Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 63
Hunt 62 - Future




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Nina caminhava por entre os corredores da organização. Procurava por Edge enquanto pensava em como dizer o que descobrira. Não seria fácil passar adiante tais informações, especialmente para ele. Seguiu em silêncio até o quarto e não o encontrou lá. Ao sair, encontrou Bran que caminhava tranquilamente. Olhava para os lados. Era um momento raro de tranquilidade para aquele homem. Nina pensou em não atrapalhar mas ele logo a chamou:

– Milady, o que houve? Parece preocupada.

A voz de Bran demonstrava uma certa preocupação. Nina sorriu ao perceber a importância que tinha conquistado e principalmente o afeto crescente entre ela e Bran. Os dois estavam se aproximando e criando um laço de amizade muito forte. Um laço que jamais imaginara em seus primeiros dias na organização. Respondeu, simpática:

– Preciso encontrar Edge. Seria bom se viesse comigo também, tenho informações bastante… Interessantes. Acho que vai se interessar. Seria bom ter ajuda pra cuidar de Edge com tudo isso também.

– Como quiser. Mas me parece algo preocupante. Tem ligação como passeio que fez por Puritah com Julie, estou errado?

– Espere e verá, Bran.

E assim, voltou a andar. Bran ia logo atrás com passos tranquilos. Ele logo falou:

– Tenho uma ideia de onde podemos encontrá-lo. Siga-me, milady.

E assim, Bran avançou com Nina logo atrás. Seguiram para a parte mais elevada da estrutura inteira em que moravam e chegaram à área de treino separada exclusivamente para Edge. Ele poderia liberar sua energia como quisesse naquele local. Havia sido uma das últimas coisas feitas por Fung na organização. A lembrança dele passou pela mente de cada um como uma flecha. A ferida voltou a doer enquanto eles se aproximavam do local. Abriram a porta lentamente e lá encontraram Edge. Sem nenhuma roupa na parte de cima, o jovem parecia estar bastante cansado. Transpirava muito e sua respiração estava muito pesada. Ao seu redor, os cristais se espalhavam nas mais variadas formas. Nina entendeu finalmente o pedido que ele fizera dias atrás. Ele pediu para que ela o deixasse com as habilidades liberadas o tempo todo dentro da organização. Aquilo era muito desgastante para ele, mas ainda sim, se sentia na obrigação de treinar e melhorar. O sorriso de Nina surgiu novamente e ela por um momento esqueceu o motivo de ter ido até ali. Lembrou-se no instante seguinte e tratou de se aproximar.

– Edge. Precisamos conversar. Sente-se aqui e descanse!

– Olá Nina. O que houve?

Edge obedeceu, sentando-se ao lado da garota. Bran continuava de pé, encostado em uma parede próxima.

– Vamos lá. Eu consegui acesso às informações do cartão. Lá dentro, eu…

Nina mordeu o lábio. Era dolorido comentar tudo o que ouvira. Respirou fundo e contou tudo o que tinha a contar. Lentamente, Nina pôde ver crescendo em Edge o sentimento que tentava impedir desde o começo.

– Então quer me dizer que tudo o que passamos até hoje já estava marcado para acontecer? Nina… Como ele fez isso? Como isso pode ser verdade?

– Edge… Não tenho o que dizer. Eu… Meu pai… Desculpe! Desculpe-me de verdade!

– Por que se desculpa? Não foi você que tirou meu futuro! Meu passado já havia sido tirado, meu futuro acabou de deixar de existir… Será que vamos ser sempre só instrumentos?

– Engrenagens. Engrenagens para o funcionamento do mundo.

Era Bran. Bran falou aquilo olhando para os dois. Seu olhar era sério, penetrante.

– Eu também estou nesses planos, Milady?

– Sim, Bran. Você está. Todos nós estamos.

– Tsc. Tudo isso que carrego. Tudo… Não fui eu que escolhi. É isso que quer dizer?

Bran olhava-os, sério. Não parecia esboçar nenhuma expressão em si, mas Nina sabia o que acontecia por dentro dele. Seus sentimentos estavam em ebulição. Ela podia ver algo queimando em seus olhos. Voltou-se para Edge. Ele estava com os punhos cerrados. Mordia seu lábio com força ao ponto de sangrar. Sua expressão era de dor. Uma dor muito maior que qualquer ferimento que tivesse sofrido até hoje. Era uma dor em seu coração. Em seu ser. Então, ele falou:

– Nina! Como posso viver nesse estado? Não tenho um passado para me identificar e não tenho um futuro a construir! Está tudo pronto, eu não sou nada! Sou apenas um corpo vazio que fará o que for preciso fazer! Não sei sequer se eu penso por mim ou por outra pessoa! Eu… Eu… Eu não sou nada!

– Edge! Não fale assim! Eu… Eu… Eu estou na mesma situação que você, esqueceu? Eu também sou uma vítima disso tudo! Nós todos somos! Tivemos nossas vidas roubadas em prol de algo maior e cá estamos, desolados!

Bran logo reagiu:

– Chega de se lamentarem! Não vamos chegar a lugar nenhum dessa forma. Primeiro temos que decidir o que fazer com relação a isso. Depois podemos pensar em lamentações.

Edge saltou para cima de Bran sem hesitar. O segurou pelo pescoço e com raiva, disse:

– Quem é você para dizer o que eu tenho ou não que fazer?! Você não é ninguém e não pode mandar em mim! Você não sabe o que eu passei! Não tem ideia do que eu sinto!

Bran o olhou nos olhos. Sem perder a calma ou mudar sua expressão, disse apenas:

– Você é tão fraco assim? Vai se abater por que um velho que já morreu veio dizer que você não tem futuro? Olhe para si mesmo. Olhe seu descontrole. Está agindo como um tolo agora, Edge. Pare com isso e tente raciocinar.

Edge o soltou. As lágrimas começaram a sair de seus olhos sem que ele sequer tentasse segurar. Estava de joelhos. Bran, à sua frente, arrumou sua roupa e voltou a se encostar-se à parede. Fechou os olhos e esperou. Nina estava sem reação diante do que aconteceu bem na frente de seus olhos. Fechou os olhos e tentou se acalmar, mas logo começou a chorar também.

A situação permaneceu a mesma por alguns minutos, até que Nina se levantou e se dirigiu até Bran, com uma voz nervosa, disse apenas:

– Qual seu plano?

– Não tenho um. O que eu posso dizer é que, pelo que me disse, naturalmente vamos evitar que a DANTE vença se seguirmos o caminho proposto pelo seu pai. É tudo o que queríamos na organização. Mas ao mesmo tempo, abriremos mão de nosso livre arbítrio. É uma questão de decidirmos. Mas eu lhe garanto uma coisa. Independente do que decidir, eu já disse, dedico minha vida a você, Milady.

Edge ouvira tudo o que Bran dissera. A dor em seu coração aumentara. Por que não era capaz de ser como aquele homem? Por que se deixava levar pelas coisas dessa forma? Não tinha as respostas. Secou suas lágrimas e se aproximou dos dois.

– Minha vida sempre foi sua, Nina. Mesmo antes que eu soubesse da sua existência. Nada vai mudar nesse sentido. Ordene-me e eu farei.

Nina o olhou e, sem hesitar, o abraçou forte. Edge foi surpreendido por completo naquela situação. Não esperava essa reação. Havia sido fraco e causado uma cena completamente desnecessária bem na frente de Nina. Tentou evitar retribuir o abraço pela culpa que sentia mas o amor por Nina era mais forte. Abraçou-a com todas suas forças. Ela então falou:

– Não lhe ordenarei nada que vá contra sua vontade, Edge. Você é livre, esqueceu? Se meu pai o colocou acorrentado, eu liberto-te agora. Você não precisa se preocupar. Viva, Edge. Viva comigo. Eu… Preciso de você.

Bran continuava assistindo tudo aquilo em silêncio. Tentou esconder um sorriso no canto da boca, mas foi em vão. Desencostou-se e finalmente disse:

– Então está decidido? Seguiremos nosso próprio caminho ou não?

– Sim, Bran. Como se você não soubesse a resposta. Por que fez toda essa encenação? Por que fez Edge perder a cabeça dessa forma?

– Algumas vezes é preciso um choque para que se enxergue adiante, milady. Só fiz o que era preciso.

Edge o olhou no fundo dos olhos. Enxergou finalmente o amigo que tinha ali novamente e sorriu. Levantou-se ao lado de Nina e, em meio às lágrimas, agradeceu Bran por tudo.

– Não se preocupem. Quando vocês dois perderem as cabeças, eu estarei aqui para trazê-los de volta à realidade.

E sorriu. O sorriso foi acompanhado pelos outros dois. Saíram dali. Nina então voltou ao que tinha a dizer.

– Temos uma missão. No cartão havia o endereço da fábrica de Knights da DANTE. Eles estão em um processo avançado e em breve poderão colocar Knights na linha de frente. Isso seria desastroso. Precisamos desativar essa fábrica urgentemente.

– Mas como podemos confiar no cartão? E não iríamos tomar nós mesmos a decisão?

– Tomaremos. Isso é importante. Para a organização, precisamos desativar essa fábrica. Mas faremos isso à nossa maneira. Conto com vocês.

– Para onde iremos, Milady?

– Lens’sol, no extremo oeste do continente.

– Uma das cidades gêmeas? Será uma viagem e tanto, não?

– Exatamente. Preparem-se. Avisarei Julie, partiremos amanhã.


E assim, cada um seguiu seu caminho. O laço entre eles se fortalecia ainda mais enquanto seguiam adiante. Edge ainda tinha dentro de si dúvidas e o peso que a falta de identificação com o passado e o medo de seguir um futuro pré-determinado causavam, mas seguia em frente. Por Nina.


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