Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 43
Hunt 42 - Mask




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De pé, Bran respirava fundo. Sua consciência quase havia se apagado. Se não fosse pela visão de Nina e todos aqueles rostos em sua mente provavelmente ele teria sucumbido. Edward estava apenas assistindo. Sua raiva havia cessado naquele momento. Ver seu oponente sofrer um golpe que praticamente significava sua derrota o recompôs. Nina estava completamente nervosa. Seu cavaleiro não se movia, estava completamente imóvel, de pé. O sangue escorria pelos ferimentos por todo o corpo. Foi quando viu um dedo se movendo. Pouco depois, outros dedos. Bran estava vivo. Aos poucos sua consciência retornava. Dentro da mente do cavaleiro tudo estava esclarecendo aos poucos. De olhos abertos antes não via nada. Aos poucos sua visão retornara. Via Edward ao longe. Virou sua cabeça lentamente. A dor estava presente em cada ínfimo movimento. Nina estava bem. Acabou por sorrir e nem sabia direito porquê. Deu dois passos cambaleantes em direção à garota.

– Milady... Consegui protege-la.

– Bran, por favor, fique bem! Preciso de você comigo!

– Milady... Como ordenar.

A dor era enorme. Ele sabia que não poderia sofrer mais nenhum ataque ou seria seu fim. Cambaleou até o meio do ambiente em que estavam. Edward não conseguiu segurar os comentários.

– Esse cachorrinho está praticamente morto. Acho que já está na hora de encerrar esse baile, não é mesmo, minha cara?

O sorriso em seu rosto tinha novamente o mesmo ar angelical de quando apareceu pela primeira vez. Dessa vez Nina não ficou encantada mas sim enojada por aquela expressão. A vontade que guardava para si era a de avançar e acabar com aquele homem da forma mais cruel que conseguisse. Guardou para si e esperou para ver o que Bran faria.

– Emma. Preciso de sua ajuda... Eu... Não posso falhar agora.

E imaginou a garota em sua mente. Bran conseguia vê-la claramente. Ela o abraçava pelas costas naquele momento. Conseguia sentir aqueles braços pequenos como nunca antes. Bran não a via diretamente mas em sua mente enxergava tudo. Enxergava-a abraçando-o. Enxergava o pedido que ela fazia com os olhos. O pedido de nunca deixar de tentar. O pedido de seguir adiante como pudesse. As forças de Bran voltaram aos poucos. Conseguia se mover como de costume embora um pouco lerdo. Não sabia por quanto tempo esse surto de energia iria durar. Sequer sabia de onde vinha tal energia. Poderia ser apenas um excesso de adrenalina quanto também poderia ser algo vindo de Emma. Bran preferia acreditar na segunda possibilidade. Em sua cabeça a voz ecoou novamente.

– Bran, observe ao seu redor. A resposta para seus problemas está logo ao seu lado!

E com essa dica da garota em sua mente Bran começou a procurar. Olhou em volta e não encontrou nada que pudesse ajudar. Edward estava parado assistindo a confusão dos dois oponentes. Nina parecia uma figura completamente indefesa enquanto o cavaleiro estava gravemente ferido e parecia alucinar com algo. Foi quando encontrou Purgatorio ao seu lado. A espada parecia ter um efeito estranho ao seu redor, como se a luz emanasse da mesma. Pegou-a com cuidado. Observando bem notou que a luz vinha do interior da mesma. Em sua cabeça viu Emma rir inocentemente. Abriu a Purgatorio e viu finalmente a fonte de luz. Enroladas no pano de sempre, suas duas espadas brilhavam com uma força considerável. Aquilo fez Edward arregalar os olhos. Era magia. De alguma forma, Bran estava com magia em mãos. O membro da Dante conseguiu apenas morder os lábios enquanto sua mente tentava processar a informação. Não conseguia aceitar o que via. Depois de décadas pesquisando sobre magia para ser capaz de manipulá-la de forma eficiente um brutamonte qualquer consegue manter uma energia dessa quantidade em mãos? Não conseguia aceitar. Negou-se com a cabeça.

– Não. Você não pode conseguir usar magia... Você jamais estudou! Olhe para você, você não é digno desse poder!

– Edward... Eu não sou digno de nada do que tenho. Nada.

– Tsc. Esse vira-latas imundo deve ter um truquezinho como esse nas mangas. Não deve ter muito mais que isso! Vou acabar com você, Bran!

E assim estalou os dedos. Uma esfera voou em direção ao caçador. Bran não estava completamente consciente. Sua cabeça tombou para frente enquanto suas mãos corriam o ar com as espadas cruzadas. O toque com a esfera teve um resultado inesperado. A esfera foi cortada de maneira perfeita pelas espadas. Sequer Purgatorio havia sido capaz de proporcionar tal feito. As espadas brilhantes tinham algo de especial que Edward não sabia decifrar para seu desespero. Bran sequer sabia o que acontecia. Simplesmente deixou sua mente fluir e Emma o guiava. A figura do anjo guardião que possuía nunca foi tão viva quanto naquele momento. Edward então lançou várias esferas menores de direções variadas. O oponente esquivou-se das que precisou e lançou cortes circulares aproveitando o movimento do corpo, deixando a lâmina seguir de maneira natural. Bran parecia estar leve naquele momento. Sua espada fluía como a correnteza, eliminando as outras esferas com maestria. Seu corpo doía mas a dor sequer o incomodava naquele momento. Sua mente estava dominada pela vontade de vencer. Nem o mais quente fogo seria capaz de queimar aquela fina esperança e a vontade de viver que todos aqueles dentro dele pareciam querer preservar. Bran estava sorrindo. Nina percebeu que a vantagem de Edward havia cessado. Avançou e ficou ao lado de Bran, dando-lhe suporte tanto moral quanto visual. Estava observando o ambiente na procura de uma armadilha de Edward. Percebeu finalmente um detalhe. Com um movimento, empurrou Bran para o lado e saltou. O chão abaixo deles estava negro. Esferas emergiram dali e explodiram em um estrondo considerável. Nina havia antecipado aquilo porquê o oponente não os forçou a sair dali, pelo contrário. Parecia querer mantê-los no mesmo local sempre. A atitude traiçoeira daquele homem era um de seus traços mais perigosos. Bran não caiu ao ser empurrado, pelo contrário. Ficou de pé e finalmente levantou o rosto. Olhou para Nina e depois para o oponente com um olhar penetrante. Dentro dele, outras muitas almas olhavam com o mesmo sentimento. Emma explicou à ele o que acontecia. Sua consciência havia retornado. Dois fatores estavam ajudando-o naquele confronto.

– As suas espadas estão sempre sob a influência da Purgatorio, sendo parte do centro da mesma. Isso faz com que elas também estejam sujeitas às emoções e crenças daqueles que nela vivem. A diferença é que essa espada não carrega consigo a raiva. Carrega consigo o senso de dever e o amor que todos nutriram pela organização da qual participavam. Seus bons sentimentos, guardados dentro de você como essas espadas... Eles atraíram o lado bom de cada uma das almas que o persegue. Poderia dizer que você tem o caos e a ordem à seu favor graças à isso, Bran. A sua honra, sua dedicação... Tudo isso ficou à mostra depois daquele golpe que sofreu para proteger Nina. Aquilo foi o estopim para atrair essa mudança. Agora, vá, meu querido! Finalize isso e vingue todos os inocentes que aquele monstro matou!

A mente de Bran voltara a ser analítica. O segundo fator que o ajudou naquele confronto era bem simples. A confiança de Edward havia sido abalada. Ao ver um poder mágico nas mãos de um “brutamonte”, sua crença e sua noção de superioridade se quebraram. Ele precisava eliminar aquele sentimento de vazio o mais rápido possível. Como para ele o poder é o poder da mente, com uma mente em conflito naturalmente sua magia ficou mais fraca. Era o momento perfeito. Bran avançou sem hesitar. Nina o observava em silêncio. Conseguia sentir não apenas nele, mas no ambiente todo os sentimentos que ele carregava. As espadas cobertas pela honra, a Purgatorio cercada de ódio e Bran envolto em uma aura de carinho que vinha de outra pessoa que Nina não conseguia identificar. Bran estava sorrindo, disso ela sabia.

– Edward! Verá agora o que esse cão tem a lhe mostrar!

Edward estava nervoso. Tentou impedir um avanço do oponente com várias esferas bloqueando seu campo de visão mas bastou apenas alguns movimentos simples e todas foram eliminadas. Edward não podia nem mesmo reconstruí-las dos destroços. A energia que Bran emitia de sua espada era neutralizadora. As esferas logo se desfaziam no solo em pequenas bolhas negras que sumiam em poucos segundos. Tentou então novamente mais uma esfera gigante. Sorria. Bran estava ficando próximo, não teria como evitar um ataque direto. Com o braço direito voltado pra frente quase tocando a esfera que se formava no ar à sua frente, Edward lançou a esfera.

Bran não teve tempo de reação além da atitude mais rápida que pôde tomar. Lançou uma de suas espadas contra a esfera. Inicialmente as duas se anularam, parando no ar por um tempo curto. Bran então aproveitou o momento e lançou um chute no cabo da espada. Com aquilo, ela atravessou a esfera como um balão que acabou por explodir poucos segundos depois. A espada atravessou a massa de energia e atravessou o braço de Alexander. A dor era muito grande e ele não conseguia sequer imaginar como manter a consciência ainda. Bran havia ganhado. Derrubando a mente de Edward suas magias iriam parar. Ele tentou conjurar em vão mais esferas mas todas se desfizeram em pleno ar. Bran logo estava de frente para ele. Edward estava no solo, encostado contra uma parede. A expressão de raiva era visível. Como um animal acuado ele mordia o lábio, fazendo-o sangrar. Seu olhar mudava de foco a todo momento como se procurasse por uma resposta, uma saída. Bran então teve que comentar.

– Sente essa dor? Não é nada comparada com a dor daqueles que já matou em seus experimentos. Não é nada comparada à dor daqueles que morreram aqui hoje por seus caprichos. Não é nada comparando ao que eu, Nina e Edge passamos! Não é nada!

– Maldito! Como ousa me ferir! Eu... Eu vou arranjar uma saída e acabarei com vocês! Sem dó, irei matar cada um de vocês cães sarnentos e depois disso queimarei seus cadáveres um sobre o outro! Quero vê-los em chamas agonizando, malditos!

A sua compostura tinha ido totalmente embora. A face sádica havia tomado seu lugar. Seu lado calculista morrera junto seu orgulho. Bran esticou sua outra espada, colocando-a no pescoço de Edward.

– Agora nos conte. Porquê veio aqui? E porquê essa armadilha?

– Simples... Não podemos deixar que o plano Mynatt se espalhe. Ele pode ser usado a nosso favor. Se algum de vocês tivesse a visão do que poderia estar escondido aqui... Nenhum de nós sabe o que pode estar aqui, nunca encontramos nada, mas vocês poderiam encontrar, afinal, o plano contava com isso! Eu estava aqui para vigiar caso tentassem algo além de ter liberdade total em relação à esse lugar! Poderia criar qualquer coisa, pesquisar o que eu quisesse! Era perfeito!

– Monstro...

Nina estava bastante inconformada com tudo aquilo. Não poderia comentar o que descobriu até estarem livres do domínio da Dante naquele local. Fingiu não ter descoberto nada e tratou de preparar-se para sair. Bran havia aproveitado o momento e já atravessava o coração de Edward com sua espada. Não havia piedade naquele mundo. Especialmente para alguém como aquele homem. A morte que lhe foi reservada foi rápida. Quantos ele já não teria matado de maneira pior apenas por capricho? Aquele pensamento assombrava ambos. Deixaram o local sem hesitar. Os corpos lá ficariam. Nina pensou se deveria chamar um grupo para cuidar da propriedade mas achou melhor deixar tal dúvida para depois. Finalmente saíram daquele baile de máscaras que mostrou-se muito mais tortuoso do que esperavam. Entraram no carro e partiram. Nina finalmente podia falar.

– Eu encontrei muitas pistas sobre o plano. Na verdade, a maior pista estava no local mais simples possível. Eu peguei um dos livros que me chamou a atenção. Sentei-me na cama e acabei por observar a estante. Os títulos todos, com as primeiras palavras formavam a frase.

“O teatro de Marionetes não é eterno. Acabará na hora certa, filha. ”

Era uma frase simples. O plano assumira outro nome. O Plano Theater. Como um grande teatro, tudo havia sido orquestrado. Eram marionetes cumprindo seu dever. Mas agora Nina tinha uma certeza. Ele não era eterno. Uma hora poderia ser verdade que a liberdade viria. Bastava apenas esperar e seguir tomando as decisões que o destino escolhera para todos eles. Sabia também que seu pai havia previsto até que ela encontraria essa nota e saberia do plano. Cada vez mais pareciam engrenagens e menos livres nas escolhas. Talvez fosse o certo para o momento, Nina pensou.

Finalmente de volta na Magnum, Nina foi recebida por Edge. Recuperado completamente, ele a abraçou com todas as forças. Bran deixou-os sozinhos. Tinha coisas a resolver dentro de si. Emma o aguardava, precisava agradecer de forma completa pela ajuda que tivera. Edge e Nina conversaram o resto do dia. Até que um alarme tocou e Fung entrou pela porta, assustado.


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