Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 52
Hunt 51 – Invasion




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Bran abriu os olhos. Não viu a névoa nem sequer ouviu o vento levar todo aquele ar amaldiçoado embora. O que ouviu era algo familiar. O que viu, também. Estava na Magnum, deitado em uma cama. Estava descansando. Pensou se talvez estivesse sonhando. Seria um sonho bastante incomum, logo pensou. Decidiu tentar se levantar e não conseguiu. Finalmente notou Fung na sala. Abriu a boca para tentar falar sem sucesso. Estava realmente mal.

Lentamente, a névoa que cobria suas memórias se afastou e a névoa que quase o levou à morte deixou de existir. Ele estava vivo. Conseguiu sentir seus membros. Era o fim daquela missão. De alguma forma, Edge havia conseguido. Lembrou-se do que disse no carro e se sentiu levemente estranho. Antes, não teria sequer considerado Edge um parceiro ou uma boa presença, mas isso mudara aos poucos. Não estava acostumado com isso e se assustou. Tentou raciocinar sobre isso mas estava realmente cansado. Fechou os olhos novamente. Antes de dormir, viu Nina e Edge entrarem na sala. Falaram algo com Fung, mas saíram pouco depois.

– E...Edge...

Foram suas primeiras palavras assim que acordou. Pensou no parceiro o tempo todo enquanto esteve desacordado. Sua vida realmente havia sido salva naquela situação desesperadora. Talvez devesse agradecê-lo novamente. Estava confuso mas alegre. Havia alguém em quem poderia confiar sua vida sem hesitar. Aquilo o reconfortou. Sentia-se em casa.

Era estranho, pois era uma casa nunca tivera antes. Finalmente, a organização que ele pretendia criar estava tomando os moldes que ele desejava, nem que fosse visível inicialmente em apenas um indivíduo. Aquele que foi um dos motivos da dissolução da mesma. Era irônico, mas Bran não sentia mais nada contra Edge. Pelo contrário. Haviam se tornado parceiros. Cansou de devaneios e tentou se levantar. Conseguia finalmente se mover. Foi até a porta. Quando estava prestes a abrir a mesma, ela mesma se abriu. Era Fung chegando com remédios e voltando até seu quarto. Ele ficou bastante surpreso ao ver Bran de pé, quase completamente curado.

– Senhor, não se esforce demais. Venha, apoie-se em mim!

– Não é preciso, Fung. Eu estou bem. Saudável o suficiente para andar e quase pronto para voltar à ação. Onde está Nina?

– Na sala dela, senhor. Não exagere, por favor. O seu estado era bastante ruim. Falava muito durante todas as noites e suava frio. Pedia desculpas.

– Isso não me interessa, Fung. Muito obrigado por tomar conta de mim, mas não me importo com o estado deplorável em que me encontrei.

Bran queria realmente saber o que falara. Tinha ideia. Eram tantos nomes, tantos pecados a se desculpar que ele sequer sabia por qual deles teria começado. Decidiu abandonar isso e deixar para alguma outra hora. Não pareceria fraco naquele momento nem iria ceder espaço às emoções. Colocando sua máscara de ferro emocional, continuou a andar calmamente até a sala de Nina. Abriu as portas e encontrou um número grande de membros ouvindo as ordens da líder que, sentada em seu trono e com uma voz forte, falava sem hesitar.

– Agora que o perigo iminente na cidade já passou, vocês podem ir limpar e participar do grupo de reconstrução da cidade. Vamos refazer aquele local maldito em uma cidade fabulosa! Não deixarão nenhum rastro das mortes que aconteceram ali, entenderam? Precisamos cuidar dessa terra. Da nossa terra! Por Albius!

Todos responderam em alto e bom som

– Por Albius! Por nosso continente!

E assim, saíram dali. Bran pôde notar o quanto Nina continuava a surpreendê-lo. Ela sabia o que falar para incitar vontade e ações dos membros. Muito daquilo devia-se à vitória dela sobre Bridget. A visão de uma garota frágil havia se perdido em seu novo visual e principalmente após aquele ato. Dali em diante, sua moral apenas cresceu. Deu tais ordens sem dificuldade. Outro fator que a fazia ser extremamente carismática era a abordagem que começou a tomar daquele momento. Ao invés de preocupar-se com uma ofensiva direta contra a DANTE, a prioridade daquela líder era preservar o continente e a vida de seu povo.

Uma abordagem assim era altamente popular. Nina ganharia apoio em várias cidades após essa atitude. O apoio interno também cresceria. Era uma excelente jogada. Bran então olhou nos olhos da garota e percebeu que não era uma jogada estratégica. Ela realmente se preocupava com aquele povo. Sentiu-se mal por pensar dessa forma metódica enquanto Nina estava concentrada em cuidar da população. Talvez ele tivesse perdido a visão do que era importante. Aquela garota estava começando a ensiná-lo o que era ser um membro da MAGNUM. Ele, o seguidor mais leal da organização perdeu seu foco. Aquilo o deixou bastante constrangido. Finalmente se aproximou de Nina e falou.

– Milady. Perdão por falhar na missão. Estou aqui para me redimir como puder.

– Bran. Não precisa ser tão formal. Edge deve chegar em breve. Vocês não falharam na missão, não é mesmo?

– Milady.

Era Edge. Entrou pela porta e ficou lado a lado com Bran, esperando que Nina falasse.

– Vocês descobriram o que foi pedido. Vocês estão vivos. E ainda derrotaram um oponente perigoso. Pesquisamos tudo o que pudemos sobre a identidade dele, mas nada foi encontrado além de registros e histórias de uma figura semelhante ter caçado muitos membros da MAGNUM no passado. Reverend era o título que carregava consigo. Não sabemos seu nome nem informação extra alguma. Ele era quase um fantasma. Um fantasma de morte e pestilência. Vocês o derrotaram e foram muito além de sua missão. Muito obrigado pelo serviço, meus cavaleiros.

– Nina. Nós apenas o enfrentamos pois nossa vida dependia disso, não foi um ato heroico em hipótese alguma.

– Não? Lembro-me de Edge ter comentado sobre a estratégia de deixar pelo menos um de vocês retornar, mesmo que o outro morresse. Encarar a morte assim não é um ato heroico?

– Milady...

Edge começou a falar. Iria relembrar o medo que sentira. A dor, o peso e a responsabilidade por Bran. Calou-se. Não eram preciso palavras com Nina. Tudo o que sentiam, ela sentia também. Finalmente começou a perceber quantos sentimentos ruins e destrutivos Nina sentia apenas por estar perto deles naquele momento. Ainda sim, ela estava lá, sorrindo. Não se deixara abater pelos sentimentos amargos. Soltara um doce sorriso e se levantou, caminhando em direção aos dois. Eles tomaram uma posição mais formal com a proximidade da garota.

Foi quando a surpresa de um abraço chegou. Ela os puxou com cuidado e os envolveu em seus braços pequenos.

– Eu não quero perder vocês, meus queridos. Nunca. Por favor, vivam. É egoísmo? Talvez. Acredito que seja mais uma questão de futuro. Não sei o que faria sem vocês. Vocês são tudo o que tenho para mim. Essa organização não é nada sem vocês dois. São a mente e o alicerce desse lugar. Se eu sou o coração que comanda tudo, Bran, você é o alicerce. Carregou isso tudo nas costas e não deixou que caísse um momento sequer. Edge... Você é o que me faz seguir adiante. Sem você, nada disso estaria aqui. Obrigado.

E assim se soltaram. Afastaram-se um pouco, envergonhados. Era uma intimidade crescente mas muito agradável. Bran nunca havia visto uma liderança como Nina. Ao invés de se distanciar e manter a postura, ela se ligava à todos lá dentro. Era capaz de conhecer cada um pelo nome. Sabia o que sentiam e como cuidar de cada um da melhor forma. Bran havia acertado perfeitamente na escolha. Sorriu, quase deixando uma lágrima cair pelo canto do olho.

E então, o alarme tocou, marcando uma emergência na base. Bran, Nina e Edge correram em direção à entrada da mesma. Era um invasor.


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