Tema: Valente e Como Treinar Seu Dragão

Shipper: Merida e Soluço

Strange

A praia em que estávamos era fria. Meu corpo se arrepiava com a baixa temperatura do lugar, demorei muito até cair no sono mas mesmo com dificuldade adormeci. Havia se passado horas e já estava amanhecendo mas me recusava a abrir os olhos só que Banguela não parava de se mexer e acabou me derrubando no chão.

Minhas pernas bateram com tudo no chão mas minha cabeça foi “ salva” pela mala de Soluço que servia como travesseiro. De repente recebi um leve aperto no peito pois percebi que ele não estava lá.

Me levantei rapidamente e comecei a cutucar Banguela que estava em um sono pesado mas o dragão não se locomovia.

Não sabia o que fazer, Soluço nunca havia saído e me deixado sozinha. Dês do dia que eu fugi do castelo e fui para a floresta ele prometeu que cuidaria de mim e fugiríamos juntos.

Eu posso até cavalgar com Angus em meu reino na floresta mas em um lugar que eu nem se quer estive não é fácil.

Decidi ir atrás de Soluço, não aguentava mais ficar sozinho com um “ Fúria da Noite “ em uma caverna. Vesti minha longa capa preta e procurei meu arco e flecha que não achava em nenhum lugar.

Depois de alguns minutos lembrei da noite passada que não foi uma das melhores para mim e nem para Soluço.

Banguela não está bem e não consegue fazer longas viagens e nessa última o dragão não aguentou e derrubou a gente no mar e eu não sabia nadar tão bem, inclusive no fundo. Quando chegamos na praia, joguei pedras e xinguei Soluço com toda a raiva do mundo e ele simplesmente retrucou falando que não aguentava mais minhas reclamações. Depois fomos dormir sem falar a palavra “ Boa noite” um para o outro. Ele deve ter ficado com raiva e ido embora da caverna sozinho com meu arco. Ele me abandonaria?

Ao pensar nisso, lágrimas se fizeram em meu rosto. Não sabia o porque delas em meu rosto, na verdade eu sabia só não queria demonstrar afeto por ninguém nesse momento.

Mesmo chorando desesperadamente fui atrás do garoto de dentes tortos. Estava tão desesperada que qualquer barulho eu corria atrás.

Estava chegando perto da praia e ouvi alguns barulhos, ou melhor, resmungos:

– Argh, eu não consigo pescar! – Reclamava Soluço como se pesca fosse a coisa mais importante do mundo. Depois de alguns segundos alguma coisa se repartiu. – Ahh! Mais uma flecha quebrada.

Quando ouvi as palavras “ flecha” e “ quebrada” na mesma palavra, saí correndo e peguei o arco de Soluço.

– Ei! Você está acabando com meus arcos, cabeção.

– Bom dia para você também. – Disse ele com um tom até agradável na voz.

– Pensei que havia me deixado...

– Eu iria te deixar mas não iria conseguir.

Por algum momento meu coração começou a acelerar, nunca havia acontecido, só quando estava com raiva mas agora estava mais que feliz.

Soluço falava alguma coisa mas não deixei ele terminar pois o puxei para perto de mim e dei um beijo atrapalhado mas logo depois nossas línguas estavam em sincronia. Era estranho beijar alguém mas aquilo até me deixou surpresa.

Separei-me rapidamente de Soluço e percebi que seu rosto estava muito rosado. Não devia ter feito aquilo, realmente foi uma ideia estúpida.

Me virei para o outro lado e fui embora mas fui puxada para trás com força, permitindo que eu caísse com minha capa na areia da praia.

Soluço estava em cima de mim e começava a dar um sorriso torto.

– Agora que eu não te deixo mais ir a lugar algum.

Deu um sorriso sapeca e ele me puxou para cima.

– Desculpa pela teimosia. – Disse o abraçando.

– Não tem problema, já estou acostumando com pessoas irritadas. – Ele respondeu com um sorriso irônico. – Lembre-se, as pessoas de meu reino são vikings.

– Não acredito que terei que aturar suas piadinhas pelo resto da vida.

– Pe- pe- ló resto da vida? – Gaguejou o garoto.

– Tanto que você queira....

– Eu quero e muito.

Há alguns que dizem que o destino é algo além do que possamos controlar. Que não escolhemos o nosso caminho e sim algo além do nosso controle mas isso não é verdade, escolhemos quem queremos que fique em nossas vidas e quem permanecerá fora de nossos corações só precisamos ser valente suficiente para observar.