fossem monstros disfarçados de humanos ou coisa assim. O garoto misterioso apenas cruzou os braços e as observou partir com desaprovação no rosto. Olhei mais uma vez para a garota franzina e para o rapaz alto e moreno que havia se erguido para encara as garotas irem embora.

– Obrigada! – Falei, quando as garotas desapareceram, mas ainda incerta sobre como agir diante desses dois. – Obrigada mesmo!

– Sou Tainara e esse é o meu irmão, Douglas! – Os dois sorriram para mim. Era estranho ver aquele grandalhão mal encarando sorrindo tão abertamente pra mim. Parecia mais jovem e mais bonito do que com aquela carranca de raiva.

– Eu sou... – levantei-me no impulso. – Lívia!

– É, eu sei quem você é! Ouvi boatos que você e Rui tem um lance! – Mas será possível que essa perseguição não teria fim?

– Não temos nada! – Falei rápida como um foguete. – Nem conheço aquele animal! – Meu rosto foi de aliviado para furioso em poucos instantes. Tainara fez uma careta percebendo que não foi a coisa mais sabia à se dizer.

– Preciso ir – O rapaz disse, ajeitando o terninho de colegial. – Nos vemos depois. Tenho aula de matemática agora!

– Obrigada – Agradeci quando ele olhou para mim. – Você salvou a minha vida. Ou melhor, o meu rosto!

– Não foi nada – ele sorriu docemente.

Ele não parecia ter mais de quinze anos. Possuía adoráveis olhos castanhos, cabelos lisos pintados de verde e roxo, tatuagem no braço esquerdo e descendo pelo pescoço. O resto delas, devido à roupa fechada, não era possível ver. Tudo que pude distinguir foram dois mini dragões idênticos e uma pequena estrela meio estranha e negra sobre a sobrancelha direita. Alargador nas duas orelhas e pulseiras nos braços, terninho escola e por baixo a camisa do AC/DC com Jean preta, luvas pretas e All Star colorido com cadarços xadrez. Ele era rockeiro ou Punk? Fiquei na dúvida. Mas curiosa pra saber mais sobre ele.

Sorri de volta.

– Estou indo – Ele segurou Tainara pela cintura e a abraçou como se ela fosse um diamante raro e depois beijou-lhe a bochechas rosadas. Se não fossem irmãos desconfiaria de algo a mais. – Nos veremos depois, gatas! – Ele saiu andando e eu fiquei observando-o.

– Não é lindo? – Tainara perguntou e eu sorri para ela. – Se ele não fosse o meu irmão…

– Quantos anos ele tem? – Fiz a pergunta sem pensar.

– Por que? Está interessada nele? – ela sorriu mais ainda me deixando completamente envergonhada e corada.

– Não! Não! – Balancei as mãos no ar. – Não é isso não!

– Ai, ai – Ela gargalhou. – Você é engraçada! Acho que vou gostar de ser sua colega de sala!

– Hã?

– Eu vou ser transferida para a sua sala a partir de amanhã! – O vento bagunçou mais os cabelos dela. – Coisas burocráticas não se interesse pelo motivo. Mas que tal sermos amigas?

Ela foi tão rápida e direta, que eu fiquei boiando. Mas não pude evitar um sorrisinho de alívio. Era bom ter amigos que o bonde das Gazelas evitassem! Suspirei e sorri suavemente, dizendo sim logo depois.

Tainara não era grande coisa, comparada com as outras meninas da escola. Ela tinha espinhas no rosto, olheiras, sem peito e com os cabelos revoltados. Mas, dava para ver atrás dos olhos dela um mar calma e amigável, onde todos podiam nadar. Ela era gentil, inteligente e muito espevitada. Sua aparecia, considerada apenas como razoável para a maioria das patricinhas ali, não me incomodava minimamente. Pelo contrário, achava-a meiga.

– Você curte rock? – Ela perguntou por fim.

– Sim!

– Qual a sua banda preferida?

– Hum… Gosto de Stratovarious. Mas tenho uma coisa por Link Park que é inexplicável. - Respondi.

Depois daquele dia, passamos a maior parte do tempo juntas, ela não me largava por nada, nem mesmo na hora de dormir. Ficávamos mandando mensagens uma para outra pelo celular que meu pai havia me comprado e mandado pelo correio dois dias depois do “acidente” com o ácido. Mary e lulu já estavam meio enciumadas, mas não liguei muito. Eu até tinha telefonado para a minha mãe para falar sobre as minhas duas novas amigas! Mary sempre me ajudava com as matérias que eram um pouco puxadas e Tainara, que era uma mestra nos desenhos, me protegia daquelas patricinhas dos infernos. Creio que por causa da aproximação de Tainara, Lisa e o bando dela não iriam mais implicar comigo. Ou pelo menos eu estava torcendo por isso.

Meus cabelos foram tingidos de preto para que as pessoas não vissem os rombos na minha cabeça com a ajuda de Mary e Tainara havia me dado alguns aplique para colocar onde o dano foi maior. Não estava a mesma coisa, mas me senti bem melhor e com parte da minha autoestima recuperada. Já não evitava mais os espelhos. No momento caminhávamos de volta para o vestiário quando me deparei com Lisa e o grupinho dela rindo como macacas, como se compartilhassem algo engraçado.

– Como vai, Tainara – Lisa cumprimentou-a.

– Muito melhor sem ver a sua cara. – Tainara respondeu com o tom de voz suave como uma bofetada educada na cara de Lisa e para completar terminou com um sorriso cândido que mascarava o ódio por trás daquelas palavras. - E você?

Lisa estava vermelha de raiva, rangendo os dentes. Ela passou a mão no cabelos loiro como se não ser importasse com o comentário de Tainara, mas todos sabiam que aquilo a havia afetado. Porque fingir algo que estava tão obvio? Orgulho talvez.

– Vou sempre bem! Linda e perfeita! – Ela desviou o olhar para mim. – E você, favelada?

Não respondi.

– Às vezes é melhor ser favela do que ser vadia. – Tainara tinha a língua afiada como uma navalha, isso eu já sabia. Portanto apenas cantarolou as palavras e tive que conter uma risada. – Eu sou favela! – ela cantarolou, rebolando para provocar mais ainda Lisa. Todas as meninas riram no vestuário. – Eu sou favela! La, la, la… Eu sou favela! – A musiquinha não queria sair mais da minha cabeça.

Tomei banho e me vesti para a próxima aula. Quando sai do banheiro, um garoto estava me esperando do lado de fora. Ele entrou na minha frente quando sai pela porta e com um sutil sorriso, cumprimentou-me.

– Hello – Ele abriu mais o sorriso, formando dois buraquinhos em sua bochecha branca e enrugando o canto do olhos castanhos claros. – sou Cristian Faber Magnum, mas conhecido pelo apelido de Cris!

– Sou… Lívia – Dei um meio sorriso e olhei ao redor procurando alguma rota de fuga. O que aquele garoto queria comigo? – O que foi? Você é amigo da Tainara?

– Não – Ele deixou o sorriso desaparecer. – Sou amigo… Do Rui!

Encolhi-me como um gatinho assuntado quando ouvir aquele nome. Rui, o garoto do meus pesadelos, a morte em pessoa! Olhei para o garoto com a garganta seca, com os olhos marejando, com a respiração se alterando, eu estava tão assustada que poderia surtar!

– Você veio me matar? – Perguntei, evitando chorando. Tentei manter a cabeça erguida, mas estava me preparando pra qualquer coisa. – Ele mandou você aqui para me matar?

– Não! Que é isso... – O garoto ficou atordoado. – Não! Não! Não é isso que você está pensando!

– Então o que você quer? – Minha voz tremeu.

– Eu só vim aqui lhe entregar um recado!

– Não quero saber nada daquele…

– Não…- Ele suspirou. – Você está nervosa demais! Se acalma! Eu não vou fazer mal nenhum a você! Pode acreditar em mim!

Pensei em correr para dentro do vestuário, mas minhas pernas não permitiriam tal feito. O garoto tinha uma postura amistosa e olhos acolhedores. Ele vestia a típica roupa da escola, calça e camisa azul com terninho azul escuro. Ponderei por alguns segundos e concordei.

Ele me pediu para que sentasse no banquinho ao lado de fora do vestiário e eu me sentei quando minhas pernas destravaram.

– Então… - Agora era ele que estava nervoso. Ele retirou do bolso do terninho um papel rosa dobrado em quatro partes iguais. – Ontem à tarde, eu estava dormindo quando um colega meu me deu esse bilhete e eu achei que fosse para mim, então eu li!

– Hum… E? – olhei-o de baixo para cima. Ele tinha um rosto bonito e um cabelos sedoso e brilhante. Mas eu não estava entendendo como exatamente isso chegava em mim. – Não estou entendo!

Cris desdobrou o papel e passou-o para mim.

Notei que na folha não havia linhas, apenas uma letra colorida. Li com interesse o texto de apenas poucas palavras:

“Rui, eu sei o que aconteceu naquela noite e tenho fotos que comprovam isso, você sabe. Se você não fizer o que eu mandar, eu vou entregar as fotos para uma revista de fofoca como havia dito antes! Não tenho nada a perder, você sabe. Mas aquela garota tem muito, e como você mesmo disse: “seria uma desastre familiar” então acho melhor você seguir as regras! E não preciso dizer sobre os seus pais, o que pensariam de você? E o querido irmão? E Tina? Tem certeza que quer ariscar tudo por causa deste seu egoísmo infantil? São apenas algumas regras, e eu deixarei você assim que conseguir aquilo que eu quero!”

Arregalei os olhos de todo. Olhei para Cris e depois para o papel em minhas mãos. Voltei a olhar para ele e depois novamente para o bilhete.

– Eu estou morta! – falei.

– É, eu sei – Ele coçou a nuca. – Esse não deve ser o primeiro bilhete que Rui recebe, pelo visto! Então… Vocês tem um problemão!


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam? Suspenseee!!!!