Nina erguei um braço e com um movimento suave lançou a arma em suas mãos para frente, num movimento simples. A arma cortou o ar até o momento em que se chocara com um dos chakrams que voava à frente das duas. Em um momento, o barulho metálico se multiplicou ao extremo. Várias colisões ocorreram em uma questão de centésimos de segundo e finalmente Bridget sentiu medo verdadeiro. Nina havia quebrado totalmente a previsibilidade das armas dela. Embora fosse treinada, não seria capaz de esquivar-se de tantas armas de locais aleatórios. Nina, por outro lado, tinha toda a capacidade e a técnica para se esquivar como já havia mostrado anteriormente. Era o fim. Nina virou as costas e contou até três. Não queria ver o que aconteceria em seguida. As armas todas vieram de todas as direções contra Bridget. Nina alterara todas as trajetórias de forma a causar uma concentração enorme em sua oponente. Funcionara perfeitamente. De costas, Nina conseguia sentir a energia vital de Bridget.

Alguns momentos depois, não conseguia mais. O barulho de colisão das armas com o corpo da garota foi alto e perturbaram a mente de Nina. Era a primeira pessoa que matara em sua vida. A sua mente pesava como nunca. Cada passo era dolorido e custoso. Finalmente se aproximou de Edge. Estava de costas quando sentiu a energia surgir novamente. Era diferente. A sombra que vira anteriormente tomava forma. Uma forma alongada e larga. Um verme enorme. Algum demônio que Nina naturalmente não conseguia identificar. Ela tentou sair com Edge mas foi barrada pela criatura que lançou uma rajada de fios contra a única saída ainda utilizável do local. Agora estavam lacrados lá dentro e a única opção era lutar. Deixou Edge no lugar que considerou mais seguro e voltou para o combate. Sacou suas adagas novamente e posicionou-se à frente da criatura. Lenta e grande, a criatura não conseguia se mover e dependia de atacar Nina com seus fios lançados pela boca encontrada na extremidade voltada para Nina. Começou a lançar seus fios por entre o local. Nina recuou e esquivou-se ao máximo. Usando as cordas deixadas por Bridget, Nina saltava por entre os escombros e se movia rapidamente, procurando conseguir uma vantagem.

Saltando pela estrutura, logo chegou ao topo da estrutura, na mesma viga pela qual Bridget surgira pela primeira vez. Estava ofegante. O suor pingava pelo seu rosto. Parou para respirar e recuperar o fôlego. Esquivou-se por pouco de mais uma rajada de fios. Então saltou de lá. Com uma adaga em mãos e a outra mão levantada, Nina preparou-se para atravessar a criatura com sua adaga. Era uma queda enorme e precisaria amaciar a mesma mas tinha um plano. Quando estava próxima do solo, segurou-se na corda que Bridget usara para descer do telhado e acertou a criatura com um corte largo na parte superior de seu corpo. A criatura por sua vez se contorceu e agonizou. Era uma criatura fraca mas que contra Nina parecia um oponente bastante formidável devido ao cansaço da mesma. Avançou lateralmente pela criatura e fincou sua adaga na mesma, abrindo-a de fora a fora. Sabia o que poderia acontecer naquele caso. A criatura lançou fios para todos os lados. Nina teve tempo de conseguir puxar um dos fios que estavam presos ao teto e proteger-se. Edge estava protegido e salvo daquilo, ela tinha certeza. A criatura enchera praticamente todo o solo com sua teia.

Estava morta. Nina usou uma combinação nova de fios e desceu pelo telhado em movimentos lentos e suaves. Estava cansada. Dirigiu-se a Edge. A teia da criatura começava a se dissipar e o exterior parecia cada vez mais atraente nas luzes que entravam pelo local. Nina colocou Edge no ombro e o arrastou até o carro. Descansariam lá um tempo. Fechou os olhos e tentou apagar de sua mente o ocorrido. O corpo de Bridget embora não tivesse sido visto estava gravado na memória e na imaginação de Nina. Sabia o que fizera e não tinha como se sentir bem com isso. Sentiu ânsia ao pensar nisso e parou, tentando pensar em outras coisas. Edge surgiu em sua mente. Sorriu. Havia conseguido realmente vencer. Aprendera muito nesse dia. Aprendera o valor de uma vida e aprendera também como tirá-la. Sentia-se uma líder mais forte. Sentia-se uma garota mais forte. Ainda sim, a fraqueza lhe dominava os membros e a sensação era horrível. Edge abriu os olhos e sorriu para ela.

– Me desculpe. Fui um completo idiota.

– Edge. Não é hora disso. Descanse e fique em condições de dirigir, precisamos sair daqui.

E assim eles fecharam os olhos, abraçados. Dois feridos, tanto de mente como de alma. Ninguém os tocaria ali dentro. Ficaram abraçados e adormeceram.

– Obrigado... Nina.