Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 51
Hunt 50 – Cleanse




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Edge segurou o medo em seu corpo e o abraçou. O tempo era curtíssimo. A visão de Bran deitado sem consciência o deixou tenso. Precisava se acalmar. Fechou os olhos. Caso fosse Bran ali, acordado, ele não se deixaria abalar por algo assim. Iria enfrentar o oponente com todas suas forças sem recuar um minuto sequer. Sentia-se fraco. Sentia como se uma corrente o tivesse prendido àquelas pessoas. Ele se importava com elas e aquilo naquele momento era uma fraqueza. Lembrou-se de Nina. Lembrou-se do sorriso dela antes de saírem para essa missão. Os lábios doces daquela garota que crescera tanto e o olhar sério, mas ao mesmo tempo extremamente doce. Lembrou-se do amor.

A corrente quebrou-se. Como chegaria até Nina tendo falhado? Como iria encarar aqueles olhos doces com um sentimento de falha e a morte de um companheiro? Todas essas questões assolaram sua mente. Respirou fundo. O oponente vinha sem pressa em sua direção. De um momento para outro acelerou muito, avançando sobre Edge com um golpe vertical de sua foice. Edge pegou suas pistolas num reflexo rápido e usou-as para aparar o golpe da lâmina. O som de metal colidindo foi alto e ecoou naquele ambiente silencioso e morto. Edge mal conseguia bloquear os golpes com suas armas enquanto o oponente não dava um momento de tranquilidade sequer. Usando movimentos circulares, ele brandia a estranha foice que pulsava e fazia sua lâmina dançar. Edge não poderia tomar um golpe e também não poderia atacar naquela distância.

Arrependia-se muito de ter deixado a Fenrir II para trás. Seria extremamente importante tê-la naquele momento. Precisava sair daquela sequência de golpes e rápido. Pensou em todos os inimigos que derrotara até aquele momento. Viu Ramsay passar em sua mente. Arriscara sua vida sem medo naquele momento, por que fraquejava agora? Foi quando sua mente trabalhou e ele teve uma ideia. Era um plano arriscadíssimo e poderia ser seu fim se sua teoria falhasse. Aparou a foice com as duas pistolas e começou-se então uma disputa de forças. Ele perderia contra a foice, mas não precisava ganhar. Com um movimento rápido, deixou a lâmina deslizar pela parte de cima da pistola e jogou seu corpo para o lado num movimento giratório. Nesse mesmo movimento, solta uma de suas pistolas e saca uma das adagas. Aproveitando a rotação, desferiu um golpe na parte lateral do corpo do oponente que ainda tentava se recuperar do golpe que ele mesmo executara. Edge sabia o que viria agora. A névoa sairia do ferimento. Ou era o que deveria fazer. O oponente saltou para trás ao notar o que acontecera. Não havia nenhuma névoa saindo do ferimento. Ele estava tapado. Um cristal cobria o ferimento exposto, tapando a névoa. O oponente notou que não havia funcionado e tentou remover o cristal, falhando completamente. O cristal estava preso dentro de seu corpo. Edge havia pensado muito em sua estratégia.

Se o oponente tentasse retirar o cristal, perderia uma parte grande de seu corpo. Finalmente o oponente recuou um momento. Agora, não poderia avançar sem hesitar. Edge poderia evitar seu contra-ataque facilmente. Ele perdera seu truque mais importante. Edge então começou a avançar rapidamente, agora com as duas adagas em mãos. O oponente baixou as mãos no cabo da foice, aumentando o alcance da mesma. Usava movimentos precisos e cuidadosos pra tentar evitar o avanço de Edge. O olhar do caçador era forte. Seus olhos escarlates fitavam a máscara sem falhar um momento. Eram olhos que procuravam o futuro. Olhos que procuravam a vida.

Assim, aos poucos, Edge foi avançando. Finalmente correu contra o oponente que executara um golpe lateral contra ele. Edge acertou a lâmina da arma com sua adaga e desceu, deslizando pela mesma até o solo. O movimento da arma parou ali. Uma camada de cristais se formara na lâmina da foice e se convergia no solo. Era um truque rápido e com força o cristal não aguentaria mais, mas Edge conseguiu uma abertura grande o suficiente. Rodou o corpo ao redor do cristal que acabara de criar e desferiu uma sequência de golpes. Ele não se preocupava com a precisão dos cristais que criava. Deixara o oponente coberto de cortes e em todos eles, cristais. Por dentro do corpo, os cristais se expandiam para os lados, como anzóis. Não seria possível retirá-los dali de maneira alguma sem um dano extremo ao corpo do oponente.

Era cheque mate. Edge não podia mais esperar. Desferiu um movimento de perfuração contra o coração do oponente. Durante o movimento, uma camada de cristal se formou ao redor da adaga, aumentando sua lâmina. Assim que o oponente foi perfurado, Edge canalizou sua energia. Os cristais se uniram todos. O corpo do oponente havia sido coberto pelos cristais não externamente, mas internamente. O coração dele parara naquele momento, envolto em cristais. Edge vencera. Alguns minutos antes ainda do prazo que tinham. Foi quando se virou para olhar a cidade. Pôde ver o horizonte. Olhou para o alto e viu as nuvens. A névoa se dissipava. Virou-se para Bran no mesmo instante. Pôde ver a névoa sendo exalada de seu corpo em uma forma semitransparente. Por um momento viu uma caveira deixando aquele corpo. Talvez fosse a morte, mas achou ter visto coisas. Correu até Bran e tratou de checar seus batimentos cardíacos. Ele estava vivo. Edge se virou e olhou. O corpo daquela criatura havia desaparecido. Edge se colocou de pé novamente. Ouviu um zunido muito forte vindo de trás de si e teve tempo apenas de se virar. Colocou Bran nos braços o mais rápido possível e começou a correr.

Uma nuvem de criaturas parecidas com gafanhotos os perseguia. Devoravam absolutamente tudo o que tocavam. Era uma nova praga assolando a cidade já castigada. Edge não teve escolha. Correu o máximo que pôde até perder as criaturas de vista. Logo após, colocou Bran em um pequeno beco. Precisaria enfrentar as criaturas. Bran ainda estava desacordado e precisava de tratamento, mas agora a situação era diferente. Ele conseguiria sobreviver. Os dois sobreviveriam. Edge não arriscaria a vida dos dois ignorando essas criaturas. Elas logo surgiram ao longe. Os disparos das pistolas de Edge até conseguiram derrotar algumas das pequenas criaturas, mas era um enxame enorme. Edge precisaria de uma estratégia melhor. Recuou e lançou uma pedra de tamanho médio contra as criaturas, que a devoraram rapidamente. Ele lançou outras enquanto elas avançavam lentamente contra ele. Finalmente, arremessou um último objeto.

Dessa vez, um cristal. Ele havia aproveitado as pedras para tentar criar um padrão de ataque. As criaturas não iriam evitar o cristal naquela distância, achando ser outra pedra qualquer. Não bastando isso, Edge cobrira o objeto de terra e sujeira, facilmente encontradas naquele ambiente abandonado. Era um bom disfarce. Quando o cristal estava quase chegando, o caçador disparou. Era um tiro concentrado de energia e a mira havia sido perfeita. Edge lançara uma bala através do cristal que atirara, quebrando-o em centenas de pequenos pedaços. Não era um truque perfeito, mas Edge tinha controle suficiente para executá-lo decentemente. Os fragmentos voaram em todas as direções enquanto as criaturas confusas se aproximaram para devorar o objeto voador. Foi um massacre muito bem planejado. Vários fragmentos atingiram as criaturas e as destruíram, deixando apenas poucas ainda voando e vivas. Essas Edge fez questão de atirar e derrubar em um tiro para cada. Agora o silêncio retornara à cidade. Um silêncio diferente, um silêncio de paz.

Edge retornara para o local onde deixou Bran e o colocou nas costas. Agora, sem pressa, se encaminharam para fora do local. Havia sobrevivido a essa enorme armadilha. Já no carro, Bran acordou. Tudo o que foi capaz de dizer com a voz fraca foi um simples:

– Obrigado. Você salvou minha vida. Fico lhe devendo mais uma.

– Não fale. Descanse e vamos, temos trabalho novamente a fazer.

Edge quase sentiu saudade da tranquilidade que sua vida havia se tornado. No fundo, o pensamento de poder acabar com essa história de uma vez por todas o animou. Um passo a mais para acabar com esse pesadelo que o assolou constantemente. Ele estava preparado para isso.


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