Casais Improváveis escrita por Valerie Grace, Lady Salvatore, Hiccup Mason, Bess, Sherlock Hastings


Capítulo 85
Peggy Carter & Howard Stark


Notas iniciais do capítulo

Oi gentchy!
Estou cheia de avisos hoje, vamos começar!
O sistema de votação vai voltar :D Vou deixar as opções pra voto nas notas finais, só que dessa vez ainda tem um tcherens... Quem deixar uma recomendação pra fic vai ter três votos computados ao invés de um ^^
Deixa eu explicar melhor: se você escolher casal x e deixar uma recomendação, o casal x vai ter três votos a mais. Sim, seu voto vai valer por três =DD
Segundo aviso: desculpem a demora D:
Na minha cabeça nunca que foram três meses desde o último capítulo, só me dei conta quando deixaram um review falando isso, e dei um jeito rápido de terminar esse capítulo que eu estive escrevendo ininterruptamente desde aquele dia hahahaha. Sim, originalmente era pra ser um capítulo muito maior, mas vou guardar essa Extended Version pra uma one separada da CI, sei lá hahaha. Considerem essa uma Short Version então :D
Ainda sobre a one: eu viciei em Agent Carter. Não vou nem começar a falar sobre como essa série é zika senão as notas ficariam enormes, mas é assim. Bem, dá pra entender sem ver a série, não se preocupem.
Eu decidi escrever esse casal porque há boatos de que o trailer do Capitão América: Guerra Civil vai ser lançado em novembro, então eu quis fazer isso em celebração hahaha. E sim, existe uma teoria falando que a Peggy realmente casou com o Howard e é mãe do Tony, procurem saber a respeito, é doidona hahaha. Quis trabalhar com ela porque achei muito interessante!
Bem, como usual, eu fiz uma *pequena* lista de músicas pra vocês ouvirem enquanto leem :D
Segue aqui:
Patti Page - Tennesse Waltz
Platters - Smoke Gets In Your Eyes
Elvis Presley - Can't Help Falling In Love
Johnny Cash - Ring of Fire
Johnny Cash - I Walk the Line
Édith Piaf - Je Ne Regrette Rien
Ron Sexsmith - Gold In Them Hills



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Tema: Peggy Carter & Howard Stark

Fandom: Universo Marvel

Fondue

1950

Era tarde da noite no navio. Os marinheiros se divertiam ao longe, mas Margaret Carter não conseguia dormir. Não naquele lugar, naquela situação.

Era um navio cargueiro, diziam. Estava registrado como um cargueiro de peixes, mas nada era tão simples assim. Howard Stark sabia bem como disfarçar seus negócios, ainda mais um como aquele.

O cargueiro de peixes, na verdade, era a última expedição para achá-lo. O Capitão América. Steve Rogers, do Brooklyn. Ou pelo menos era o que Howard dizia. Ele não sabia se era capaz de algum dia desistir de tentar acha-lo...

O milionário havia, logicamente, convidado a Agente Carter para as buscas, porque aquela seria a última.

Howard se aproximou de Peggy. Ela estava distraída em seus pensamentos, fitando o reflexo da Lua no oceano. Ele ficou parado em frente a ela, até que a agente olhou pra cima e viu o inventor em frente a si.

“O que foi? Acharam algo relevante?”. Howard percebeu os olhos dela brilharem com a possibilidade. Ele bem que desejaria que fosse verdade, mas este, para seus infortúnios, não era o caso.

“Não.” Ele desviou o olhar, não queria ver o resquício de esperança desaparecer dos olhos dela. “Os radares estão ativos e há sempre dois homens de vigia, mas até agora não houve... Resultados.”

Peggy sentiu seus olhos um pouco marejados, novamente.

“Eu sinto muito”, Howard disse. “Eu sei...”. Ele não foi capaz de terminar a frase, só porquê. Ela também emudeceu e ficou encarando seus pés, que batiam com uma leveza ritmada no deque de madeira.

O silêncio se instaurou entre os dois, que ignoravam a fútil música vinda da vitrola dos marinheiros ao longe. Era sempre assim: os oficiais eram disciplinados o dia inteiro, mas à noite caíam na festança. Não havia outras mulheres no navio além de Peggy, o que só aumentava os níveis de sujeira que os homens causavam. De longe, podia-se ouvir os homens gritando e cantando, embriagados, junto à música desconhecida.

“Você conhece essa música?”, Howard perguntou, enquanto parou de olhá-la para contemplar o risco que o navio deixava no mar, apoiando-se no batente.

“Não”, Peggy respondeu. “Estou um pouco desatualizada no que se trata de música.”

“Eu também.”

“Pra falar a verdade, essa é uma bem ruim. Uma sucessão de ruídos intermitentes.”

“Você tem razão.”

Depois uma tomou seu lugar, uma que era consideravelmente melhor. Os oficiais riam, jogavam e bebiam, apenas se acostumaram com a música, que era bem mais calma.

Howard sorriu com os cantos dos lábios. “Tennessee Waltz.”

Os dois se fitaram por alguns segundos, já conscientes da situação. Howard descreveu um círculo no deque, depois enfim se virou para Peggy.

“Peg”, ele disse, “já está na hora de você ter aquela dança”.

A agente encarou o rosto do inventor, olhando fundo em seus olhos negros. Uma ou outra lágrima escorria no rosto dela, enquanto sorria, tentando não chorar.

Howard estendeu a mão para Peggy. E ela viu sua palma convidativa, e depois de certa hesitação, se permitiu aquilo.

O milionário a puxou de seu assento, depois ele segurou bem a mão dela. Pôs a outra na cintura da agente, enquanto ela pôs a sua no ombro dele. A música tocava, e ela enterrou sua cabeça no ombro dele, deixando-o sentir o cheiro de seus cabelos.

Davam um passo por vez, lentamente, enquanto o navio rasgava o oceano.

Os acordes finais se aproximavam, e suas pernas começavam a tremular.

“Howard... Eu não posso fazer isso. Não é respeitoso nem comigo, nem com você, nem com... Steve.”

“Por causa dos meus hábitos?”

“Nós não seríamos felizes, e você sabe disso.”

“Peggy... O que eu sei é que eu preciso de você. Eu não me engano, sei que você é boa demais pra mim, mas pensei que... Pudesse haver uma chance pra nós agora.”

Ela sorriu e desviou o olhar. “Hm. E nos casaríamos? Eu largaria o meu emprego pra cuidar da nossa casa? Eu me sujeitaria a colegas comentando coisas horríveis sobre mim? Você pararia de beber? De olhar pra todas as mulheres? De fazer sujeira com dinheiro e invenções destrutivas?”

“Um ‘não’ teria bastado, Peggy”, ele escondeu a tristeza sorrindo.

“E ainda assim... Você é uma das únicas pessoas que acredita em mim. Que me apoia e que me respeita. Eu te amo, Howard, mas eu não sei se eu seria capaz. Eu tenho princípios, e gosto de respeitá-los. Se eu me entregar a você, prometa que não vai me machucar, por favor.” Peggy disse essas palavras sofridamente. Ao dizê-las, ela já estava deixando Howard ver dentro dela. A proximidade emocional deles estava cada vez maior. Estavam próximos, muito próximos.

“Eu prometo. Eu vou cuidar de você, como Steve gostaria.”

“E se nós acharmos ele aqui?”.

“Bem... Então tudo isso estará acabado, não é mesmo?”

“Nós dois sabemos que isso não vai acontecer.”

Era hora de seguir em frente.

Começou a tocar a música Smoke Gets In Your Eyes. Howard segurou a mão de Peggy e a puxou ternamente para junto de si, beijando sua testa, fechando seus olhos. Ela o abraçou, ele depois a envolveu em seus braços, encostando sua testa na dela. Quase não havia distância entre eles, podiam ouvir claramente suas respirações e sentir o hálito um do outro.

“Diga-me que você não está bêbado.”

“Não podia estar mais consciente.”

O inevitável aconteceu, e os dois uniram seus lábios, simultaneamente. Ele tinha gosto de pecado, um pecado tão doce como o Paraíso. Deixaram tudo aquilo fluir, o amor escapar para fora de seus corpos. Com uma mão ele segurava os cabelos dela, entorpecido pelo cheiro de lavanda; com a outra, ele agarrava a cintura dela; enquanto ela mesma só dedicava seus braços a abraçar os ombros dele.

Depois de alguns segundos, ela o disse que seria melhor pararem. Não seria muito agradável se alguém os flagrasse daquele jeito.

Mal sabiam eles que alguém acompanhava seus passos, e aquele alguém era o responsável por embebedar alguns marinheiros e forçá-los a colocar sua própria seleção de músicas. Afinal de contas, aquelas eram as preferidas de sua esposa, Anna.

2016

Steve Rogers conversava com Tony Stark, na sede da SHIELD. Os dois estavam envolvidos numa investigação a respeito das operações da HYDRA nos países do Leste Europeu, o que significava que teriam que passar muito tempo juntos; mas isso não os perturbava tanto mais. Apesar do estranhamento inicial, os dois desenvolveram um belo e mútuo sentimento de amizade. Havia coisas que os dois não sabiam um do outro, e chegava a hora de cruzar essa linha, ainda que isso fosse desconhecido para os dois heróis.

“Você já se acostumou a... Você sabe... Viver setenta anos depois do seu tempo?”

“Por que a pergunta súbita?”

“Curiosidade.”

“Mais ou menos. Algumas coisas são muito diferentes, outras são muito iguais...”

“O que é igual? Eu achava que as coisas tinham progredido muito desde a Segunda Guerra.”

“Você é igualzinho ao seu pai. Às vezes parece que eu estou falando com ele, e tenho de me lembrar de que... Que esse tempo já passou.”

“Essa é uma comparação bem estranha, mas não sei por quê.”

“Mas é muito bom que algumas coisas tenham passado. Ninguém merecia morrer de tifo e tuberculose.”

“Agora as pessoas morrem de câncer. Ou por Chitauri.”

“É... Enquanto isso foi bom que tenha passado, eu sinto falta de outras, sabe? Aqueles penteados eram muito legais.”

“Do que você sente mais falta, Cap?”

“De algumas pessoas.”

“Tinha um broto pra chamar de seu?”, Tony riu escrachadamente.

“Tinha. Acho que eu ainda a amo.”

“Ela ainda está viva?”

“Está. Mas não por muito tempo, infelizmente. De qualquer jeito. Ela viveu a vida dela”. Steve sentiu algumas lágrimas virem a seus olhos. Pensou na dança que nunca teria com Peggy, e um imediato sentimento de tristeza lhe veio ao coração.

“Eu sinto muito. Qual é o nome dela?”

“Margaret Carter, mas todo mundo a chamava de Peggy.”

Tony quase cuspiu sua saliva.

“Peggy Carter? Você era o namorado da Peggy Carter?”

“Sim, por quê o espanto?”

“Peggy Carter é a minha mãe!”

“Você está me tirando? Peggy casou com Howard? Com o Howard, aquele fanfarrão?”

“Ei, não fala do meu velho assim. E você dava uns pegas na minha mãe? Cara, isso é nojento.”

“Mas como assim ela é sua mãe? Sua mãe não é Maria Stark?”

“O nome de solteira dela é Maria Carbonell. Margaret Carter. Mar Car. MC.”

“Sem chance, Peggy assumiu uma identidade falsa pra ficar com Howard? E como assim? Disseram que Maria Stark morreu junto com Howard no acidente...”.

“Ela assumiu por conta de uma série de tribulações. Não queria misturar trabalho com vida pessoal, sabe? Porque os dois fundaram a SHIELD, e muitos agentes preconceituosos iriam caçoar dela, e assim seria mais seguro, etc etc.”

“Tá, mas porque ela ainda está viva e Maria Stark não?”

“Ela estava no carro quando o Soldado Invernal causou o capote, mas sobreviveu. Só que achou melhor desaparecer, pra cuidar de mim sem ter medo de ser perseguida. Jarvis ajudou ela... Antes de morrer também.”

“Santo Deus, meu mundo desabou.”

“A bela história da família Stark.”

“Como foi que ela casou com alguém tão... Tão...”.

“Ei ei ei. Menos, bem menos.”

“Desculpe, mas ele era muito mulherengo e bêbado.”

“Ele parou com as mulheres assim que casou. E as bebidas... Bem, você pode ver no que deu, em mim.”

“Tony, era um casamento feliz? Com todas as bebedeiras do seu pai?”

“Olhando assim, Cap... Eu não sei dizer.”

1955

“Howard, nós estamos envelhecendo. Se vamos envelhecer juntos, precisamos deixar algumas coisas bem claras”, Peggy disse, para seu marido sentado no sofá em frente a ela.

Howard fitou o chão, envergonhado de tudo. Envergonhado de si mesmo, das roupas maltrapilhas em que estava, da tremedeira que se tornara uma constante em suas mãos, de chegar sempre tarde em casa, de esconder garrafas no serviço, mas mais do que tudo, de desapontar sua esposa.

“Um cientista com cirrose não trabalha bem nos laboratórios. Um chefe bêbado não é respeitado. Um pai alcóolatra não é um bom exemplo.”

Howard cerrou os punhos. Sempre era assim. Ele era insuficiente. Desde sua infância pobre no Lower East Side, as pessoas o olhavam com desprezo. Começou sua escalada para o sucesso coberto de mentiras e trapaças, e mesmo com todo o dinheiro e a realização profissional que conquistara, ainda sentia o fardo de ter pais cruéis e gente o desprezando.

“Howard, mais do que tudo, você precisa entender uma coisa. Eu te amo.”

Howard rapidamente olhou pra cima, sua respiração estava acelerada, e viu Peggy se abaixar pra ficar no mesmo nível que ele. Peggy pegou em suas mãos calejadas com ternura.

“Olhe todas as coisas bonitas que você tem, querido. Você tem uma casa bonita, amigos fiéis, uma agência bem sucedida e uma esposa que te ama. Eu sinto muito por ainda não termos filhos, mas antes nós precisamos resolver isso.”

“Ah Peggy, você é uma bênção pra mim. Eu estou tentando.”

“Eu fiz um voto. Eu, Margaret Carter, recebo-te por meu esposo. A ti, Howard Stark, prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, todos os dias da nossa vida até que a morte nos separe. Howard, eu sou uma pessoa de promessa. Eu vou ficar do seu lado, e nós vamos superar isso.”

Howard não se conteve. Abraçou sua esposa com toda a sua força, a pessoa que ele veio a amar, que ele desrespeitara com seus hábitos pouco saudáveis. Peggy estava ali por ele. Embora ele se sentisse culpado por não fazê-la feliz, ainda sentia o amor dela por ele transbordando em suas íris dilatadas.

“Eu estou aqui, Howie. Sempre vou estar”, disse ela, enquanto seu marido colocava a cabeça no colo dela. Peggy começou a entrelaçar o cabelo negro dele na palma de seus dedos. Quando ele finalmente adormeceu, Peggy deixou-o no sofá e foi tomar uma lufada de ar fresco. O ambiente a estava sufocando.

Ficou na varanda, apoiada na grade, olhando o horizonte. Seus pensamentos estavam a mil quilômetros dali.

Ela queria que Steve estivesse ali. Mas ele não estava, e ela tinha que conviver com a realidade. Cada vez mais Steve Rogers parecia um conto de fadas distante, um momento brilhante. Peggy e Howard nunca teriam ficado juntos se não tivessem sido deixados para trás, obrigados a tomar o caminho mais longo, sofrer o desgaste do passar dos anos. Steve deixara-a ali, apodrecendo com um marido bêbado.

Peggy entrara num anel de fogo. Quanto mais ela tentava sair, mais as chamas subiam. E o anel de fogo queimava e queimava. As labaredas castigavam suas pálpebras e não a deixavam ver: quando seu coração estava em fogo ou uma faísca morria, fumaça entrava em seus olhos.

Peggy estava sofrendo, mas como sempre, se forçava a ver uma luz no fim do túnel. Tudo daria certo.

1991

“Jarvis, você está ficando velho”, disse Howard, zombeteiramente.

“Como pude deixar isso acontecer, Sr. Stark?”, o mordomo respondeu, com seu senso de humor habitual.

“Mande um dos garotos preparar um carro. Eu e Peggy precisamos ir até New Jersey para uma conferência.”

“Ainda incansável como sempre, Sr. Stark.”

“Sempre.”

Howard já dispunha de uma bengala para caminhar plenamente. Seus cabelos há muito ficaram cinza. Seus contornos faciais mudaram.

“Ah, parece que foi ontem”, sussurrou ele para si mesmo, quando viu Peggy descer da escada dificultosamente. Lembrou-se de quando ela era jovem, e entrou deslumbrante na igreja para casar-se com ele.

“Pare de grunhir como um velho, você sabe que estou ficando surda.”

“Bobagem”, ele disse quando ela terminou de descer as escadas. Deu um pequeno selinho nos lábios dela, antes de colocar um casaco nos ombros dela e conduzi-la até a porta da frente, onde um carrão os aguardava.

A viagem foi tranquila. O motorista era um empregado novo de quem Howard adorava tirar sarro. Era um garoto tão novo e tão inexperiente, mas ao mesmo tempo tão esforçado... Um prato cheio para as gozações do patrão. Peggy também tinha senso de humor e se acostumara a essas artes do marido. Como não se acostumar? Eles completariam quarenta anos de casados no ano que vem. Quarenta anos, mais pareciam quatro. Casaram-se em 1952, sendo que, em 1953, Peggy deu a famosa entrevista na qual descrevia como Steve Rogers ainda afetara sua vida mesmo após tendo partido. Steve dera-lhe Howard, e ela não poderia ser mais grata a ele por qualquer outra coisa.

O tempo passara, e as pessoas iam e vinham.

O motorista entrou num túnel desértico, quando, de repente, a iluminação começou a falhar. O senso de agente em Peggy ainda habitava nela, mesmo na aposentadoria.

“Acelere. Não gosto do que está acontecendo”, ela ordenou ao menino.

“Calma, querida, nada de mais deve estar acont-“

Um carro preto com os faróis desligados colara na traseira do carro de Howard e Peggy. Avançara desumanamente, fazendo com que o carro de Howard e Peggy saísse do túnel sem completar a curva, despencando num abismo.

Rolou até o sopé da colina. Todos os vidros se estilhaçaram, e todos os ocupantes gritaram. O motorista foi morto na hora do impacto. O cheiro de grama molhada se misturava ao de sangue.

Peggy surpreendentemente conseguiu abrir os olhos e percebeu que estava viva, mas imediatamente sentiu um pavor se instalar em seu coração e ele foi confirmado quando, chocada pelo horror, ela contemplou o corpo morto de Howard.

Seu estômago foi embrulhado por grossas tiras de ferro. Rapidamente começou a soluçar, a emitir ruídos de medo e desespero.

“Howard? Querido, acorde. Acorde. Por que você não me responde, querido? Acorde. Não me deixe sozinha, Howard.”

Ela contemplou o corpo dele. Os olhos ainda abertos, a cabeça ensanguentada, a mão tentando alcançar a dela.

Peggy ficou louca com o luto. Abraçou o corpo dele, passou seus braços ao redor das costas dela, chorou tudo o que tinha pra chorar, e só deixou o carro quando Jarvis arrancou-a dali.

2015

“Olá, Peggy. Tony me pediu para vir te visitar, disse que estava muito ocupado com alguns negócios”, disse uma Pepper sorridente, tentando encobrir as liberdades tomadas por Tony. Pepper fazia Peggy se lembrar de Jarvis, o que lhe conferia uma simpatia instantânea.

“Filhos, cada vez mais ausentes”, Peggy disse, brincando. “Eu também era assim, confesso. Demorei um tempão pra voltar ao Reino Unido, você sabe.”

“Mas como você está agora? Precisa de alguma coisa?”

“A chefe das enfermeiras é uma megera. Detesto a comida que ela me dá.”

“Qual é o nome da megera?”, Pepper se agitou para anotar o nome da moça numa prancheta. Cuidaria para que fosse substituída por uma melhor.

“Dolores. Mas não despeça a coitada. Eu até gosto de ter uma inimiga. É bom ver como progrediu de chefões do crime a chefes de enfermeiras.”

“Tenho certeza que a Dolores é muito mais maligna que qualquer Caveira Vermelha então.”

“Sim. Decidido, a Dolores fica.”

“Tudo bem. Mas se ela te servir uma salada podre pode saber que eu venho aqui.”

“Combinado. E como vai o Tony?”

“Ele vai bem. Trabalhando um pouco demais pro meu gosto, mas né.”

“Howard era exatamente assim também.”

Pepper ficou tensa.

“O que foi, querida?”, Peggy perguntou, ao notar a tensão da outra.

“Tony não gostava muito de ser comparado ao pai dele. Isso mudou de um tempo pra cá, mas mesmo assim.”

“Eu entendo isso. Howard não era muito bom com Tony. Ele não dava muita atenção pra ele, se ocupava mais com o trabalho, e mandou ele pra um internato assim que pôde. Foi muito difícil pro Tony ver que o Howie amava ele de verdade.”

“Por quê você tem tanta fé nisso?”

“Porque Howard gastou uma fortuna em dinheiro e tempo construindo a concepção dele do que seria um mundo melhor pro Tony, mesmo com poucos recursos de tecnologia. Ah, Howard amava o menino mais do que qualquer coisa.”

“Eu não sabia desse lado”, Pepper sorriu e se sentou numa poltrona em frente à cama de Peggy.

“Tony é muito reservado com esse tipo de assunto, eu acho. Igualzinho a Howard. Os dois têm... Tinham... Ferro nas veias.”

“Você sente muita falta dele?”

“Eu sinto falta de todo mundo. Howard, Jarvis, Tony, Angie, Chester... Meus pais e irmãos... Steve.”

“Eu sinto muito.”

“O tempo passa, Pepper. E de repente você está velha, num asilo e sozinha...”.

“Peggy, posso te fazer uma pergunta sincera?”

“É claro, minha querida.”

“Você era feliz?”

Peggy se ajeitou na cama, depois pensou um pouco para concatenar as ideias e arrumar as palavras certas.

“Eu vivi uma vida longa, e assim como todas as outras vidas a minha teve momentos bons e ruins. Eu perdi muitas pessoas que eu amava, tive que aguentar um marido que bebia, um filho rebelde, falta de consideração com o meu trabalho... Mas sabe de uma coisa? O que conta mesmo são esses dias pequenos e comuns. Eu vivi muitos e intermináveis dias pequenos e rápidos, e não me arrependo de nenhum dos caminhos a que eles me trouxeram. Não me arrependo de nada.”

Peggy começou a tossir violentamente. Pepper se inclinou para fechar a janela, e quando voltou Peggy lhe cumprimentou e perguntou se ela estava ali para lhe visitar.

1965

Howard estava ansioso no corredor do hospital. Tentava sentar, mas simplesmente não dava certo. Cada respiração parecia cortar mais ainda seus pulmões, suava frio por todo o corpo, tentava conversar com pessoas alheias, mas não conseguia se ater às frases. Era um desespero puro, e ele nem conseguia pensar direito se queria que tudo aquilo acabasse logo. Estava completamente entorpecido.

Apenas uma voz poderia acabar com a sua tormenta, e ela logo foi ouvida.

“Sr. Stark”, chamou a afável Dra. Rovinsky, tirando a máscara facial.

“Sim?”, ele fitou a médica.

“Parabéns. Você é pai.”

E o coração de Howard se derreteu assim que entrou na sala de parto. Peggy estava vestida em roupas hospitalares, suada, segurando um pequeno e frágil bebê em seus braços. Ela olhou na direção da porta e viu Howard olhando ela e o bebê.

“Howard, venha segurar seu filho.”

Ele pegou o embrulhinho da maneira mais delicada possível e sentiu seu coração estremecer. Sabia que tinha um coração mole, mas nem tanto. Ele costumava ser tão falante e ficou quieto, com vontade de chorar. Começou a ninar o bebê.

“Anthony, você é tão amado...”.

Peggy sorria para os dois, feliz.

1957

Jarvis entrou na cozinha da mansão do Sr. Stark apenas para se deparar com uma cena estranha.

“Vocês estão fazendo... Fondue?”

Peggy terminou de mordiscar um pedaço de pão e olhou para o mordomo, com grandes olhos. Howard sorriu com camaradagem para seu amigo.

“É uma promessa antiga.”

“Eu diria que não esperava isso de vocês dois.”

“Vamos Jarvis, não é grande coisa”, argumentou a agente, pronta para mergulhar mais pão no queijo quente.

“Fondue é só pão e queijo, meu amigo”, disse Howard, tendo um déja vu.

“Senta conosco, Jarvis?”, Peggy convidou, estendendo um banco.

“Devo dizer que em toda a minha longa vida eu nunca tinha sido convidado pra comer pão e queijo quente”, disse Jarvis enquanto se sentava no banco de madeira.

“É algo pra se fazer com os amigos”, replicou Howard. “E você é solitário.”

“E você é linguarudo”, respondeu Jarvis enquanto jogou queijo quente na camisa de linho nova de Howard.

Howard sorriu e deixou estar. Ficaram os três, desfrutando do pequeno banquete. Enquanto Peggy debatia um plano de segurança com Jarvis, Howard os olhou bem, sorrindo.

Como não poderiam ser felizes?


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Notas finais do capítulo

Sobre a última votação: o segundo casal vencedor foi Finnick e Katniss, e ele será postado em breve pela Valerie (ela já concluiu! :D)
Ainda vou responder todos os reviews pendentes, e podem deixar mais sugestões o/
Não tenham medo de também me dar MP pra falar a respeito da fic ou dos reviews.
Bjss! *3*
Opções pra voto:
Gale e Madge
Hermione e Krum
Edmundo Pevensie e Feiticeira Branca
Clove e Cato
Glimmer e Marvel
Percy Jackson e Nancy Bobofit
Thresh e Foxface
Johanna Mason e Gale Hawthorne
Rose Weasley e Albus Severus Potter
Killian Jones e Regina Mills
Arya Stark e Jon Snow
Jack Sparrow e Angelica Teach
Killian Jones e Belle
Legolas Greenleaf e Morgana Pendragon
Will e Anamaria
Pepper Potts e Steve Rogers
Percy Jackson e Alex Russo
Beatrice Prior e George Weasley
Brienne de Tarth e Jamie Lannister
Regina Mills e Emma Swan
Beatrice Prior e Peter
Sebastian e Santana
Sansa Stark e Tyrion Lannister
Sansa e Petyr Baelish
Nico di Angelo e Beatrice Prior
Cho Chang e George Weasley
Tyrion Lannister e Cersei Lannister
Theon Greyjoy e Arya Stark
Jon Snow e Daenerys Targaryen
Eleventh Doctor e Amy Pond
Piper McLean e Percy Jackson
Harry Hart e Merlin