Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 7
Hunt 6 - Puritah


Notas iniciais do capítulo

A cidade de Puritah é uma cidade imaginária inventada e baseada em Paris. Originalmente, a história de Devil Hunter E se passava em uma versão da Europa, mas após o rework, eu decidi levá-la para um continente separado. Darei mais detalhes sobre o continente em breve, quando irei montar um mapa detalhado sobre cada área de interesse.



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Lá estavam eles, novamente na estrada. Como de costume, Nina dormia no banco de trás, enquanto Edge dirigia calmamente. O livro estava no chão, caído.

– Edge... Você lembrou-me uma coisa!

–O quê?

–Quando me escondi àquela hora, me relembrei de um nome...

– Fale!

–Calma... Era P... Pur... Puri...

– Puritah? Essa cidade fica aqui nos arredores. Hm. Não custa dar uma olhada.

–Ha... Lá vou eu.

Por sorte, eles estavam próximos de Puritah. Essa cidade era uma cidade central no continente, sendo coberta de empresas, indústrias e comércio. Conhecida pela torre central de uma falecida indústria de tecnologia. Era uma cidade bastante famosa e importante. Em apenas algumas horas estariam na cidade que a memória de Nina o forçava a lembrar. Algumas horas de viagem depois, eles estavam bem próximos da metrópole. Edge ligou o rádio.

"Mais um jovem apareceu morto em sua residência hoje. Nos arredores de Puritah, especialmente no vilarejo ao sul, os casos só têm aumentado. A polícia está procurando uma ligação entre esses supostos suicídios.”

– Nina... Sabe como se virar sozinha?

O jovem a olhara com certa preocupação. Sorria levemente.

– Claro, eu por acaso tenho cara de garota? Vivi sozinha a maior parte da minha vida, não é mesmo?

– Tenho mesmo que responder? Acho que consegue então. Vá.

– Ok...

Ele então, parou logo em frente à torre famosa da cidade. Deixou a garota descer. Antes que ela pudesse ir, ele falou num tom materno.

– Aqui. Leva esse dinheiro. Hospede onde quiser. Caso descubra algo, venha até o vilarejo ao sul. Não se esqueça. Tome cuidado.

–Tá. Tá. Mas olha... Chega de dar uma de mãe ok?

– Ahh. Ok.

Ela pegou o dinheiro e guardou em sua bolsa. Logo foi andando pelas ruas desconhecidas, tentando se lembrar de algum lugar familiar, de algo que a desse uma direção do que procurar.

– Hm. Nada aqui. Que tal...

Ela virou a esquina. Estava seguindo por instinto.

– Bom. Lá vou eu...

Ela caminhava por ruas e mais ruas, procurando algo conhecido. Andava naturalmente, várias pessoas passavam do seu lado, nem ao menos olhando para a jovem garota. Seguia seu rumo, perdida na pequena rua em que foi deixada pelo seu guardião. Edge enquanto isso seguia seu rumo em direção à vila. Seguia correndo em seu carro. Estava totalmente distraído como de costume. Seguiam cada um seu rumo. Ambos procurando por algo que não sabia bem o que era. Ele, um mistério. Ela, respostas.

–Será que ela está bem?

O jovem repetia essa pergunta com frequência na viagem. Ela, somente estava preocupada com seu passado. Lentamente, chegou a uma grande avenida, margeada por um enorme rio de águas cristalinas.

– Espere! Eu lembro-me desse rio!

Ela então correu pela avenida procurando mais algo que pudesse refrescar suas memórias, qualquer coisa que ela visse seria útil. O jovem, por sua vez, chegou ao seu destino. Ao entrar no vilarejo, somente ouviu boatos e conversas sobre uma dama que desaparecera muito tempo atrás e que agora era vista pelos jovens eventualmente. Alguns diziam que ela não era nada além de uma miragem, outros, falavam que ela era um fantasma. Ele então se aproximou de um jovem que estava encostado na parede de um bar, cujo nome era Wild Mademoiselle. O jovem falara calmamente, indagava sobre algo sobre os acidentes e sobre a "dama fantasma”. O jovem apenas disse que a garota era o fantasma de Collette, uma jovem que foi assassinada quando mais jovem por seu noivo, que fugira da cidade com outra mulher, sua amante. Ela era uma bela jovem, segundo os boatos, tinha olhos azuis claros, sua pele era branca e macia, seus lábios vermelhos e vivos. Ele também comentou sobre a onda de mortes aos jovens do vilarejo. Então, o garoto foi para o hotel dormir. O jovem também se hospedou no hotel em que o outro jovem estava. Lá, pegou um quarto ao lado do quarto do informante. Aquele garoto sabia bastante, conhecia os detalhes. Era bom que ele estivesse acompanhado.

– Hm. Algo me diz que é melhor tomar cuidado.

Nina, cansada de tanto procurar, se hospedou em um hotel local. Não se lembrava de mais de nenhum lugar da avenida, apenas aquele pedaço estreito. Deitara-se em sua cama e ficara lá, imaginando o que a esperava no dia seguinte. Logo, adormeceu.

No dia seguinte, ambos acordaram dispostos a descobrir seus mistérios. O jovem, logo que levantou, se vestiu com as roupas costumeiras e foi logo ver o garoto da noite passada. Bateu na porta. Nada. Bateu novamente. Nada novamente. Então decidiu entrar. Tomou distância, correu e abriu a porta num estrondo enorme com uma ombrada direta. Sua mão esquerda já estava no cinto, preparado para sacar a pistola. Não precisou. Lá dentro, só encontrara um cadáver com a garganta cortada, sendo o corte ainda recente. Uma faca comum se encontrava na mão dele, ensanguentada. Ele a segurava com firmeza, em seu rosto, apenas se via um estranho sorriso, um misto de felicidade e terror no olhar. Edge se retirou do quarto e voltou para seu quarto. Ligou para o lobby do hotel e contou o ocorrido.

– Temos mais um morto aqui. Sem provas. Mais um para as estatísticas.

Enquanto isso, a garota se levantara. Seguia para a avenida novamente, indo ao local de que se lembrava. Não notara na ida, mas de volta ao local, encontrou uma pequenina porta de madeira. Aproximou-se com receio, mas tomou coragem, e num suspiro profundo, tocou a campainha. Ninguém atendeu. Somente tentou abrir a porta, essa abriu com facilidade, revelando um pequenino quarto velho e gasto. No solo, madeiras velhas e apodrecidas. No teto, várias teias de aranha enormes e mofo, somente isso. Ela adentrou mais no quarto. Encontrou uma velha vela, ainda em bom estado. Encontrou também um pequenino isqueiro, nele, se via, mesmo que gastas, as iniciais "MN”. A garota pegou o isqueiro, guardou no bolso, mas antes, acendeu a vela, dando uma visão mais clara do quarto. Agora se via, com clareza, estantes e livros. Ao lado, se via também espadas e adagas de variadas espécies. Eram velhas, enferrujadas. A jovem sacou então uma grande sacola que guardara e começou a levar as coisas que a interessavam. Lembrava-se daquele quarto. Lembrava-se de cada livro e arma daquele local com clareza, não se lembrava de totalmente do local nem do conteúdo de cada objeto, mas sabia o que era cada um, sabia que era dela. Um deles chamou a atenção. Seu título: "Magnum" a assombrou na hora. Pegou o livro, guardou em sua bolsa e saiu do local. Em sua bolsa, estavam várias adagas, algumas espadas, alguns livros, sendo a maioria de magia, pelo o que ela entendeu do título. Um deles tratava-se de magia arcana simples, enquanto o outro possuía formulas matemáticas complexas e de entendimento complicadíssimo.

– Hm. Dia produtivo!

Ela saíra saltitando feliz, carregando as coisas. Voltou ao beco com a portinha e fechou a porta. Encontrara uma antiga chave no chão algum momento depois testou na portinha. Conseguiu trancar. Voltou saltitante para o hotel, feliz como nunca esteve antes. Trazia os livros para seu quarto no hotel. Foi tomar um banho. Aquela água quente a relaxou, escorrendo pelo seu corpo, ela se sentia cada vez mais feliz, até aquele simples momento daquele banho a deixava feliz. Não continha sua felicidade, gritou de alegria, numa euforia nunca vista antes. Acabou escorregando e caindo no chão. Bateu o joelho e se levantou, desligando o chuveiro e saindo para se secar. Sentou em sua cama, trajando apenas a toalha. Ficou a olhar para o livro com seu nome cravado. Aquilo a fascinava. Abrira o livro lentamente. Agora sabia seu sobrenome. Mynatt . Segundo o livro, ela nascera em Puritah, naquele pequenino quarto, e foi criada lá. Cresceu. Até seus sete anos, foi criada lá. Seus pais não eram muito presentes, viviam fora de casa. Não sabia exatamente por que. Possuía uma habilidade que assombrava os outros membros da família. A capacidade de manipular energia e enxergar auras. Crescera tranquila, até o dia em que fora atacada por demônios. Sua família inteira fora dizimada, a única que restou foi Nina. Esse livro foi escrito por um servo da família, que estava escondido naquele trágico dia. Nina conseguiu fugir, e para evitar que ela voltasse a ser atacada, o servo apagou as memórias da garota, a levando a uma cidade distante e a largando lá. Agora, sabia do seu passado, a garota teria que ir ao vilarejo contar à Edge sobre a descoberta. Vestiu-se, saiu e comprou uma mochila. Guardou os dois livros e o livro de sua vida na parte da frente da mochila, guardou também uma espada e várias adagas. Dentre elas, destacaram-se duas. Tinham a lâmina de um cristal completamente negro e uma grande joia vermelha em cada uma. Ela foi à estrada e pegou carona no primeiro veículo que pôde encontrar. Era um carro velho, mas em algumas horas estaria na vila.

–Espere até o Edge saber disso.

Nesse exato momento, o jovem estava tentando raciocinar sobre a localização da garota fantasma e seu objetivo. Estava no seu quarto do hotel, descansando distraído como de costume, com sua expressão de tranquilidade inabalada. Horas se passaram. Ele não conseguiu imaginar nada sobre Collette, segundo era chamada pelos moradores. Nina havia acabado de chegar à cidade. Logo que chegou, foi andando distraída. Acabou se perdendo. No meio de seu percurso, encontrou uma dama. Estava parada de frente a um beco, quieta. Nina logo se aproximou para pedir informações. Seu vestido era totalmente branco, contrastando com seu cabelo preto e cacheado. Ela sorria e falava num tom até um pouco assustador de tão tranquilo.

–Olá. Saberia me indicar algum hotel barato por aqui? É capaz de aquele vagabundo estar por lá a essa hora...

– Oh! Bom, diga-me seu nome.

–Nina. E o seu, garota?

–Hm...Belo nome. Chamam-me de Collete.

–O seu nome também é muito belo!

–Obrigado!

–Quantos anos você tem?

–Tenho 17. E você?

–Hm... Prefiro não falar.

Nina estranhou essa frase, mas aceitou mesmo assim. A garota estava sendo bastante gentil

–Você gostaria de me ajudar a encontrar uma certa pessoa? Eu preciso andar e pensar um pouco. Acompanharia-me?

–Sim. Se a senhorita quiser passar um tempo comigo, eu... Adoraria!

Então, as duas foram se distrair, começaram por um pequenino morro, onde escalaram e de lá puderam ver toda a cidade. Desceram do morro, passearam pelas ruas. Passaram despercebidas. Ninguém percebera realmente quem era a garota com Nina. Ambas riam a cada momento. Estavam se tornando amigas rapidamente. Uma amizade perigosa, mesmo que Nina não soubesse. Ambas passeavam pela cidade. Pararam numa pequenina fonte. Sentaram-se uma do lado da outra. Elas trocaram olhares de amizade. Lentamente, uma lágrima escorreu do rosto de Collette. Nina se surpreendeu.

–Collette...

–Perdão Nina. Eu não sou o que você pensa. Eu acho que ganhei uma amiga agora. Eu não sei como você é capaz de me ver, como consegue se comunicar comigo, mas queria demonstrar isso revelando tudo...

Nina ainda estava perplexa pelas palavras de Collette.

–Collette... Eu...

–Nina. Deixe-me falar... Por favor...

Nina fez um leve sim com a cabeça

–Eu estou morta. Somente estou aqui por um motivo: vingança... Eu quero me vingar do meu noivo... Aquele maldito... Eu estou morta. Por isso ninguém reparou em nós duas, por isso não tivemos problemas por aqui... Parece que só você me vê.

–Collette! Eu ouvi esses boatos durante a minha carona... É verdade então?

–Sim... Sou eu... O fantasma que tem matado os jovens. Somente faço isso na esperança de encontrar meu odiado e ao mesmo tempo querido noivo. Eu preciso encontra-lo... Matá-lo!

–Não Collette! Esqueça isso! Essa vingança não irá te levar a nada!

–Mas... Eu não posso... Minha alma clama pela vingança!

–Não! Sua alma clama pela liberdade!

Nina acidentalmente tinha liberado seu poder novamente, via os sentimentos de Collette, somente uma profunda tristeza e uma pequenina raiva que insistia em existir, mesmo contra sua vontade.

–Eu vejo seu coração. Você não quer se vingar...Você quer ir embora e descansar...


–Eu... Não!

Collette fugiu correndo, saindo em disparada sem rumo, apenas para se afastar de Nina, e talvez, da verdade.

–Collette!

Nina logo foi atrás dela. Correndo e a seguindo a cada passo. Passara por todos que estavam na rua sem pensar, atropelando cada pessoa que entrava em sua frente. Edge saía do quarto lentamente, andando distraído, quando se surpreendeu com o fato ocorrido.

–Edge!

–Nina?

–Rápido, me siga!

O jovem então foi logo atrás da garota, sem saber o motivo, apenas corria num ritmo em que poderia seguir Nina. Sabia que ela tinha algo a dizer. Estava escrito nos olhos.

–Me explique o que está acontecendo!

–Não posso parar para falar agora! Tenho que parar a Collette!

O jovem logo se surpreendeu com as tais palavras de Nina.

– Collette? Você a conhece?

–É uma longa história, não temos tempo!

Ela então acelerou o ritmo, podia ver Collette correndo entre as pessoas, desviando de cada uma graciosamente. Ela ia acelerando cada vez mais. Corria cada segundo mais para alcançar Collette.

–Collette! Espere, por favor! Não cometa nenhuma besteira!

Collette somente olhou para trás e diminuiu um pouco o ritmo, berrava com Nina claramente confusa e nervosa.

–Não posso! Devo fazer isso!

O jovem Edge então, acelerou o passo, alcançando Nina e conseguindo ver Collette.

– Pare ou eu te destruirei agora!

–Hm. Talvez... Mas não posso!

Nina então, num esforço enorme, conseguiu alcançar Collette lentamente. Pulou e a agarrou pelas pernas, fazendo as duas caírem em uma pequenina rua que cruzava a vila. Lentamente, as duas levantaram. Olharam-se calmamente. Collette estava em prantos, chorando como nunca fez antes, Nina apenas a olhava com certo carinho.

–Collette, me escute...

–Chega! Estou cansada! Cansada de viver assim! Cansada desse meu destino!

Edge logo as alcançou, estava um pouco ofegante. Estavam abraçadas, encostadas em uma viela. Quando se aproximou, Collette trocou olhares com ele e falou assustada.

–Você veio me matar?

–Não. Você está morta, esqueceu? Mas não me parece merecer desaparecer assim. Bom, vou ver o que posso fazer por você...

–Como assim?

–Você agiu todo esse tempo seguindo um sentimento de vingança, mesmo contra sua vontade... Graças a Nina, você voltou a si. Eu sei bem como é esse sentimento. Mesmo.

–E-Edge?

–Nina... Obrigado... Sem você nunca a pegaria.

Collette se espantou.

– Era fingimento todo esse carinho?

– Não! Você é minha amiga, não importa o que aconteça!

Nina agora estava chorando, falava em meio a soluços.

– Nina... Eu... Tenho que ir... Senhor Edge, esse é seu nome, não?

–Sim.

–Acabe com meu sofrimento... Por favor!

–Se você quer assim... Eu acabarei com seu sofrimento da maneira mais indolor que conseguir... A senhorita realmente não é má... Eu acho que merece o perdão... Sua redenção chegou... Collette. Eu queria não ter que fazer isso. Feche os olhos.

Ela sorriu em meio a lágrimas. Nina chorou também, ambas sorriram, Era a hora de ir.

– Nina... Eu nunca te esquecerei. Sem você... Eu... Teria me perdido novamente. Obrigado... Do fundo do meu coração... Adeus...

Nina então a abraçou. Lentamente, Collette se soltou do abraço e seguiu rumo à Edge. O jovem só sacou sua pistola e disparou contra a garota. Caiu morta no chão. Em seu rosto, uma expressão de felicidade incontrolável, seu sorriso era enorme. O jovem então, fez uma pequena cova naquele local mesmo, e a enterrou lá. Antes de ir, deixou uma rosa para a garota. Nina estava triste, chorava o tempo todo, mas estava ao mesmo tempo feliz por sua grande amiga finalmente ter descansado. Mesmo que não tenham passado muito tempo juntas, ela nunca iria se esquecer da jovem Collette, a jovem que viveu tentando se libertar de sua infeliz vida finalmente conseguiu o que queria. Nina agora sabia seu passado, sabia quem era. Sabia tudo o que queria. Isso para ela foi como um presente de Collette. Agora, com aquele presente, ela estava feliz. Foram para o carro de Edge e seguiram viagem, deixando naquela vila uma amizade e mais um mistério resolvido.


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