Muitos ciclos lunares haviam se passado desde o último incidente. Depois de seis meses de tranquilidade, Edge e Nina estavam bem. Muita coisa havia mudado desde a última missão. Albius parecia em paz e não havia menção a DANTE em local algum. Ele havia acabado de se arrumar. Seu sobretudo já não era mais o mesmo. Ainda preto, ele deu lugar a uma roupa mais refinada. Sua camiseta havia se tornado um colete de mesma cor. Suas calças jeans foram substituídas por calças negras. Agora com o sobretudo aberto, ele tinha uma figura mais nobre. Seu cabelo também estava mais arrumado que o de costume. Vestiu-se e saiu de seu quarto. Iria se encontrar com Nina e Bran na sala reservada ao líder da organização. Enquanto andava, muitos recrutas observavam-no com um olhar curioso. Havia conquistado reconhecimento dentro da organização junto de Nina. Boatos sobre sua origem e o que era realmente circulavam por lá mas Edge não queria se importar.

A tranquilidade estava excelente para ele. Finalmente chegou à sala. Abriu a porta lentamente. Entrou e novamente. Observou Nina sentada no trono e a visão ainda lhe era nova. A mudança que a garota sofrera, o quanto ela cresceu naquele tempo todo, tudo isso ele havia acompanhado de perto. Ainda sim, ela parecia uma nova mulher toda vez que se encontrava com ele. Talvez fosse o brilho renovado no olhar dos dois. Ela estava lá, sentada. O vestido novo, muito mais maduro com sua abertura lateral para a perna esquerda. Seu cabelo estava todo preso e jogado para um lado, ondulado. Ela parecia muito mais velha e com certeza mais confiável. A mudança havia sido muito boa para sua posição de líder. Ao lado dela, Bran. Seu cabelo estava abaixado. Havia trocado sua vestimenta. O sobretudo azul escuro agora possuía detalhes em cinza e um corte diferenciado. Eles se aproximaram. Tinham marcado uma reunião para discutir o futuro da organização com o desaparecimento da DANTE. Portas fechadas. Edge notou também que Fung estava no fundo da sala. Seu cabelo continuava como sempre, preso. Seu olhar estava atento, ainda sim prestativo. Voltou-se aos dois que o aguardavam. Começou a falar

– Milady... Nina. Cá estou. Não há nenhuma notícia novamente de ataques. Acho que está tudo calmo como deveria ser.

– Edge, não os subestime. Eles não sumiriam assim. Devem estar planejando algo. Eu sei o que pensa. Essa tranquilidade poderia ser eterna, não? Mas não podemos dar chance ao acaso e deixa-los fortalecidos. Eu já tenho um local para investigarem.

Bran se virou para Nina.

– Milady? Sem me avisar? O que fez?

– Mandei investigarem um caso que me chamou a atenção. Kersey. Houve um surto, uma epidemia de uma doença ainda desconhecida nessa cidade. É estranho no meio da tranquilidade surgir um fator solto como esse. Mandei investigarem mas eles ainda não voltaram. Acredito que o pior tenha acontecido.

– Compreendo, Milady. Edge e eu partiremos assim que possível.

Nina se virou para Fung:

– Venha cá. Espero que passe todas as informações relevantes a eles, Fung. Posso contar com você?

– Sempre, Milady. Estou aqui apenas para servi-la.

– Muito bem. Estão dispensados. Edge, Bran, partam assim que puderem. Sigam para o norte do continente. Essa cidade fica na encosta de uma montanha, acharão facilmente. Podem ir no seu carro, Edge.

– Como quiser, Nina.

Saíram dali Fung, Edge e Bran. No caminho, Fung comentou:

– Ouvi dizer que o próprio ar da cidade se tornou tóxico. Uma névoa tóxica encobre a cidade e não há muito que fazer. Devem evitar ao máximo entrar em contato com essa névoa. Acreditamos que seja a causa da doença mas não temos como obter informações concretas. De qualquer forma, tomem muito cuidado e sejam rápidos. Não seria bom tê-los envenenados ou até pior, mortos. É só isso, cavalheiros. Boa viagem!

E assim Fung se despediu. Foi tratar de seus afazeres enquanto Edge e Bran dirigiam-se para o carro. Em poucos minutos já haviam preparado todo o equipamento. Edge levava consigo as adagas. Havia treinado muito mais e conseguia liberá-las por quanto tempo Nina quisesse. Ela já o havia liberado o uso no início da missão então poderia usar os Sephiroth quando fosse preciso. Levava também suas pistolas. Bran trazia consigo a Purgatorio. Partiram sem mais delongas e seguiram rumo ao norte do continente. Edge dirigia rápido. Queria acabar essa missão e voltar logo ao sossego ao qual havia se acostumado. Bran não se importava com a tranquilidade. Podendo ajudar a organização, ele faria sem pensar duas vezes.

O tempo passou durante a viagem. Estavam quase chegando. Era um fim de tarde ensolarado. Chegaram à Kersey finalmente. O ambiente estava péssimo. A névoa encobria tudo. O silêncio reinava, e com ele, os corpos no chão. Adentraram o local. O cheiro de morte era terrível. Entraram na cidade mas antes, respiraram fundo o ar puro que podiam. Não sabiam se teriam esse ar puro alguma outra vez.