Edge saltou rapidamente. Passou por cima do rifle que o acertaria horizontalmente na altura das costelas novamente. Estava ferido mas ainda tinha energia mais que suficiente para continuar seu plano. Agora, havia conseguido passar pelo rifle. Executou um chute focando a face do oponente. Iria desestabilizá-lo com um golpe inesperado antes de disparar. O chute acertou em cheio enquanto o oponente tentou prever a trajetória das balas que Edge deveria ter atirado. O golpe foi forte e o derrubou. Não perdendo tempo e aproveitando a pequena vantagem que conseguiu, o caçador disparou contra o oponente que, num movimento só, protegeu o corpo e as partes vitais com os braços. Foram três tiros que o atingiram, dois no braço esquerdo e um no direito, fazendo um buraco fundo que demorou um pouco a começar a sangrar. O oponente sequer fez alguma menção à dor, apenas colocou-se de pé novamente e pegou o rifle.

– Nada mal, nada mal mesmo, cãozinho. Talvez tenha melhorado da última vez. Lembro-me de ter defletido minhas balas naquela época. Por que não tenta novamente?

– Eu não vou cair nessa armadilha. Você é cauteloso. Eu não iria arriscar nesse caso. Veio preparado para me enfrentar, seria muita ingenuidade sua não se preparar para esse caso, não é mesmo?

– Realmente, você andou melhorando. Nada mal, nada mal mesmo.

Edge não conseguiu prever o que viria logo em seguida. Com um movimento rápido, o oponente segurou o rifle com apenas uma mão Com a outra atrás do corpo, ficou em uma posição lateral. Edge aproveitou e disparou contra ele, mas os tiros foram bloqueados pelo rifle com uma precisão muito maior. Ele o empunhava quase como uma espada. O material daquela arma era muito mais forte do que sequer imaginara, sendo capaz de parar as balas de Edge facilmente. Além de tudo, com a força que aquele oponente demonstrava ser perfurado pelo rifle era realmente uma preocupação. Então o oponente disparou, avançando lentamente. Edge esquivou-se como pôde, mantendo sua atenção completa na mira do rifle. Por um momento desviou o olhar e viu um sorriso. No instante seguinte, pôde apenas ver a mira do rifle assumir outro ponto, fora de seu corpo.

Foi quando notou a granada e sentiu poucos segundos depois a explosão próxima de si. Não era uma granada extremamente potente, emitindo uma explosão contida em um pequeno espaço, mas era o suficiente para atingir Edge. O calor queimou a manga esquerda de seu uniforme enquanto estilhaços penetraram sua pele e lá ficaram. Ele havia caído num truque bastante simples. A concentração no rifle evitou que ele notasse os movimentos da outra mão do oponente que, em um movimento único, lançou a granada na direção de Edge. A explosão pegou todos de surpresa e deixou Edge de joelhos.

– Então, cãozinho. Não tão esperto agora, não é mesmo? Desista e morra de uma vez. Ainda tenho pelo menos mais dois para exterminar.

Edge levantou-se. O braço doía muito, os estilhaços queimavam sua pele, mas não poderia parar naquele momento. Sacou suas pistolas e voltou o combate. O oponente não parecia preocupado com sofrer dano. Deixou alguns tiros atingirem de raspão seu corpo enquanto avançava, alternando disparos de rifle com movimentos de estocada com a ponta de sua arma. Edge circulava o oponente, tentando evitar os golpes. Suas pernas doíam muito enquanto o oponente nem parecia sentir qualquer ataque que fazia. Aquilo desmotivava e deixava uma sensação de supremacia por parte do oponente. Edge estava em um estado péssimo enquanto seu oponente aguentava todos os ferimentos tranquilamente. Os braços do homem com o rifle sangravam muito enquanto seu corpo estava marcado de balas que o acertaram de raspão. Ainda sim, ele não se tornara nem um pouco mais lento ou fraco. Era alguém com uma força acima do comum, tanto fisicamente quanto de espírito. Não se entregaria de forma alguma. Edge sentia que poderia perder.

Continuava evitando avançar. Disparava eventualmente contra o rifle, numa tentativa de desarmar seu oponente, mas falhou completamente. Estava lentamente sendo sobrepujado. Não sabia quando esperar outra granada, fato esse que o deixava em alerta constante. Seus olhos vagavam entre o rifle e a mão escondida do oponente. A concentração estava abalada. Precisaria de algum outro plano e rápido. Caso isso continuasse, era capaz de perder. Nina então ordenou e Julie lançou para Edge um pacote.

– Pegue isso Edge, rápido!

Edge segurou o pacote e o abriu. Lá dentro, peças novas. Ele não esperava por isso em momento algum naquela batalha. Pôde sentir o sorriso de Nina com aquilo. Guardou uma de suas pistolas e preparou as peças para o seu novo truque. Consistiam de uma cobertura para a parte de cima que estendia a arma para trás, encobrindo o martelo da pistola com um mecanismo novo que fazia a velocidade de disparo crescer exponencialmente. A segunda parte é retrátil e carrega munição e também muda o peso da arma, cuidando do recuo e mantendo-a com uma mira bastante precisa, balanceando a pistola. Aquilo transformava sua pistola em uma submetralhadora. Tratou de arrumar sua arma. O oponente preparou-se para atacar novamente. Havia tido um momento de surpresa pelo objeto arremessado, mas com a vantagem que possuía e no estado em que o oponente estava, deixou-o receber tal produto. Não era nada demais.

– Só isso? Esperava algo mais inteligente, cãozinho.

Edge não respondeu. Preparou-se para atirar. Era uma arma bastante interessante. Disparou contra o oponente, que se defendeu com o rifle. Eram tiros de força menor, mas em um número muito maior. Edge começou a disparar contra várias partes do corpo do oponente ao mesmo tempo, causando uma quantidade enorme de danos, ainda que pequenos. A defesa do oponente começava a falhar. Ele então decidiu lançar mais uma granada. Edge estava atento e logo disparou contra ela assim que a viu pouco a frente do oponente, que sorriu no último minuto. Era uma granada de fumaça.

– E agora, como se esquivará, cãozinho?

Edge não tinha como prever o movimento. Recuou o máximo que conseguiu e tentou atirar contra o oponente na névoa, falhando. Não havia som de acerto algum. O instinto falou mais alto e ele se atirou para o lado bem a tempo. Uma sombra logo se colocou sobre o local e o oponente caíra com o rifle fincado no solo. Seria um golpe fatal se o tivesse acertado. Edge agora não poderia disparar contra todas as granadas. Aquele homem o cercava em todos os planos com um plano ainda mais elaborado. Edge então recuou novamente atirando contra o oponente. Disparou rajadas tentando evitar qualquer padrão, fazendo a defesa ser muito mais complicada para o outro lado que, por sua vez, continuou a ser atingido. Foi então que ele, com um disparo, arrancou a submetralhadora de seu oponente. Havia se cansado daquela brincadeira. Era hora do combate real. Edge sentiu um calafrio. Até agora, lutara para enfrentar aquele homem por igual e quando finalmente sente-se na vantagem, o homem deixa claro que sequer havia começado.

– Já chega de brinquedos. Vamos, você tem algo a mais para me mostrar, não é, cãozinho? Vamos, chame sua dona e venha me enfrentar de verdade!

A voz dele não tinha fraqueza alguma. Ele sabia o que falava e conhecia até o funcionamento do poder que Edge guardava dentro de si. Edge então olhou para Nina, que correspondeu o olhar e o deu a permissão.