Devil Hunter E - A inspiração de ChrysopoeiaRPG escrita por Cian


Capítulo 39
Hunt 38 - Masquerade




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Ela estava ao lado de Edge. Desacordado, ele parecia estar melhorando aos poucos. Seu ombro estava enfaixado e havia sido tratado com urgência. As costelas quebradas também haviam sido tratadas como possível. Ainda demoraria para que ele fosse capaz de acordar. Sua mente revirava com o que Bran dissera. O plano Mynatt. Tudo aquilo era um peso muito maior do que acreditava. A dor que Edge passara era muito maior graças à seu próprio pai. A dor era tão grande quanto na garota. O que a motivava sempre foi o sorriso daquele que mais adorava, mas agora se sentia dividida. Sabia que era a causa de sorrisos mas também de preocupação e dor. Foi interrompida por uma voz familiar. Era Fung. O informante havia sido extremamente eficiente na última missão. Embora enganado, ele havia aproveitado o tempo em que se escondeu para se infiltrar e juntar informações. Sabiam o que era aquele laboratório. Não era a hora de declarar abertamente para os outros membros, poderia ter um efeito negativo. Fung trazia consigo informações preciosas sobre o assunto que Nina havia pedido. Ela havia ordenado uma busca completa nos arquivos antigos da Magnum. O foco da busca era toda e qualquer informação sobre seu próprio pai. Queria saber mais sobre o que o visionário havia previsto, se é que havia mais alguma coisa. Se levantou e acenou com a cabeça para Fung. Queria conversar do lado de fora da sala para evitar que Edge sofresse ou tivesse a recuperação abalada. Saíram do quarto e seguiram pelo corredor. Andando, Nina comentou

– Fale-me, Fung. O que descobriu?

– Milady, todos os registros foram apagados. A única informação que conseguimos recuperar com muito esforço foi uma lista de propriedades, mas infelizmente quase todas foram demolidas. Apenas uma resta. Uma casa antiga que foi vendida à uma família mercantil bastante importante. Ao que tudo indica, eles preservaram a casa como um local de festas da alta sociedade.

Nina parou para pensar. Era muita coincidência que apenas um endereço pudesse ser encontrado. Era um rastro muito óbvio deixado por seu pai. Seria realmente aquele o fim de suas previsões? Não havia como ter certeza. Afastou o pensamento que a levava novamente à visão de um espetáculo de marionetes e voltou à realidade. Comentou com uma voz séria.

– Quando é a próxima festa que eles planejam dar, Fung? Informe a data à Bran e deixe claro que eu o quero na minha sala assim que soubermos a data. Ah. Se possível, insisto que me consiga dois ingressos. Nunca fui em festas desse tipo mas estudei bastante a etiqueta. Será divertido.

E assim voltou à pensar. Estava escavando uma cova atrás de seu pai. O que poderia encontrar dentro daquele caixão? Mais dor, sofrimento e mentiras? Uma conspiração? As perguntas não paravam de cercar sua mente. Foi para seu quarto e aguardou a chegada de Fung e Bran. Não demorou muito e os dois entraram em passos tranquilos.

– Um baile de máscaras, Milady? Fung me explicou seu plano, mas ainda sim... Não é algo que esteja acostumado.

– Ora Bran, diga-me sinceramente. Nunca foi em um baile?

– N-Não, milady.

Nina soltou um leve sorriso. Riu um pouco do Hunter. Ele parecia ter medo da ideia de se expor assim.

– Bran, irá comigo? Precisarei de um guarda-costas, não? Edge está incapacitado. Preciso de você.

– Como quiser, Milady. Só existe um pequeno problema.

– Fale.

– Eu não tenho nenhuma roupa social.

– Bran. Primeira ordem da missão. Vá comprar uma roupa social. Agora.

– Agora mesmo, Milady.

E assim ela ficou rindo para si mesma. Bran era realmente uma figura bastante carismática. Voltou sua atenção agora para Fung que, num canto da sala, aguardava instruções. Seu cabelo castanho estava preso e impecável como de costume. Deixou as palavras saírem de sua boca naturalmente.

– Fung. Diga-me, quando partiremos? E um detalhe. Dessa vez quero que fique aqui e cuide de tudo por mim. Eu vou monitorar à distância a situação da organização mas confio que cuidará de tudo por mim, não?

– Sim senhora! Pode contar comigo!

E ela viu aquele sorriso. Sabia que era verdadeiro. Antes de sair pediu à Fung levá-la para comprar um vestido novo. Embora fosse um disfarce, no fundo gostava disso. Horas se passaram e logo estavam de volta. Tinham apenas dois dias para partir. Nina preparou-se, colocando em uma pequena maleta tudo o que precisava. Uma coleção aceitável de adagas e seu vestido. Bran por sua vez levava sua arma. Seria um guarda-costas, afinal. Os dois convites só seriam entregues quando chegassem no local, na hora de entrar. O nome deles havia sido colocado na lista. Não foi muito complicado. O organizador e dono da propriedade sabia da ligação genética de Nina. Também sabia dos boatos de que ela havia assumido uma organização de poderio considerável e cuja importância era incontestável. Era uma jogada perigosa deixa-la sem um convite depois de um pedido formal como o mandado por Fung. O poder que ela detinha apelas pela posição em que se encontrava era interessante. A posição de importância, o renascimento da organização que já teve uma importância tão grande no passado, tudo isso havia encaixado de maneira perfeita com a hora em que Nina tomou a liderança de tudo aquilo. O plano Mynatt realmente não aparentava ter falhas. Parou de refletir sobre isso e dormiu.

Finalmente chegou o dia da partida. Quando foi se despedir de Edge, ele abriu os olhos. Sorriu ao vê-la.

– Você... Está bem. Quer dizer que deu certo. Fico... Feliz.

– Sim. Eu estou bem e logo estarei de volta. Tenho que fazer isso. Espero que entenda, Edge. Eu voltarei. E antes que me esqueça...

Sem um segundo de hesitação, ela o beijou suavemente. O toque dos lábios era reconfortante. Edge sorriu. Fechou os olhos e deixou-se levar pela sensação. Enquanto isso, Nina partiu. Encontrou-se com Bran e pegou um carro da organização. Nessa situação não precisavam de disfarce. Na verdade, a melhor cobertura que poderiam ter era exatamente a organização. Ela era a porta de entrada para aquele baile. Pararam de divagar quando se aproximaram depois de algumas horas do local marcado. Pararam o carro como foi possível. Bran trajava uma roupa extremamente elegante. Seu olho enfaixado e seu cabelo permaneciam exatamente iguais. O terno negro que usava era discreto, diferente da Purgatorio em suas costas. Nina trajava um vestido branco e longo. Trazia em suas pernas duas adagas amarradas. Apenas medida de segurança. A festa já havia começado à um certo tempo, mas Nina sequer se importava. Se aproximou da entrada e, ao ser recebida, indagaram seu nome.

– Nina Mynatt. Este é Bran, meu guarda-costas.

O recepcionista fez uma expressão de surpresa mas logo escondeu-a. Abriu passagem para os dois e liberou a área aonde escolheriam as máscaras. Nina pegou uma máscara branca que cobria apenas o nariz e os olhos. Bran optou por uma máscara vermelha, bastante chamativa. Era uma forma de ser localizado rapidamente caso Nina precisasse. Entraram. Com passos tranquilos, foram recebidos por todos na festa. Acenos discretos de cabeça indicavam que eram observados. Nina sabia que sequer sabiam quem eram mas apenas por estarem naquela festa ganhavam o respeito alheio. Dirigiu-se por entre todos com Bran logo atrás. Encontrou quem precisava. O dono daquela construção e anfitrião da festa. Um homem de idade, estava mascarado como todos os outros mas era visível sua surpresa ao ver Nina à sua frente. Ela notou e tentou amenizar o clima com uma reverência discreta que foi retribuída. Um diálogo então partiu do homem.

– Olá, Nina. É um prazer conhece-la. Seja bem vinda ao baile e mil perdões pelo convite tardio. Veio atrás de algo, talvez?

Nina sabia a verdade. Não havia sido convidada realmente. Foi a pressão que Fung colocou na situação que obrigou o homem a chama-la. O medo da organização ainda era grande. Poderia ser uma boa informação. Aquele homem sabia que ela procurava algo. Sabia que aquele era o lugar em que Nina encontraria. Foi um comentário discreto mas que significava muito. Aquele homem sabia do plano. Precisaria primeiro baixar sua guarda.

– Não foi nada, senhor. Fico muito honrada de ser convidada à um baile tão fabuloso. Ah. Este atrás de mim é Bran, meu guarda-costas.

– É um prazer conhece-lo, senhor.

– Igualmente.

– Perdoem-me. Preciso encontrar meu filho. Ele deve chegar a qualquer momento, estava terminando de se arrumar...

– Pai. Não se preocupe. Já cheguei, estou atrás do senhor.

Nina não o percebeu chegando. Ele trajava uma roupa impecável. Seu rosto era delicado e ao mesmo tempo forte. De olhos extremamente belos e expressivos, aquele homem tinha uma aparência e uma classe acima do normal. Seu cabelo vermelho caía de leve pelo lado direito de seu rosto em uma ondulação que acompanhava todo o resto do enorme cabelo daquele jovem. O terno marrom avermelhado que usava com detalhes em preto lhe dava um ar ainda mais nobre. Sua voz naquele momento era de um doce inigualável. Ainda sim, Nina conseguia sentir algo que a deixava desconfortável perante aquele homem. Ele falou calmamente, com um sorriso estampado no rosto. Era quase uma estátua, trabalhada infinitamente para atingir uma forma bela. Estava com os dois braços nos ombros de seu pai.

– Perdão pela indelicadeza, mas quem são?

Nina se pôs a responder quando um estrondo interrompeu sua fala. Um disparo havia sido feito de algum lugar ali próximo. O tiro acertou em cheio o coração do anfitrião, que caiu morto na hora. Bran logo tratou de se virar, fechando qualquer visão que poderiam ter sobre Nina. O homem de cabelo vermelho caiu ao solo, segurando seu pai com todas as forças. A cara de sofrimento era visível. Nina achou melhor se afastar e deixar os dois sozinhos. Aproveitou a confusão para sair de perto da multidão e ir investigar o ocorrido. O tiro não tinha sido dirigido à ela, isso era fato. Saiu de perto da multidão e foi atrás de pistas. Se sua intuição estivesse correta haveria alguma informação deixada por seu pai naquele local. Precisava apenas encontra-la. Aquele homem morto com certeza sabia de algo mas agora era tarde demais. Não tinha como saber, restava apenas procurar. Deixou Bran para trás naquele momento. Ele cuidaria para que ninguém fosse atrás dela e principalmente investigaria o assassinato. Assim, adentrou em busca de respostas do passado e do futuro. Mergulhou na escuridão daquele local.


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