- Damon?

Elena prendeu a respiração involuntariamente. Assim como ela imaginou tantas vezes, lá estava Damon, surgido do nada, lindo e misterioso, parado à sua frente.

- O que… como… - mas nenhuma frase coerente saia da boca dela. Em parte pelo susto de ser abordada repentinamente – ela viu alguém na varanda, mas não sentiu a pessoa se aproximar –, em parte porque não fazia ideia do que iria dizer a ele.

“Oi, como vai? Sabe, estive pensando em você mais vezes do que gostaria de admitir nos últimos meses.” Não, não parecia uma boa ideia. Por mais que ela viesse pensando nele, Damon era um estranho.

- Oi. Você lembra de mim – ele disse em constatação.

- Sim, eu…

- Damon. Salvatore. – ele disse se apresentando formalmente. – Acho que isso é seu.

Damon levantou a mão segurando um livro.

- Você deixou cair na saída do Grill.

Mas Elena não pegou o livro. Ela estava fitando Damon, que estava bem próximo a ela, encostada no carro, os dois separados por alguns centímetros.

- Desculpe. Eu talvez devesse ter apenas deixado o livro e ido embora.

- Não. – Elena reagiu. – Quer dizer… Obrigada. – disse, pegando o livro de história.

- Por nada. – ele deu um sorriso de lado e se virou.

Onde está indo?!

- Hey! – ela chamou quando ele já estava alguns passos distante. Damon parou e se voltou. – O que foi isso?

- Isso o quê?

- Isso. Tudo isso. Você simplesmente se materializa na minha frente… Com meu livro na mão, na minha varanda.

- Eu já disse. Você deixou o livro cair, eu só vim devolver. – ele falava da forma mais natural possível. Sorriu: – Boa ação do dia.

- Damon, faz quatro meses…

- Ah, isso.

Elena ficou esperando Damon dizer mais alguma coisa, mas ele ficou lá olhando pra ela com aquele sorriso torto no rosto.

- Que diabos, Damon!…

Ele deu um passo à frente. – O que acha que é isso, Elena? Tudo isso?

- Eu sei que eu não tenho direito de perguntar, mas você pode me dizer onde raios você esteve nos últimos quatro meses?

Damon deu os passos que faltavam pra que ele ficasse diante dela de novo. Elena achou que ele finalmente iria responder a pergunta abusiva, mas o que ouviu foi:

- Está ficando tarde, você devia entrar. – dizendo isso ele a pegou pelo braço e guiou até a porta da frente da casa dos Gilbert. – Está com as chaves?

- Mas o que você está fazendo?! – observou atônita ele ir direto ao local da bolsa onde ela guardava as chaves de casa e em seguida abrir a porta.

Ele indicou a porta aberta com a cabeça.

- Eu não tenho que entrar agora! Damon, o que você está pensando?!

- Neste exato momento, pensando que você deve entrar. Boa noite, Elena.

A contragosto, Elena fez o que ele disse e entrou. Mas quando ele ia se virando para ir embora, ela estendeu a mão para fora e segurou o braço dele. O toque surpreendeu os dois.

- Entre um instante. – ela pediu sem pensar direito no que estava fazendo. A expressão de Damon ficou indecifrável por um momento, mas logo ele lhe enviou o seu melhor sorriso da noite.

- Devia tomar cuidado com quem convida pra sua casa, mocinha. – Ela ia dizer alguma coisa, mas ele soltou o braço e a cortou: - Boa noite, Elena.

Elena ficou parada um instante e depois saiu para a varanda, mas ele não estava mais à vista. Nenhum carro por perto, nenhum movimento. Damon sumiu de um segundo para o outro, da mesma forma como apareceu. Com um misto de frustração e irritação, Elena ficou lá por mais alguns instantes, até se lembrar da recomendação de Damon para que ela entrasse. Não que estivesse obedecendo a ele, mas ela olhou ao redor para a vizinhança vazia e teve que concordar. Entrou em casa e trancou a porta.

.

No quarto, deitada na cama com os cabelos espalhados no travesseiro, Elena deixou o celular tocar uma, duas, três, quatro vezes.

Cinco…

- Oi, Bonnie.

Elena, desculpe, mas acho que deixamos o seu livro no Grill.

- Oh, tudo bem. Eles provavelmente vão guardar.

- É, eu pensei em voltar pra buscar, mas Caroline me forçou a ir com ela em uma loja que já ia fechar. Amanhã eu pego e levo aí. A gente pode aproveitar pra conversar…

- Claro, não precisa se preocupar. Com o livro, eu quero dizer.

- Algum problema, Elena?

- Não exatamente. Nada pra se preocupar. Mas talvez seja bom conversar um pouco.

- Então combinado, amanhã eu passo aí. Boa noite, amor.

- Boa noi… Espere, Bonnie. Que livro exatamente você esqueceu no Grill?

- O de história. Você me deu quando eu pedi uma caneta, lembra? Foi logo antes da Car começar a falar sobre o Stefan e você ir embora.

- Ah, claro. Eu lembro… Boa noite, Bonnie.

Elena desligou e tentou ignorar como suas mãos estavam geladas. Na escrivaninha, em um canto do quarto, estavam a bolsa dela e o livro que Damon lhe entregou.

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Em uma bela e imponente mansão afastada do centro de Mystic Falls, Damon Salvatore estava confortavelmente sentado em uma poltrona centenária observando as chamas na lareira.

- Olá, irmão. – ele disse ao rapaz alguns anos mais jovem que acabara de entrar na sala.

- Damon, o que faz aqui?

- Olhando o fogo. É bonito, embora seja uma das poucas coisas que podem nos matar. Há algo de belo nas chamas quando elas estão controladas, inofensivas.

- Eu quero dizer em Mystic Falls, Damon. O que faz aqui?

- Essa é uma pergunta que eu poderia fazer a você, irmãozinho. O que você faz aqui?

Mas Stefan Salvatore não estava disposto a deixar o irmão guiar a conversa. Decidiu ir de uma vez ao ponto que os dois sabiam que era o principal.

- Fique longe dela, Damon. Você não vai machucá-la. Eu não vou deixar.