Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 42
Hunt 41 - Noblesse




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Os gritos de todos os convidados enquanto morriam com um ataque brutal como aquele eram extremamente altos. A dor e o sofrimento de uma morte rápida assustaram Nina de tal maneira que ela se sentiu perdida. Nunca tinha presenciado uma situação assim diretamente. Bran e Edge provavelmente já haviam assistido à tudo aquilo uma dezena de vezes enquanto ela, protegida de tudo, jamais havia visto a morte de maneira tão real e próxima. As lágrimas começaram a escorrer de seu rosto. Foi quando Bran comentou com ela em um tom sério.

– Nem todos são humanos, não se sinta tão mal, Milady.

E com isso, Nina voltou seu olhar novamente para a sala. No chão, vários corpos ensanguentados e mortos mas junto deles, criaturas estranhas se levantavam. Embora parecessem humanas, possuíam uma cavidade enorme no abdômen e várias protuberâncias semelhantes à dentes que saíam das costelas desses corpos.

– Life-Eaters. Eles são criaturas que tomam controle de cadáveres e os trazem de volta à vida numa espécie de simbiose. A consciência humana retorna apenas parcialmente enquanto a criatura em seu estômago a controla para conseguir mais alimento. Tsc. E não são poucos.

Bran estava certo. Estavam cercados por essas criaturas. Alguns dos convidados eram Life-Eaters infiltrados, provavelmente por Edward. Ele riu apenas enquanto observava a cena macabra. Os corpos no chão, todos aqueles demônios surgindo, tudo aquilo era fabuloso em sua mente. O sorriso em seu rosto não estava nem um pouco escondido. O caçador então não aguentou e perguntou, com medo da resposta.

– Porquê os infiltrou aqui?

– Meu caro, é minha festa, tenho que fazê-la cheia. Preciso de uma festa de alto escalão. Não teria graça convidar apenas pessoas quaisquer. Cada um desses corpos já foi um nobre no passado. Até eles estão aqui para me reconhecer. Até eles reconhecem minha nobreza e meu poder!

– Você fez tudo isso apenas por luxo? Por essa sensação de poder e nobreza?!

– Porquê não? Existem tantas outras formas de fazer isso... Eu só escolhi uma mais peculiar, por assim dizer. Sem contar que essas festas de fachada escondem muito bem o verdadeiro propósito desse local. Foi muito complicado conseguir virar o filho daquele velhote mas uma vez dentro, conseguir meu espaço aqui e vigiá-lo se tornou tão fácil...

– Espere. Você fez tudo isso... Matou todas essas pessoas apenas para sentir esse prazer estúpido?

– Estúpido? Veja à sua volta. Até cinco minutos atrás, estavam todos felizes, gratos comigo. Até mesmo a morte daquele velho não abalou a festa. Não estão aqui porque são meus amigos próximos ou nada do tipo. São só máscaras. Só formas de aproveitar essa sensação de poder e importância que apenas a nobreza pode te proporcionar. Em todos meus estudos eu quis a juventude e a nobreza. Consegui os dois! O que todos eles conseguiram? Apenas a nobreza. A minha juventude, minha beleza e minha nobreza é algo que custou muitas vidas e muito estudo, meus caros convidados. Sou mais velho do que aparento, saibam vocês.

Bran interrompeu o discurso de Edward. Não estava se contendo de raiva. Como alguém poderia ser tão mesquinho ao ponto de sacrificar tantas vidas? Seu passado retornou como uma ferida. Todas as vidas que ele carregava consigo e o peso de cada uma, tudo isso era algo que aquele homem à sua frente negava fortemente. Bran se colocou no lugar de seu oponente e sentiu nojo daquela atitude. A raiva crescia em seu coração de maneira assombrosa. Segurava a Purgatorio com força, pressionando seus dedos contra a mesma. Parecia estar segurando sua raiva e sua indignação com o que acontecia. Olhou para Nina e pediu sem hesitar.

– Milady. Deixe-me cuidar dele! Eu sei que você consegue sozinha acabar com esses demônios e então lhe peço, por favor. Deixe-me acabar com ele!

– Que bonitinho! O cachorro pede que a dona tire sua coleira para que ele possa sair para brincar. Venha, garoto. Venha e tenha uma morte digna de todos aqui!

– Bran. Cuidado. Não o subestime.

– De maneira nenhuma, milady! Apenas não perdoarei o que ele fez com todas essas pessoas!

– Ah. Está falando desses cadáveres aqui e ali? Eles eram tão mesquinhos e egoístas quanto eu, meu caro. O que me faz diferente deles? Ah. Claro. Estou vivo.

O riso de deboche de Edward era como uma faca atravessando as crenças de Bran. Ia atacar sem hesitar quando uma voz conhecida entrou em sua mente.

– Bran, não faça isso. Não deixe que a raiva te consuma. Use-a, use-a como deve ser usada e vença-o da maneira correta! Atacá-lo cego de raiva nunca te levará a nada. Uma pessoa como ele sabe muito bem aonde pisa, não é bom ataca-lo diretamente.

O caçador então respirou fundo e fechou os olhos. Via todos os rostos que carregava consigo. A dor nunca acabou em sua mente. Empunhou Purgatorio com mais força ainda mas agora tinha uma força inteligente, não destrutiva. Avançou contra seu oponente num movimento rápido pelo solo. Edward não conteve sua confiança em si mesmo e usou uma esfera para bloquear a grandiosa espada que seu oponente carregava. As duas bateram-se uma na outra. O duelo de forças voltou. Bran com sua força física e Edward com todo seu conhecimento.

Enquanto isso, Nina enfrentava a horda de criaturas que avançava contra ela. Com movimentos rápidos e precisos, Nina se movia entre as criaturas sem usar nenhum movimento desnecessário. Estava cada dia mais próxima de adquirir uma maestria de combate insuperável. Conseguindo ler suas próprias energias, sabia exatamente aonde seu corpo a levaria e de que forma. Sabendo disso era fácil aplicar a força exata em cada músculo para levar todo o corpo aonde ela quisesse. As criaturas tentavam de todas as formas abocanhá-la com as protuberâncias do abdômen. Arremessando adagas ela neutralizava as criaturas de longe enquanto com cortes bem dados na altura da cintura e dando a volta ela dividia a criatura em dois pedaços presos apenas pela coluna. Desestabilizados, esses corpos caíam ao solo. Bran tirou um momento para observar o quanto sua líder havia crescido. O potencial dela era ainda maior. Ela seria capaz de superá-lo em combate no futuro. Sorriu por um curto intervalo de tempo com a imagem de uma líder forte e voltou-se ao confronto. Confiante, Bran retirou toda a força que pôde de seu corpo. A esfera resistia bravamente mas ele tinha um plano. Retirou a arma, fazendo a esfera parar. Com movimentos extremamente rápidos, lançou uma rajada de golpes usando sua espada contra a esfera. Aos poucos a esfera acabou por ir recuando aos poucos. Edward aproveitou e se aproximou mais do caçador, ficando pouco atrás da esfera. Quanto mais próximo maior a força que a esfera parecia aplicar sobre o caçador.

– Desista, brutamontes. Sua força jamais se igualará à minha. Você só tem uma espada enquanto eu tenho o que quiser em mãos.

– Não, eu não tenho só uma espada!

E com isso, moveu a espada em mais um ataque contra a esfera. Antes que Edward pudesse recuar ou tomar uma reação, fora atingido por uma onda energética vinda da espada. Arremessado para trás com uma força absurda, seu terno havia sido rasgado em várias partes. Sua face extremamente bela estava arranhada e cheia de pequenas marcas. Ele se levantou em um segundo apenas e avançou contra Bran.

– Maldito! Como pôde? Como pôde me ferir? Você estragou minhas roupas... Estragou meu rosto! Não sabe como foi custoso fazer tudo isso! Não tem ideia do quanto terei que trabalhar para reconstruir tudo isso! Eu vou te matar, seu brutamontes desgraçado!

E a máscara havia caído. Ao perder a compostura, Edward havia se tornado uma figura muito mais perigosa. Sem o orgulho e a nobreza para manter, ele agora poderia chegar ao ponto de mata-los a qualquer instante. Bran sabia disso. Foi quando se deu conta que ele poderia ser bem pior. Só teve tempo de ver Nina ser cercada por esferas negras. Ela, livrando-se de mais criaturas não teve tempo de reação.

– Você estragou meu rosto... Estragou minha honra, manchou tudo isso! Vou tirar tudo o que você tem, seu cão sarnento! Tudo!

Bran então se sentiu fraco. Não tinha outra opção. Saltou contra Nina, jogando-a para fora no último instante. Sentiu a dor tomar seu corpo por completo. Era uma dose de energia muito maior do que imaginou ser capaz suportar. Sua pele queimava, seus músculos todos doíam à cada contato de uma nova esfera. Não tinha tido tempo de se proteger com sua arma, sendo atingido por inteiro. Segurou seu grito o máximo que conseguiu mordendo o lábio que sangrou na hora. Fechou seus olhos enquanto a escuridão das esferas o machucava ainda mais. Achou que não fosse aguentar. Acreditou que iria morrer ali, naquele instante. Não deixou de estar de pé um momento sequer. Nina e Edge passaram por sua mente. Não iria cair. Seus joelhos tremiam pedindo por um pedido de desistência mas ele insistia em ignorar. Apoiou-se na Purgatorio como pôde e tentou recuperar o ar que lhe faltava. Ouvia ao longe em sua mente Nina chamando-o. Do outro lado ouvia seus pais. Sabia para qual lado deveria ir e o que deveria fazer. E assim continuou de pé.

– Bravo! Não imaginei que aguentaria metade disso, ainda mais de pé.

Mas ele aguentou.


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