Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 55
Hunt 54 – Knights




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Edge logo empunhou as adagas e com um movimento rápido, o cristal estava em suas mãos. Preparou-se e imaginou como agir. Lançou um cristal afiado de sua mão focando o oponente. O cristal acertou em cheio a arma do mesmo e se estilhaçou em pequenos pedaços. Edge logo avançou e tentou se aproximar o máximo possível. Enquanto se movia, lançava ainda mais cristais de suas mãos.

Estava começando a se acostumar com a manipulação dos Sephiroth e não precisava mais tanto se concentrar. Quase parecia algo natural, algo apenas dele. Como um Knight, aquilo era parte de si e ele deveria se acostumar. Já havia utilizado tal habilidade de várias maneiras diferentes. Havia aprendido a controlar a resistência dos cristais, sua forma e peso, mesmo que em uma escala pequena. Aquilo o daria uma vantagem. Aproximou-se bastante do oponente. Pegou suas adagas e começou um ataque direto, tentando cortá-lo em algum ponto, falhando completamente. A postura do oponente, de lado, aliada ao enorme rifle impediam que ele desferisse um ataque direto.

Tentou vários ataques e finalmente completou a ofensiva com um chute, atirando o oponente para trás. Com isso, havia abaixado a guarda do mesmo. Desferiu um golpe diretamente para a face do número oito com sua adaga. O golpe foi parado pelas mãos do oponente que largara o rifle no chão por um momento. Segurava a lâmina da adaga com a mão direita, sangrando. Aproveitou isso e puxou Edge para perto. Segurou então com a mão esquerda seu pescoço, apertando fortemente. Edge começou a ficar sem ar. O oponente o tirou do solo com uma das mãos apenas. Como resistência, a adaga tentava se enfiar cada vez mais fundo na mão direita do oponente que, novamente, sem demonstrar dor alguma, aceitava o ferimento e prosseguia com o que viera fazer. Edge tentava sem sucesso conseguir ar e respirar. Faltava-lhe força para aguentar aquilo por muito tempo. Seus olhos pensaram em se fechar. Lembrou-se de Nina. Conseguia ver a cara de desespero a poucos metros mesmo sem estar de olhos abertos. Sentia o pesar dela em cada lágrima. A cada momento se sentia com menos força. Seus pulmões estavam vazios. Precisava de ar.

Juntou todas as suas forças e retirou a adaga da mão do oponente. Tentou cravá-la no pescoço, num golpe mortal. O oponente recuou a cabeça por um momento, tempo esse que Edge com suas forças quase esgotadas pela falta de oxigênio usou com maestria. Chutou-o na face sem hesitar, atirando-o para trás e escapando daquele golpe fatal. Respirou fundo ao cair no solo, tentando recuperar todo o fôlego antes que ele se levantasse. Tinha pouco tempo, a figura já estava quase de pé. Quase conseguiu ouvir uma risada. Juntou seu fôlego e se colocou de pé novamente.

Seu estado era trágico. Tinha uma visão falha, enevoada. Ela voltaria aos poucos, mas num duelo como aquele, tudo poderia mudar em segundos. Precisava estar preparado.

– Cãozinho, quase te peguei dessa vez! Não se preocupe, não vai demorar muito para que fique sem escapatória.

Edge tinha em sua mente um medo. O medo de que ele estivesse certo. Lembrou-se de Kersey, sua última missão. O mesmo sabor da morte que já provara tantas vezes inebriou seus sentidos e deixou o gosto amargo na boca. Sentiu-se incapaz por um minuto. Finalmente recordou-se de tudo o que passara até ali, inclusive o encontro extremamente próximo com a morte naquela cidade vazia.

Não era a hora de morrer. Não poderia se render ali, precisava proteger Nina até o fim. Aquele pensamento o deu forças, forças que nem sabia que existiam dentro de si. Colocou-se de pé. Respirou fundo. O ar era uma benção depois daquilo tudo e ele fez questão de tomar o máximo que pôde para si. Seu oponente já caminhava em sua direção com passos tranquilos. Imaginava provavelmente que aquele à sua frente não tinha mais forças depois de quase morrer enforcado. Estava enganado. Edge não deixaria Nina para trás, aquilo era o suficiente para se levantar quantas vezes fosse preciso.

Com suas forças e concentração, colocou sua mão no solo. Um enorme cristal surgiu do solo indo em direção ao número oito. Embora fosse uma estrutura de cristal, tinha um movimento fluido, quase orgânico. O movimento logo veio refrescar sua memória. Era o movimento das raízes de seus Sephiroth fora de controle. Aquilo estava finalmente controlado. A experiência de quase morte havia acordado algo em Edge. Não, não era a experiência.

A vontade de proteger Nina acima de tudo, aquilo sim lhe trouxera novas forças e o deixou capaz de enfrentar aquele oponente de igual para igual. A estrutura de cristal avançou rapidamente contra o oponente que saltou, numa atitude defensiva. Era a primeira vez que ele recuara dessa forma desde o começo do combate. Edge avançou novamente, lançando outro cristal do solo exatamente como o anterior. Foi interrompido por uma risada enorme. Era uma risada alta, quase descontrolada. O seu oponente tinha um sorriso no rosto que Edge não conseguia identificar. Era um sorriso grande, aberto. Parecia felicidade.

– Isso, cãozinho! Libere tudo o que tem dentro de si! Libere mais, mais poder! Quero ver tudo o que tem dentro de si!

E com isso, arrancou o cadeado que carregava na frente de seu tronco. As marcas em seu rosto começaram a brilhar um intenso vermelho. Então, Edge viu algo que o deixou boquiaberto por um momento. Nina ficou abismada, assim como Bran. Era uma parede de cristal vermelha. O cristal de Edge batera contra aquela parede e se quebrara por completo.

O número oito era um Knight. Era como Edge desde o começo. O desespero quase tomou conta de sua mente quando ele percebeu o quanto o oponente se restringiu nesse combate. O motivo era obvio. Todos que avistassem aquele duelo ficariam apavorados. O grande defensor da organização iria cair em batalha contra um oponente superior, um oponente que o subjugou por completo no campo de batalha. Aquela visão colocaria terror em cada membro da organização. O calafrio que percorreu o corpo de Edge por um momento se disfarçou como medo, mas logo se revelou em uma espécie de reflexão. Havia outros como ele. Isso era extremamente perigoso, especialmente nas mãos daquela organização. Dali em diante, teria que ser mais cuidadoso. Edge avançou, criando duas raízes cristalizadas. As duas saíram do solo logo ao lado de Edge. Avançaram sem hesitar e se enlaçaram, formando uma raiz bem maior. Rodando, aquela estrutura avançou contra a parede escarlate que se erguia entre os dois Knights. Concentrando sua energia, Edge conseguiu quebrar a barreira com sua estrutura. Rachaduras surgiram por todos os lados e ela se desfez. O número oito por sua vez apenas se jogou para o lado esquerdo, esquivando-se por completo do golpe. Em resposta, lançou um fino cristal vermelho contra Edge. Era quase transparente graças à sua finura, mas o ferimento deixado por ele não era apenas um ferimento qualquer.

O cristal perfurara parte do braço de Edge e começara a crescer. Como resposta, Edge criou cristais por cima da sua pele, expulsando os do oponente. Observou o ambiente ao seu redor e localizou suas pistolas. Recuou o máximo que pôde e sacou-as. Disparou contra o oponente rapidamente. As balas tinham um leve brilho azulado quando saíram do cano. O oponente apenas fez duas protuberâncias pequenas de cristal e aparou cada uma das balas.

Foi então que dos projéteis um cristal surgiu, crescendo rapidamente. Um espinho de cristal logo se formou horizontalmente, perfurando o ombro do oponente. Ainda sim, ele não demonstrara nenhum sinal de dor. Quebrou o cristal com as mãos, arrancando-o do ombro logo em seguida. O sangue escorria por todo seu corpo. Ambos deveriam estar no ápice da exaustão. Nina observou aquele duelo sangrento até aquele momento sem poder fazer nada. Foi então que sua mente trabalhou em meio a todo aquele caos, aquela dor e finalmente notou que era capaz de sentir não só Edge, mas seu oponente. Havia sido capaz de se ligar a ele inconscientemente. Pôde ver seus pensamentos por um momento. Eram lapsos de consciência que explodiam em sua mente de forma dolorida. Ela sabia o que iria acontecer dali em diante.Edge iria perder se tudo continuasse assim.

Tomou então uma decisão drástica. Concentrou-se no oponente o máximo que pôde. Talvez, fosse capaz de fechar os Sephiroth dele e anular seus poderes. Concentrou-se nisso com todas suas forças. Finalmente, deu a ordem.

– Pare com isso! Recuso-me a permitir que use seu poder aqui! Sele-o agora!

Duas coisas aconteceram ao mesmo tempo. Primeiro, o oponente teve o brilho em seu rosto apagado. O seu poder desaparecera. Em segundo lugar, Edge também havia perdido seus poderes. Nenhum dos dois poderia usar os Sephiroth. A luta voltou para o estado anterior. Edge logo se colocou de pé e preparou-se para o combate novamente. Suas pistolas estavam em mãos e as adagas, guardadas. O oponente por outro lado parecia confuso. Não havia planejado isso. Tinha sido ordenado por aquela garota que deveria matar e obedecera. Não, não havia obedecido.

Simplesmente era incapaz de evitar aquilo. Era uma ordem absoluta. Ela não era capaz de influenciar seu livre-arbítrio, mas era completamente capacitada para neutralizar e liberar seus Sephiroth quando ela bem entendesse. Aquilo o afetou como não previra. Estava confuso, nervoso. Aquilo ia completamente contra seus planos. Por um lado, sentia-se traindo sua própria organização ao ceder a tais ordens. Voltou a si bem a tempo de ser atingido por um tiro de Edge.

O tiro acertou-o na barriga. Logo após, outros três, atingindo todo seu peitoral. Segurou novamente a dor para si. Pegou seu rifle e preparou-se para o combate novamente. Com ou sem cristais, Edge deveria morrer. Era a ordem que recebera e era isso o que faria.

Edge estava lá, de pé. Machucado, destruído fisicamente, mas mentalmente e psicologicamente estava forte. Mantinha-se em pé, com os olhos atento e as pistolas em mãos. Havia retornado para o estado original, guardando as peças da submetralhadora consigo.

– Vamos acabar com isso! Sem mais truques! Mas irá me contar... Tem muito que me falar! Um Knight? Era tudo o que eu não esperava!

– Cãozinho... Você não sabe de nada! Vou lhe contar uma pequena história. Isso vai ajudar a perceber como estão no escuro, não sabem de nada!

E começou a falar. Edge escutou atento, esperando.


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