Eles correram. O invasor vinha pela frente da organização, sem medo algum. Edge ia à frente, correndo. Bran e Nina iam pouco atrás, tentando alcança-lo. Nina questionou-se por um momento se não estava sendo um peso e fazendo Bran esperar por ela. Foi quando percebeu que ele era quem se apoiava nela. Ainda sentia dores e não estava completamente curado, mesmo com sua máscara. Era estranho para Nina perceber isso apenas agora, mesmo tendo sua habilidade única. Ela não a usava mais com aqueles dois. Sabia o que pensavam pelo olhar, não achava que precisaria usar isso novamente. Estava errada. Bran ainda possuía a máscara de ferro emocional mesmo que tivesse se aberto muito mais recentemente. Ele não queria parecer fraco. Não queria ser um estorvo. Edge continuou seguindo na frente em direção à entrada da organização. Desceram rapidamente a torre. Nina aproveitou o momento para convocar um membro e dar uma ordem.

– Chamem Julie. Preciso dela aqui o mais rápido possível.

Nina precisava de todo e qualquer apoio naquele momento. Não, não era ela quem precisava, concluiu. Era a organização em si. Um ataque frontal era totalmente inesperado e poderia acabar com a moral de cada um dos membros. Parou de pensar tanto e decidiu acelerar o passo para alcançar Edge.

Naquele momento, Edge já estava no primeiro andar da organização, pronto para encontrar o invasor. Ouviu então uma voz conhecida. Uma voz de bastante tempo atrás.

– Onde estão os dois cãezinhos da Magnum mesmo? Vocês até que duraram bastante! Apareçam logo para que eu acabe com isso de uma vez!

Era o mesmo enorme homem de cabelos vermelhos que os atacara a primeira vez na antiga base da Magnum. Sua vestimenta, seu cabelo cobrindo os olhos e as marcas em seu rosto, tudo aquilo relembrou Edge do passado. Lembrou-se de como havia parado ali e fora atirado nessa situação contra sua vontade e agora estava lá, na frente daquela organização defendendo-a como podia. Era realmente um cão da Magnum naquele momento. O pensamento não lhe doeu como achou que o faria. Era até certo ponto reconfortante. Fora criado ali, naquela organização. Nina agora fazia parte daquilo tudo e ele havia se tornado o guardião dela além de seu amor. Não havia nada mais importante que isso. Defenderia essa vida com Nina até o final da sua própria.

Finalmente saiu pela porta da frente em direção à voz. Passou sem hesitar e foi em direção ao homem rubro que o esperava logo à frente, no pátio. Havia membros feridos por todas as partes. Desacordados e em estado grave. Edge precisaria cuidar deles. Nina deveria chegar logo, então Edge tentou segurar o oponente com um diálogo.

– O que quer aqui? Quem é você?

– Eu sou apenas um número. Quero apenas o que me foi ordenado. Acabar com essa organização. Cresci para isso. Tornei-me o que sou com esse único propósito! Cãozinho, não adianta tentar me atrasar. Não precisa desses métodos antiquados para me manter ocupado. Eu posso esperar pelos outros dois. Mas até lá, que tal um aquecimento?

E assim, ele pegou o rifle. Havia largado a arma no solo. Isso revelou o que planejava. Estava esperando para que Edge, Nina e Bran fossem até ele. Sua função não era uma invasão e sim um ataque direto aos três. Que maneira melhor de convidá-los? Um ataque frontal com certeza funcionaria. Lá estava Edge encarando aquele oponente de frente. Sacou suas pistolas, mas antes que tivesse qualquer reação teve sua pistola esquerda arrancada de sua mão por um tiro do rifle do oponente. A força do disparo atirou a arma longe, deixando Edge com apenas uma pistola em mãos. Ele, por sua vez, disparou com a arma da mão direita tentando acertar o oponente sem sucesso. Com movimentos rápidos do rifle do mesmo, as balas foram defletidas. Com um movimento, o oponente reposicionou seu rifle numa posição boa para disparar e lançou apenas um projétil que passou próximo do rosto de Edge, que se esquivou por pouco. A bala deixou um ferimento de raspão. Edge então aproveitou e recuou para recuperar sua arma. Num salto para trás, recuperou as duas armas e começou a disparar. Acertou alguns disparos de raspão também no oponente que sequer pareceu se importar. O duelo dos dois continuou por alguns minutos com tiros sendo disparados dos dois lados. Edge estava em uma situação pior, o oponente era capaz de bloquear parte dos disparos com sua arma. Quando tentou se aproximar, o caçador fora acertado por um golpe com a base do rifle que o arremessou para trás. Foi quando Nina e Bran chegaram. Bran teve que diminuir o ritmo com que andava graças à fraqueza em seu corpo, mas estava lá. Julie logo chegou e se aproximou dos dois. Os três então tentaram avançar. O número oito apenas gritou.

– Não tentem dar nem mais um passo. Eu tenho bombas plantadas ao redor de todos vocês. São os espectadores daqui. Por favor, façam fila. Depois que acabar com esse cãozinho, o próximo poderá entrar. Nem antes, nem depois. Não ousem atrapalhar. Eu irei enfrentar um por um.

O sorriso na cara daquele homem era claro. Ele havia planejado tudo até aquele momento. Edge tentou intervir novamente sem sucesso. Aproveitando o momento, o oponente segurou seu rifle e acertou Edge na parte lateral do corpo. Ele teve que segurar o grito enquanto sentia duas costelas se quebrarem com o impacto. Mordeu os lábios e ficou de pé, cambaleando levemente. O oponente não perdoou o momento de fraqueza e disparou contra as pernas de Edge, que conseguiu se esquivar por muito pouco, deixando outro ferimento de raspão. Novamente, cambaleou, mas dessa vez, conseguiu reagir a tempo e recuou. Nina, Bran e Julie não poderiam recuar nem avançar, estavam sujeitos à armadilha criada pelo número oito. Podiam apenas assistir. Edge estava sofrendo muito naquele combate. Tentava disparar, mas não tinha velocidade o bastante para vencer a defesa que o enorme rifle proporcionava. Pegou suas pistolas e voltou a disparar, agora com um plano em mente. O oponente bloqueou como esperado, mas dessa vez, Edge avançou ao invés de manter a distância. O golpe com o rifle veio logo em seguida, como o esperado.

Agora era a hora do contra-ataque.